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TEXTO:
A mídia tem um papel importante no campo político,
social e econômico de toda sociedade. Através desse
mecanismo, essa instituição incute na população uma
consciência, uma cultura, uma forma de agir e de pensar.
[5] Por nos encontrarmos em uma crise de
credibilidade política, os telejornais procuram outras
categorias informativas para traduzir o interesse da
sociedade — geralmente notícias violentas. Assim, a
curiosidade pela narração do crime e suas possíveis
[10] consequências acabam por ser uma das causas de uma
nova cultura de violência em que essa aparece como
um fato normal, corriqueiro, que faz parte do cotidiano.
Em uma sociedade como o Brasil, os altos índices
de criminalidade acabam por encontrar um mecanismo
[15] de escape na tela da televisão. Conforme relatam os
advogados criminalistas Cristiano Luís Moraes e Marlene
Inês Spaniol, os medos passam a ser dramatizados em
histórias de vingança e de criminosos que são entregues
aos tribunais e, posteriormente, à prisão. Isso leva a
[20] sociedade a reagir contra o crime como se ele fosse
um drama humano, fazendo-nos crer que os delinquentes
são em maior número e praticam mais delitos do que
realmente o são.
Segundo Bauman (2008), em Medo Líquido, medo
[25] é o nome que damos à nossa incerteza: nossa ignorância
da ameaça e do que deve ser feito. Vivemos numa era
em que o medo é o sentimento conhecido de toda criatura
viva.
O mundo líquido mostrado por Bauman é uma
[30] espécie de irrealidade dentro da qual estamos
mergulhados, um mundo de aparência absoluta, de
ameaças que quase nunca se configuram reais, mas
que nos são mostradas cotidianamente, principalmente
pela mídia. Diante disso, ele expõe o medo como uma
[35] forma constante.
O sentimento de insegurança não deriva tanto da
carência de proteção, mas, sobretudo, da falta de clareza
dos fatos. Nessa situação, difunde-se uma ignorância
de que a ameaça paira sobre as pessoas comuns e do
[40] que deve ser feito diante da incerteza ou do medo. A
consequência mais importante é uma crise de confiança
na vida, uma vez que o mal pode estar em qualquer
lugar e que todos podem estar, de alguma forma, a seu
serviço, gerando uma desconfiança de uns com os
[45] outros.
Hoje, vivemos em constante situação de
emergência e deixamos de questioná-la pelo simples
fato de estar provada a barbaridade dos outros. A partir
daí, muros são construídos para separar a sociedade.
[50] Há muros que separam nações entre pobres e ricos,
mas não há muros que separam os que têm medo dos
que não têm.
A mídia incute na sociedade uma política de
higienização e rotulação dos desiguais que devem ser
[55] banidos da convivência social. Diante da propagação
dessa política, cada vez mais os cidadãos são
colocados diante de questões criminais que parecem
nunca se resolver, provocando uma sensação de
intranquilidade e medo. Esse último, por sua vez, é
[60] agravado pela sensação de vulnerabilidade e de
impossibilidade de defesa.
Dessa forma, mesmo que estejamos mais seguros
do que em toda história da humanidade, as pessoas
continuam a se sentir ameaçadas, inseguras e
[65] apaixonadas por tudo aquilo que se refere à segurança
e à proteção. Isso se dá através do que Felipe L. da
Silveira (2013), em A cultura do medo e sua contribuição
para a proliferação da criminalidade, chama de “cultura
do medo”, ou seja, o que tem levado as pessoas a
[70] intensificarem suas próprias medidas visando a uma
suposta diminuição de vulnerabilidade, como a
construção de muros e barreiras, assim como a se
isolarem dentro de suas próprias casas, evitando sair a
eventos e espaços públicos por medo da violência, o
[75] que configura uma mudança radical de comportamento,
algo que beira a paranoia.
Essa forma de isolamento dos conflitos ocasiona
uma espécie de divisão social, em que as pessoas
economicamente privilegiadas passam a ocupar bairros
[80] considerados “nobres” e condomínios vigiados
continuamente, restando, para a camada mais pobre
da população, territórios completamente negligenciados
pelo Estado, locais em que a “elite” busca o
distanciamento, diz Silveira.
