Questões de Filosofia - Filosofia contemporânea - Pós-estruturalismo - Diversos pensadores
31 Questões
Questão 76 13479209
ENEM 1º Dia (Azul) 2024Resumamos os principais caracteres de um rizoma: diferentemente das árvores ou de suas raízes, o rizoma conecta um ponto qualquer com outro ponto qualquer e cada um de seus traços não remete necessariamente a traços da mesma natureza. Contra os sistemas centrados (e mesmo policentrados), de comunicação hierárquica e ligações preestabelecidas, o rizoma é um sistema a-centrado na hierarquia e não significante, sem general, sem memória organizado ou autônomo de sujeito, unicamente definido por uma circulação de estados.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs. São Paulo: Editora 34, 1995 (adaptado).
Qual elemento da cultura contemporânea se relaciona às características do conceito de rizoma, conforme descrito no texto?
Questão 87 1360840
UECE 2ª Fase 2° Dia 2019/2“O massacre físico do povo palestino se sustenta na sua eliminação simbólica. Armas, imagens e palavras são dispositivos bélicos, cada um com sua especificidade, mas todos articulados em torno de um objetivo estratégico: o povo palestino deve desaparecer. É da imaterialidade das palavras e imagens que Israel estrutura a legitimação da violência. Em que consiste esta violência simbólica? Há dois eixos discursivos conectados: o não reconhecimento da existência de um povo que habitava as terras que serviriam para o território-cemitério de Israel (‘cemitério’ porque em cada pedaço de metro quadrado construído por Israel há uma história assassinada, memórias negadas, corpos palestinos enterrados). Por outro, a ressignificação do ‘árabe’ como ser genérico, sem rosto, sem singularidade.”
BENTO, Berenice. Os muros que separam os palestinos do mundo. In: Outras palavras. Publicado em 28/05/2019. Disponível em: https://outraspalavras.net/geopoliticaeguerra/cartilhapara-riscar-os-palestinos-do-mapa/
Na passagem acima, as expressões “imagens e palavras são dispositivos bélicos” e “eixos discursivos conectados” correspondem à concepção de poder
Questão 73 602308
UFPR 2019Em um texto chamado “Resposta à questão: o que é esclarecimento?”, Kant afirma que o “esclarecimento é a saída do homem da menoridade”. Afirma também que a “menoridade é a incapacidade de servir-se do próprio entendimento sem direção alheia” e que “o homem é o culpado por esta incapacidade, quando sua causa resulta na falta, não do entendimento, mas de resolução e coragem para fazer uso dele sem a direção de outra pessoa”.
(KANT, Resposta à questão: O que é esclarecimento? In: MARÇAL, J.; CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (Org.). Antologia de Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 407.)
Por sua vez, Foucault afirma: “Houve, durante a época clássica, uma descoberta do corpo como objeto e alvo do poder. Encontraríamos facilmente sinais dessa grande atenção dedicada então ao corpo – ao corpo que se manipula, se modela, se treina, que obedece, responde, se torna hábil ou cujas forças se multiplicam [...]”, referindo-se a um corpo (homem) que se torna ao mesmo tempo analisável e manipulável.
(FOUCAULT, Michel. Os corpos dóceis. In: FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Trad. Ligia M. Pondé Vassalo. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1987, p. 125.).
Com base nos dois textos e no pensamento desses filósofos, considere as afirmativas abaixo:
1. O Esclarecimento seria uma espécie de menoridade intelectual e corresponderia à afirmação da religião como ponto de partida para o homem tomar suas principais decisões.
2. Enquanto Kant se preocupa em avaliar o quanto os indivíduos são responsáveis por se deixarem dirigir por outros, Foucault trata de mostrar os modos como a sociedade torna o homem manipulável.
3. Tanto Kant quanto Foucault se questionam pelo nível de autonomia do homem, ambos, porém, a partir de abordagens diferentes e chegando a conclusões diferentes.
4. Fica claro no texto de Foucault que a idade clássica favorece o autoconhecimento e a autonomia de pensamento.
Assinale a alternativa correta.
Questão 51 12644226
UNIFOR Demais Cursos 2024/2Texto para a questão.
A Vida é Selvagem
Por Ailton Krenak 13/12/2022
Avida é selvagem. Esse é um elemento essencial para um pensamento que tem me provocado: como a ideia de que a vida é selvagem poderia incidir sobre a produção do pensamento urbanístico hoje? É uma convocatória a uma rebelião do ponto de vista epistemológico, de colaborar com a produção de vida. Quando falo que a vida é selvagem, quero chamar a atenção para uma potência de existir que tem uma poética esquecida, abandonada pelas escolas, formadoras de profissionais que perpetuam a lógica de que a civilização é urbana, de que tudo fora das cidades é bárbaro, primitivo – e que a gente pode tacar fogo.
Como atravessar o muro das cidades? Quais possíveis implicações poderiam existir entre comunidades humanas que vivem na floresta e as que estão enclausuradas nas metrópoles? Pois se a gente conseguir fazer com que continue existindo florestas no mundo, existirão comunidades dentro delas. Eu vi um número que a World Wide Fund for Nature (WWF) publicou em um relatório, dizendo que 1,4 bilhão de pessoas no mundo dependem da floresta, no sentido de ter uma economia ligada a ela. Não é a turma das madeireiras, não: é uma economia que supõe que os humanos que vivem ali precisam de floresta para viver. [...]
Aí eu me pergunto: como fazer a floresta existir em nós, em nossas casas, em nossos quintais? Podemos provocar o surgimento de uma experiência de florestania começando por contestar essa ordem urbana sanitária ao dizer: eu vou deixar o meu quintal cheio de mato, quero estudar a gramática dele. Como eu acho no meio do mato um ipê, uma peroba rosa, um jacarandá? E se eu tivesse um buritizeiro no quintal?
Temos que parar com essa fúria de meter asfalto e cimento em cima de tudo. [...]
Disponível em: https://www.amazonialatitude. com/2022/12/13/a-vida-e-selvagem/. Acesso em: 26 abr. 2024.
O texto deAilton Krenak possui o principal objetivo de
Questão 40 9363074
UNICENTRO 2023Leia o texto a seguir.
Visto que a autoridade sempre exige obediência, ela é comumente confundida com alguma forma de poder ou violência. Contudo, a autoridade exclui a utilização de meios externos de coerção; onde a força é usada, a autoridade em si mesmo fracassou. A autoridade, por outro lado, é incompatível com a persuasão, a qual pressupõe igualdade e opera mediante um processo de argumentação. Onde se utilizam argumentos, a autoridade é colocada em suspenso. Contra a ordem igualitária da persuasão ergue-se a ordem autoritária, que é sempre hierárquica. Se a autoridade deve ser definida de alguma forma, deve sê-lo, então, tanto em contraposição à coerção pela força como à persuasão através de argumentos.
(ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 2009. p. 129.)
Em relação à descrição das características da autoridade por Arendt, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.
( ) O respeito à autoridade é característica dos regimes totalitários.
( ) A autoridade pode se consolidar em instituições que garantem a estabilidade de uma sociedade.
( ) O tirano é o representante máximo da autoridade.
( ) A autoridade tem por objetivo a preservação de certos princípios.
( ) A autoridade garante a continuidade entre passado e presente.
Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.
Questão 7 12720570
UECE 1ª Fase 2022/2Texto
Ser leve e líquido
(Zygmunt Bauman)
A elite global contemporânea é
formada no padrão do velho estilo dos
“senhores ausentes”. Ela pode dominar sem
se ocupar com a administração,
[5] gerenciamento, bem-estar, ou, ainda, com a
missão de “levar a luz”, “reformar os modos”,
elevar moralmente, “civilizar” e com cruzadas
culturais. O engajamento ativo na vida das
populações subordinadas não é mais
[10] necessário (ao contrário, é fortemente
evitado como desnecessariamente custoso e
ineficaz) — e, portanto, o “maior” não só não
é mais o “melhor”, mas carece de significado
racional. Agora é o menor, mais leve e mais
[15] portátil que significa melhoria e “progresso”.
Mover-se leve, e não mais aferrar-se a coisas
vistas como atraentes por sua confiabilidade
e solidez — isto é, por seu peso,
substancialidade e capacidade de resistência
[20] — é hoje recurso de poder.
Fixar-se ao solo não é tão importante
se o solo pode ser alcançado e abandonado à
vontade, imediatamente ou em pouquíssimo
tempo. Por outro lado, fixar-se muito
[25] fortemente, sobrecarregando os laços com
compromissos mutuamente vinculantes, pode
ser positivamente prejudicial, dadas as novas
oportunidades que surgem em outros
lugares. Rockefeller pode ter desejado
[30] construir suas fábricas, estradas de ferro e
torres de petróleo altas e volumosas e ser
dono delas por um longo tempo (pela
eternidade, se medirmos o tempo pela
duração da própria vida ou pela da família).
[35] Bill Gates, no entanto, não sente remorsos
quando abandona posses de que se
orgulhava ontem; é a velocidade atordoante
da circulação, da reciclagem, do
envelhecimento, do entulho e da substituição
[40] que traz lucro hoje — não a durabilidade e
confiabilidade do produto. Numa notável
reversão da tradição milenar, são os grandes
e poderosos que evitam o durável e desejam
o transitório, enquanto os da base da
[45] pirâmide — contra todas as chances — lutam
desesperadamente para fazer suas frágeis,
mesquinhas e transitórias posses durarem
mais tempo. Os dois se encontram hoje em
dia principalmente nos lados opostos dos
[50] balcões das mega-liquidações ou de vendas
de carros usados.
A desintegração da rede social, a
derrocada das agências efetivas de ação
coletiva, é recebida muitas vezes com grande
[55] ansiedade e lamentada como “efeito
colateral” não previsto da nova leveza e
fluidez do poder cada vez mais móvel,
escorregadio, evasivo e fugitivo. Mas a
desintegração social é tanto uma condição
[60] quanto um resultado da nova técnica do
poder, que tem como ferramentas principais
o desengajamento e a arte da fuga. Para que
o poder tenha liberdade de fluir, o mundo
deve estar livre de cercas, barreiras,
[65] fronteiras fortificadas e barricadas. Qualquer
rede densa de laços sociais, e em particular
uma que esteja territorialmente enraizada, é
um obstáculo a ser eliminado. Os poderes
globais se inclinam a desmantelar tais redes
[70] em proveito de sua contínua e crescente
fluidez, principal fonte de sua força e garantia
de sua invencibilidade. E são esse derrocar, a
fragilidade, o quebradiço, o imediato dos
laços e redes humanos que permitem que
[75] esses poderes operem.
Se essas tendências entrelaçadas se
desenvolvessem sem freios, homens e
mulheres seriam reformulados no padrão da
toupeira eletrônica, essa orgulhosa invenção
[80] dos tempos pioneiros da cibernética
imediatamente aclamada como arauto do
porvir: um plugue em castores atarantados
na desesperada busca de tomadas a que se
ligar. Mas no futuro anunciado pelos
[85] telefones celulares, as tomadas serão
provavelmente declaradas obsoletas e de
mau gosto, e passarão a ser fornecidas em
quantidades cada vez menores e com
qualidade cada vez mais duvidosa. No
[90] momento, muitos fornecedores de
eletricidade exaltam as vantagens da
conexão a suas respectivas redes e disputam
os favores dos que procuram por tomadas.
Mas a longo prazo (o que quer que “longo
[95] prazo” signifique na era da instantaneidade)
as tomadas serão provavelmente banidas e
suplantadas por baterias descartáveis
compradas individualmente nas lojas e em
oferta em cada quiosque de aeroporto e
[100] posto de gasolina ao longo das estradas.
Essa parece ser a distopia feita sob
medida para a modernidade líquida.
BAUMAN, Zygmunt. Ser leve e líquido. In: BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Tradução de Plínio Dentzien. São Paulo: Zahar, 2008. p. 17-18.
Leia o trecho a seguir: "Mas a desintegração social é tanto uma condição quanto um resultado da nova técnica do poder, que tem como ferramentas principais o desengajamento e a arte da fuga". (linhas 58-62)
Atente para o que se diz sobre o trecho acima:
I. Os prefixos de negação em "desintegração" e "desengajamento" correspondem à ideia de desprendimento do padrão de solidez de um modelo de sociedade fadado ao fim.
III. A conjunção adversativa "Mas" redireciona o enunciado do parágrafo, reforçando a reformulação das novas estruturas de poder.
IIIII. O pronome relativo "que" retoma a expressão "nova técnica do poder".
Está correto o que se afirma em
Pastas
06