O Contrato social ou Princípios de direito político, obra publicada em 1762 e eternizada como um dos principais textos fundadores do Estado moderno, do filósofo iluminista Jean-Jacques Rousseau (1712-1778),
Nas últimas décadas, o mundo dos homens tem sentido o peso da civilização industrial e tecnológica, que intensificou, desde o século XIX, a partir da Europa Ocidental e dos Estados Unidos especialmente, o grande projeto do capitalismo. A economia capitalista alastra-se pelo mundo e leva, no seu bojo, os avanços da tecnologia e a superestrutura do mercado. Sistemas e redes são pensados e construídos para tornarem os humanos “domesticados, burocratizados e servis”, vivendo uma “vida de gado”, como bem ilustra a música do brasileiro Zé Ramalho. Também é um tempo em que muito se fala sobre valores morais e sobre ética. Quem define os valores e os escolhem? Silvio Gallo, ao abordar a temática “os valores e as escolhas”, em que trata de valor, escolha e liberdade, destaca o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre (1905-1980) que, “em sua obra O ser e o nada, assim como Nietzsche, discute a universalidade do valor. Ele fala em ‘ser do valor’, que seria uma produção da consciência. Sartre trabalha com o método fenomenológico, criado pelo filósofo e matemático austríaco Edmund Husserl, que tem como um dos conceitos centrais a consciência. Para Husserl e Sartre, a consciência é a realidade do ser humano, único ser consciente no mundo”. Portanto, ao se tratar de valores morais e ética na contemporaneidade, nessa visão existencialista de Sartre, as escolhas perpassam pela consciência que se tem da liberdade, o que o leva a afirmar que o ser humano está “condenado a ser livre”.
Qual argumento do próprio Sartre, extraído de O ser e o nada, fundamenta o que Sílvio Gallo apresenta sobre liberdade?
A história da Grécia antiga (séculos VIII – V a. C.) carrega a tradição da mitologia como forma de transmissão dos saberes explicativos dados pelos sentidos e pelas experiências vivenciadas pelos antepassados. Nesse contexto, concebe-se o mito como “uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem e do mal, da saúde e da doença, da morte, dos instrumentos de trabalho, das raças, das guerras, do poder etc.)”. A filosofia surge em consequência de insatisfações com tais narrativas que exigiam das gerações um ato de fé nos narradores, tais como os poetas que recebiam dos antepassados os conhecimentos ou que tinham eles próprios testemunhado os acontecimentos. Embora gozassem de certa credibilidade, o tempo e as novas experiências lançaram dúvidas sobre a mitologia e os questionamentos se converteram em esforços racionais para um processo de conhecimento autônomo e atual, dado pela ação inteligível, analítica e reflexiva dos primeiros filósofos.
Nessa perspectiva, vê-se uma produção de saberes intelectuais que ganham forma de ciência, a partir do resultado do fazer filosófico, como processo de ruptura com a tradição mitológica. Chauí (2002) afirma que, “No Livro VI da Metafísica e no Livro I da Ética a Nicômaco, Aristóteles apresenta a finalidade do conhecimento ou ciência – epistéme – e da ação-práxis e poieis –, ao mesmo tempo que apresenta os princípios de cada uma delas. O conhecimento de todos os seres, das modalidades de ações humanas e dos artefatos produzidos pelos homens se chama filosofia. Para Aristóteles e para o Ocidente, até o século XIX de nossa era, filosofia e ciência eram uma só e mesma coisa.
Toda ciência, diz Aristóteles, investiga os princípios, as causas e a natureza dos seres que são seu objeto de estudo. ‘Só há ciência quando conhecemos pelas causas’ é o lema fundamental de Aristóteles (e do pensamento ocidental). Afirma, ainda, o autor da Ética a Nicômaco que o fato de as ciências possuírem em comum o procedimento – mèthodos – de busca dos princípios e das causas, não as tornam iguais, pois diferem conforme a natureza do ser ou objeto que investigam, ou, como cita Aristóteles, no Livro IV da Metafísica, há uma só ciência para cada gênero de ser.
Essa diferença da natureza das coisas investigadas faz com que os princípios e as causas em cada ciência sejam diferentes dos das outras e permitem classificá-las em três grandes grupos”, os quais são, conforme o filósofo estagirita,
INSTRUÇÃO: Leia o fragmento de texto a seguir para responder a esta questão.
“Estado violência” (Titãs)
Sinto no meu corpo
A dor que angustia
A lei ao meu redor
A lei que não queria...
Estado Violência
Estado hipocrisia
A lei que não é minha
A lei que eu não queria
[...]
Homem em silêncio
Homem na prisão
Homem no escuro
Futuro da nação
[...]
Estado Violência
Deixem-me querer
Estado Violência
Deixem-me pensar por mim
[...]
Fonte: TITÃS. Estado violência. In: Cabeça dinossauro. 1986. Disponível em: https://www.musixmatch.com/pt-br/letras/Tit%C3%A3s/Estado-viol%C3%AAncia. Acesso em: 10 out. 2023.
Sílvio Gallo, em sua obra Filosofia – experiência do pensamento, desenvolve a temática estado, sociedade e poder, e propõe uma análise a partir da letra da música Estado violência, dos Titãs. Ele escreve que “o rock dos Titãs chama a atenção para o papel do Estado nas sociedades atuais. O ‘estado violência’, como denomina a música, impõe as leis aos indivíduos e não os deixa sentir nem pensar. A filosofia também se preocupa com as funções da comunidade política e principalmente do Estado. Será que o Estado é de fato violento? Ou uma de suas funções é justamente proteger os indivíduos contra a violência?
O pensamento político dos séculos XVIII e XIX dedicou-se a criar as bases para a construção de uma nova sociedade, distinta da sociedade feudal. Retomou-se a ideia de democracia, considerada o regime político adequado aos Estados modernos”. Gallo aborda, nessa perspectiva, as ideias de contratualistas, como Thomas Hobbes e Jean-Jacques Rousseau. Analise as afirmativas a seguir sobre as ideias de Hobbes em relação à política e ao estado, considerando quais delas possuem relação com a letra dessa música dos Titãs.
I- Em “[...] estado de natureza, o homem é o lobo do homem”.
II- “Antes do contrato social não há povo, há uma multidão.”
III- “O estado de natureza foi a ‘idade de ouro’, quando os homens eram todos livres e iguais entre si, [...] vivendo em paz e harmonia.”
IV- “O homem nasceu livre, e em toda parte vive acorrentado”; “nascemos livres na natureza, mas nos aprisionamos pelas convenções sociais.”
V- “É o pacto coletivo que transforma a multidão em povo, em uma unidade política em torno de um projeto comum: a garantia da sobrevivência e do direito de propriedade.”
VI- “Com a propriedade, inicia-se o processo de acumulação de bens. Surgem as desigualdades, a escravidão, a ganância e a violência.”
Estão CORRETAS as afirmativas