Questões de Filosofia - Filosofia medieval - Patrística - Agostinho de Hipona
55 Questões
Questão 6 13176816
UCS Verão 2023Instrução: A questão referem-se ao texto abaixo.
Timidez como virtude
Luiz Felipe Pondé
Outro dia ouvia uma colega, muito inteligente e bonita, dizer da “gastura” que sentia em ouvir pessoas
falando sobre suas qualidades intelectuais, realizações e títulos. Estando eu presente no momento desse
infeliz self marketing que causou a “gastura” no estômago da minha jovem colega, entendi bem o que ela
dizia.
[5] O ______ de falar das próprias realizações sempre existiu. Mas, hoje, é diferente: ser brega e fazer self
marketing virou uma “ciência”. Hoje, a velha máxima que “toda virtude verdadeira é tímida” se transformou
em uma informação urgente.
Toda virtude verdadeira é tímida. Sempre. Sim, sei que somos seres de contínua baixa
autoestima, e que o mundo prima por nos ferrar todo dia: gorda, burro, brocha, histérica, mal-amado, enfim,
[10] adjetivos feitos para destruir a já frágil autoestima que temos. E que, portanto, muitas vezes nos faz cair
na tentação de reafirmar nossos feitos na cara dos outros. Mas há uma diferença quando fazemos isso em
claro momento de desespero e quando fazemos isso achando que estamos abafando. O fato comentado
pela minha colega era este segundo caso.
Por que toda virtude verdadeira é tímida? Antes de tudo, porque a vocação constante à vaidade que
[15] nos assola deixa a virtude insegura com relação ______ si mesma. Essa dinâmica entre a dúvida da virtude
versus a certeza da vaidade é tema, por exemplo, da clássica polêmica da graça entre Santo Agostinho
(354 – 430) e Pelagius (360 – 420).
Outro traço da virtude é ser desatenta consigo mesma. Por isso, alguns afirmam que a maior de todas
as virtudes seria a humildade, uma vez que essa é o oposto simétrico da vaidade. O cotidiano da virtude
[20] não é checar a si mesma continuamente no espelho para ver o quão ______ ela tem sido em ser ela
mesma. Essa desatenção consigo mesma é traço essencial da virtude. Associada a ela está a percepção
de “naturalidade” que toda virtude verdadeira transparece.
Somos naturalmente “equipados” com a capacidade de identificar a leveza com a qual alguém age de
modo virtuoso. Assemelhando-se à manifestação da graça, a leveza da virtude tímida e natural equipara-se
[25] à beleza sem vaidade.
Essa “naturalidade” da virtude está descrita por Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) quando em seu “Ética
a Nicômaco” ele diz que a virtude deve se transformar em uma segunda natureza.
Não se trata de negar o esforço consciente em busca do comportamento virtuoso, segundo o filósofo.
O esforço é real e consciente. Portanto, a timidez da virtude não é fruto de sua inconsciência como
[30] comportamento. A timidez é fruto da naturalidade (segunda natureza, nos termos do filósofo) que caracteriza
uma virtude madura.
Timidez aqui é quase uma metáfora, não para a insegurança enquanto tal, mas para a virtude instalada
no cotidiano do virtuoso que se deixa perceber pelo ato, e não pelo anúncio do ato.
A ética é uma ciência prática. A ideia de fazer marketing da ética é como se afirmar que um círculo é
[35] quadrado. Dizer que a virtude é prática e jamais teórica significa dizer que só o outro reconhece a virtude em
você. A virtude é da ordem do ato e não do discurso. Se você falar da sua virtude, você jamais convencerá
uma pessoa razoavelmente inteligente e madura da veracidade da sua afirmação. Porque quem precisa
anunciar sua própria virtude é porque a prática dessa virtude não é suficiente para ser reconhecida.
Por isso, afirma-se que a virtude é pública, jamais privada. É silenciosa, mas sua existência é atestada
[40] pelo olhar do outro que a vê acontecer no mundo, sem anunciar que está acontecendo. O histórico do seu
comportamento, reconhecido ao longo do tempo pelas pessoas à sua volta (mesmo as que lhe odeiam), se
constituirá na substância do seu caráter. Esse caráter, ao longo da vida, se constituirá, por sua vez, no seu
destino. Por isso, afirma-se que virtude é destino. Sendo ela uma segunda natureza, realizada no silêncio
do esforço prático sem tagarelice, a virtude (ou a ausência dela) pode se transformar em uma maldição
[45] mesmo. Nada garante que virtude traga “felicidade”.
No nosso mundo tagarela, marcado pela breguice do self marketing, a virtude não deve ser apenas
tímida, mas a própria timidez se torna, a cada dia, uma virtude em si mesma. E esta é um animal do silêncio.
Semelhantes ______ ela são a discrição, a delicadeza, a elegância e a contenção. A busca dessas virtudes
como forma de sabedoria é um desafio para o século 21.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2018/09/timidez-como-virtude.shtml. Acesso em: 21 jul. 2022. (Adaptado.)
A ideia principal do terceiro parágrafo do texto está expressa em:
Questão 82 12830560
UECE 2ª fase 2ª dia 2022/2Atente para o seguinte diálogo entre Agostinho de Hipona e Evódio, seu amigo e conterrâneo:
“Agostinho — Mas se julgamos com razão ser feliz o homem de boa vontade, não se deveria também, com boa razão, declarar ser infeliz aquele que possui vontade contrária a essa?
Evódio — Com muito boa razão.
Agostinho — Logo, que motivo existe para crer que devemos duvidar – mesmo se até o presente nunca tenhamos possuído aquela sabedoria – que é pela vontade que merecemos ser e levamos uma vida louvável e feliz; e pela mesma vontade, que levamos uma vida vergonhosa e infeliz?
Evódio — Constato que chegamos a essa conclusão fundamentando-nos em razões certas e inegáveis”.
AGOSTINHO. O livre arbítrio, III, 13, 28. Trad. bras. Assis Oliveira. São Paulo: Paulus, 1995.
Com base no diálogo acima e no que se sabe sobre o pensamento de Agostinho de Hipona, assinale a opção que completa corretamente o seguinte enunciado:
Que seja pela vontade que o homem se torne virtuoso e feliz e, igualmente, pela vontade que caia no vício e na infelicidade, isso significa que o homem
Questão 89 12401770
UECE 2ª Fase - 2º Dia 2021/1“[...] Se o homem carecesse de livre-arbítrio da vontade, como poderia existir esse bem, que consiste em manifestar a justiça, condenando os pecados e premiando as boas ações? Visto que a conduta desse homem não seria pecado nem boa ação, caso não fosse voluntária. Igualmente o castigo, como a recompensa, seria injusto, se o homem não fosse dotado de vontade livre.”
Santo Agostinho. O livre arbítrio, II, 1, 3. Trad. bras. Nair de Assis Oliveira. São Paulo: Paulus, 1995.
Considerando a citação acima e o seguinte trecho da mesma obra que afirma “não só possuímos o livrearbítrio da vontade, mas acontece ainda que é por ele que pecamos” (O livre arbítrio, II, 1, 1), é correto concluir que, dotados de livre-arbítrio, nós
Questão 27 7266288
PUC-PR Verão Demais Cursos 2021Leia o fragmento a seguir.
“Vejo já não ser mais preciso longos discursos para me convenceres do mesmo a respeito do homicídio, do sacrilégio e, enfim, de todos os outros pecados. Com efeito, é claro que em todas as espécies de ações más é a paixão que domina.”
SANTO AGOSTINHO. O livre-arbítrio. São Paulo: Paulus, 1995, p. 32.
Segundo Santo Agostinho, os homens maus se caracterizam pelo desejo de gozar de coisas que eles efetivamente não podem possuir.
Como Santo Agostinho entende a paixão? De acordo com o fragmento citado e com seus conhecimentos, analise as sentenças a seguir e assinale a alternativa CORRETA.
Questão 11 6916631
UFU 1° Dia 2021/2Santo Agostinho refletiu sobre as questões do ensino e do aprendizado, observando que os mestres têm grande importância no ensino porque, por meio de palavras, podem ensinar. No entanto, não bastam as palavras exteriores para o conhecimento verdadeiro, é preciso o auxílio do mestre interior, conforme afirma De Magistro:
“No que diz respeito a todas as coisas que compreendemos, não consultamos a voz de quem fala, a qual soa por fora, mas a verdade que dentro de nós preside a própria mente, incitados talvez pelas palavras a consultá-la. Quem é consultado, ensina verdadeiramente, e este é Cristo, que habita, como foi dito, no homem interior, isto é, a virtude incomutável de Deus e a sempiterna Sabedoria, que toda alma racional consulta, mas que se revela a cada um quanto é permitido pela sua própria boa ou má vontade.”
SANTO AGOSTINHO. De Magistro. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1987, Capítulo XI, p. 319.
De acordo com o trecho, deduz-se que o papel do ensinamento de mestres é
Questão 92 12538569
UECE 2ª Fase - 2º Dia 2020/1Relacione, corretamente, as definições sobre o papel do poder político ou do Estado, com seus respectivos pensadores, numerando os parênteses abaixo, de acordo com a seguinte indicação:
1. Karl Marx
2. John Locke
3. Thomas Hobbes
4. Agostinho de Hipona
( ) Poder político do Estado, como resultante de um pacto de consentimento, constituído para consolidar os direitos naturais e individuais de cada homem.
( ) Poder do Estado, como poder de origem espiritual, voltado às necessidades mundanas e à vigilância da retidão dos indivíduos.
( ) Poder político do Estado, originário da necessidade de um grupo manter seu domínio econômico, pelo domínio político, sobre outros grupos.
( ) Poder político do Estado, com poder absoluto, fruto da renúncia de direitos naturais originários e garantidores da paz.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
Pastas
06