[85] Toda essa realidade que se forma na “cultura do
medo” acaba por contribuir para o reforço dos
preconceitos na esteira da ignorância e da insegurança.
Com isso, cria-se a “Sociedade do Medo” aqui abordada
que, além de cruel e preconceituosa, passa a ser
[90] ignorante e submissa a tudo que lhe é apresentado como
verdade absoluta.
ROSÁRIO, Raquel do; BAYER, Diego. A formação de uma sociedade do medo através da influência da mídia. Adaptado
De acordo com as ideias trabalhadas no texto, está correto o que se afirma em
TEXTO:
A mídia tem um papel importante no campo político,
social e econômico de toda sociedade. Através desse
mecanismo, essa instituição incute na população uma
consciência, uma cultura, uma forma de agir e de pensar.
[5] Por nos encontrarmos em uma crise de
credibilidade política, os telejornais procuram outras
categorias informativas para traduzir o interesse da
sociedade — geralmente notícias violentas. Assim, a
curiosidade pela narração do crime e suas possíveis
[10] consequências acabam por ser uma das causas de uma
nova cultura de violência em que essa aparece como
um fato normal, corriqueiro, que faz parte do cotidiano.
Em uma sociedade como o Brasil, os altos índices
de criminalidade acabam por encontrar um mecanismo
[15] de escape na tela da televisão. Conforme relatam os
advogados criminalistas Cristiano Luís Moraes e Marlene
Inês Spaniol, os medos passam a ser dramatizados em
histórias de vingança e de criminosos que são entregues
aos tribunais e, posteriormente, à prisão. Isso leva a
[20] sociedade a reagir contra o crime como se ele fosse
um drama humano, fazendo-nos crer que os delinquentes
são em maior número e praticam mais delitos do que
realmente o são.
Segundo Bauman (2008), em Medo Líquido, medo
[25] é o nome que damos à nossa incerteza: nossa ignorância
da ameaça e do que deve ser feito. Vivemos numa era
em que o medo é o sentimento conhecido de toda criatura
viva.
O mundo líquido mostrado por Bauman é uma
[30] espécie de irrealidade dentro da qual estamos
mergulhados, um mundo de aparência absoluta, de
ameaças que quase nunca se configuram reais, mas
que nos são mostradas cotidianamente, principalmente
pela mídia. Diante disso, ele expõe o medo como uma
[35] forma constante.
O sentimento de insegurança não deriva tanto da
carência de proteção, mas, sobretudo, da falta de clareza
dos fatos. Nessa situação, difunde-se uma ignorância
de que a ameaça paira sobre as pessoas comuns e do
[40] que deve ser feito diante da incerteza ou do medo. A
consequência mais importante é uma crise de confiança
na vida, uma vez que o mal pode estar em qualquer
lugar e que todos podem estar, de alguma forma, a seu
serviço, gerando uma desconfiança de uns com os
[45] outros.
Hoje, vivemos em constante situação de
emergência e deixamos de questioná-la pelo simples
fato de estar provada a barbaridade dos outros. A partir
daí, muros são construídos para separar a sociedade.
[50] Há muros que separam nações entre pobres e ricos,
mas não há muros que separam os que têm medo dos
que não têm.
A mídia incute na sociedade uma política de
higienização e rotulação dos desiguais que devem ser
[55] banidos da convivência social. Diante da propagação
dessa política, cada vez mais os cidadãos são
colocados diante de questões criminais que parecem
nunca se resolver, provocando uma sensação de
intranquilidade e medo. Esse último, por sua vez, é
[60] agravado pela sensação de vulnerabilidade e de
impossibilidade de defesa.
