Organize oficinas ou núcleos de estudos na sua escola
O conhecimento colaborativo faz toda a diferença na vida escolar. Neste artigo, estão dicas e motivos para organização de oficinas ou núcleos de estudos na escola, aproveitando bem o tempo tanto de professores quanto de alunos! Confira.
Um dos maiores problemas hoje em dia é a falta de tempo para dedicação a assuntos que, muitas vezes, são indispensáveis em nossas vidas. Quando se trata da escola, uma unidade coletiva, com intensa atividade intelectual de diversas áreas do conhecimento, isso pode acarretar em dificuldades para que os estudantes consigam bom rendimento em todas as matérias. Já para os professores, um dos maiores problemas é organizar tempo para que atividades extracurriculares, até mesmo vantajosas para seus currículos, sejam realizadas.
Além da falta de tempo, o desinteresse, muitas vezes gerado pela forma tradicional de trabalhar certos conteúdos, pode distanciar o aluno do aprendizado. Por isso, neste artigo, daremos dicas de como fazer com que atividades como as oficinas e os grupos de estudos possam ser incluídas tanto no calendário do aluno quanto dos professores, a fim de que todos trabalhem melhor seu tempo, saiam mais qualificados após a experiência, de que haja integração estudantil, incentivo a transdisciplinaridade, assim como a importância dessa prática para a bagagem de todos.
1. A oficina
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.” (Paulo Freire) A citação do grande filósofo e educador brasileiro pode servir de ponto de partida para definirmos o conceito de oficina. Uma oportunidade metodológica de desenvolver conhecimentos por meio do coletivo de forma horizontal e colaborativo. Isto é, um momento dedicado para a realização de atividades com foco em aprimorar as capacidades de produção para uma determinada temática juntos com outros. Por exemplo, um oficina de criação literária se destinaria a prática de criações de textos literários de forma participativa entre mais de um estudante. Essas atividades podem ser organizadas durante um curto período de tempo, separadas em tópicos, que terão objetivo exclusivo a discussão que se pretende fazer a respeito de determinado tema. “As oficinas práticas atuam como um recurso no qual os professores podem, além da experiência na realização, utilizarem como uma estratégia metodológica em sala. Na maioria das vezes as oficinas trazem um olhar mais prático não só na preparação de recursos, como na aplicação do conteúdo a ser desenvolvido. As oficinas voltadas como um recurso metodológico para auxiliarem os professores são sempre muito apreciadas, pois também ajudam o docente a sair da rotina que o tempo em sala de aula acaba proporcionando.” Afirmou a professora da rede estadual de ensino de Mato Grosso, Giovana Paganotto.
2. O grupo de estudos
Um pouco diferente da oficina, o grupo de estudos serve para que os alunos possam trabalhar suas principais dificuldades de uma matéria por meio de discussões e estudos aplicados. Uma vantagem do grupo de estudos é a sua autonomia. Isso porque a aprendizagem ocorre durante a troca de conhecimentos entre os estudantes, dessa forma o ambiente se torna propício para o desenvolvimento da autossuficiência. Mas, vale muito lembrar que o estímulo do professor para a criação de atividades como essa é fundamental, assim como a sua colaboração para tirar dúvidas fora dos horários de encontro dos grupos. Funcionando, assim, como uma espécie de tutor do grupo, que poderá ser consultado sempre que possível.
3. Como planejar essas atividades extras?
Ter um calendário organizado é primordial para o professor. Por isso, é importante que haja reuniões entre os gestores da escola e os professores, visando a ativação dos grupos de estudos ou das oficinas por meio do agendamento dessas atividades; O planejamento é essencial para que não haja comprometimento com o que já está previsto no calendário escolar.
3.1. Oficinas
Por se tratar de temas amplos, as oficinas podem acolher alunos de todas as faixas etárias e turmas. Uma dica que pode ajudar é sugerir que as datas sejam decididas antecipadamente e divididas por períodos, matutino e vespertino, por exemplo, o que vai auxiliar na organização e até mesmo na divulgação dos eventos, que podem ser realizados de duas a três vezes ao ano, ou conforme a escolha da coordenação e professores.
O interessante é que os alunos tenham a oportunidade de participar de mais de uma oficina, ao menos, para que ele tenha contato com conteúdos diversos, aumentando seu repertório interdisciplinar. Por isso, converse com os professores e organize períodos do ano em que essas atividades possam ser realizadas, até porque, dessa forma, eles podem dispor de tempo e atenção para o evento.
Quais temas tratar? Existe uma diversidade quase que infinita, mas vamos deixar algumas opções: programação de games, oficina de teatro, de música, jogos de lógica, como xadrez e dama, confecção, artesanato, jogos de cartas de outras culturas, como o Jassem - jogo de baralho suíço, oficina de photoshop básico, debate cinematográfico, criação literária, oficina de fotografia, entre outras. O importante é atender ao máximo a interdisciplinaridade, e uma saída construtiva é decidir os temas em votação entre os professores e também entre os alunos. Os primeiros por visualizarem melhor as necessidades de aprendizagem, os segundos por serem os principais participantes e beneficiários dentro das ações.
É essencial que haja troca de conhecimento entre todos por meio das atividades. Em entrevista ao portal educacional Porvir, o professor de Psicologia da Educação na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Fernando Becker afirmou: “é assim que deveriam ser as escolas. Uma espécie de oficinas de conhecimento, onde professores e alunos possam trocar experiências e informações e aprenderem juntos; desenvolvendo capacidades e não apenas acumulando conteúdos. Quando o educador se propõe a criar esse tipo de ambiente, pode ter certeza que ele vai se surpreender com os seus alunos.” E completou “Ou seja, devemos deixar mais de lado a ideia de escola enquanto um auditório, preocupada com a comunicação de resultados, e devemos focar numa escola enquanto laboratório de experimentação, de invenções de coisas, de conhecimentos e de teste de hipóteses. O grande desafio dos professores é propor tudo isso, considerando os conteúdos escolares que devem ser trabalhados em sua prática pedagógica.”
3.2. Grupo de estudos
Os grupos de estudos são mais restritos. Isso porque são mais focados numa disciplina e a faixa etária pode ser menos diversa, o que não é uma regra, mas pode ajudar na organização. Uma decisão que pode estimular a formação desses grupos é sugerir aos alunos que, pelo menos uma vez na semana, durante cerca de duas horas, tenham um professor de determinada matéria disponível para oferecer conteúdos complementares e sanar dúvidas. Dessa maneira, o professor ganha tempo para interagir com seus alunos de forma mais descontraída, enquanto estimula a saudável independência desses grupos.
Dentre as ações que podem ser tomadas para que os grupos de estudos sejam colocados em prática, podem ser feitos: 1) fóruns abertos com toda a comunidade escolar para esclarecimento de quais áreas demandam mais atenção 2) reunião com os professores para decidir quem poderá ficar como tutor nos horários extraclasses 3) votações entre as turmas para eleger líderes dos grupos, que funcionarão como organizadores dos encontros (isso pode ser feito pela rede social do colégio, por exemplo, facilitando o acesso de todos, 4) eleição para decidir quais horários e dias serão melhor para que os encontros se consolidem e 5) campanha interna para estimular a participação dos alunos nos grupos.
4. Metodologias possíveis
Após determinar as datas, é necessário traçar as diretrizes que explicitem os objetivos de cada uma desses grupos e oficinas. Para isso, traremos algumas ideias principais e dicas que irão ajudar a cumprir com o objetivo principal dessas tarefas:
4.1. Oficinas
Como dito anteriormente, de duas a três vezes por ano, divididas em etapas com duração de cerca de uma semana, o coordenador junto dos docentes podem definir temas que consideram importantes para complementar uma matéria, como também deixar em aberto para as indicações dos alunos. Por exemplo, os professores de Geografia pode organizar mini-cursos de topografia, análise de diferentes tipos de solo, entrevistas com especialistas da área, etc, enfim, tudo aquilo que possa ser transmitido de uma maneira mais descontraída, ultrapassando os modelos tradicionais de ensino.
Exercícios mais lúdicos, mais experimentais e que instigam a criatividade dos alunos podem ser essenciais para o cumprimento dos objetivos de aprendizagem das oficinas, fazendo com que seja possível absorver ideias por meio das novas experiências práticas, tornando o processo o máximo dinâmico possível.
4.2. Grupo de estudos
Uma das vantagens dos grupos de estudos é que a matéria será apreendida por meio de uma intensa interação entre colegas, proporcionando um momento menos formal para conversar sobre os assuntos ligados à disciplina. É uma ocasião propícia para tirar dúvidas e acrescentar embasamento teórico, o que irá facilitar na hora de aplicar o conteúdo em aula. No grupo de estudos, o mais importante, na verdade, será o diálogo, a fim de compreender as maiores dificuldades que os alunos têm sobre a matéria. Sendo assim, o professor poderá usar os resultados para ter uma visão mais clara de como aplicar seus métodos para que as dúvidas sejam satisfeitas. Então, é muito importante que a abertura para conversa seja mantida.
No fim de ambas as atividades, é interessante que a coordenação e os professores peçam para que os alunos apresentem suas conclusões a respeito das oficinas ou do grupo de estudos. A apresentação pode ser aberta à escola, restrita ao grupo participante, ou também em uma roda de conversa. Nas oficinas, é interessante que, ainda que não seja avaliativa, os alunos tenham uma produção final, assim, o professor pode ter uma ideia geral do que foi apreendido no decorrer da experiência. Essa conclusão pode ser tanto a criação de um material, uma apresentação artística, um seminário, ou outros. Essa demonstração acaba por incentivar os aprendizes, já que poderão expor aos seus professores e colegas um resultado final do trabalho, tornando-o atrativo e interessante a outras pessoas, como também reafirmando o que aprendeu por meio dessa transmissão de conhecimento.
Lucas Lemos
Redator, social mídia, pesquisador e entusiasta das artes pelo Cena Livre de Teatro, grupo atuante na UFMT. Aluno do terceiro ano de Letras-Literatura na instituição federal, e fotógrafo nas horas vagas.
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