A fronteira de quatro mil quilômetros entre o México e os
Estados Unidos é um dos limites entre os mundos desenvolvido e
subdesenvolvido. É também a fronteira entre a América
Anglo-Saxônia e a América Latina. Mas é também uma fronteira
marcada pela tensão e pelos conflitos, a chamada Cortina da
Tortilha, composta de barreiras, fossos, muros rapidamente
construídos, para deter o imigrante hispânico, e, em seguida,
abandonados, inacabados. É fácil cruzar a fronteira ali onde o rio
secou ou onde o deserto é ermo. Difícil é chegar ao outro lado. Mas
a vontade do trabalhador é forte. Essa fronteira, dizem muitos dos
que a cruzam, não é, na realidade, uma fronteira, mas uma cicatriz.
Ter-se-á fechado para sempre? Ou voltará a sangrar um dia?
Carlos Fuentes. O espelho enterrado – reflexões sobre a Espanha e o Novo Mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 2001, p. 343 (com adaptações).
A partir do texto acima e dos assuntos que ele suscita, julgue o próximo item.
No século XX, a emigração de mexicanos para os EUA faz parte das estratégias adotadas pela população menos favorecida, para enfrentar problemas socioeconômicos. Com diferentes intensidades, esse fenômeno afeta a América Latina como um todo, somando-se às motivações econômicas as questões políticas.