Questões de Português - Leitura e interpretação de textos - Gêneros textuais - Verbais/Narrativos - fábula
Leia a fábula para responder à questão.
O garoto ladrão e sua mãe
Um dia, na escola, um menino roubou a lousa de um colega e a levou para a mãe. Esta, em vez de ralhar com o filho, lhe deu os parabéns, de modo que da próxima vez ele trouxe uma peça de roupa; por esse novo roubo ele recebeu cumprimentos ainda maiores. Ao longo dos anos, já rapaz, passou a roubar mais e mais. Um dia, porém, foi pego em flagrante: amarraram-lhe as mãos e o conduziram ao carrasco. Ao ver que a mãe o acompanhava, ele disse que queria confiar-lhe um segredo. Quando ela se aproximou, ele agarrou-lhe a orelha e a rasgou com os dentes.
- Impio - disse-lhe ela - já não bastaram os malfeitos que cometeste e ainda ultrajas tua mãe!
o filho respondeu:
- Se a senhora tivesse me dado uma surra no dia em que eu lhe levei a lousa roubada, eu não teria chegado ao ponto a que cheguei: não estaria a caminho da morte.
(Esopo. Fábulas, 1999.)
O ditado popular que melhor resume o ensinamento da fábula é:
Leia o texto a seguir e responda à questão.
O cão e a carne
Um cão vinha caminhando com um pedaço de carne na boca. Quando passou ao lado do rio, viu sua própria imagem na água. Pensando que havia na água um novo pedaço de carne, soltou o que carregava para apanhar o outro. O pedaço de carne caiu na água e se foi, assim como a sua imagem. E o cão, que queria os dois, ficou sem nenhum.
(ROCHA, Ruth. Fábulas de Esopo. São Paulo: Editora Salamandra, 2010.)
Sobre a fábula, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o dito popular que corresponde à moral da história.
Para responder à questão, leia a fábula “A última vontade”, de Millôr Fernandes.
Aben Assan, filho espúrio¹ e estrafalário², sempre contrariava as decisões de Ibin Bibar, seu pai. Desde menino — já lá vão quatro décadas —, fazia exatamente o oposto do que o velho mandava ou sugeria. A princípio, o pai não percebeu, depois percebeu, enfim certificou-se — o comportamento do filho era coisa cruel e deliberada. Por isso, quando sentiu que ia morrer, querendo ser enterrado no maravilhoso mausoléu da família, Ibin Bibar chamou Aben Assan e disse:
— Meu filho, não quero ir pro cemitério da cidade, onde estão enterrados todos os nossos ancestrais. Quero estar num lugar onde não sejam possíveis reverências nem adulações póstumas, todas hipócritas. Pegue meu corpo e jogue no lamaçal lá no fim da estrada. — E, dizendo isso, condizentemente, morreu.
Ao ver o pai morto, Aben Assan teve uma súbita crise de arrependimento por tudo que havia feito na vida. E resolveu mudar seu comportamento para com aquele que sempre o tratara como... um pai. Pensou: “Não, ele nunca mereceu a maneira como eu o tratei. Desta vez, a última, vou fazer exatamente o que ele pediu.”
E ajudado por empregados um tanto relutantes, pegou o corpo do pai e o atirou no lamaçal no fim da estrada.
MORAL: Cria corvos e te arrancam os olhos.
1 espúrio: ilegítimo, bastardo.
2 estrafalário: desprezível.
(100 fábulas fabulosas, 2012.)
Na fábula, o plano concebido pelo pai fracassa devido
Leia a fábula a seguir para responder a questão.
A galinha dos ovos de ouro
Por receber de um homem reverências em excesso, Hermes o gratificou com uma galinha que botava ovos de ouro. Mas o homem não teve paciência para aguardar o lucro parcelado e, supondo que a galinha fosse por dentro toda de ouro, matou-a sem nenhuma hesitação. Resultou que ele não apenas teve frustradas suas expectativas como também ficou sem os ovos, pois descobriu que as entranhas da galinha eram de carne.
ESOPO. Fábulas completas. Tradução Maria Celeste C. Dezotti. São Paulo: Cosac Naify, 2013. p. 215. (Adaptado)
Esta fábula de Esopo apresenta a seguinte moral:
Considere os textos a seguir para responder à questão.
Texto
A INFINITA FIADEIRA
A aranha ateia
diz ao aranho na teia:
o nosso amor
está por um fio!
A aranha, aquela aranha, era tão única: não parava de fazer teias! Fazia-as de todos os tamanhos e formas. Havia, contudo, um senão: ela fazia-as, mas não lhes dava utilidade. O bicho repaginava o mundo. Contudo, sempre inacabava as suas obras. Ao fio e ao cabo, ela já amealhava uma porção de teias que só ganhavam senso no rebrilho das manhãs.
