Como é estruturada uma questão do Enem?
Como o Enem é corrigido pela TRI, as questões precisam obedecer a regras diferentes e ter características distintas.
A TRI avalia as habilidades do candidato, não a memorização pura e simples dos conteúdos. É claro que para a pessoa responder uma questão, ela precisa dominar o conteúdo a que se refere e ter a habilidade requerida para resolvê-la.
Como se busca a habilidade, não há questões do tipo “assinale a incorreta” ou “tal coisa é ...” ou “tal coisa não é ...”. Não, nada de decoreba ou pegadinhas.
Acontece que na avaliação de habilidades a estrutura das questões tem que ter alguns requisitos diferentes. Vamos vê-los.
Primeiro, todas as questões começam com um texto-base, com informações relevantes sobre o que será perguntado. Este elemento pode ser verbal, ou seja, escrito, ou visual, como um gráfico, um mapa, um cartaz, uma charge, entre outros. Pode também ser uma composição verbal-visual. Quando o texto não é do próprio elaborador da questão, vem acompanhado da referência bibliográfica.
O segundo componente é o enunciado. É a pergunta, o comando do que deve ser respondido. Cada palavra deste elemento é importante: o verbo, o tempo verbal, o complemento.
A terceira parte da questão são as alternativas. Uma delas responde completamente o comando do enunciado e é o gabarito. As demais, chamadas distratores, são respostas incompletas ao enunciado ou respondem erroneamente à pergunta feita. Mas o erro não é uma coisa absurda. Não tem coisas “inventadas”. São respostas alternativas que partem de uma análise equivocada do problema proposto. Às vezes o distrator parece correto, mas há nele alguma coisa que o torna incompleto ou que parte de algo que não corresponde à pergunta apresentada.
Quando o Enem passou a adotar a TRI muitos candidatos passaram a ler o enunciado e já buscar a resposta correta, sem recorrer ao texto-base. Em 2009, 2010, de fato, havia questões em que o texto-base não delimitava adequadamente a questão. Você pode resolver uma ou algumas daquelas provas e confirmar esta informação. Mas isso passou. As questões passaram a ter textos-base essenciais à avaliação da habilidade que se busca quantificar. Logo, não faça isto hoje, de ir direto para as alternativas! Você até pode ler o enunciado primeiramente e, em seguida, buscar no texto-base os elementos requeridos no enunciado. Isto funciona bem na prova de Linguagens, repleta de textos longos. Mas nunca (nunca mesmo!) olhe as alternativas antes de ler o texto-base. Como os distratores têm textos que são corretos em outros contextos e situações diferentes aos que a questão apresenta, a leitura deles pode induzir à marcação de uma resposta errada.
Então, para ter sucesso acertando a questão, leia o enunciado com atenção máxima (antes ou depois da leitura do texto-base, depende da estratégia que você treinar) e verifique qual das alternativas responde completamente ao questionamento feito.
Deixe-me mostrar alguns exemplos.
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Texto-base |
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Enunciado |
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Distrator |
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Distrator |
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Distrator |
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Gabarito |
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Distrator |
Esta questão de Matemática foi apresentada no Enem 2021. É da habilidade 1 de Matemática, que corresponde a “reconhecer, no contexto social, diferentes significados e representações dos números e operações - naturais, inteiros, racionais ou reais”. Perceba os elementos:
Texto-base: é todo o texto até a data na placa indicando a fundação da cidade (MCDLXIX).
Enunciado: é a pergunta de quantos anos a cidade completará (e comemorará) em 2050.
Distratores e gabarito:
Alternativa A: se o candidato considerasse que MCD fosse 1000+100+500 e que LXIX fosse 50+10+1+10, chegaria à conclusão errada que a cidade tivesse sido fundada em 1671 e, deste modo, que faria 379 anos em 2050.
Alternativa B: se o candidato considerasse que MCD fosse 1000+100+500, chegaria à errônea conclusão de que a cidade foi fundada em 1669 e, portanto, em 2050 faria 381 anos.
Alternativa C: se o candidato considerasse corretamente MCD como 1000+(-100+500) e erroneamente que LXIX fosse 50+10+1+10, chegaria à conclusão equivocada de que a cidade fora fundada em 1471 e, desta forma, fará 579 anos em 2050.
Alternativa D: é a correta, pois MCDLXIX indica a fundação em 1469, de tal modo que a cidade fará 581 anos em 2050.
Alternativa E: se o candidato se equivocasse, achando que a junção LX fosse 50-10, concluiria que a fundação da cidade teria ocorrido em 1449 e que faria 601 anos em 2050.
Nenhuma das respostas era absurda. Todas decorriam de resoluções possíveis, quatro delas equivocadas.
Vejamos outra questão.
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Texto-base |
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Enunciado |
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Gabarito |
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Distrator |
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Distrator |
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Distrator |
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Distrator |
Esta caiu na prova de Linguagens do Enem 2021 e buscava a habilidade 4, que é “reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação”.
Aqui o texto-base é uma breve história em quadrinhos.
O enunciado quer saber por que este texto pode ser reconhecido como o prefácio de um livro.
Alternativas:
A = é a alternativa correta. O prefácio é a primeira parte da obra publicada, funcionando como sua apresentação, dando explicações sobre seu conteúdo, sobre seus objetivos, sobre quem o escreveu ou, neste caso, como foi realizado.
B = as expressões faciais dos personagens dos quadrinhos revelam suas emoções em cada etapa da criação, mas não são elas que garantem ao texto seu reconhecimento como prefácio.
C = os textos e os desenhos, de fato, descrevem como se deu o processo criativo. Mas a pergunta não era sobre o que o texto discorre, mas qual a intenção do texto, por que pode ser considerado um prefácio.
D = existe a referência nos quadrinhos, como “desenho feito a tinta” e “colorizado digitalmente”, mas isso não explica por que se trata de um prefácio.
E = o apelo visual busca cativar o público-alvo, sem dúvida. Mas isto não o caracteriza como prefácio, porque elementos gráficos podem estar presentes em materiais informativos de campanhas de saúde pública ou em peças publicitárias, por exemplo.
Para concluir, uma última explicação. Em uma avaliação que utiliza a TRI como metodologia, cada elemento da prova busca avaliar uma habilidade. Este elemento é um “item” da prova e o conjunto destes itens avaliativos determinará a proficiência, a aptidão do candidato. É por esta razão que um exame do Enem tem provas com 45 itens cada e a TRI significa “Teoria de Resposta ao Item”. Mas pode continuar chamando de questões, como fiz em todo este texto, porque assim todo mundo entende mais facilmente.
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