Considerando-se a análise dos pressupostos e subentendidos relacionados com os elementos verbais e não verbais desse cartum de Caulos, é correto afirmar que nele está presente um recurso estilístico denominado de
TEXTO:
[1] Um leitor de La Repubblica perguntou o que
podemos fazer para escapar da situação alarmante em
que nos encontramos depois da crise do crédito e como
evitar suas consequências possivelmente catastróficas.
[5] Essas são perguntas que nos fazemos todos os
dias; afinal, não foi só o sistema bancário e a bolsa de
valores que sofreram duros e sucessivos golpes — nossa
confiança nas estratégias de vida, nos modos de agir,
nos padrões de sucesso e no ideal de felicidade que,
[10] dia após dia, nos últimos anos, nos disseram que valia
a pena seguir também foi abalada e perdeu parte
considerável de sua autoridade e poder de atração.
Nossos ídolos, versões líquido-modernas do bezerro de
ouro bíblico, derreteram ao mesmo tempo que a confiança
[15] na economia!
Pensando em retrospecto, os anos anteriores à
crise do crédito parecem ter sido tempos tranquilos e
alegres do tipo “aproveite agora, pague depois”; uma
época em que nós agíamos com a certeza de que haveria
[20] riqueza suficiente e até maior no dia seguinte, anulando
qualquer preocupação com o crescimento das dívidas
de hoje, desde que fizéssemos o que se exigia para
aderir aos “caras mais inteligentes da turma” e seguir
seu exemplo. Naqueles dias que ficaram para trás, o
[25] exercício de subir montanhas cada vez mais altas e ter
acesso a paisagens cada vez mais arrebatadoras,
eclipsar as grandiosas montanhas de ontem com o perfil
das colinas de hoje e aplainar as colinas de ontem na
gentil ondulação das planícies de hoje parecia durar para
[30] sempre.
Uma possível reação à crise econômica atual é o
que Mark Furlong denominou de “militarização do eu”.
É o que vão fazer, sem dúvida, os produtores e
comerciantes interessados em capitalizar a catástrofe
[35] transformando-a em lucro acionário, como de hábito. A
indústria farmacêutica já está em plena atividade,
tentando invadir, conquistar e colonizar a nova “terra
virgem” da depressão pós-crise a fim de vender sua “nova
geração” de smart drugs, começando por semear, cultivar
[40] e fazer crescer as novas ilusões que tendem a
propulsionar a demanda. Já estamos ouvindo falar de
drogas fantásticas que prometem “melhorar tudo”,
memória, humor, potência sexual e a energia de quem
as ingere com regularidade, proporcionando assim total
[45] controle sobre a construção do próprio ego e sua
preponderância sobre o ego de outros.
Contudo há outra possibilidade. Existe a opção de
tentar chegar às raízes do problema atual e (como sugeriu
Furlong) “fazer o contrário do que estamos
[50] acostumados: inverter o padrão e organizar nosso
pensamento não mais a partir daquele em que o ‘indivíduo’
está no centro, mas segundo uma ordem alternativa
centrada em práticas éticas e estéticas que privilegiem a relação e o contexto”.
[55] Trata-se, sem dúvida, de uma possibilidade remota
(inverossímil ou pretensiosa, diriam alguns), que exige
um período prolongado, tortuoso e muitas vezes doloroso
de autocrítica e reajuste. Nascemos e crescemos numa
sociedade completamente “individualizada”, na qual a
[60] autonomia, a autossuficiência e o egocentrismo do
indivíduo eram axiomas que não exigiam provas (nem
as admitiam), e que dava pouco espaço, se é que dava,
à discussão. Só que mudar nossa visão de mundo e
assumir uma compreensão adequada do lugar e do papel
[65] que temos na sociedade não é fácil nem se faz de um
dia para o outro. No entanto, essa mudança parece ser
imperativa, na verdade, inevitável.
BAUMAN, Zygmunt. Como escapar da crise? In: 44 Cartas do Mundo Líquido Moderno. Tradução Vera Pereira. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. p. 161-165. Tradução de: 44 Letters from the Liquid Modern World. Adaptado.
A compreensão semântica do termo, devidamente contextualizado no texto, está correta em
TEXTO:
[1] Um leitor de La Repubblica perguntou o que
podemos fazer para escapar da situação alarmante em
que nos encontramos depois da crise do crédito e como
evitar suas consequências possivelmente catastróficas.
[5] Essas são perguntas que nos fazemos todos os
dias; afinal, não foi só o sistema bancário e a bolsa de
valores que sofreram duros e sucessivos golpes — nossa
confiança nas estratégias de vida, nos modos de agir,
nos padrões de sucesso e no ideal de felicidade que,
[10] dia após dia, nos últimos anos, nos disseram que valia
a pena seguir também foi abalada e perdeu parte
considerável de sua autoridade e poder de atração.
Nossos ídolos, versões líquido-modernas do bezerro de
ouro bíblico, derreteram ao mesmo tempo que a confiança
[15] na economia!
Pensando em retrospecto, os anos anteriores à
crise do crédito parecem ter sido tempos tranquilos e
alegres do tipo “aproveite agora, pague depois”; uma
época em que nós agíamos com a certeza de que haveria
[20] riqueza suficiente e até maior no dia seguinte, anulando
qualquer preocupação com o crescimento das dívidas
de hoje, desde que fizéssemos o que se exigia para
aderir aos “caras mais inteligentes da turma” e seguir
seu exemplo. Naqueles dias que ficaram para trás, o
[25] exercício de subir montanhas cada vez mais altas e ter
acesso a paisagens cada vez mais arrebatadoras,
eclipsar as grandiosas montanhas de ontem com o perfil
das colinas de hoje e aplainar as colinas de ontem na
gentil ondulação das planícies de hoje parecia durar para
[30] sempre.
Uma possível reação à crise econômica atual é o
que Mark Furlong denominou de “militarização do eu”.
É o que vão fazer, sem dúvida, os produtores e
comerciantes interessados em capitalizar a catástrofe
[35] transformando-a em lucro acionário, como de hábito. A
indústria farmacêutica já está em plena atividade,
tentando invadir, conquistar e colonizar a nova “terra
virgem” da depressão pós-crise a fim de vender sua “nova
geração” de smart drugs, começando por semear, cultivar
[40] e fazer crescer as novas ilusões que tendem a
propulsionar a demanda. Já estamos ouvindo falar de
drogas fantásticas que prometem “melhorar tudo”,
memória, humor, potência sexual e a energia de quem
as ingere com regularidade, proporcionando assim total
[45] controle sobre a construção do próprio ego e sua
preponderância sobre o ego de outros.
Contudo há outra possibilidade. Existe a opção de
tentar chegar às raízes do problema atual e (como sugeriu
Furlong) “fazer o contrário do que estamos
[50] acostumados: inverter o padrão e organizar nosso
pensamento não mais a partir daquele em que o ‘indivíduo’
está no centro, mas segundo uma ordem alternativa
centrada em práticas éticas e estéticas que privilegiem a relação e o contexto”.
[55] Trata-se, sem dúvida, de uma possibilidade remota
(inverossímil ou pretensiosa, diriam alguns), que exige
um período prolongado, tortuoso e muitas vezes doloroso
de autocrítica e reajuste. Nascemos e crescemos numa
sociedade completamente “individualizada”, na qual a
[60] autonomia, a autossuficiência e o egocentrismo do
indivíduo eram axiomas que não exigiam provas (nem
as admitiam), e que dava pouco espaço, se é que dava,
à discussão. Só que mudar nossa visão de mundo e
assumir uma compreensão adequada do lugar e do papel
[65] que temos na sociedade não é fácil nem se faz de um
dia para o outro. No entanto, essa mudança parece ser
imperativa, na verdade, inevitável.
BAUMAN, Zygmunt. Como escapar da crise? In: 44 Cartas do Mundo Líquido Moderno. Tradução Vera Pereira. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. p. 161-165. Tradução de: 44 Letters from the Liquid Modern World. Adaptado.
O aspecto linguístico do texto e seus efeitos de sentido estão devidamente analisados em
TEXTO:
[1] Um leitor de La Repubblica perguntou o que
podemos fazer para escapar da situação alarmante em
que nos encontramos depois da crise do crédito e como
evitar suas consequências possivelmente catastróficas.
[5] Essas são perguntas que nos fazemos todos os
dias; afinal, não foi só o sistema bancário e a bolsa de
valores que sofreram duros e sucessivos golpes — nossa
confiança nas estratégias de vida, nos modos de agir,
nos padrões de sucesso e no ideal de felicidade que,
[10] dia após dia, nos últimos anos, nos disseram que valia
a pena seguir também foi abalada e perdeu parte
considerável de sua autoridade e poder de atração.
Nossos ídolos, versões líquido-modernas do bezerro de
ouro bíblico, derreteram ao mesmo tempo que a confiança
[15] na economia!
Pensando em retrospecto, os anos anteriores à
crise do crédito parecem ter sido tempos tranquilos e
alegres do tipo “aproveite agora, pague depois”; uma
época em que nós agíamos com a certeza de que haveria
[20] riqueza suficiente e até maior no dia seguinte, anulando
qualquer preocupação com o crescimento das dívidas
de hoje, desde que fizéssemos o que se exigia para
aderir aos “caras mais inteligentes da turma” e seguir
seu exemplo. Naqueles dias que ficaram para trás, o
[25] exercício de subir montanhas cada vez mais altas e ter
acesso a paisagens cada vez mais arrebatadoras,
eclipsar as grandiosas montanhas de ontem com o perfil
das colinas de hoje e aplainar as colinas de ontem na
gentil ondulação das planícies de hoje parecia durar para
[30] sempre.
Uma possível reação à crise econômica atual é o
que Mark Furlong denominou de “militarização do eu”.
É o que vão fazer, sem dúvida, os produtores e
comerciantes interessados em capitalizar a catástrofe
[35] transformando-a em lucro acionário, como de hábito. A
indústria farmacêutica já está em plena atividade,
tentando invadir, conquistar e colonizar a nova “terra
virgem” da depressão pós-crise a fim de vender sua “nova
geração” de smart drugs, começando por semear, cultivar
[40] e fazer crescer as novas ilusões que tendem a
propulsionar a demanda. Já estamos ouvindo falar de
drogas fantásticas que prometem “melhorar tudo”,
memória, humor, potência sexual e a energia de quem
as ingere com regularidade, proporcionando assim total
[45] controle sobre a construção do próprio ego e sua
preponderância sobre o ego de outros.
Contudo há outra possibilidade. Existe a opção de
tentar chegar às raízes do problema atual e (como sugeriu
Furlong) “fazer o contrário do que estamos
[50] acostumados: inverter o padrão e organizar nosso
pensamento não mais a partir daquele em que o ‘indivíduo’
está no centro, mas segundo uma ordem alternativa
centrada em práticas éticas e estéticas que privilegiem a relação e o contexto”.
[55] Trata-se, sem dúvida, de uma possibilidade remota
(inverossímil ou pretensiosa, diriam alguns), que exige
um período prolongado, tortuoso e muitas vezes doloroso
de autocrítica e reajuste. Nascemos e crescemos numa
sociedade completamente “individualizada”, na qual a
[60] autonomia, a autossuficiência e o egocentrismo do
indivíduo eram axiomas que não exigiam provas (nem
as admitiam), e que dava pouco espaço, se é que dava,
à discussão. Só que mudar nossa visão de mundo e
assumir uma compreensão adequada do lugar e do papel
[65] que temos na sociedade não é fácil nem se faz de um
dia para o outro. No entanto, essa mudança parece ser
imperativa, na verdade, inevitável.
BAUMAN, Zygmunt. Como escapar da crise? In: 44 Cartas do Mundo Líquido Moderno. Tradução Vera Pereira. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. p. 161-165. Tradução de: 44 Letters from the Liquid Modern World. Adaptado.
Sobre os elementos linguísticos que garantem a progressão textual, está correta a análise feita em
TEXTO:
[1] Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se.
Barbeou-se. Enxugou-se. Perfumou-se. Lanchou.
Escovou. Abraçou. Beijou. Saiu. Entrou. Cumprimentou.
Orientou. Controlou. Advertiu. Chegou. Desceu. Subiu.
[5] Entrou. Cumprimentou. Assentou-se. Preparou-se.
Leu. Despachou. Conferiu. Vendeu. Vendeu. Ganhou.
Ganhou. Ganhou. Lucrou. Lucrou. Lucrou. Lesou.
Explorou. Escondeu. Burlou. Safou-se. Comprou.
[10] Vendeu. Assinou. Sacou. Depositou. Depositou.
Depositou. Associou-se. Vendeu-se. Entregou. Sacou.
Depositou. Despachou. Repreendeu. Suspendeu.
Demitiu. Negou. Explorou. Desconfiou. Vigiou. Ordenou.
Telefonou. Despachou. Esperou. Chegou. Vendeu.
[15] Lucrou. Lesou. Demitiu. Convocou. Saiu. Despiu-se.
Dirigiu-se. Chegou. Beijou. Negou. Lamentou. Dormiu.
Roncou. Sonhou. Sobressaltou-se. Acordou. Preocupou-se.
Temeu. Suou. Ansiou. Tentou. Bebeu. Dormiu. Dormiu.
Dormiu. Acordou. Levantou-se. Aprontou-se...
MINO. Como se conjuga um empresário. Disponível em: . Acesso em: 18 jan. 2016. Adaptado.
No texto de Mino, a utilização e a organização sequencial das formas verbais permitem inferir que a personagem principal
TEXTO:
[1] Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se.
Barbeou-se. Enxugou-se. Perfumou-se. Lanchou.
Escovou. Abraçou. Beijou. Saiu. Entrou. Cumprimentou.
Orientou. Controlou. Advertiu. Chegou. Desceu. Subiu.
[5] Entrou. Cumprimentou. Assentou-se. Preparou-se.
Leu. Despachou. Conferiu. Vendeu. Vendeu. Ganhou.
Ganhou. Ganhou. Lucrou. Lucrou. Lucrou. Lesou.
Explorou. Escondeu. Burlou. Safou-se. Comprou.
[10] Vendeu. Assinou. Sacou. Depositou. Depositou.
Depositou. Associou-se. Vendeu-se. Entregou. Sacou.
Depositou. Despachou. Repreendeu. Suspendeu.
Demitiu. Negou. Explorou. Desconfiou. Vigiou. Ordenou.
Telefonou. Despachou. Esperou. Chegou. Vendeu.
[15] Lucrou. Lesou. Demitiu. Convocou. Saiu. Despiu-se.
Dirigiu-se. Chegou. Beijou. Negou. Lamentou. Dormiu.
Roncou. Sonhou. Sobressaltou-se. Acordou. Preocupou-se.
Temeu. Suou. Ansiou. Tentou. Bebeu. Dormiu. Dormiu.
Dormiu. Acordou. Levantou-se. Aprontou-se...
MINO. Como se conjuga um empresário. Disponível em: . Acesso em: 18 jan. 2016. Adaptado.
Sobre análise linguística dos aspectos que estruturam o texto e de seus efeitos de sentido, está correto o que se afirma em
I. O uso constante da terceira pessoa do singular sugere a indeterminação do sujeito da ação verbal.
II. O pronome “se” que aparece ao longo do texto é sempre reflexivo, indicando situações em que a personagem é, ao mesmo tempo, agente e paciente dos atos realizados.
III. A repetição das formas verbais “Vendeu” (l. 7), “Ganhou” (l. 7-8) e “Lucrou” (l. 8) sugere acontecimentos reiterados no cotidiano de uma pessoa de negócios, que a deixam sufocada e oprimida diante da realidade por ela vivenciada.
IV. O apagamento dos complementos de verbos flexionados no pretérito, como “Suspendeu. Demitiu. Negou. Explorou.” (l. 6), insinua fatos rotineiros, independentemente do elemento ou do ser que eles possam impactar.
V. O ponto de continuação, após cada procedimento, diferencia-se do emprego das reticências, no final do texto, na medida em que evidencia processos verbais concluídos, que não irão se repetir.
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a