Violência escolar: seus alunos podem te ajudar
A cada dia, mais e mais notícias sobre violência dentro do ambiente escolar estampam as manchetes de jornais por todo o Brasil. As escolas tem papel importante no combate a esse tipo de violência, mas você já parou para pensar em como seus alunos podem te ajudar nessa luta?
O último massacre ocorrido em ambiente escolar foi em Suzano, São Paulo, deixando dez mortos no mês de março, no Brasil. Nos últimos anos, pelo menos nove escolas se converteram em cenário de atos extremos de violência.
O estopim acontece diante de um problema grave nas escolas públicas do país: a violência física e simbólica que dificultam a convivência no ambiente escolar. Segundo especialistas, é um ciclo difícil de ser rompido, principalmente em comunidades escolares que buscam a solução através da imposição da autoridade, junto a instituições que oferecem apenas os conteúdos da grade escolar. Tudo isso se torna pólvora em um ambiente já hostil.
De acordo com a psicóloga escolar Luciene Tognetta, os estudantes são os atores que têm condições de identificar situações de conflito no ambiente escolar. Entretanto, para que isso ocorra, eles precisam ser encorajados para que sejam mais assertivos, afinal a maioria responde a situações de conflito (como submissão e agressividade).
Há anos estudando os resultados da prova do ENEM, a pesquisadora levantou o seguinte questionamento: será que os jovens brasileiros sabem resolver problemas e conflitos? A indagação fez com que Tognetta se dedicasse a responder essa pergunta.
A partir disso, utilizou os parâmetros avaliativos da redação do ENEM como referência. A quinta competência de avaliação, que é "elaboração de proposta de intervenção com respeito aos direitos humanos", foi tomada como medida para saber se o estudante estava ou não apto para propor uma solução ao conflito em questão.
No período de pesquisa, 14,5 milhões de provas foram avaliadas e as notas da 5ª competência confirmaram a dificuldade de resolução dos conflitos – grande maioria das provas, enquanto muito bem avaliadas em outros requisitos, no 5º as notas mal passavam de 50.
O estudo foi concluído há alguns anos, mas para a pesquisadora, a situação não melhorou na maioria das escolas públicas brasileiras. O ambiente escolar e as pastas da educação não tem conseguido lidar com a organização de políticas públicas para lidar com o problema.
Afim de buscar essa resolução, a psicóloga defende o aluno como protagonista, junto a um programa que abra espaço expressivo aos jovens. É tão importante quanto qualquer outra disciplina do currículo escolar.
O jovem como o centro da solução
O GEPEM, em São Paulo, implementou o projeto Equipes de Ajuda em algumas escolas da cidade. A ação visa o acolhimento dos jovens pelos seus próprios pares, onde os integrantes são escolhidos pela própria turma, que mapeia os conflitos da sala e discute quais os valores que estão faltando.
Como complemento, há a proposta de debates semanais, que também aponta quem, na comunidade escolar, é mais adequado para solucionar cada tipo de conflito.
Os jovens escolhidos para fazer parte das Equipes de Ajuda recebem formação para aprender a identificar conflitos e saber quando devem encaminhá-los para adultos. É parte do papel do integrante, conseguir observar quem fica excluído no intervalo ou quem apresenta "problemas".
Além disso, algumas escolas realizam assembleias para que os próprios estudantes possam falar e discutir seus problemas de convivência e os conflitos coletivos internos, buscando eles próprios as soluções para melhorar o clima escolar.
Esse tipo de ação, na qual se criam espaços institucionais para que o aluno possa falar, pode resultar positivamente a longo prazo. Ao passo que o diálogo e a confiança são estabelecidos, os próprios estudantes passam a se sentir mais seguros, ter mais amigos, ter uma relação melhor com os professores e coordenadores da instituição.
Esse tipo de política, apesar de pontual, pode ser decisivo para um melhor ambiente educacional. Por fim, a consolidação dessas práticas e grupos de apoio são necessárias e fundamentais para que as situações de intimidação e agressão sejam cada vez menores.
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