Questões de Literatura - Literatura brasileira - Escolas Literárias - Barroco
Leia um trecho do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio Vieira, para responder às questão.
Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou alivia o seu pecado. O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento distingue muito bem São Basílio Magno. Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: “Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos.” Ditosa Grécia, que tinha tal pregador! E mais ditosas as outras nações, se nelas não padecera a justiça as mesmas afrontas. Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado uma província! E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes? De um chamado Seronato, disse com discreta contraposição Sidônio Apolinar: “Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em castigar furtos, e em os fazer.” Isto não era zelo de justiça, senão inveja. Queria tirar os ladrões do mundo, para roubar ele só.
(Antônio Vieira. Essencial Padre Antônio Vieira, 2011. Adaptado.)
“Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos.”
Em ordem direta, o trecho sublinhado assume a seguinte redação:
Leia um trecho do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio Vieira, para responder às questão.
Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou alivia o seu pecado. O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento distingue muito bem São Basílio Magno. Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: “Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos.” Ditosa Grécia, que tinha tal pregador! E mais ditosas as outras nações, se nelas não padecera a justiça as mesmas afrontas. Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado uma província! E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes? De um chamado Seronato, disse com discreta contraposição Sidônio Apolinar: “Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em castigar furtos, e em os fazer.” Isto não era zelo de justiça, senão inveja. Queria tirar os ladrões do mundo, para roubar ele só.
(Antônio Vieira. Essencial Padre Antônio Vieira, 2011. Adaptado.)
Retoma um termo mencionado anteriormente no texto a palavra sublinhada em:
Leia um trecho do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio Vieira, para responder às questão.
Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou alivia o seu pecado. O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento distingue muito bem São Basílio Magno. Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: “Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos.” Ditosa Grécia, que tinha tal pregador! E mais ditosas as outras nações, se nelas não padecera a justiça as mesmas afrontas. Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado uma província! E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes? De um chamado Seronato, disse com discreta contraposição Sidônio Apolinar: “Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em castigar furtos, e em os fazer.” Isto não era zelo de justiça, senão inveja. Queria tirar os ladrões do mundo, para roubar ele só.
(Antônio Vieira. Essencial Padre Antônio Vieira, 2011. Adaptado.)
Tendo em vista o gênero literário empregado e os recursos retóricos mobilizados, o objetivo do autor é
Observe, agora, a exploração que se faz, no Texto, de características da estética Barroca. Esse texto serve de base à Questão.
Texto 7
Meme produzido com base na obra “A Penitente Maria Madalena” A G (1593–1652/53) Disponível em: https://4.bp.blogspot.com/- kNyKh7zD_ZA/WwslQOdqObI/AAAAAAAAz6o/O7gCsrLxb4hVvK D_6z3799M3PCZnOHgCLcBGAs/s1600/oumf6e.jpg.jpg Acesso em: 12 maio 2022.
Texto 8
Exagerado
Amor da minha vida
Daqui até a eternidade
Nossos destinos
Foram traçados na maternidade
Paixão cruel, desenfreada
Te trago mil rosas roubadas
Pra desculpar minhas mentiras
Minhas mancadas
Exagerado
Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado
Eu nunca mais vou respirar
Se você não me notar
Eu posso até morrer de fome
Se você não me amar
[...]
Composição: Leoni Rodrigues Siqueira Junior Carlos / Da Silva Ramos Neto Agenor / Neves Jose Ezequiel Moreira. Exagerado. Excertos. Disponível em: https://www.letras.mus.br/cazuza/43861/ Acesso em: 11 maio 2022.
Texto 9
Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem
Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:
Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.
Se és fogo, como passas brandamente,
Se és neve, como queimas com porfia*?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!
Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.
MATOS, Gregório de. Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem. In: WISNIK, José Miguel (org.). Poemas escolhidos – Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
*porfia: discussão, insistência.
Texto 10
Certas Coisas
Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim
Dia e noite, não e sim
[...]
Eu te amo calado
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz
Nós somos medo e desejo
Somos feitos de silêncio e som
Tem certas coisas que eu não sei dizer
[....]
Composição: Lulu Santos / Nelson Motta. Certas coisas. Excertos. Disponível em: https://www.letras.mus.br/lulu-santos/35063/ Acesso em: 30 abr. 2022.
Texto 11
O hibridismo entre a arte barroca romana e a tropicalidade brasileira deu origem a dois novos produtos da parceria entre a marca e os designers.
Com mais de dez anos, a consolidada parceria entre Melissa e os Irmãos Campana volta a gerar novos produtos. Para o Verão 2016, moda e design unem-se na criação dessa nova minicoleção, que promete encantar o cotidiano das consumidoras.
A novidade conjuga arte barroca romana com a brasilidade para compor duas flats: a Melissa Barroca + Irmãos Campana (rasteira) e a Melissa Barroca Sandal + Irmãos Campana (sapatilha). O resultado dessa mistura inusitada pode ser notado na trama que compõe os produtos, trazendo florais, anjos e asas – elementos adjuntos da fundição de latão e bronze italiano – e animais, como lagartos (para causar ruptura no olhar e questionamento por parte do observador), insetos e pássaros – que remetem à fauna brasileira. Além disso, a textura também é composta por elementos inusitados como presilhas, tesouras, assim como parafusos, molas e telas metálicas, infiltrados como símbolos contemporâneos na composição dos modelos com temática rococó. [...]
Disponível em: http://www.portaldapropaganda.com.br/noticias/589/melissa-e-irmaos-campana-novidade-para-o-verao-2016. Acesso em 01.out.2022. Excerto adaptado.
Nos Textos 7, 8, 9 e 10, podemos identificar algumas características da literatura barroca. O Texto 11, entretanto, não é literário, mas nele se apresentam produtos que, segundo o autor "conjugam arte barroca romana com brasilidade”.
Que traço da estética barroca pode ser reconhecido na descrição feita no Texto 11?
Esta arte trabalha sobre uma dicotomia, quase uma dilaceração. De um lado, as determinações católicas contrarreformistas — a obrigação de tratar dos temas bíblicos e da vida de santos; a perspectiva teocêntrica, que considera Deus como o centro do mundo, o eixo da vida. De outro, as solicitações do mundo — os temas da vida real, como as conquistas, as maravilhas inventadas pelos homens, segundo a perspectiva antropocêntrica, que considera o homem a medida de todas as coisas. Daí aparecem tensões entre o divino e o humano, o tema religioso e o tema mundano, o sublime e o profano, o alto e o baixo, etc.
(Luís Augusto Fischer. Literatura brasileira: modos de usar, 2013. Adaptado.)
O texto trata da arte
Leia o soneto “Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia”, do poeta Gregório de Matos (1636-1696), para responder à questão.
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um bem frequente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres¹,
Posta nas palmas toda a picardia,
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.
(Gregório de Matos. Poemas escolhidos, 2010.)
1Trazidos sob os pés os homens nobres: na visão de Gregório de Matos, os mulatos em ascensão subjugam com esperteza os verdadeiros “homens nobres”.
No soneto, o eu lírico enraíza na cidade da Bahia a figuração tradicional do desconcerto do mundo.
No quadro da economia colonial, esse desconcerto do mundo mostra-se associado a um momento crítico da produção
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