Questões de Filosofia - Filosofia contemporânea
308 Questões
“As porcarias culturais que costumam ser atribuídas à época desprovida de estilo e que são criticadas no plano estético não são expressão do mau gosto de uma época, mas apenas produtos de um elemento extra-artístico: a falsa racionalidade da indústria governada pelo lucro. Ao mobilizar para os seus fins o que lhe parece serem os momentos irracionais da arte, o capital destrói esta última.”
ADORNO, Theodor. Teoria estética. Trad. Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1988, p. 232. – Adaptado.
Segundo diz o filósofo alemão T. Adorno na passagem acima, o baixo nível artístico-cultural da época dominada pela indústria cultural, deve-se
Considere, para responder a questão, a seguinte passagem do livro de Ponczek (2009):
Constatei pelo meu longo périplo por várias universidades, congressos, encontros, simpósios, tanto de Filosofia como de Física, que os filósofos desconhecem a Física na mesma proporção que os físicos desconhecem a Filosofia. Os filósofos alegam que a Física enveredou por técnicas e matemáticas muito especializadas tornando-se de difícil compreensão para quem não tiver um longo adestramento nos métodos matemáticos e experimentais utilizados. Já os físicos, ainda mais pragmáticos, alegam que a Filosofia pouca ou nenhuma utilidade para eles terá. Alguns mais radicais chegam a dizer de alto e bom tom que “a Filosofia é pura perda de tempo”. Tenho por objetivo maior mostrar que ambos estão equivocados. O mal-entendido e a falta de comunicação entre as duas comunidades dão-se principalmente pela forma pontual, a-histórica e antifilosófica como são ensinadas e divulgadas as ciências, e dentre estas a Física, em nossas escolas e universidades. Pretendo assim apresentá-la (notadamente a Teoria da Relatividade e a Teoria Quântica) de ângulos bastante distintos de como é normalmente apresentada nas nossas instituições de ensino e pesquisa. Acredito que a forma em que serão expostas as duas mais importantes teorias da Física moderna, desvelando as suas múltiplas articulações com a Filosofia, poderá ser útil não só a filósofos e físicos, mas também a um público culto interessado nas principais indagações da contemporaneidade. Sempre que possível, estarei buscando um justo equilíbrio de forças do pensamento científico e filosófico, visando o centro de gravidade dessas atividades do espírito humano.
Fonte: Ponczek, Roberto Leon. Deus ou seja a natureza: Spinoza e os novos paradigmas da física. SciELO – EDUFBA, 2009.
Considerando aspectos linguísticos, é INCORRETO afirmar que
TEXTO
O que é angústia
Um rapaz fez-me essa pergunta difícil para ser respondida. Pois depende do angustiado. Para alguns incautos, inclusive, é palavra que se orgulham de pronunciar como se com ela subissem de categoria - o que também é uma forma de angústia.
Angústia pode ser não ter esperança na esperança. Ou conformar-se sem se resignar. Ou não se confessar nem a si próprio. Ou não ser o que realmente se é, e nunca se é.
Angústia pode ser o desamparo de estar vivo. Pode ser também não ter coragem de ter angústia - e a fuga é outra angústia. Mas angústia faz parte: o que é vivo por ser vivo, se contrai.
Esse mesmo rapaz perguntou-me: você não acha que há um vazio sinistro em tudo? Há sim. Enquanto se espera que o coração entenda.
LISPECTOR, Clarice. Disponível em: https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/12678/o-que-e-angustia. Acesso em 30 de dezembro de 2022.
Com a leitura do Texto, pode-se concluir que:
O filósofo argentino Henrique Dussel (1934-2023), falecido há algumas semanas, retoma uma importante passagem de um artigo de Immanuel Kant chamado O que é o iluminismo (1784):
“O iluminismo é a saída por si mesma da humanidade de um estado de menoridade culpável [...] A preguiça e a covardia são as causas pelas quais grande parte da humanidade permanece prazerosamente nesse estado de imaturidade”.
Dussel faz o seguinte comentário a essa passagem:
“Para Kant, a ‘imaturidade’ ou ‘menoridade’ é culpada. A ‘preguiça’ e a ‘covardia’ constituem a causa desse ethos existencial. Hoje devemos fazer a Kant essa pergunta: um africano na África ou um escravo nos Estados Unidos no século XVIII, um indígena no México ou um mestiço latinoamericano depois, devem ser considerados nesse estado de menoridade culpada?”
(Henrique Dussel. 1492: O encobrimento do Outro. (A origem do “mito da modernidade”). Petrópolis: Vozes, 1993, p. 17.)
Considerando as duas passagens citadas, a de Kant e a de Dussel, é correto dizer que a pergunta deste último àquele primeiro pretende
Atente para o seguinte excerto adaptado da obra de Walter Benjamin: “[...] se a utilização própria das forças produtivas é impedida pelas relações sociais, então o desenvolvimento dos recursos técnicos, dos ritmos de produção, das fontes de energia leva a uma utilização não própria delas; em consequência, essa utilização é encontrada na guerra. [...] A guerra imperialista é determinada, em seus traços mais terríveis, pela discrepância entre os poderosos meios de produção e sua insuficiente utilização no processo de produção em outras palavras pelo desemprego e pela falta de mercados”.
(Walter Benjamin. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. Porto Alegre: Zouk, 2012, p. 121. Adaptado.)
Essa explicação de Walter Benjamin para a guerra, ao apoiar-se na contradição entre forças produtivas e relações de produção, expressa uma concepção
Nas últimas décadas, o mundo dos homens tem sentido o peso da civilização industrial e tecnológica, que intensificou, desde o século XIX, a partir da Europa Ocidental e dos Estados Unidos especialmente, o grande projeto do capitalismo. A economia capitalista alastra-se pelo mundo e leva, no seu bojo, os avanços da tecnologia e a superestrutura do mercado. Sistemas e redes são pensados e construídos para tornarem os humanos “domesticados, burocratizados e servis”, vivendo uma “vida de gado”, como bem ilustra a música do brasileiro Zé Ramalho. Também é um tempo em que muito se fala sobre valores morais e sobre ética. Quem define os valores e os escolhem? Silvio Gallo, ao abordar a temática “os valores e as escolhas”, em que trata de valor, escolha e liberdade, destaca o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre (1905-1980) que, “em sua obra O ser e o nada, assim como Nietzsche, discute a universalidade do valor. Ele fala em ‘ser do valor’, que seria uma produção da consciência. Sartre trabalha com o método fenomenológico, criado pelo filósofo e matemático austríaco Edmund Husserl, que tem como um dos conceitos centrais a consciência. Para Husserl e Sartre, a consciência é a realidade do ser humano, único ser consciente no mundo”.
Portanto, ao se tratar de valores morais e ética na contemporaneidade, nessa visão existencialista de Sartre, as escolhas perpassam pela consciência que se tem da liberdade, o que o leva a afirmar que o ser humano está “condenado a ser livre”.
Qual argumento do próprio Sartre, extraído de O ser e o nada, fundamenta o que Sílvio Gallo apresenta sobre liberdade?
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