Questões de História - Temática - Questão indígena
“O Brasil é terra indígena porque nós somos povos originários, cuidamos desse Brasil, brigamos por ele, pela manutenção dos nossos biomas. Se fala muito em defesa da Amazônia, que é importante, claro, a maior floresta tropical do mundo, mas nós temos aí o cerrado, a mata atlântica, que igualmente estão ameaçados. A caatinga, o Pantanal, os pampas, que, da mesma forma, precisam estar protegidos. Hoje, dentro do Brasil, o que não é terra indígena está totalmente ameaçado. Basta você comparar as terras indígenas demarcadas ou habitadas por indígenas com as demais terras públicas. E, quando se compara com terras privadas, aí que o disparate é grande. Nós estamos vivendo uma emergência climática e nós temos de entender o quanto é urgente proteger o meio ambiente. E, aqui no Brasil, proteger o meio ambiente é proteger os modos de vida dos povos indígenas”
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2021/10/proteger-o-ambiente-eproteger-povos-indigenas-diz-sonia-guajajara.shtml
Esta declaração foi feita pela atual Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.
Sobre essa temática, assinale a alternativa CORRETA.
NÃO DEIXEM ACABAR COM OS IANOMÂMIS
brasil.elpais.com, 12/07/2020
Ianomâmi. Talvez você nunca tenha ouvido falar nesse nome. Pois saiba que é o nome genérico de cerca de 8400 brasileiros, gente boa que vive em 203 cabanas, no interior da floresta tropical, bem na fronteira com a Venezuela. Formam 14% da população de Roraima e encontram-se ainda no Amazonas.
Os ianomâmis correm no momento um grande risco e estão precisando de você. Cabe a você interessar-se pelo projeto de um grupo de antropólogos, juristas, médicos e jornalistas, que visa a proteger a vida pacífica dos ianomâmis, nos locais que habitam, e dentro do tipo de cultura que é tradicionalmente o deles. Esse projeto, ou anteprojeto, propõe a criação do Parque Indígena Ianomâmi.
Essa é a única maneira de salvar a comunidade social e cultural desses homens, mulheres e crianças que desde 1974 vêm sofrendo as consequências do processo de expansão econômica da Amazônia em sua parte negativa, sem se beneficiar com suas possíveis vantagens. A abertura da Perimetral Norte, BR-210, levou àquela região gripe, sarampo, tuberculose, moléstias de pele e doenças venéreas. O garimpo irrompeu como outra modalidade da doença. Em 1978, é a Cia. Vale do Rio Doce que se apresta para extrair a cassiterita, antes explorada ilegalmente pelos garimpeiros. E a Perimetral Norte vai prosseguir, fornecendo espaço à colonização. Topógrafos percorrem o território ianomâmi, demarcando lotes em terras insofismavelmente pertencentes aos índios.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE Adaptado de Caderno Ilustrado, Folha de S. Paulo, 02/08/1979.
Em seu artigo de 1979, o escritor Carlos Drummond de Andrade situa circunstâncias do projeto de criação do Parque Indígena Ianomâmi, no contexto das ações de exploração da Amazônia durante os governos militares (1964-1985).
A defesa da criação desse Parque, naquela conjuntura, tinha como objetivo tornar pública a seguinte problemática:
O adiamento, por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), do julgamento a respeito da tese do marco temporal das terras indígenas abre brecha para o avanço de políticas que fragilizam territórios e incentivam conflitos e perseguição de lideranças indígenas. A avaliação é do secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Antônio Eduardo Cerqueira de Oliveira. (...)
A tese do marco temporal prevê que só devam ser demarcadas as terras ocupadas pelos povos indígenas até a data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988.
Fonte: Agência Câmara de Notícias.
A relação entre os marcos legais e a questão agrária no Brasil remonta ao processo de colonização do Brasil e pode ser identificada
Ideias para adiar o fim do mundo
Quando se completaram quinhentos anos da travessia de Cabral e companhia, recusei um convite
para vir a Portugal. Eu disse: “Essa é uma típica festa portuguesa, vocês vão celebrar a invasão do
meu canto do mundo. Não vou, não”. Porém, não transformei isso numa rixa e pensei: “Vamos ver
o que acontece no futuro”.
