“América para os americanos”. Essa foi a expressão que tornou conhecido o posicionamento assumido pelo governo dos EUA a partir da Doutrina Monroe, que neste ano de 2023 fez 200 anos. Nessa proposta, podemos observar o protagonismo norte-americano na agenda do continente, como apresentado na caricatura a seguir:
Caricatura sobre a Doutrina Monroe (1823) e o papel dos EUA contra a intervenção europeia na América. Disponível em: Acesso em: 20 set. 2023.
Sobre os objetivos da Doutrina Monroe, assinale a alternativa CORRETA.
Oito pessoas foram resgatadas de trabalhos análogos ao escravo no Paraná ao longo do mês de agosto de 2023, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT).
Os resgates aconteceram nos municípios de Nova Santa Rosa, no Oeste do estado, Marilândia do Sul, no Norte, e em Adrianópolis, na Região Metropolitana de Curitiba. (...)
Segundo o MPT, em Nova Santa Rosa foram resgatadas quatro pessoas que trabalhavam no carregamento de suínos. Todos são paraguaios e três deles estavam em situação migratória irregular.
O órgão informou que durante uma inspeção da força-tarefa foram constatadas diversas irregularidades, entre elas jornada exaustiva, condições degradantes de trabalho e descumprimento das normas de saúde e segurança do trabalho.
Dois deles voltaram ao Paraguai. Os outros dois estão sendo assistidos pelo Centro de Referência da Assistência Social (Cras) de Maripá.
Em Marilândia do Sul, conforme o MPT, foram resgatados dois homens em uma propriedade rural destinada à criação de suínos e frangos, além de separação de materiais recicláveis.
Entre as vítimas está um idoso, que trabalhava a mais de 10 anos sem receber salário. O MPT informou que foram constatadas irregularidades como a ausência de registro laboral, a falta de pagamento de salários, condições precárias de moradia e de segurança.
Após o resgate, o idoso foi encaminhado a uma ONG e o outro para a casa dos pais.
No município de Adrianópolis foram encontrados dois trabalhadores em situação irregular, em atividade de pecuária, em duas propriedades rurais.
Nos locais, segundo a instituição, foram encontradas várias irregularidades, como falta de segurança para o trabalho e condições precárias de higiene e moradia.
Fonte: PORTAL G1. Oito pessoas são resgatadas de trabalho análogo ao escravo no Paraná em agosto. Disponível em https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2023/09/05/ oito-pessoas-sao-resgatadas-de-trabalho-analogo-ao-escravo-no-parana-em-agosto.ghtml. Consulta realizada em 08 de setembro de 2023.
No Brasil, o trabalho escravo foi juridicamente abolido em 1888 com a assinatura da Lei Áurea, mas como é possível verificar na notícia acima, ainda no século XXI, em diferentes regiões existem registros de pessoas trabalhando em condições análogas à escravidão.
Diante disso, sobre o contexto em que foi realizada a abolição da escravatura no Brasil é INCORRETO afirmar.
Leia com atenção os dois registros de batismo abaixo:
1812 – Folha 12.
LUCIANNO - antes denominado COUÊ
Aos vinte e sinco dias do mes de setembro do anno de mil oitocentos e doze, na Capella desta Povoação do Atalaya nos Campos de Guarapuava, baptisei e pus os santos oleos a LUCIANNO, antes denominado Couê, parvulo de dous annos pouco mais ou menos, filho de Guequeío, e de sua mulher Mofê, Indios nacionais da gentilidade, que habita os sertoens deste continente, de onde a pouco tempo sahirão para esta Povoação. Foi Padrinho Tenente Manuel Soares do Valle, casado, e aSsistente nesta Povoação. Do que para constar faço este aSsento.
O vigário Francisco das Chagas Lima
***
1821 - Folha 51
ANNA - India
Aos vinte sinco dias do mes de Julho do anno de mil oitocentos e vinte e um, nesta Capella da Aldea do Atalaya em Guarapuava, baptisei solemnemente, e pus os santos oleos, a ANNA, innocente, nascida aos vinte e nove de Junho paSsado, filha de Pai Incognito, e de Felicia Veimocá, India nacional deste continente de Guarapuava, viuva e Neofyta aSsistente nesta Aldea. Forão Padrinhos o Tenente Antonio da Rocha Loures comandante desta Povoação, e sua mulher Joanna Maria de Lima. Do que para constar faço este aSsento.