Dessa forma, mesmo que estejamos mais seguros
do que em toda história da humanidade, as pessoas
continuam a se sentir ameaçadas, inseguras e
[65] apaixonadas por tudo aquilo que se refere à segurança
e à proteção. Isso se dá através do que Felipe L. da
Silveira (2013), em A cultura do medo e sua contribuição
para a proliferação da criminalidade, chama de “cultura
do medo”, ou seja, o que tem levado as pessoas a
[70] intensificarem suas próprias medidas visando a uma
suposta diminuição de vulnerabilidade, como a
construção de muros e barreiras, assim como a se
isolarem dentro de suas próprias casas, evitando sair a
eventos e espaços públicos por medo da violência, o
[75] que configura uma mudança radical de comportamento,
algo que beira a paranoia.
Essa forma de isolamento dos conflitos ocasiona
uma espécie de divisão social, em que as pessoas
economicamente privilegiadas passam a ocupar bairros
[80] considerados “nobres” e condomínios vigiados
continuamente, restando, para a camada mais pobre
da população, territórios completamente negligenciados
pelo Estado, locais em que a “elite” busca o
distanciamento, diz Silveira.
[85] Toda essa realidade que se forma na “cultura do
medo” acaba por contribuir para o reforço dos
preconceitos na esteira da ignorância e da insegurança.
Com isso, cria-se a “Sociedade do Medo” aqui abordada
que, além de cruel e preconceituosa, passa a ser
[90] ignorante e submissa a tudo que lhe é apresentado como
verdade absoluta.
ROSÁRIO, Raquel do; BAYER, Diego. A formação de uma sociedade do medo através da influência da mídia. Adaptado
Para os articulistas, a mídia acaba se transformando em um instrumento
TEXTO:
A mídia tem um papel importante no campo político,
social e econômico de toda sociedade. Através desse
mecanismo, essa instituição incute na população uma
consciência, uma cultura, uma forma de agir e de pensar.
[5] Por nos encontrarmos em uma crise de
credibilidade política, os telejornais procuram outras
categorias informativas para traduzir o interesse da
sociedade — geralmente notícias violentas. Assim, a
curiosidade pela narração do crime e suas possíveis
[10] consequências acabam por ser uma das causas de uma
nova cultura de violência em que essa aparece como
um fato normal, corriqueiro, que faz parte do cotidiano.
Em uma sociedade como o Brasil, os altos índices
de criminalidade acabam por encontrar um mecanismo
[15] de escape na tela da televisão. Conforme relatam os
advogados criminalistas Cristiano Luís Moraes e Marlene
Inês Spaniol, os medos passam a ser dramatizados em
histórias de vingança e de criminosos que são entregues
aos tribunais e, posteriormente, à prisão. Isso leva a
[20] sociedade a reagir contra o crime como se ele fosse
um drama humano, fazendo-nos crer que os delinquentes
são em maior número e praticam mais delitos do que
realmente o são.
Segundo Bauman (2008), em Medo Líquido, medo
[25] é o nome que damos à nossa incerteza: nossa ignorância
da ameaça e do que deve ser feito. Vivemos numa era
em que o medo é o sentimento conhecido de toda criatura
viva.
O mundo líquido mostrado por Bauman é uma
[30] espécie de irrealidade dentro da qual estamos
mergulhados, um mundo de aparência absoluta, de
ameaças que quase nunca se configuram reais, mas
que nos são mostradas cotidianamente, principalmente
pela mídia. Diante disso, ele expõe o medo como uma
[35] forma constante.
O sentimento de insegurança não deriva tanto da
carência de proteção, mas, sobretudo, da falta de clareza
dos fatos. Nessa situação, difunde-se uma ignorância
de que a ameaça paira sobre as pessoas comuns e do
[40] que deve ser feito diante da incerteza ou do medo. A
consequência mais importante é uma crise de confiança
na vida, uma vez que o mal pode estar em qualquer
lugar e que todos podem estar, de alguma forma, a seu
serviço, gerando uma desconfiança de uns com os
[45] outros.
Hoje, vivemos em constante situação de
emergência e deixamos de questioná-la pelo simples
fato de estar provada a barbaridade dos outros. A partir
daí, muros são construídos para separar a sociedade.
