Texto para a questão
Quando em meu peito rebentar-se a fibra
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
[5] E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
[10] Do deserto, o poento caminheiro
Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
(...)
Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda
15 É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!
(...)
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
[20] Foi poeta – sonhou – e amou na vida. –
(...)
Sombras do vale, noites da montanha
Que minh’alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!
(Álvares de Azevedo)
O texto está organizado em torno da relação vida-amor-morte.
Analisando essa relação, pode-se afirmar que