O vigário Francisco das Chagas Lima
LIVRO DE ASSENTOS DE BAPTISMO DE PESSOAS LIVRES DE NASCIMENTO. n. 1 – Desde 13 de março de 1810 até 4 de setembro de 1867. (Arquivo da Catedral Nossa Senhora de Belém – Diocese de Guarapuava-Pr). In: Brasil, Paraná, Registros da Igreja Católica, 1704-2008 - database with images, FamilySearch, https://familysearch.org/ ark:/61903/3:1:939J-9CCG-S?cc=2177282&wc=MHN8-XWG%3A369753101%2C369753102%2C369946101 : 22 May 2014), Guarapuava > Nossa Senhora de Belém > Batismos 1810, Mar-1867, Set > image 13 of 204 and 52 of 204; Paróquias Católicas, Paraná (Catholic Church parishes, Paraná).
Desde os primeiros contatos dos europeus com os povos ameríndios, no século XVI, o espírito de uma cruzada católica aliado aos processos mercantilistas direcionou muitas das formas de invasão e domínio da América. Fruto de um longo processo de desterritorialização, escravização, mortandades, entre outras mazelas, as populações indígenas sofreram – e ainda vivenciam – uma enorme redução de suas comunidades. Na condição de aliados ou inimigos de etnias, línguas e culturas diversas, os povos indígenas receberam os europeus de diferentes formas, desempenhando múltiplos papéis na construção das sociedades coloniais e pós-coloniais.
Os registros de batismo cotejados acima, ainda que sejam do século XIX, apontam para alguns dos debates em torno do “projeto colonizador”: uma expedição militar com fins expansionista; a delimitação fortificada do território; a catequização como mecanismo etnocêntrico de domínio; e a concepção hierarquizada da sociedade.
Com base nesses apontamentos, considere:
I Deve-se evitar interpretações simplistas baseadas em dualismos ao retratar as relações de contato entre europeus e povos indígenas. Dualismos como “índio aculturado” versus “índio puro”; aculturação versus resistência cultural, por exemplo. Esses dualismos acabam resultando em abordagens reducionistas que levam a visões equivocadas sobre as ações dos povos indígenas nos processos históricos.
II Ainda que os grupos indígenas americanos possuíssem diferentes características culturais, os europeus deveriam ser considerados como um grupo homogêneo. Os colonizadores, missionários, bandeirantes, autoridades metropolitanas e coloniais, portuguesas e espanholas, tinham os mesmos interesses nas suas colônias e estabeleciam relações uniformes com os indígenas.
III As missões e fortificações tinham como objetivo não apenas cristianizar os indígenas (considerando-os gentios administrados), mas também reintegrá-los à sociedade, tornando-os súditos do Rei, ainda que hierarquicamente inferiores. A coroa e a igreja se uniram nesse empreendimento durante todo o período colonial, em especial com os jesuítas, no Brasil, e com a expedição de Francisco Pizarro, no Império Inca. Em ambos, elementos religiosos, políticos e econômicos se entrelaçavam de modo harmonioso.
IV O batismo, como um sacramento católico, estabelece a inclusão de uma pessoa na comunidade dos fiéis. Os dois registros de batismo evidenciam espaços de dominação sobre os indígenas que, submetidos às novas regras, deixavam suas identidades no ambiente oficial administrativo-religioso, como vemos no caso de Couê, batizado como Luciano. Já quanto a mãe Felícia Veimocá, chama a atenção que o Padre a reconhece como “neófita” (pagã recém-convertida ao cristianismo) e que frequenta a Aldeia. Contudo, o fato de ser viúva e registrar uma filha com pai desconhecido pode indicar uma das interfaces da mestiçagem.
V Os espanhóis, em domínio e colonização de Potosí, estabeleceram relações econômicas distintas do que se preconizava do Mercantilismo dos séculos XV-XVIII. No Vice-Reino do Peru as parcerias e trocas com os ameríndios se firmavam em contratos denominados “Mita”, cujos proventos da mineração eram divididos de modo igualitário entre as partes. Da fração espanhola, metade era enviada ao Reino em Madrid e a outra parte reinvestida no melhoramento das condições de trabalho dos indígenas na exploração da mina.
Estão INCORRETAS as sentenças:
O chamado “Exclusivo Comercial Metropolitano” era uma imposição das metrópoles em relação as suas colônias, o qual estabelecia uma série de regramentos a serem cumpridos pelas colônias, principalmente no modo como funcionavam e se desenvolviam suas atividades comerciais e manufatureiras.
