Questões de Literatura - Teoria literária
No bloco superior abaixo, estão listados os nomes de importantes obras do teatro brasileiro; no inferior, características gerais dessas obras.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1 - Álbum de família
2 - Auto da Compadecida
3 - Dois perdidos numa noite suja
4 - O pagador de promessas
5 - O santo e a porca
( ) A obra de Nélson Rodrigues apresenta o casal de primos, Jonas e Senhorinha, que tem desejos voltados somente aos filhos: o mais velho, Nonô, enlouquece de desejo pela mãe; o do meio, Edmundo, volta para casa, pois não deseja a esposa, já que é apaixonado pela mãe; Guilherme, o mais jovem, no seminário, mutila-se por não suportar o desejo pela irmã; Glória, a adolescente, é desejada pelo pai, que desvirgina as mocinhas das redondezas pensando ser a caçula.
( ) A história acompanha Zé-do-burro e sua mulher Rosa. Zé vê seu melhor amigo, o burro Nicolau, ser atingido por um raio e decide fazer uma promessa para Santa Bárbara, correspondente à Iansã no Candomblé, em um terreiro para salvar o animal. Sua promessa consiste em atravessar sete léguas, carregando uma cruz, até cumpri-la em uma igreja, o que não lhe foi permitido realizar por causa da intolerância da igreja católica, representada pelo padre Olavo.
( ) A peça de Plínio Marcos concentra as ações num quarto de pensão, em cujo espaço dois homens, Tonho e Paco, conversam sobre a dureza de suas vidas e duelam continuamente entre golpes físicos e ataques verbais, mostrando a intensidade de suas posições, que, às vezes, são trocadas, pois são de mundos distintos. Aos poucos, o diálogo adquire contornos grotescos e violentos, até culminar no assassinato de Tonho por Paco.
( ) João Grilo e Chicó são amigos inseparáveis que protagonizam a história vivida no sertão nordestino; são assolados pela fome, pela aridez, pela seca, pela violência e pela pobreza, e sobrevivem num ambiente hostil e miserável, valendo-se de sagacidade e da perspicácia para contornarem suas adversidades. Essa peça de Ariano Suassuna é marcada pela linguagem oral, e a maioria das personagens é corrompida pelo dinheiro, inclusive os religiosos.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
Leia o trecho inicial do conto “Miss Dollar”, de Machado de Assis, para responder à questão.
Era conveniente ao romance que o leitor ficasse muito tempo sem saber quem era Miss Dollar. Mas por outro lado, sem a apresentação de Miss Dollar, seria o autor obrigado a longas digressões, que encheriam o papel sem adiantar a ação. Não há hesitação possível: vou apresentar-lhes Miss Dollar.
Se o leitor é rapaz e dado ao gênio melancólico, imagina que Miss Dollar é uma inglesa pálida e delgada, escassa de carnes e de sangue, abrindo à flor do rosto dous grandes olhos azuis e sacudindo ao vento umas longas tranças louras. A moça em questão deve ser vaporosa e ideal como uma criação de Shakespeare; deve ser o contraste do roastbeef britânico, com que se alimenta a liberdade do Reino Unido [...] A sua fala deve ser um murmúrio de harpa- -eólia1 ; o seu amor um desmaio, a sua vida uma contemplação, a sua morte um suspiro.
A figura é poética, mas não é a da heroína do romance. Suponhamos que o leitor não é dado a estes devaneios e melancolias; nesse caso imagina uma Miss Dollar totalmente diferente da outra. Desta vez será uma robusta americana, vertendo sangue pelas faces, formas arredondadas, olhos vivos e ardentes, mulher feita, refeita e perfeita. [...]
Já não será do mesmo sentir o leitor que tiver passado a segunda mocidade e vir diante de si uma velhice sem recurso. Para esse, a Miss Dollar verdadeiramente digna de ser contada em algumas páginas, seria uma boa inglesa de cinquenta anos, dotada com algumas mil libras esterlinas, e que, aportando ao Brasil em procura de assunto para escrever um romance, realizasse um romance verdadeiro, casando com o leitor aludido. [...]
Mais esperto, que os outros, acode um leitor dizendo que a heroína do romance não é nem foi inglesa, mas brasileira dos quatro costados, e que o nome de Miss Dollar quer dizer simplesmente que a rapariga é rica.
A descoberta seria excelente, se fosse exata; infelizmente nem esta nem as outras são exatas. A Miss Dollar do romance não é a menina romântica, nem a mulher robusta, nem a velha literata, nem a brasileira rica. Falha desta vez a proverbial perspicácia dos leitores; Miss Dollar é uma cadelinha galga2.
(Todos os contos, 2019. Adaptado.)
1harpa-eólia: instrumento musical antigo em que o som é produzido pela fricção do vento em cordas tensionadas.
2galgo: raça canina cujos indivíduos têm patas e pescoço alongados.
No livro A ilusão do fausto, a autora Edineia Mascarenhas Dias faz considerações sobre a cidade de Manaus na passagem do século XIX para o século XX.
A autora dá destaque no livro
A cartomante
HAMLET observa a Horácio que há mais causas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.
— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: “A senhora gosta de uma pessoa...” Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade.
— Errou! interrompeu Camilo, rindo.
ASSIS, Machado de. A cartomante. Disponível em: http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/ MachadodeAssis/acartomante.htm. Acesso em: 13 mar. 2023. [Fragmento]
O efeito narrativo provocado pelo sinal de dois-pontos nesse fragmento do conto é
Leia o fragmento da peça teatral A pena e a lei, de Ariano Suassuna, para responder a QUESTÃO.
PRIMEIRO ATO
O primeiro Ato de A pena e a lei denomina-se “A inconveniência de ter coragem”. Deve ser encenado como se se tratasse de uma representação de mamulengos, com os atores caracterizados como bonecos de teatro nordestino, com gestos mecanizados e rápidos. [...]
Com a introdução terminando, os personagens arreiam dentro do mamulengo, como se fossem bonecos, e Cheiroso anuncia o espetáculo.
CHEIROSO
Atenção, respeitável público, vai começar o espetáculo!
CHEIROSA
Vai começar o espetáculo!
CHEIROSO
Vai começar o maior espetáculo teatral do País!
CHEIROSA
Vai começar o maior espetáculo músico-teatral do universo!
CHEIROSO
O presente presépio de hilariante teatral denomina-se A pena e a lei porque nele se verão funcionando algumas leis e castigos que se inventaram para disciplinar os homens. E, como era de esperar, tudo isso tem de começar por algumas transgressões da lei, pois quando se traçam normas e sanções, aparece logo alguém para transgredi-las e desafiálas!
Fonte: SUASSUNA, Ariano. A pena e a lei. Rio de Janeiro: Editora Agir, 2005, p. 09-12. [Fragmento]
Sobre o fragmento, assinale a alternativa CORRETA. O título, o tipo de encenação e a caracterização dos personagens, respectivamente, indicam:
Analise as asserções a seguir, relativas ao romance A Sibila, de Agustina Bessa-Luís.
I. A personagem Quina conota dependência emocional, por isso aspira ao casamento, em vez de aspirar à autonomia financeira fora do matrimônio.
II. O narrador aborda aspectos da condição sócio-histórica e psicossocial feminina, entre eles, a relação entre dinheiro, casamento e independência.
III. A localização do enredo, no Norte de Portugal, intensifica supostos comportamentos de gênero esperados de Quina.
IV. O choque geracional entre mulheres da mesma família inexiste no romance; assim como inexistem argumentos que envolvem questões financeiras.
V. Quina problematiza o casamento e a maternidade como traços fundamentais para a constituição do papel social da mulher.
Assinale a alternativa que apresenta apenas asserções corretas.
Leia o comentário crítico de João Pacheco, para responder à questão.
O sentimentalismo excessivo, que chegava por vezes ao pieguismo vulgar, o predomínio da imaginação, o subjetivismo avassalador, o transbordamento do eu, cansavam. Os temas se repetiam, a linguagem se descuidava, as concepções se tornavam convencionais. O emprego preferencial de alguns metros acabara por enfarar. Não menos enfadava a predileção por determinadas formas de composição, que ficaram por demais batidas. Causa de enfado era também a repetição constante do mesmo ritmo. Desgostava ainda o uso de metáforas e imagens que se haviam transformado em domínio comum. Enfim, este movimento havia perdido sua seiva e exauria-se na imitação.
(João Pacheco. A literatura brasileira, vol. III, 1963. Adaptado.)
O comentário crítico trata do esgotamento da literatura