[5] Em 2017, ano em que Lisboa foi capital ibero-americana de cultura, ocorreu um ciclo de eventos
muito interessante, com performances de teatro, mostra de cinema e palestras. Fui convidado a
participar, e, dessa vez, nosso amigo Eduardo Viveiros de Castro faria uma conferência no teatro
Maria Matos, chamada “Os involuntários da pátria”. Então, pensei: “Esse assunto me interessa, vou
também”. No dia seguinte ao da fala do Eduardo, tive a oportunidade de encontrar muita gente que
[10] se interessou pela estreia do documentário Ailton Krenak e o sonho da pedra, dirigido por Marco
Altberg. O filme é uma boa introdução ao tema de que quero tratar: como é que, ao longo dos
últimos 2 mil ou 3 mil anos, nós construímos a ideia de humanidade? Será que ela não está na base
de muitas das escolhas erradas que fizemos, justificando o uso da violência?
A ideia de que os brancos europeus podiam sair colonizando o resto do mundo estava sustentada na
[15] premissa de que havia uma humanidade esclarecida que precisava ir ao encontro da humanidade
obscurecida, trazendo-a para essa luz incrível. Esse chamado para o seio da civilização sempre foi
justificado pela noção de que existe um jeito de estar aqui na Terra, uma certa verdade, ou uma
concepção de verdade, que guiou muitas das escolhas feitas em diferentes períodos da história.
Agora, no começo do século XXI, algumas colaborações entre pensadores com visões distintas,
[20] originadas em diferentes culturas, possibilitam uma crítica dessa ideia. Somos mesmo uma
humanidade?
Pensemos nas nossas instituições mais bem consolidadas, como universidades ou organismos
multilaterais, que surgiram no século XX: Banco Mundial, Organização dos Estados Americanos
(OEA), Organização das Nações Unidas (ONU), Organização das Nações Unidas para a Educação,
[25] a Ciência e a Cultura (Unesco). Quando a gente quis criar uma reserva da biosfera em uma região
do Brasil, foi preciso justificar para a Unesco por que era importante que o planeta não fosse
devorado pela mineração. Para essa instituição, é como se bastasse manter apenas alguns lugares
como amostra grátis da Terra. Se sobrevivermos, vamos brigar pelos pedaços de planeta que a gente
não comeu, e os nossos netos ou tataranetos — ou os netos de nossos tataranetos — vão poder
[30] passear para ver como era a Terra no passado. Essas agências e instituições foram configuradas e
mantidas como estruturas dessa humanidade. E nós legitimamos sua perpetuação, aceitamos suas
decisões, que muitas vezes são ruins e nos causam perdas, porque estão a serviço da humanidade
que pensamos ser.
Como justificar que somos uma humanidade se mais de 70% estão totalmente alienados do mínimo
[35] exercício de ser? A modernização jogou essa gente do campo e da floresta para viver em favelas e
em periferias, para virar mão de obra em centros urbanos. Essas pessoas foram arrancadas de seus
coletivos, de seus lugares de origem, e jogadas nesse liquidificador chamado humanidade. Se as
pessoas não tiverem vínculos profundos com sua memória ancestral, com as referências que dão
sustentação a uma identidade, vão ficar loucas neste mundo maluco que compartilhamos.
AILTON KRENAK Adaptado de Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
Em Ideias para adiar o fim do mundo, Ailton Krenak questiona o que se convencionou chamar “humanidade”, em especial a partir do século XVI.
Esse questionamento deve-se principalmente ao fato de o sentido dessa palavra poder ser associado, na perspectiva de Krenak, à ideia de:
TEXTO
Disponível em: http://www.observatoriosocioambiental.org/2017/10/descumprindo-ordens-judiciais-e-termo.html. Acesso em: 24 set. 2021.
A intenção comunicativa prioritária do Texto é
Em relação às populações indígenas, a Constituição Estadual Paulista (1989)
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