Sobre o “Exclusivo Comercial Metropolitano”, assinale a alternativa CORRETA.
Leia com atenção o trecho abaixo:
A REPÚBLICA QUE NÃO ERA VELHA
(...) No Brasil que nasceu dos vários projetos modernistas do início do século figuraria um mundo de ambivalências: o passado a conviver com o presente; maxixe e lundu com música clássica; cordel com literatura acadêmica; transporte acelerado com o ritmo do lombo de burro; um país urbano ladeado pela realidade isolada dos sertões distantes; exclusão social com processos de inclusão; clientelismos combinados a processos até então desconhecidos de institucionalização política e social. (...) Não por acaso a rua se converteu em local privilegiado, recebendo a moda, o footing, a vida social, mas também os jornaleiros, os grevistas, as manifestações políticas e expressões da cultura popular. Melhor optar por Primeira República. “Primeira”, pois teve o protagonismo do início (para o bem e para o mal) e porque ensejou novas e múltiplas formas de exercício da cidadania
SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. Cia das Letras: São Paulo, p. 525- 527.
Sobre os movimentos sociais na Primeira República, assinale a única alternativa INCORRETA.
Leia atentamente o trecho abaixo:
A historiografia tradicionalmente descreve as grandes fazendas dos campos do Paraná como propriedades auto-suficientes, produzindo o necessário para sua alimentação, vestuário, mobiliário, instrumentos de trabalho, material para a construção das casas entre outros. Além dos proprietários e seus parentes, nela viviam indivíduos e famílias de agregados, foreiros, fazendeiros e assistentes, estes últimos responsáveis pela comercialização dos produtos das fazendas que assistiam, principalmente junto aos pousos. Podiam ser brancos pobres, mas também libertos e livres de cor (afro ou indodescendentes), por vezes ocupados nas funções de capatazes, feitores, capangas e vigilantes. Alguns tinham sítios, onde criavam cavalos e vacas, plantavam milho e feijão, e negociavam suas pequenas produções com os tropeiros que vinham do Sul.
O escravo era mão-de-obra fundamental nas fazendas, e os grandes proprietários dos Campos Gerais eram geralmente senhores de escravarias maiores dos que os das terras curitibanas. Existiam africanos entre os cativos, mas estes eram principalmente crioulos. Além disso, no século XVIII e mesmo no princípio do XIX, ainda em menor número, também era possível encontrar cativos de origem indígena.
MACHADO, Cacilda. A trama das vontades: negros, pardos e brancos na construção da hierarquia social do Brasil escravista. Rio de Janeiro: Apicuri, 2008. p. 30.
Com base nos processos de disputa pela ocupação e colonização do território paranaense entre os séculos XVI e XVIII, considere:
I Ao refletir sobre os processos migratórios da colonização da região hoje delimitada como Paraná, sejam enquanto expansões espontâneas e/ou dirigidas, deve-se apontar inicialmente para a presença de diversas comunidades indígenas que a habitavam, de leste a oeste do território.
II O que concebemos como História do Paraná no século XVIII era uma realidade administrativa traduzida como área meridional paulista, ou seja, pertencente à Capitania de São Paulo.
III Os portugueses que colonizaram o litoral de Paranaguá, Antonina, Morretes e Guaratuba, ainda no século XVI, se utilizaram da experiência da cana-de- -açúcar obtida nos Açores que fora trazida ao litoral do Nordeste. Rivalizando em cultivo, o açúcar produzido em grande escala no litoral paranaense entrou no circuito triangular de mercado, promovendo uma rota mercantil entre Paranaguá-Luanda-Lisboa.
IV O comércio de gado entre Viamão e Sorocaba foi um dos principais mecanismos de desenvolvimento dos Campos Gerais. Desde o início do século XVIII já se tinha notícias da movimentação de tropas ao sul da Capitania de São Paulo. O impacto econômico foi tamanho que muitos donos das invernadas (fazendas para engorda do gado) enviavam suas filhas para estudar na Universidade de Goa e, muitas delas, se casavam com nobres portugueses ligados à Carreira da Índia.
V Muitos homens e mulheres que (i)migraram ao ultramar lusitano na América, o fizeram em busca de conquistar sua distinção. Um dos principais caminhos de acesso era ser considerado “homens-bons” por meio do pertencimento às instâncias administrativas do reino, como as câmaras municipais.
Estão CORRETAS as sentenças: