Questões de Filosofia - Filosofia moderna - Ciência Moderna e Racionalismo - Bento de Espinosa
Sobre a questão da liberdade em Spinoza, a filósofa brasileira Marilena Chauí afirma o seguinte: “[...] o poder teológico-político é duplamente violento. Em primeiro lugar, porque pretende roubar dos homens a origem de suas ações sociais e políticas, colocando-as como cumprimento a mandamentos transcendentes de uma vontade divina incompreensível ou secreta, fundamento da ‘razão de Estado’. Em segundo, porque as leis divinas reveladas, postas como leis políticas ou civis, impedem o exercício da liberdade, pois não regulam apenas usos e costumes, mas também a linguagem e o pensamento, procurando dominar não só os corpos, mas também os espíritos”.
CHAUÍ, Marilena. Espinosa, uma subversão filosófica. Revista CULT, 14 de março de 2010. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/baruch-espinosa/.
O poder teológico-político é violento, porque
Os filósofos concebem as emoções que se combatem entre si, em nós, como vícios em que os homens caem por erro próprio; é por isso que se habituaram a ridicularizá-los, deplorá-los, reprová-los ou, quando querem parecer mais morais, detestá-los. Concebem os homens, efetivamente, não tais como são, mas como eles próprios gostariam que fossem.
ESPINOSA, B. Tratado político. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
No trecho, Espinosa critica a herança filosófica no que diz respeito à idealização de uma
Os homens supõem comumente que todas as coisas da natureza agem, como eles mesmos, em consideração de um fim, e até chegam a ter por certo que o próprio Deus dirige todas as coisas para determinado fim, pois dizem que Deus fez todas as coisas em consideração do homem, e que criou o homem para que lhe prestasse culto.
(ESPINOSA, B. Ética. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Livro I. Apêndice. p. 117. Coleção Os Pensadores.)
Nesta passagem, Espinosa:
“O medo é a causa que origina, conserva e alimenta a superstição. Poderíamos acrescentar muitos exemplos que provam com toda a clareza o seguinte: os homens só se deixam dominar pela superstição enquanto têm medo; todas essas coisas que alguma vez foram inutilmente objeto de culto religioso não são mais do que fantasmas e delírios de um ânimo triste e amedrontado; finalmente, é quando o Estado se encontra em maiores dificuldades que os adivinhos detêm o maior poder sobre a plebe e são mais temidos pelos seus reis”.
SPINOZA, B. Tratado teológico-político. Tradução de Diogo Pires Aurélio. Lisboa: Casa da moeda, 2004, p. 126. (Texto adaptado)
Conforme Spinoza, o sentimento de medo conduz o homem à superstição. Por isso, os momentos em que os adivinhos têm grande influência sobre a população e os governos são aqueles de grandes dificuldades.
A superstição é uma incerteza dos bens desejados, e se desenvolve na
Considere o excerto de Spinoza, a seguir:
O desejo (cupiditas) é a própria essência do homem, enquanto esta é concebida como determinada a fazer algo por uma afecção qualquer nela verificada. Explicação: (...) Na verdade, por “afecção da essência do homem” entendemos toda disposição dessa essência, quer inata ou adquirida, quer se conceba apenas pelo atributo do pensamento ou apenas pelo atributo da extensão, quer, enfim, se refira ao mesmo tempo a ambos. Portanto, pelo nome de desejo entendo todos os esforços, impulsões, apetite e volições do homem, os quais variam segundo a disposição variável de um mesmo homem e não raro são de tal modo opostos entre si que o homem é puxado em sentidos contrários e não sabe para onde voltar-se.
(SPINOZA, Ética III, Definições dos afetos)
Conforme o acima exposto, assinale a alternativa CORRETA
“Concebei agora, se quiserdes, que a pedra, enquanto continua a mover-se, saiba e pense que se esforça tanto quanto pode para continuar a mover-se. Seguramente, essa pedra, visto não ser consciente senão de seu esforço e não ser indiferente, acreditará ser livre e perseverar no movimento apenas porque quer. É essa a tal liberdade humana que todos se jactam de possuir e que consiste apenas em que os seres humanos são cônscios [conscientes] de seus apetites [desejos], mas ignorantes das causas que os determinam. É assim que uma criança crê apetecer livremente o leite; um rapazinho, se irritado, querer vingar-se, mas fugir quando intimidado.” (ESPINOSA. Carta 58. Apud SAVIAN FILHO, J. Filosofia e filosofias. Existência e sentido. Belo Horizonte: Autêntica, 2016, p. 213).
A partir do fragmento citado e do pensamento ético de Espinosa, assinale o que for correto.
01) A passagem acima aponta a crítica de Espinosa à concepção tradicional de livre-arbítrio.
02) A imagem da pedra, segundo o texto, sugere que o seu “querer” provém de sua “consciência”.
04) O homem, para Espinosa, imagina-se livre porque acredita que é a origem ou o princípio de suas ações.
08) Para Espinosa, as paixões ou os desejos não influenciam na tomada de nossas decisões.
16) Espinosa defende uma definição de liberdade na qual existe a possibilidade de cooperação entre razão e paixão.
Faça seu login GRÁTIS
Minhas Estatísticas Completas
Estude o conteúdo com a Duda
Estude com a Duda
Selecione um conteúdo para aprender mais: