USS (Univassouras) 2017/1
65 Questões
O texto abaixo faz parte do capítulo inicial do romance Senhora, de José de Alencar, publicado pela primeira vez em 1874 sob a forma de folhetim. Nesse fragmento, apresenta-se a personagem central, Aurélia Camargo, que enriqueceu após receber uma herança inesperada.
Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões.
Tornou-se a deusa dos bailes, a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.
Era rica e formosa.
[5] Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro1; dois esplendores que se refletem,
como o raio de sol no prisma do diamante.
Quem não se recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte como brilhante
meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu fulgor?
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo
[10] buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia.
Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os comentos
malévolos de que usam vesti-la os noveleiros.
Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que
sempre a acompanhava na sociedade.
[15] Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os escrúpulos da
sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina.
Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme
propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse.
Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade desconhecida, a julgar pelo caráter
[20] da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade do que a velha parenta.
(...)
Assaltada por uma turba de pretendentes que a disputavam como o prêmio da vitória, Aurélia, com
sagacidade admirável em sua idade, avaliou da situação difícil em que se achava, e dos perigos que
a ameaçavam.
Daí provinha talvez a expressão cheia de desdém e um certo ar provocador, que eriçavam2 a sua
[25] beleza aliás tão correta e cinzelada3 para a meiga e serena expansão d’alma.
Se o lindo semblante não se impregnasse constantemente, ainda nos momentos de cisma e distração,
dessa tinta de sarcasmo, ninguém veria nela a verdadeira fisionomia de Aurélia, e sim a máscara de
alguma profunda decepção.
(...)
Não acompanharei Aurélia em sua efêmera passagem pelos salões da corte, onde viu, jungido a seu
[30] carro de triunfo, tudo que a nossa sociedade tinha de mais elevado e brilhante.
Proponho-me unicamente a referir o drama íntimo e estranho que decidiu do destino dessa mulher
singular.
José de Alencar Senhora. São Paulo: Ática.
1 alabastro – rocha semelhante ao mármore 2 eriçavam – arrepiavam 3 cinzelada – esculpida
Ao apresentar a personagem central aos leitores, o narrador expõe suas opiniões sobre ela.
Um fragmento que comprova essa afirmativa é:
O texto abaixo faz parte do capítulo inicial do romance Senhora, de José de Alencar, publicado pela primeira vez em 1874 sob a forma de folhetim. Nesse fragmento, apresenta-se a personagem central, Aurélia Camargo, que enriqueceu após receber uma herança inesperada.
Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões.
Tornou-se a deusa dos bailes, a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.
Era rica e formosa.
[5] Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro1; dois esplendores que se refletem,
como o raio de sol no prisma do diamante.
Quem não se recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte como brilhante
meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu fulgor?
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo
[10] buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia.
Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os comentos
malévolos de que usam vesti-la os noveleiros.
Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que
sempre a acompanhava na sociedade.
[15] Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os escrúpulos da
sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina.
Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme
propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse.
Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade desconhecida, a julgar pelo caráter
[20] da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade do que a velha parenta.
(...)
Assaltada por uma turba de pretendentes que a disputavam como o prêmio da vitória, Aurélia, com
sagacidade admirável em sua idade, avaliou da situação difícil em que se achava, e dos perigos que
a ameaçavam.
Daí provinha talvez a expressão cheia de desdém e um certo ar provocador, que eriçavam2 a sua
[25] beleza aliás tão correta e cinzelada3 para a meiga e serena expansão d’alma.
Se o lindo semblante não se impregnasse constantemente, ainda nos momentos de cisma e distração,
dessa tinta de sarcasmo, ninguém veria nela a verdadeira fisionomia de Aurélia, e sim a máscara de
alguma profunda decepção.
(...)
Não acompanharei Aurélia em sua efêmera passagem pelos salões da corte, onde viu, jungido a seu
[30] carro de triunfo, tudo que a nossa sociedade tinha de mais elevado e brilhante.
Proponho-me unicamente a referir o drama íntimo e estranho que decidiu do destino dessa mulher
singular.
José de Alencar Senhora. São Paulo: Ática.
1 alabastro – rocha semelhante ao mármore 2 eriçavam – arrepiavam 3 cinzelada – esculpida
Aurélia Camargo manifestava uma atitude diante das reações que ela suscitava na sociedade.
Com base no texto, essa atitude se define como:
Ao longo do texto, o narrador faz menção ao processo de organização da história que irá contar.
Esse tipo de menção é observado em:
O texto abaixo faz parte do capítulo inicial do romance Senhora, de José de Alencar, publicado pela primeira vez em 1874 sob a forma de folhetim. Nesse fragmento, apresenta-se a personagem central, Aurélia Camargo, que enriqueceu após receber uma herança inesperada.
Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões.
Tornou-se a deusa dos bailes, a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.
Era rica e formosa.
[5] Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro1; dois esplendores que se refletem,
como o raio de sol no prisma do diamante.
Quem não se recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte como brilhante
meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu fulgor?
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo
[10] buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia.
Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os comentos
malévolos de que usam vesti-la os noveleiros.
Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que
sempre a acompanhava na sociedade.
[15] Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os escrúpulos da
sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina.
Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme
propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse.
Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade desconhecida, a julgar pelo caráter
[20] da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade do que a velha parenta.
(...)
Assaltada por uma turba de pretendentes que a disputavam como o prêmio da vitória, Aurélia, com
sagacidade admirável em sua idade, avaliou da situação difícil em que se achava, e dos perigos que
a ameaçavam.
