Questões de Português - Leitura e interpretação de textos - Gêneros textuais - Verbais/Narrativos - poema
Leia o poema abaixo, de Elisa Lucinda.
Escrito d’água
Toda lágrima devia virar palavra
assim ela secava
na forma certa do sentido.
Toda dor e seu alarido
devia tornar-se testemunha
daquilo que, doído
andou esborrando do ser.
Você vê:
se eu chorasse, só, sem escrever
você não saberia agora
que o mal que me doeu nesta hora
também um dia alcançou você.
O ser humano deve comungar
suas dores e glórias,
compartilhar batalhas, derrotas e vitórias do viver.
Aproveite a lágrima,
faça ela render.
Assim ela pode um dia virar caminho e estrada
Para quem a lê.
Falo sério.
Palavra.
Toda lágrima devia virar palavra.
Analise as afirmativas a seguir, concernentes à interpretação dos sentidos do poema:
I. O poema trata dos sentimentos e de sua comunhão pela palavra e pela poesia.
II. A identificação entre o eu-lírico e seu interlocutor é um elemento associado à comunhão entre sentimentos e palavras.
III. O eu-lírico, sem esperança, não se conforma com a intensidade de sua dor.
Adequa(m)-se à leitura do poema:
Depois que morrer
Nascemos livres, iguais, dignos e com direitos.
Da liberdade, somente a ilusão.
Da igualdade, no máximo, a comunhão.
Da dignidade, é melhor não falar.
Dos direitos, nem dos “manos” nem dos humanos.
Iguais em cor, sexo, religião e opinião.
Do preto ao índio, “de cara” a exclusão.
Do sexo, por favor, não seja veado!
Da religião, nada que bata tambor.
Da opinião: – Cala a boca, falastrão!
Direito à vida, segurança, identidade e paz.
Do viver, ninguém pede para nascer.
Da segurança, que segurança?
Da identidade, somente no RG.
Da paz, só depois que morrer.
DOBROVOLISKI, Elton Paulo. Disponível em: https://ucpparana.edu.br/content. Acesso em: abr. 2023.
Os versos do autor evidenciam um jogo de palavras que revela uma
Neste mês, as cigarras cantam
e os trovões caminham por cima da terra,
agarrados ao sol.
Neste mês, ao cair da tarde, a chuva corre pelas montanhas,
e depois a noite é mais clara,
e o canto dos grilos faz palpitar o cheiro molhado do chão.
Mas tudo é inútil,
porque os teus ouvidos estão como conchas vazias,
e a tua narina imóvel
não recebe mais notícias
do mundo que circula no vento.
MEIRELES, Cecília. Disponível em: https://poetisarte.com/autores/cecilia-meireles/elegia/. Acesso em: 13 mar. 2023.
O recurso expressivo usado no verso em destaque é chamado de
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
CAMPOS, Álvaro de (Fernando Pessoa). Cartas de amor são ridículas. Disponível em: https://www.pensador.com/ os_melhores_poemas_de_fernando_pessoa/. Acesso em: 2 set. 2022.
Um dos recursos expressivos usados pelo poeta na construção do seu texto é a
Texto
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio tão amargo.
[5] Eu não tinha estas mãos tão sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
[10] Tão simples, tão certa, tão fácil:
– Em que espelho ficou retida
a minha face?
MEIRELES, Cecília. Retrato. In: Viagem [1939]. Rio de Janeiro, Ed. Global, 2012, p. 29
O sentido de “Eu não tinha este coração/que nem se mostra.” (linhas 63-64) é semelhante a: Eu não tinha este coração que está
Leia os versos destacados de três poemas da parte “Geografia”, do livro Coral e outros poemas, de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Ingrina
O grito da cigarra ergue a tarde a seu cimo e o perfume do orégão invade a felicidade. [...]
Eu me perdi
[...]
Eu me busquei no vento e me encontrei no mar
E nunca
Um navio da costa se afastou
Sem me levar
Da transparência
Senhor libertai-nos do jogo perigoso da transparência
No fundo do mar da nossa alma não há corais nem búzios
Mas sufocado sonho
[...]
Considere as seguintes afirmações sobre os versos no contexto dos poemas.
I - A poesia de Sophia está profundamente marcada pelo contato com a natureza, muito especialmente com o mar.
II - Sophia recupera fatos históricos e míticos, através de longos poemas épicos, repletos de elogios às figuras célebres.
III- O olhar do sujeito lírico revela dupla dimensão, que parte das pequenas coisas, passa pela paisagem e se une ao todo, revelando a importância da existência.
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