Redação #88072
Título: Fetichização da violência nos veículos de mídia do Brasil
24/03/2020
O retrato dissimulado da violência por parte da mídia brasileira contribui para o enaltecimento do discurso que a escarnece. Por meio de reportagens sensacionalistas que representam o criminoso como um personagem comum na cultura brasileira, os veículos multiplicam a ideia superficial de que há uma dicotomia entre esse personagem "mau e malandro", exposto por diversos vídeos que focalizam roupa e cor de pele, e o "bom e trabalhador", cuja função é elevar a si próprio por meio da dissimulada exaltação da moral cristã e da condenação daquele que peca.
Poucas vezes a violência é tratada de forma profunda, como o problema sistêmico e complexo que é. Os veículos priorizam a propagação da falsa estética criminosa por meio da exposição constante e prolongada do detento, por meio de vídeos cuja mensagem principal e repetitiva é a formulação de um perfil do crime. Dessa maneira, os jornais postulam por meio da padronização uma relação dicotômica entre o "bom telespectador", que se identifica com o apresentador e seu fetiche pela punição do "mau e desumano" criminoso, cujo difuso destino é justificado pelo furto de alguma propriedade.
Assim sendo, o público em geral costuma apresentar postura soberba em relação ao retrato do ladrão propagado pela grande mídia, como se o roubo de propriedade equivalesse, em sua totalidade, a própria definição de violência. Consequentemente, debates que buscam abranger o tema são silenciados, como ocorre com o feminicídio, homofobia e racismo. A superficialidade da mensagem enviada pela emissora contribui para a confortável ingenuidade do telespectador que continua se auto intitulando "bom" apesar de fazer vista grossa a violências epidêmicas, e à própria violência que o detento irá sofrer quando entrar no sistema carcerário.
Finalmente, a adoção desse esteriótipo racista e classista difundido pela mídia acaba por edificar uma falsa noção imagética da criminalidade. Como defendia Durkheim, o indivíduo está exposto a diversos códigos coercitivos cuja função é modelar seu posicionamento perante a sociedade. "Vem à cada um de nós do exterior e são suscetíveis de nos arrastar sem que o queiramos". Utilizando a apelativa moral cristã para justificar seu distanciamento em relação ao criminoso, o povo comumente adere a estes códigos impostos pela mídia sem ao menos perceber, assumindo conduta contraditória ao prezar pela paz e ansiar pela punição, não educação, do detento. Ainda assim, esta falta de empatia é nociva quer seja intencional ou não e a superficialidade das mensagens emitidas sobre o tema contribuem como ferramenta para que não haja edificação de um debate mais amplo, digno e coerente com os princípios de igualdade: alicerces da democracia.
Poucas vezes a violência é tratada de forma profunda, como o problema sistêmico e complexo que é. Os veículos priorizam a propagação da falsa estética criminosa por meio da exposição constante e prolongada do detento, por meio de vídeos cuja mensagem principal e repetitiva é a formulação de um perfil do crime. Dessa maneira, os jornais postulam por meio da padronização uma relação dicotômica entre o "bom telespectador", que se identifica com o apresentador e seu fetiche pela punição do "mau e desumano" criminoso, cujo difuso destino é justificado pelo furto de alguma propriedade.
Assim sendo, o público em geral costuma apresentar postura soberba em relação ao retrato do ladrão propagado pela grande mídia, como se o roubo de propriedade equivalesse, em sua totalidade, a própria definição de violência. Consequentemente, debates que buscam abranger o tema são silenciados, como ocorre com o feminicídio, homofobia e racismo. A superficialidade da mensagem enviada pela emissora contribui para a confortável ingenuidade do telespectador que continua se auto intitulando "bom" apesar de fazer vista grossa a violências epidêmicas, e à própria violência que o detento irá sofrer quando entrar no sistema carcerário.
Finalmente, a adoção desse esteriótipo racista e classista difundido pela mídia acaba por edificar uma falsa noção imagética da criminalidade. Como defendia Durkheim, o indivíduo está exposto a diversos códigos coercitivos cuja função é modelar seu posicionamento perante a sociedade. "Vem à cada um de nós do exterior e são suscetíveis de nos arrastar sem que o queiramos". Utilizando a apelativa moral cristã para justificar seu distanciamento em relação ao criminoso, o povo comumente adere a estes códigos impostos pela mídia sem ao menos perceber, assumindo conduta contraditória ao prezar pela paz e ansiar pela punição, não educação, do detento. Ainda assim, esta falta de empatia é nociva quer seja intencional ou não e a superficialidade das mensagens emitidas sobre o tema contribuem como ferramenta para que não haja edificação de um debate mais amplo, digno e coerente com os princípios de igualdade: alicerces da democracia.
Carregando as redações...
Aguarde um momento...
Isabela Negrão
-