[50] Há muros que separam nações entre pobres e ricos,
mas não há muros que separam os que têm medo dos
que não têm.
A mídia incute na sociedade uma política de
higienização e rotulação dos desiguais que devem ser
[55] banidos da convivência social. Diante da propagação
dessa política, cada vez mais os cidadãos são
colocados diante de questões criminais que parecem
nunca se resolver, provocando uma sensação de
intranquilidade e medo. Esse último, por sua vez, é
[60] agravado pela sensação de vulnerabilidade e de
impossibilidade de defesa.
Dessa forma, mesmo que estejamos mais seguros
do que em toda história da humanidade, as pessoas
continuam a se sentir ameaçadas, inseguras e
[65] apaixonadas por tudo aquilo que se refere à segurança
e à proteção. Isso se dá através do que Felipe L. da
Silveira (2013), em A cultura do medo e sua contribuição
para a proliferação da criminalidade, chama de “cultura
do medo”, ou seja, o que tem levado as pessoas a
[70] intensificarem suas próprias medidas visando a uma
suposta diminuição de vulnerabilidade, como a
construção de muros e barreiras, assim como a se
isolarem dentro de suas próprias casas, evitando sair a
eventos e espaços públicos por medo da violência, o
[75] que configura uma mudança radical de comportamento,
algo que beira a paranoia.
Essa forma de isolamento dos conflitos ocasiona
uma espécie de divisão social, em que as pessoas
economicamente privilegiadas passam a ocupar bairros
[80] considerados “nobres” e condomínios vigiados
continuamente, restando, para a camada mais pobre
da população, territórios completamente negligenciados
pelo Estado, locais em que a “elite” busca o
distanciamento, diz Silveira.
[85] Toda essa realidade que se forma na “cultura do
medo” acaba por contribuir para o reforço dos
preconceitos na esteira da ignorância e da insegurança.
Com isso, cria-se a “Sociedade do Medo” aqui abordada
que, além de cruel e preconceituosa, passa a ser
[90] ignorante e submissa a tudo que lhe é apresentado como
verdade absoluta.
ROSÁRIO, Raquel do; BAYER, Diego. A formação de uma sociedade do medo através da influência da mídia. Adaptado
Uma das preocupações dos articulistas em relação à mídia é o fato de difundir o que Felipe da Silveira denominou de “cultura do medo”, porque, à exceção de, proporciona
TEXTO:
A mídia tem um papel importante no campo político,
social e econômico de toda sociedade. Através desse
mecanismo, essa instituição incute na população uma
consciência, uma cultura, uma forma de agir e de pensar.
[5] Por nos encontrarmos em uma crise de
credibilidade política, os telejornais procuram outras
categorias informativas para traduzir o interesse da
sociedade — geralmente notícias violentas. Assim, a
curiosidade pela narração do crime e suas possíveis
[10] consequências acabam por ser uma das causas de uma
nova cultura de violência em que essa aparece como
um fato normal, corriqueiro, que faz parte do cotidiano.
Em uma sociedade como o Brasil, os altos índices
de criminalidade acabam por encontrar um mecanismo
[15] de escape na tela da televisão. Conforme relatam os
advogados criminalistas Cristiano Luís Moraes e Marlene
Inês Spaniol, os medos passam a ser dramatizados em
histórias de vingança e de criminosos que são entregues
aos tribunais e, posteriormente, à prisão. Isso leva a
[20] sociedade a reagir contra o crime como se ele fosse
um drama humano, fazendo-nos crer que os delinquentes
são em maior número e praticam mais delitos do que
realmente o são.
Segundo Bauman (2008), em Medo Líquido, medo
[25] é o nome que damos à nossa incerteza: nossa ignorância
da ameaça e do que deve ser feito. Vivemos numa era
em que o medo é o sentimento conhecido de toda criatura
viva.
O mundo líquido mostrado por Bauman é uma
[30] espécie de irrealidade dentro da qual estamos
mergulhados, um mundo de aparência absoluta, de
ameaças que quase nunca se configuram reais, mas
que nos são mostradas cotidianamente, principalmente
pela mídia. Diante disso, ele expõe o medo como uma
[35] forma constante.
O sentimento de insegurança não deriva tanto da
carência de proteção, mas, sobretudo, da falta de clareza
dos fatos. Nessa situação, difunde-se uma ignorância
de que a ameaça paira sobre as pessoas comuns e do
[40] que deve ser feito diante da incerteza ou do medo. A
consequência mais importante é uma crise de confiança
na vida, uma vez que o mal pode estar em qualquer
lugar e que todos podem estar, de alguma forma, a seu
serviço, gerando uma desconfiança de uns com os
[45] outros.
Hoje, vivemos em constante situação de
emergência e deixamos de questioná-la pelo simples
fato de estar provada a barbaridade dos outros. A partir
daí, muros são construídos para separar a sociedade.
[50] Há muros que separam nações entre pobres e ricos,
mas não há muros que separam os que têm medo dos
que não têm.
A mídia incute na sociedade uma política de
higienização e rotulação dos desiguais que devem ser
[55] banidos da convivência social. Diante da propagação
dessa política, cada vez mais os cidadãos são
colocados diante de questões criminais que parecem
nunca se resolver, provocando uma sensação de
intranquilidade e medo. Esse último, por sua vez, é
[60] agravado pela sensação de vulnerabilidade e de
impossibilidade de defesa.
Dessa forma, mesmo que estejamos mais seguros
do que em toda história da humanidade, as pessoas
continuam a se sentir ameaçadas, inseguras e
[65] apaixonadas por tudo aquilo que se refere à segurança
e à proteção. Isso se dá através do que Felipe L. da
Silveira (2013), em A cultura do medo e sua contribuição
para a proliferação da criminalidade, chama de “cultura
do medo”, ou seja, o que tem levado as pessoas a
[70] intensificarem suas próprias medidas visando a uma
suposta diminuição de vulnerabilidade, como a
construção de muros e barreiras, assim como a se
isolarem dentro de suas próprias casas, evitando sair a
eventos e espaços públicos por medo da violência, o
[75] que configura uma mudança radical de comportamento,
algo que beira a paranoia.
Essa forma de isolamento dos conflitos ocasiona
uma espécie de divisão social, em que as pessoas
economicamente privilegiadas passam a ocupar bairros
[80] considerados “nobres” e condomínios vigiados
continuamente, restando, para a camada mais pobre
da população, territórios completamente negligenciados
pelo Estado, locais em que a “elite” busca o
distanciamento, diz Silveira.
[85] Toda essa realidade que se forma na “cultura do
medo” acaba por contribuir para o reforço dos
preconceitos na esteira da ignorância e da insegurança.
Com isso, cria-se a “Sociedade do Medo” aqui abordada
que, além de cruel e preconceituosa, passa a ser
[90] ignorante e submissa a tudo que lhe é apresentado como
verdade absoluta.
ROSÁRIO, Raquel do; BAYER, Diego. A formação de uma sociedade do medo através da influência da mídia. Adaptado
A alternativa em que se registra uma oração que expressa, no contexto em que está inserida, uma concessão em relação à principal é a
TEXTO:
A mídia tem um papel importante no campo político,
social e econômico de toda sociedade. Através desse
mecanismo, essa instituição incute na população uma
consciência, uma cultura, uma forma de agir e de pensar.
[5] Por nos encontrarmos em uma crise de
credibilidade política, os telejornais procuram outras
categorias informativas para traduzir o interesse da
sociedade — geralmente notícias violentas. Assim, a
curiosidade pela narração do crime e suas possíveis
[10] consequências acabam por ser uma das causas de uma
nova cultura de violência em que essa aparece como
um fato normal, corriqueiro, que faz parte do cotidiano.
Em uma sociedade como o Brasil, os altos índices
de criminalidade acabam por encontrar um mecanismo
[15] de escape na tela da televisão. Conforme relatam os
advogados criminalistas Cristiano Luís Moraes e Marlene
Inês Spaniol, os medos passam a ser dramatizados em
histórias de vingança e de criminosos que são entregues
aos tribunais e, posteriormente, à prisão. Isso leva a
[20] sociedade a reagir contra o crime como se ele fosse
um drama humano, fazendo-nos crer que os delinquentes
são em maior número e praticam mais delitos do que
realmente o são.
Segundo Bauman (2008), em Medo Líquido, medo
[25] é o nome que damos à nossa incerteza: nossa ignorância
da ameaça e do que deve ser feito. Vivemos numa era
em que o medo é o sentimento conhecido de toda criatura
viva.
O mundo líquido mostrado por Bauman é uma
[30] espécie de irrealidade dentro da qual estamos
mergulhados, um mundo de aparência absoluta, de
ameaças que quase nunca se configuram reais, mas
que nos são mostradas cotidianamente, principalmente
pela mídia. Diante disso, ele expõe o medo como uma
[35] forma constante.
O sentimento de insegurança não deriva tanto da
carência de proteção, mas, sobretudo, da falta de clareza
dos fatos. Nessa situação, difunde-se uma ignorância
de que a ameaça paira sobre as pessoas comuns e do
[40] que deve ser feito diante da incerteza ou do medo. A
consequência mais importante é uma crise de confiança
na vida, uma vez que o mal pode estar em qualquer
lugar e que todos podem estar, de alguma forma, a seu
serviço, gerando uma desconfiança de uns com os
[45] outros.
Hoje, vivemos em constante situação de
emergência e deixamos de questioná-la pelo simples
fato de estar provada a barbaridade dos outros. A partir
daí, muros são construídos para separar a sociedade.
[50] Há muros que separam nações entre pobres e ricos,
mas não há muros que separam os que têm medo dos
que não têm.
A mídia incute na sociedade uma política de
higienização e rotulação dos desiguais que devem ser
[55] banidos da convivência social. Diante da propagação
dessa política, cada vez mais os cidadãos são
colocados diante de questões criminais que parecem
nunca se resolver, provocando uma sensação de
intranquilidade e medo. Esse último, por sua vez, é
[60] agravado pela sensação de vulnerabilidade e de
impossibilidade de defesa.
Dessa forma, mesmo que estejamos mais seguros
do que em toda história da humanidade, as pessoas
continuam a se sentir ameaçadas, inseguras e
[65] apaixonadas por tudo aquilo que se refere à segurança
e à proteção. Isso se dá através do que Felipe L. da
Silveira (2013), em A cultura do medo e sua contribuição
para a proliferação da criminalidade, chama de “cultura
do medo”, ou seja, o que tem levado as pessoas a
[70] intensificarem suas próprias medidas visando a uma
suposta diminuição de vulnerabilidade, como a
construção de muros e barreiras, assim como a se
isolarem dentro de suas próprias casas, evitando sair a
eventos e espaços públicos por medo da violência, o
[75] que configura uma mudança radical de comportamento,
algo que beira a paranoia.
Essa forma de isolamento dos conflitos ocasiona
uma espécie de divisão social, em que as pessoas
economicamente privilegiadas passam a ocupar bairros
[80] considerados “nobres” e condomínios vigiados
continuamente, restando, para a camada mais pobre
da população, territórios completamente negligenciados
pelo Estado, locais em que a “elite” busca o
distanciamento, diz Silveira.
[85] Toda essa realidade que se forma na “cultura do
medo” acaba por contribuir para o reforço dos
preconceitos na esteira da ignorância e da insegurança.
Com isso, cria-se a “Sociedade do Medo” aqui abordada
que, além de cruel e preconceituosa, passa a ser
[90] ignorante e submissa a tudo que lhe é apresentado como
verdade absoluta.
ROSÁRIO, Raquel do; BAYER, Diego. A formação de uma sociedade do medo através da influência da mídia. Adaptado
A oração transcrita cujo termo coesivo “que” possui valor conjuntivo é a
Dialoga com a charge destacada, justificando com mais propriedade o conflito vivenciado pelas personagens, o fragmento do texto anterior — “A formação de uma sociedade do medo através da influência da mídia” — transcrito em