E dia e noite: dos seus palpos primavam obras, com belezas de cacimbo gotejando, rendas e rendilhados. Tudo sem fim nem finalidade. Todo o bom aracnídeo sabe que a teia cumpre as fatais funções: lençol de núpcias, armadilha de caçador. Todos sabem, menos a nossa aranhinha, em suas distraiçoeiras funções.
Para a mãe-aranha aquilo não passava de mau senso. Para quê tanto labor se depois não se dava a indevida aplicação? Mas a jovem aranhiça não fazia ouvidos. E alfaiatava, alfinetava, cegava os nós. Tecia e retecia o fio, entrelaçava e reentrelaçava mais e mais teia. Sem nunca fazer morada em nenhuma. Recusava a utilitária vocação da sua espécie.
- Não faço teias por instinto.
- Então, faz por quê?
- Faço por arte.
Benzia-se a mãe, rezava o pai. Mas nem com preces. A filha saiu pelo mundo em ofício de infinita teceloa. E em cantos e recantos deixava a sua marca, o engenho da sua seda. Os pais, após concertação, a mandaram chamar. A mãe:
- Minha filha, quando é que assentas as patas na parede?
E o pai:
- Já eu me vejo em palpos de mim...
Em choro múltiplo, a mãe limpou as lágrimas dos muitos olhos enquanto disse:
- Estamos recebendo queixas do aranhal.
- O que é que dizem, mãe?
- Dizem que isso só pode ser doença apanhada de outras criaturas.
Até que se decidiram: a jovem aranha tinha que ser reconduzida aos seus mandos genéticos. Aquele devaneio seria causado por falta de namorado. A moça seria até virgem, não tendo nunca digerido um machito. E organizaram um amoroso encontro.
- Vai ver que custa menos que engolir mosca - disse a mãe.
E aconteceu. Contudo, ao invés de devorar o singelo namorador, a aranha namorou e ficou enamorada. Os dois deram-se os apêndices e dançaram ao som de uma brisa que fazia vibrar a teia. Ou seria a teia que fabricava a brisa?
A aranhiça levou o namorado a visitar a sua coleção de teias, ele que escolhesse uma, ficaria prova de seu amor.
A família desiludida consultou o Deus dos bichos, para reclamar da fabricação daquele espécime.
Uma aranha assim, com mania de gente? Na sua alta teia, o Deus dos bichos quis saber o que poderia fazer. Pediram que ela transitasse para humana. E assim sucedeu: num golpe divino, a aranha foi convertida em pessoa. Quando ela, já transfigurada, se apresentou no mundo dos humanos logo lhe exigiram a imediata identificação. Quem era, o que fazia?
- Faço arte.
- Arte?
E os humanos se entreolharam, intrigados. Desconheciam o que fosse arte. Em que consistia? Até que um, mais velho, se lembrou. Que houvera um tempo, em tempos de que já se perdera memória, em que alguns se ocupavam de tais improdutivos afazeres. Felizmente, isso tinha acabado, e os poucos que teimavam em criar esses pouco rentáveis produtos - chamados de obras de arte - tinham sido geneticamente transmutados em bichos. Não se lembrava bem em que bichos. Aranhas, ao que parece.
COUTO, Mia. A infinita fiadeira. In.: ______. O Fio das Missangas. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
Considerando os seus conhecimentos sobre gêneros literários e textuais, bem como a assertiva do sociólogo e filósofo francês Jean Baudrillard sobre como os humanos “fazem falar os animais”, é possível afirmar que o Texto, “A infinita fiadeira”, do escritor moçambicano Mia Couto, pode ser considerado(a) um(a):
Um morcego caiu no chão e foi capturado por uma doninha1.
Como seria morto, rogou à doninha que poupasse sua vida.
– Não posso soltá-lo – respondeu a doninha –, pois sou, por natureza, inimiga de todos os pássaros.
– Não sou um pássaro – alegou o morcego. – Sou um rato.
E assim ele conseguiu escapar.
Mais tarde, ao cair de novo e ser capturado por outra doninha, ele suplicou a esta que não o devorasse. Como a doninha lhe disse que odiava todos os ratos, ele afirmou que não era um rato, mas um morcego. E de novo conseguiu escapar. Foi assim que, por duas vezes, lhe bastou mudar de nome para ter a vida salva.
(Fábulas, 2013.)
1 doninha: pequeno mamífero carnívoro, de corpo longo e esguio e de patas curtas (também conhecido como furão).
Depreende-se da leitura da fábula a seguinte moral:
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