Questões de Literatura - Contemporânea
Leia os poemas para responder a QUESTÃO
Texto I
Cá
Enquanto houver silêncio
haverá poesia
e gente
cavoucando o dia.
Fonte: PEDREIRA, Célio. As tocantinas. Palmas-TO: EDUFT, 2014, p. 31.
Texto II
esvaziar-se
depois de tantos textos
o amor vai se acabando sem palavras
nem poema nem verso nem memorando
nenhuma ata a atestar o fim
o amor se esvai com o tempo, o calor, a vida
desfeito em muitos silêncios
Fonte: SILVA, Luiza Helena Oliveira da. Solau do mal de amor. Palmas-TO: EDUFT, 2016, p. 45.
Analise as afirmativas em relação aos poemas de Célio Pedreira e Luiza Helena Oliveira da Silva:
I. O texto I propõe que o silêncio escava a terra.
II. O texto I propõe que o silêncio é propício ao fazer poético.
III. O texto II propõe que o silêncio é maior que a poesia.
IV. O texto II propõe que o silêncio finda o amor.
Assinale a alternativa CORRETA:
Assinale a obra do Século XX que retoma, explicitamente, aspectos de caráter fundacional de nossa identidade literária trabalhados pelos autores nacionalistas do Século XIX:
Texto
Como ocorre com os emojis e stikers, a visualidade é também explorada na composição de textos poéticos, tomando parte em sua significação.
No poema concreto de Décio Pignatari, há um jogo fonético e visual, pela troca das vogais, nos vocábulos LIXO e LUXO, com intenção de:
Cálice
Como beber dessa bebida amarga?
Tragar a dor, engolir a labuta?
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta.
Chico Buarque e Gilberto Gil
Cálice (versão)
Há preconceito com o nordestino
Há preconceito com o homem negro
Há preconceito com o analfabeto
Mas não há preconceito se um dos três for rico, pai
A ditadura segue meu amigo Milton
A repressão segue meu amigo Chico
Me chamam Criolo e o meu berço é o rap
Mas não existe fronteira pra minha poesia, pai.
Criolo
Com relação à canção Cálice, de Chico Buarque e Gilberto Gil, e à versão dessa canção feita pelo rapper Criolo, julgue o item.
No verso “Mesmo calada a boca, resta o peito”, da letra composta por Chico Buarque e Gilberto Gil, as palavras “boca” e “peito” remetem, respectivamente, à expressão, que está reprimida, e ao sentimento, que persiste mesmo no silêncio.
Leia o seguinte texto.
A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS
Autor: Marcus Zusak
Tradutora: Vera Ribeiro
Sinopse: Ao perceber que a pequena Liesel Meminger, uma ladra de livros, lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. A mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler. Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que lhe dá lições de leitura. Alfabetizada sob vistas grossas da madrasta, Liesel canaliza urgências para a literatura. Em tempos de livros incendiados, ela os furta, ou os lê na biblioteca do prefeito da cidade. A vida ao redor é a pseudorealidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela História.
Disponível em: https://www.livrariacultura.com.br/p/livros/literaturainternacional/romances/a-menina-que-roubava-livros-1859015. Acesso em: 29 ago. 2018.
De acordo com o texto, assinale a alternativa correta.
INSTRUÇÃO: Responder à questão com base no texto.
TEXTO
Por volta de 1914, Galib inaugurou o restauran-
te Biblos no térreo da casa. O almoço era servido
às onze, comida simples, mas com sabor raro. Ele
mesmo, o viúvo Galib, cozinhava, ajudava a servir
[5] e cultivava a horta, cobrindo-a com um véu de tule
para evitar o sol abrasador. No Mercado Municipal,
escolhia uma pescada, um tucunaré ou um matrinxã,
recheava-o com farofa e azeitonas, assava-o no forno
de lenha e servia-o com molho de gergelim. Entrava
[10] na sala do restaurante com a bandeja equilibrada
na palma da mão esquerda; a outra mão enlaçava
a cintura de sua filha Zana. Iam de mesa em mesa
e Zana oferecia guaraná, água gasosa, vinho. O pai
conversava em português com os clientes do restau-
[15] rante: mascateiros, comandantes de embarcação,
regatões, trabalhadores do Manaus Harbour. Desde
a inauguração, o Biblos foi um ponto de encontro de
imigrantes libaneses, sírios e judeus marroquinos que
moravam na praça Nossa Senhora dos Remédios e
[20] nos quarteirões que a rodeavam. Falavam português
misturado com árabe, francês e espanhol, e dessa
algaravia surgiam histórias que se cruzavam, vidas em
trânsito, um vaivém de vozes que contavam um pouco
de tudo: um naufrágio, a febre negra num povoado
[25] do rio Purus, uma trapaça, um incesto, lembranças
remotas e o mais recente: uma dor ainda viva, uma
paixão ainda acesa, a perda coberta de luto, a es-
perança de que os caloteiros saldassem as dívidas.
Comiam, bebiam, fumavam, e as vozes prolongavam
[30] o ritual, adiando a sesta.
Adaptado de: HATOUM, Milton. Dois irmãos. São Paulo: Companhia das Letras, São Paulo, 2006.
Preencha as lacunas da citação abaixo, em que um crítico, ao analisar o romance Dois irmãos, apresenta aspectos possíveis de serem identificados no excerto literário selecionado.
“A ênfase _________ do romance proporciona um conjunto de imagens orientais que, embora não se prendam ao aspecto da materialidade direta, se coadunam e se colam a imagens inerentes a múltiplas _________. São conjuntos imagéticos que desenham uma espécie de mosaico _________ capaz de surpreender não somente a condição diaspórica dos povos oriundos do Oriente Médio, radicados em Manaus (...), mas a trajetória humana em busca da sobrevivência.”
Adaptado de: ASSIS, Rodirlei Silva Dois irmãos ou um ‘eu’ dividido.Revista Alĕre. Tangará da Serra, v. 6, p. 151-172, 2012. Disponível em: https://periodicos.unemat.br/ index.php/alere/article/view/511/441