TEXTO:
No pós-guerra, a denominada medicina científica
adquire uma clara supremacia sobre as demais
formas médicas. Conforme trabalho de Braga e Góes
de Paula, a “partir daí, os serviços de saúde passam
[5] a dispor de métodos, técnicas, instrumentos e
matérias-primas que a permitiam controlar e vencer
uma série de males até então passíveis de tratamento.”
Esse processo desencadeou transformações em
outras áreas do mundo, em que se estabelecia a
[10] vigência legítima da medicina científica ou alopática.
No Brasil, reproduziu-se o mesmo modelo de
saúde, evidentemente com as especificidades
próprias de país dependente no contexto mundial do
capitalismo. Aqui, a incidência de doenças endêmicas,
[15] epidêmicas e parasitárias ainda é elevada,
principalmente nas populações pobres; destacam-se
a mortalidade e a morbidade por desnutrição, e as
doenças mentais e degenerativas tendem a crescer,
principalmente naquelas camadas sociais.
[20] Nesse contexto, a incorporação de novas
tecnologias, alienadas dos reais problemas de saúde
no país, tende a acentuar as contradições que já
emanam das próprias formas de organização da
assistência na área.
[25] O atual modelo de saúde no Brasil, em termos
do desenvolvimento do complexo médico-industrial,
centrado na organização hospitalar e nas empresas
médicas, além de privilegiado pelas políticas de saúde
adotadas especialmente a partir de 1964 – no sentido
[30] da privatização da assistência médica no país –
favorece à crescente incorporação de tecnologias
médicas complexas, oriundas dos países centrais.
A base da introdução de inovações tecnológicas
no país está tanto no poder da indústria farmacêutica,
[35] das indústrias de equipamentos e aparelhos, sob o
controle de capitais estrangeiros, quanto na prática
das empresas médicas e hospitalares. Por sua vez, o
próprio aparelho formador dos profissionais da
saúde estrutura-se de acordo com os padrões
[40] norte-americanos de ensino médico, identificando a
medicina com a utilização das avançadas técnicas
baseadas em aparelhos, equipamentos e produtos
químicos e farmacêuticos continuamente lançados no
mercado. É significativa a afirmação de um médico
[45] militante, em artigo no jornal da Associação Paulista
de Medicina: “... a ênfase na tecnologia de equipamentos,
o abuso da farmacoterapia e a prática da assistência
médica hospitalocêntrica e altamente especializada
têm sua origem nas escolas de medicina”. Vem de
[50] acordo com essa avaliação a posição do
vice-presidente da Associação Médica Brasileira,no
sentido de que o ensino médico se resume num
sistema de importação de técnicas e conhecimentos
pelas faculdades e o repasse em “pacotes” para os
[55] alunos.
KAWAMURA, Lili K. Tecnologia e saúde nas diferentes perspectivas de entidades associativas de médicos. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 75901987000200007>. Acesso em: 28 maio 2018.
Mantêm relação semântica os termos transcritos na alternativa