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Acesse GrátisQuestões de Filosofia - Filosofia contemporânea
Questão 21 6847147
Unioeste Tarde 2021Segundo Martin Heidegger, “metafísica” é o cerne do filosofar, marcado pelo esquecimento do ser. Tendo privilegiado o ente (conjunto de todos os seres), procurando-lhe a região suprema, toda a filosofia foi destinada a ignorar a pergunta explícita pelo ser. “Qual é o sentido de ‘ser’?”, pergunta a obra principal de Heidegger, Ser e tempo. Essa pergunta é diferente da pergunta “O que é ser?”, cujo formato levaria a confundir ser com ente. De um ente podemos dizer o que é, dar- -lhe definição, encontrar suas características; mas ser não tem características, é indefinível, não se reporta a nenhum gênero – e, mesmo assim, seu significado parece óbvio. Todos sabemos o que ser significa, mas ninguém pode dizer algo a respeito.
Com base nisso, o primeiro parágrafo da obra mencionada aduz os três grandes preconceitos por meio dos quais a filosofia ter-se-ia dispensado de investigar o ser. São eles: ser é maximamente universal, e por isso não podemos conhecê-lo (já que conhecer algo seria dizer a que gênero pertence e qual a diferença que o especifica); ser é indefinível; ser é evidente por si mesmo em todo comportamento humano. Em contrapartida, o pensador alemão afirma: da máxima universalidade só descobrimos que ser não é ente; da indefinibilidade somente descobrimos que o discurso sobre ser não é o da definição, não é a linguagem a que estamos habituados no senso comum ou nas ciências, uma vez que estas tratam dos entes; da evidência do significado de ser em todo comportamento descobrimos a tarefa de dar fundamento a essa evidência, já que sabemos sem nada poder dizer, isto é, sabemos sem saber.
Partindo do enunciado e de seus conhecimentos, assinale a alternativa INCORRETA.
Questão 12 645289
Unioeste 2ª Etapa Tarde 2019O filósofo alemão Martin Heidegger publicou, em 1927, sua obra Ser e tempo, que rapidamente ganhou notoriedade e ocupa posição central nos debates de várias correntes e temas filosóficos. Entre as inovações da obra, está a elevação da tonalidade afetiva ao centro da possibilidade de compreensão do mundo. Compreendemos algo sempre situado em algum contexto: primeiro dá-se algo como sala de aula, ou como sala de visitas, ou como sala de jogos, e somente por abstração imaginaríamos uma ‘pura sala’, a ‘sala em si mesma’. Toda compreensão é, assim, interpretativa (algo aparece sempre como algo, x aparece como sala de aula, etc.). Mas, além disso, toda compreensão é atravessada por tonalidade afetiva. Nunca se está apenas puramente em uma sala de aula; está-se ali de algum modo, tocado por uma tonalidade de afeto: tédio, ansiedade, cansaço, alegria, expectativa... A tonalidade mostra, abre, unifica a sala de aula, que, sem isso, seria um ajuntamento de partes. O ‘como aparece’ antecede o ‘o que aparece’: os entes não são essências determinadas, eles dependem do modo de aparecimento, que inclui interpretação e tonalidade afetiva.
Essa ontologia diverge frontalmente da metafísica da substância, ligada a certa leitura do aristotelismo. Segundo essa metafísica, o conhecimento verdadeiro e ‘primeiro’ dos entes implica visualizar sua substância ou essência, o que se faz e se expressa na definição, que diz o que é x.
Com base nas indicações precedentes, assinale a alternativa CORRETA.
Questão 27 6304868
PUC-GO 2018/1TEXTO
1
Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu. Dormia no meu quarto, quando pela manhã acordei com um enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para todos os cantos. O quarto de dormir de meu pai estava cheio de pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe estendida no chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gente toda que estava ali olhava para o quadro como se estivesse em um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em sangue, e corri para beijá-la, quando me pegaram pelo braço com força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fazer nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então que todos saíssem, que só podia ficar ali a polícia e mais ninguém.
Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre o fato eram os mais variados. O criado, pálido, contava que ainda dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para cima, vira o meu pai com o revólver na mão e minha mãe ensanguentada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia compreender.
O que eu sentia era uma vontade desesperada de ir para junto de meus pais, de abraçar e beijar minha mãe. Mas a porta do quarto estava fechada, e o homem sério que entrara não permitia que ninguém se aproximasse dali. O criado e a ama, diziam, estavam lá dentro em interrogatório. O que se passou depois não me ficou bem na memória.
À tarde o criado leu para a gente da cozinha os jornais com os retratos grandes de minha mãe e de meu pai. Ouvi aquilo como se fosse uma história de Trancoso. Pareciam-me tão longe, já, os fatos da manhã, que aquela narrativa me interessava como se não fossem os meus pais os protagonistas. Mas logo que vi na página de um dos jornais a minha mãe estendida, com os cabelos soltos e a boca aberta, caí num choro convulso. Levaram-me então para a praça que ficava perto de minha casa. Lá estavam outros meninos do meu tamanho, e eu brinquei com eles a tarde toda. As criadas é que conversavam muito sobre o meu pai e a minha mãe, contando umas às outras coisas a que eu não prestava atenção, pois no que eu cuidava era nos meus brinquedos com os amigos.
Na hora de dormir foi que senti de verdade a ausência de minha mãe. A casa vazia e o quarto dela fechado. Um soldado ficara tomando conta de tudo. As criadas de perto queriam vir conversar por ali. O soldado não consentia. Botaram-me para dormir sozinho. E o sono demorou a chegar. Fechava os olhos, mas me faltava qualquer coisa. Pela minha cabeça passavam, às pressas e truncados, os sucessos do dia. Então comecei a chorar baixinho para os travesseiros, um choro abafado de quem tivesse medo de chorar.
(REGO, José Lins do. Menino de engenho. 102. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010. p. 25-26.)
O Texto relata uma tragédia: um menino que presencia o assassinato da mãe pelo pai. Esse relato pode nos conduzir a diversas reflexões. É inevitável a morte, mas é importante rever valores, para distinguir o fútil do prioritário. Segundo Sócrates, o filósofo teria como única ocupação preparar-se para morrer.
Já que o nosso tema é a morte, analise as afirmativas a seguir e marque a alternativa correta:
Questão 14 128836
Unioeste 2° Dia 2017Martin Heidegger (1889-1976) afirmou: “ser homem já significa filosofar”. Sua tese é a seguinte: o homem se caracteriza pela distinção entre o “é” e as características de qualquer coisa, ou seja, de qualquer ente; com isso, no encontro cotidiano com os entes, antecipadamente (antes de encontrá-los e conhecê-los) sabemos (a) que eles são e (b) que eles não são o “ser”, que são diferentes de sua “existência”. Eis por que todos podemos, a qualquer instante, nos lançar às perguntas pelo ser dos entes e pelo sentido do ser em geral, ou seja, às perguntas filosóficas. Independente de filosofarmos expressamente, as questões e a força para a investigação, portanto, estariam na raiz mesma de nosso ser, e precedem todo conhecimento e pensamento aplicado.
De modo análogo, a primeira frase da Metafísica de Aristóteles afirma: “Todos os seres humanos tendem essencialmente ao Saber”. Essa tendência essencial significa que uma propensão para o Saber está presente, ainda que inexplorada, em todos os seres humanos. Como Aristóteles escolheu, para o Saber, uma palavra grega que se assemelha ao “Ver” imediato (eidénai), pode-se compreender que se trata tanto do conhecimento em geral quanto (e principalmente) do Saber metafísico, sobre o princípio essencial ou estrutura metafísica da realidade. Em suma, Aristóteles já estaria dizendo que ser homem significa filosofar.
Com base no que foi dito, marque a alternativa CORRETA.
Questão 115 98187
UnB 1° Dia 2012/2 A dúvida pode significar o fim de uma fé, ou pode significar o começo de outra. Em dose moderada, estimula o pensamento. Em excesso, paralisa-o. A dúvida, como exercício intelectual, proporciona um dos poucos prazeres puros, mas, como experiência moral, ela é uma tortura. Aliada à curiosidade, é o berço da pesquisa e assim de todo conhecimento sistemático. Em estado destilado, mata toda curiosidade e é o fim de todo conhecimento.
O ponto de partida da dúvida é sempre uma fé, uma certeza. A fé é, pois, o estado primordial do espírito. O espírito “ingênuo” e “inocente” crê. Essa ingenuidade e inocência se dissolvem no ácido corrosivo da dúvida, e o clima de autenticidade se perde irrevogavelmente. As tentativas dos espíritos corroídos pela dúvida de reconquistar a autenticidade, a fé original, não passam de nostalgias frustradas em busca da reconquista do paraíso perdido. As certezas originais postas em dúvida nunca mais serão certezas autênticas. Tal dúvida, metodicamente aplicada, produzirá novas certezas, mais refinadas e sofisticadas, mas essas certezas novas não serão autênticas. Conservarão sempre a marca da dúvida que lhes serviu de parteira.
A dúvida, portanto, é absurda, pois substitui a certeza autêntica pela certeza inautêntica. Surge, portanto, a pergunta: “por que duvido?” Essa pergunta é mais fundamental do que a outra: “de que duvido?” Trata-se, portanto, do último passo do método cartesiano: duvidar da dúvida — duvidar da autenticidade da dúvida. A pergunta “por que duvido?” engendra outra: “duvido mesmo?”
Descartes, e com ele todo o pensamento moderno, parece não dar esse último passo. Aceita a dúvida como indubitável.
Vilém Flusser. A dúvida. São Paulo: Editora Annablume, 2011, p. 21-2 (com adaptações).
Tendo o texto acima como referência inicial, julgue o item.
Em análises fenomenológicas, como a de Heidegger, o ato de duvidar tem a mesma proeminência do ato de se angustiar, uma vez que, para esse autor, tanto a dúvida quanto a angústia pressupõem um objeto.
Questão 24 146805
UEA - Geral 2012O existencialismo foi um movimento filosófico do século XX. Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre, Maurice Merleau-Ponty escreveram e publicaram livros sobre o existencialismo. Embora houvesse diferenças entre pensamentos e pensadores existencialistas, um princípio filosófico lhes era comum, segundo o qual