Daí provinha talvez a expressão cheia de desdém e um certo ar provocador, que eriçavam2 a sua
[25] beleza aliás tão correta e cinzelada3 para a meiga e serena expansão d’alma.
Se o lindo semblante não se impregnasse constantemente, ainda nos momentos de cisma e distração,
dessa tinta de sarcasmo, ninguém veria nela a verdadeira fisionomia de Aurélia, e sim a máscara de
alguma profunda decepção.
(...)
Não acompanharei Aurélia em sua efêmera passagem pelos salões da corte, onde viu, jungido a seu
[30] carro de triunfo, tudo que a nossa sociedade tinha de mais elevado e brilhante.
Proponho-me unicamente a referir o drama íntimo e estranho que decidiu do destino dessa mulher
singular.
José de Alencar Senhora. São Paulo: Ática.
1 alabastro – rocha semelhante ao mármore 2 eriçavam – arrepiavam 3 cinzelada – esculpida
Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; (l. 2)
Ao referir-se à personagem central, a palavra lhe, nesse trecho, indica a seguinte noção:
O texto abaixo faz parte do capítulo inicial do romance Senhora, de José de Alencar, publicado pela primeira vez em 1874 sob a forma de folhetim. Nesse fragmento, apresenta-se a personagem central, Aurélia Camargo, que enriqueceu após receber uma herança inesperada.
Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões.
Tornou-se a deusa dos bailes, a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.
Era rica e formosa.
[5] Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro1; dois esplendores que se refletem,
como o raio de sol no prisma do diamante.
Quem não se recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte como brilhante
meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu fulgor?
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo
[10] buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia.
Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os comentos
malévolos de que usam vesti-la os noveleiros.
Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que
sempre a acompanhava na sociedade.
[15] Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os escrúpulos da
sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina.
Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme
propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse.
Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade desconhecida, a julgar pelo caráter
[20] da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade do que a velha parenta.
(...)
Assaltada por uma turba de pretendentes que a disputavam como o prêmio da vitória, Aurélia, com
sagacidade admirável em sua idade, avaliou da situação difícil em que se achava, e dos perigos que
a ameaçavam.
Daí provinha talvez a expressão cheia de desdém e um certo ar provocador, que eriçavam2 a sua
[25] beleza aliás tão correta e cinzelada3 para a meiga e serena expansão d’alma.
Se o lindo semblante não se impregnasse constantemente, ainda nos momentos de cisma e distração,
dessa tinta de sarcasmo, ninguém veria nela a verdadeira fisionomia de Aurélia, e sim a máscara de
alguma profunda decepção.
(...)
Não acompanharei Aurélia em sua efêmera passagem pelos salões da corte, onde viu, jungido a seu
[30] carro de triunfo, tudo que a nossa sociedade tinha de mais elevado e brilhante.
Proponho-me unicamente a referir o drama íntimo e estranho que decidiu do destino dessa mulher
singular.
José de Alencar Senhora. São Paulo: Ática.
1 alabastro – rocha semelhante ao mármore 2 eriçavam – arrepiavam 3 cinzelada – esculpida
Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro; (l. 5)
Em relação ao conteúdo do parágrafo que antecede imediatamente o trecho acima, a expressão sublinhada caracteriza o seguinte processo:
O texto abaixo faz parte do capítulo inicial do romance Senhora, de José de Alencar, publicado pela primeira vez em 1874 sob a forma de folhetim. Nesse fragmento, apresenta-se a personagem central, Aurélia Camargo, que enriqueceu após receber uma herança inesperada.
Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões.
Tornou-se a deusa dos bailes, a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.
Era rica e formosa.
[5] Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro1; dois esplendores que se refletem,
como o raio de sol no prisma do diamante.
Quem não se recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte como brilhante
meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu fulgor?
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo
[10] buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia.
Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os comentos
malévolos de que usam vesti-la os noveleiros.
Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que
sempre a acompanhava na sociedade.
[15] Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os escrúpulos da
sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina.
Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme
propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse.
Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade desconhecida, a julgar pelo caráter
[20] da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade do que a velha parenta.
(...)
Assaltada por uma turba de pretendentes que a disputavam como o prêmio da vitória, Aurélia, com
sagacidade admirável em sua idade, avaliou da situação difícil em que se achava, e dos perigos que
a ameaçavam.
Daí provinha talvez a expressão cheia de desdém e um certo ar provocador, que eriçavam2 a sua
[25] beleza aliás tão correta e cinzelada3 para a meiga e serena expansão d’alma.
Se o lindo semblante não se impregnasse constantemente, ainda nos momentos de cisma e distração,
dessa tinta de sarcasmo, ninguém veria nela a verdadeira fisionomia de Aurélia, e sim a máscara de
alguma profunda decepção.
(...)
Não acompanharei Aurélia em sua efêmera passagem pelos salões da corte, onde viu, jungido a seu
[30] carro de triunfo, tudo que a nossa sociedade tinha de mais elevado e brilhante.
Proponho-me unicamente a referir o drama íntimo e estranho que decidiu do destino dessa mulher
singular.
José de Alencar Senhora. São Paulo: Ática.
1 alabastro – rocha semelhante ao mármore 2 eriçavam – arrepiavam 3 cinzelada – esculpida
Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse. (l. 17-18)
Considerando seu emprego no texto, as palavras deferência e declinar possuem sentido equivalente, respectivamente, a: