Questões de Português - Leitura e interpretação de textos - Estratégias de leitura
TEXTO
Disponível em: https://quasepublicitarios.wordpress.com/2010/09/01/anuncios-para-a-livraria-cultura/. Acesso em: 01 de set. de 2023.
Os textos publicitários são veiculados em diferentes formatos e suportes e servem a diversos objetivos.
Na publicidade acima, o objetivo comunicativo está centrado em
INSTRUÇÃO: Leia, atentamente, o texto a seguir para responder à questão.
Professores que encantam: quem são e o que fazem
[...] De fato, na base de todo o progresso que a nossa civilização tem experimentado, sempre
encontramos o professor como personagem insubstituível no processo de produção e difusão do saber. Nas
sociedades baseadas no conhecimento, é praticamente impossível encontrar alguém que, de alguma forma,
não reconheça o valor desse profissional. [...] no geral, professores que se tornam inesquecíveis são aqueles
[5] que marcam a vida dos seus alunos e da sociedade como um todo com o trabalho que realizam.
Importa esclarecer, contudo, que encantar não significa transformar a sala de aula ou os laboratórios
num parque de diversões. Pelo contrário: encantar significa ajudar o aluno a pensar, a superar suas
dificuldades e a dar um passo à frente rumo à concretização de seus ideais. Para tanto, não basta ministrar
aulas atraentes ou divertidas. Mais que isso, é preciso transformar a sala de aula num espaço de superação
[10] das dificuldades, do preconceito, das barreiras familiares, sociais e das próprias limitações. Isso pressupõe
humanizar a sala de aula, trabalhar valorizando as etnias, a diversidade cultural, as crenças, a
individualidade do aluno, seus sonhos e seu projeto de vida.
Professores que encantam são mestres na arte de ensinar a construir o futuro. São pessoas cujo
exemplo de vida ajuda a mudar comportamentos, redireciona caminhos e leva o aluno a descobrir-se como
[15] cidadão, como ser que tem direito a um futuro melhor, que somente uma educação de qualidade pode
proporcionar-lhe. O professor que encanta é, portanto, aquele que não marca a vida do aluno pelo medo,
pelo temor das avaliações, pelo poder de reprovar, mas sim pela esperança que semeia, pelo prazer de
ensinar, de se reinventar a cada dia e, principalmente, pela capacidade de ajudar o estudante a encontrar
no conhecimento um caminho para construir o próprio destino.
[20] Professor que encanta é parceiro, prepara para a vida, estimula comportamentos de cidadania, gera
compromisso com a sustentabilidade planetária, com os valores democráticos e com o bem-estar do
próximo. [...] Torna-se feliz quando consegue ajudar o aluno a recuperar a esperança e encontrar forças
para construir o amanhã a partir do saber que adquire hoje. Professores que encantam são, portanto,
pessoas que conseguem transformar o outro e a si próprios por meio da educação. Educam-se a si mesmos
[25] enquanto estão educando.
Apesar de toda a dedicação e de todo o esforço que o professor empreende para promover o homem,
alguns ainda são duramente ameaçados ou recebem como prêmio a morte no ambiente de trabalho, como
temos visto recentemente. É de se lamentar profundamente que a onda de ódio e o absoluto desprezo a
que foi relegada a educação neste país, especialmente nos últimos anos, ainda ameacem a vida dos nossos
[30] professores. Triste é o país que desencanta, aniquila e mata seus professores. É bom lembrar que isso pode
ser feito por diferentes meios. Assim agindo, a sociedade está matando o seu próprio futuro. Sim, porque a
história comprova que sem professores e escolas capazes de “encantar” não há garantia de futuro melhor –
e muito menos de justiça social.
Fonte: DIAS FILHO, José Maria. Professores que encantam: quem são e o que fazem. Folha de São Paulo. 29 jul. 2023. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/07/professores-que-encantam-quem-sao-e-o-quefazem.shtml?utm_source=mail&utm_medium=social&utm_campaign=compmail. Acesso em: 26 set. 2023. Adaptado.
Para o autor, o professor, ser que educa,
Em relação à epígrafe, responda a questão.
“Acha-se num dos contos de Grimm uma narrativa sobre um moço que saiu a aventurar-se pelo mundo para aprender a angustiar-se. Deixemos esse aventureiro seguir o seu caminho, sem nos preocuparmos em saber se encontrou ou não o terrível. Ao invés disso, quero afirmar que essa é uma aventura pela qual todos tem de passar: a de aprender a angustiar-se, para que não venham a perder, nem por jamais terem estado angustiados nem por afundarem na angústia; por isso, aquele que aprender a angustiar-se corretamente, aprendeu o que há de mais elevado.”
(Soren Kierkegaard – O conceito de Angústia)
Na epígrafe do texto, o autor defende que aprender a angustiar-se é:
Leia o texto e responda à questão.
O APRENDIZADO DA ANGÚSTIA
por Marcia Tiburi
Acha-se num dos contos de Grimm uma narrativa sobre um moço que saiu a aventurar-se pelo mundo para aprender a angustiar-se. Deixemos esse aventureiro seguir o seu caminho, sem nos preocupar-mos em saber se encontrou ou não o terrível. Ao invés disso, quero afirmar que essa é uma aventura pela qual todos tem de passar: a de aprender a angustiar-se, para que não venham a perder, nem por jamais terem estado angustiados nem por afundarem na angústia; por isso, aquele que aprender a angustiar-se corretamente, aprendeu o que há de mais elevado.
(Soren Kierkegaard – O conceito de Angústia)
Uma sensação difusa, próxima de uma ansiedade, mas sem objeto, parecida também com o medo, mas sem causa específica. Uma inquietude metafísica, mas sem linguagem organizada. Nem bem um pavor, nem bem horror ou terror, mas um mal estar, uma falta flutuante, uma ameaça fantasmática e um sobressalto iminente. Eis o quadro de uma experiência conhecida individualmente e que hoje se torna um sintoma social. Ele diz respeito a um conceito filosófico fundamental, a angústia.
A angústia é um sentimento disperso e desagradável e, ao mesmo tempo que carrega uma inquietação metafísica, é algo paralisante. Um filósofo que pode nos ajudar a compreendê-la é Kierkegaard que viveu no século 19 na Dinamarca. Kierkegaard vai influenciar muitos pensadores com seu tratado sobre O conceito de Angústia escrito em 1844 sob o pseudônimo de Vigilius Haufniensis. Nesse livro ele nos apresenta o conceito de angústia como uma posição fundamental, talvez a mais essencial no desenho do complexo ser humano. E por que a angústia seria tão fundamental? Porque ela que nos ensina o que é a “interioridade existencial”. É a angústia que nos dá a medida da experiência do sujeito enquanto sujeito humano. No lugar de um “penso, logo existo”, poderíamos definir a experiência da angústia como aquilo que está no lugar do pensamento. Como se a angústia fosse o nascedouro da consciência.
Na visão do filósofo dinamarquês, a angústia é constitutiva da condição humana. Ela faz parte da vida. Inevitável, ela surge no momento em que somos confrontados justamente com as possibilidades da vida, sejam elas boas ou não aos olhos acostumados às sombras das verdades prontas. Surgirá daí a liberdade como uma condenação, como depois nos explicarão Sartre, Beauvoir e outros pensadores existencialistas.
A angústia é o efeito do nosso contato com as possibilidades da vida mais ou menos estreitas conforme as circunstâncias vividas por cada um. Ao falar de angústia, estamos diante daquilo que nos oprime, como um canal estreito, um obstáculo a ser atravessado. Tal é a sua etimologia. Mas ela é mais do que um sentimento, ela é a posição que implica a percepção, um certo tipo primitivo de saber sobre o caráter absurdo da vida e, no meio dele, a consciência do minúsculo ser humano lançado entre a potência e a impotência, o brilho e o apagamento, a grandeza e a miséria de sua própria condição
Heidegger, influenciado por Kierkegaard, dizia que temos que fazer escolhas, mas não temos certeza de que haverá resultados favoráveis a nós. “A única certeza é a vida de culpa e ansiedade”, ele dirá em um livro como Ser e tempo (1927).
Talvez o reconhecimento de que há um destino para além da vontade humana reposicione o ser humano diante da natureza, da história, do outro e de si mesmo. Talvez a angústia ceda de sua imobilidade diante da aceitação da finitude. Mas como aceitar a finitude nesse tempo em que perdemos a capacidade de meditar sobre a morte e, ao mesmo tempo, tudo parece tão morto?
Autopedagogia
A angústia nos coloca, portanto, a questão de nossa presença no mundo. Não se trata apenas da pergunta pelo que somos, ou o que fazemos, mas o que estamos experimentando. O que recebemos, damos e “levamos” dessa vida? O que é realmente importante? O que realmente pode ou deve ser vivido? Como vivemos diante do fato de que estamos necessariamente relacionados a nós mesmos, além de estarmos relacionados aos outros e à alteridade como lugar da diferença?
Bem vivida, a angústia é a chance de estabelecer uma relação autêntica com a gente mesmo. Com o que somos. Ela envolve uma autopedagogia pessoal. Nela é que podemos nos perguntar “como me relaciono comigo mesmo?”, que é algo bem mais complexo do que a crença em um “autoco-nhecimento”. É a angústia que pode nos dar as condições de fazer a pergunta “como me torno quem eu sou?”.
E me faz saber que não posso responder a ela se não avaliar as demandas, as imposições, as ordens e os modismos que me afastam de mim. É a angústia, portanto, que me devolve a mim mesmo. Que evita a alienação à qual nos convida o nosso tempo sombrio.
Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/o-aprendizado-da-angustia/. Publicado em 04/09/2019.
Sendo a angústia constitutiva da condição humana, ela faz parte da vida, surgindo em momentos em que os sujeitos são confrontados com suas possibilidades.
Sobre essa afirmação assinale a alternativa CORRETA.
Leia o texto e responda à questão.
O APRENDIZADO DA ANGÚSTIA
por Marcia Tiburi
Acha-se num dos contos de Grimm uma narrativa sobre um moço que saiu a aventurar-se pelo mundo para aprender a angustiar-se. Deixemos esse aventureiro seguir o seu caminho, sem nos preocupar-mos em saber se encontrou ou não o terrível. Ao invés disso, quero afirmar que essa é uma aventura pela qual todos tem de passar: a de aprender a angustiar-se, para que não venham a perder, nem por jamais terem estado angustiados nem por afundarem na angústia; por isso, aquele que aprender a angustiar-se corretamente, aprendeu o que há de mais elevado.
(Soren Kierkegaard – O conceito de Angústia)
Uma sensação difusa, próxima de uma ansiedade, mas sem objeto, parecida também com o medo, mas sem causa específica. Uma inquietude metafísica, mas sem linguagem organizada. Nem bem um pavor, nem bem horror ou terror, mas um mal estar, uma falta flutuante, uma ameaça fantasmática e um sobressalto iminente. Eis o quadro de uma experiência conhecida individualmente e que hoje se torna um sintoma social. Ele diz respeito a um conceito filosófico fundamental, a angústia.
A angústia é um sentimento disperso e desagradável e, ao mesmo tempo que carrega uma inquietação metafísica, é algo paralisante. Um filósofo que pode nos ajudar a compreendê-la é Kierkegaard que viveu no século 19 na Dinamarca. Kierkegaard vai influenciar muitos pensadores com seu tratado sobre O conceito de Angústia escrito em 1844 sob o pseudônimo de Vigilius Haufniensis. Nesse livro ele nos apresenta o conceito de angústia como uma posição fundamental, talvez a mais essencial no desenho do complexo ser humano. E por que a angústia seria tão fundamental? Porque ela que nos ensina o que é a “interioridade existencial”. É a angústia que nos dá a medida da experiência do sujeito enquanto sujeito humano. No lugar de um “penso, logo existo”, poderíamos definir a experiência da angústia como aquilo que está no lugar do pensamento. Como se a angústia fosse o nascedouro da consciência.
Na visão do filósofo dinamarquês, a angústia é constitutiva da condição humana. Ela faz parte da vida. Inevitável, ela surge no momento em que somos confrontados justamente com as possibilidades da vida, sejam elas boas ou não aos olhos acostumados às sombras das verdades prontas. Surgirá daí a liberdade como uma condenação, como depois nos explicarão Sartre, Beauvoir e outros pensadores existencialistas.
A angústia é o efeito do nosso contato com as possibilidades da vida mais ou menos estreitas conforme as circunstâncias vividas por cada um. Ao falar de angústia, estamos diante daquilo que nos oprime, como um canal estreito, um obstáculo a ser atravessado. Tal é a sua etimologia. Mas ela é mais do que um sentimento, ela é a posição que implica a percepção, um certo tipo primitivo de saber sobre o caráter absurdo da vida e, no meio dele, a consciência do minúsculo ser humano lançado entre a potência e a impotência, o brilho e o apagamento, a grandeza e a miséria de sua própria condição
Heidegger, influenciado por Kierkegaard, dizia que temos que fazer escolhas, mas não temos certeza de que haverá resultados favoráveis a nós. “A única certeza é a vida de culpa e ansiedade”, ele dirá em um livro como Ser e tempo (1927).
Talvez o reconhecimento de que há um destino para além da vontade humana reposicione o ser humano diante da natureza, da história, do outro e de si mesmo. Talvez a angústia ceda de sua imobilidade diante da aceitação da finitude. Mas como aceitar a finitude nesse tempo em que perdemos a capacidade de meditar sobre a morte e, ao mesmo tempo, tudo parece tão morto?
Autopedagogia
A angústia nos coloca, portanto, a questão de nossa presença no mundo. Não se trata apenas da pergunta pelo que somos, ou o que fazemos, mas o que estamos experimentando. O que recebemos, damos e “levamos” dessa vida? O que é realmente importante? O que realmente pode ou deve ser vivido? Como vivemos diante do fato de que estamos necessariamente relacionados a nós mesmos, além de estarmos relacionados aos outros e à alteridade como lugar da diferença?
Bem vivida, a angústia é a chance de estabelecer uma relação autêntica com a gente mesmo. Com o que somos. Ela envolve uma autopedagogia pessoal. Nela é que podemos nos perguntar “como me relaciono comigo mesmo?”, que é algo bem mais complexo do que a crença em um “autoco-nhecimento”. É a angústia que pode nos dar as condições de fazer a pergunta “como me torno quem eu sou?”.
E me faz saber que não posso responder a ela se não avaliar as demandas, as imposições, as ordens e os modismos que me afastam de mim. É a angústia, portanto, que me devolve a mim mesmo. Que evita a alienação à qual nos convida o nosso tempo sombrio.
Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/o-aprendizado-da-angustia/. Publicado em 04/09/2019.
Para o filósofo Kierkegaard, a angústia seria fundamental para o ser humano, porque:
Leia o artigo “Sobre homens e ratos”, do médico Drauzio Varella, para responder à questão.
Mulheres e homens têm apenas 30 mil genes! A divulgação desse dado pelo Projeto Genoma foi um balde de água fria no orgulho humano: imaginávamos que fossem pelo menos 100 mil. Se as moscas têm 13 mil genes, qualquer verme, 20 mil, um abacateiro, 25 mil, e os camundongos que caçamos nas ratoeiras têm 30 mil, 100 mil para nós parecia uma estimativa razoável. Afinal, não foi culpa nossa havermos sido criados à imagem e semelhança de Deus. A bem da verdade, já sabíamos que cerca de 98% de nossas sequências de DNA são idênticas às dos chimpanzés. Mas chimpanzés são animais políticos que formam comunidades com culturas próprias, utilizam instrumentos rudimentares e matam seus semelhantes premeditadamente. São, por assim dizer, seres mais humanos. Admitir, no entanto, que nosso genoma é formado pelo mesmo número de genes dos ratos, e que somente 300 genes são responsáveis pelas diferenças entre nós e eles, constitui humilhação inaceitável.
A visão antropocêntrica, segundo a qual a vida na Terra teria evoluído dos seres unicelulares para indivíduos cada vez mais complexos até chegar ao homem, é um mau entendimento das leis da natureza. No “ranking” evolutivo, não existe primeira posição. A prova é que as bactérias foram os primeiros habitantes do planeta e não só ainda estão por aí como representam mais da metade da biomassa terrestre, isto é, se somarmos o peso de cada uma, obteremos mais da metade da massa de todos os demais seres vivos somados, incluindo árvores, elefantes e baleias. O Homo sapiens é simplesmente uma entre milhões de espécies. Nascemos há 5 milhões de anos, um segundo evolutivo comparado aos 4 bilhões de anos das bactérias. Não fizemos nenhuma falta à vida na Terra durante praticamente toda a existência dela e, se um dia formos extintos, nenhuma formiga, cigarra ou besouro chorará a nossa ausência. A evolução continuará seu caminho inexorável de competição e seleção natural, como ensinaram Charles Darwin e Alfred Wallace.
Na verdade, os números do Projeto Genoma são lógicos. Os seres vivos mantêm a quase totalidade de seus genes ocupados na execução das tarefas do dia a dia: respiração, circulação, movimentação, digestão, excreção e produção de energia, entre outras. Muitos desses genes são tão essenciais ao trabalho doméstico que a evolução os preservou praticamente intactos de um ser vivo para outro. Entender a razão pela qual temos 30 mil genes como os ratos é fácil: eles são mamíferos como nós e apresentam fisiologia tão semelhante à nossa que podem ser utilizados em experiências para entender a fisiologia humana. O que intriga na evolução não é a proximidade genética entre as espécies, mas os genes responsáveis pelas diferenças.
(Drauzio Varella. Borboletas da alma: escritos sobre ciência e saúde, 2006. Adaptado.)
Reveste-se de uma tonalidade irônica o seguinte trecho do artigo: