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Acesse GrátisQuestões de Literatura - Textos Literários
Questão 43 8482650
UNITINS Caderno 2 2023“Tais eram as reflexões que eu vinha fazendo, por aquele Valongo fora, logo depois de ver e ajustar a casa. Interrompeumas um ajuntamento; era um preto que vergalhava outro na praça. O outro não se atrevia a fugir; gemia somente estas únicas palavras: - Não, perdão, meu senhor; meu senhor, perdão! - Mas o primeiro não fazia caso, e, a cada súplica, respondia com uma vergalhada nova.
- Toma, diabo! - dizia ele; toma mais perdão, bêbado!
- Meu senhor! - gemia o outro.
- Cala a boca, besta! - replicava o vergalho.
Parei, olhei...
Justos céus! Quem havia de ser o do vergalho? Nada menos que o meu moleque Prudêncio - o que meu pai libertara alguns anos antes. Cheguei-me; ele deteve-se logo e pediu-me a bênção; perguntei-lhe se aquele preto era escravo dele.
- É, sim, nhonhô.
- Fez-te alguma coisa?
- É um vadio e um bêbado muito grande. Ainda hoje deixei ele na quitanda, enquanto eu ia lá embaixo na cidade, e ele deixou a quitanda para ir na venda beber.
- Está bom, perdoa-lhe – disse eu.
- Pois, não, nhonhô. Nhonhô manda, não pede. Entra para casa, bêbado!”
ASSIS, Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: FTD, 1991, p. 111.
A partir do fragmento e da obra Memórias póstumas de Brás Cubas, avalie as assertivas a seguir.
I - Esse trecho exemplifica o comportamento agressivo de homens que eram escravos de grandes senhores, conforme o espírito de romances naturalistas no qual essa obra está inserida.
II - Prudêncio ostenta como proprietário (senhor) de um escravo. Entretanto, ao obedecer à ordem de Brás Cubas, seu antigo carrasco, Prudêncio retorna à condição de submisso da qual não havia saído. Ele demonstra não ter sido preparado para assumir o novo regime de vida com liberdade.
III - Ao espancar o escravo com violenta tirania, após ter sido alforriado, Prudêncio repete em outro preto o mesmo sofrimento pelo qual ele passara, antes de liberto, e seu comportamento revela ser o reflexo do sistema escravocrata praticado no Brasil.
É correto o que se afirma em
Questão 9 8490840
UNESP 2023/1Leia o soneto “Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia”, do poeta Gregório de Matos (1636-1696), para responder à questão.
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um bem frequente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres¹,
Posta nas palmas toda a picardia,
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.
(Gregório de Matos. Poemas escolhidos, 2010.)
1Trazidos sob os pés os homens nobres: na visão de Gregório de Matos, os mulatos em ascensão subjugam com esperteza os verdadeiros “homens nobres”.
O soneto de Gregório de Matos constitui um exemplo da sua poesia de teor
Questão 10 8490856
UNESP 2023/1Leia o soneto “Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia”, do poeta Gregório de Matos (1636-1696), para responder à questão.
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um bem frequente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres¹,
Posta nas palmas toda a picardia,
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.
(Gregório de Matos. Poemas escolhidos, 2010.)
1Trazidos sob os pés os homens nobres: na visão de Gregório de Matos, os mulatos em ascensão subjugam com esperteza os verdadeiros “homens nobres”.
No soneto, o eu lírico enraíza na cidade da Bahia a figuração tradicional do desconcerto do mundo.
No quadro da economia colonial, esse desconcerto do mundo mostra-se associado a um momento crítico da produção
Questão 12 8493417
UNESP 2023/2Para responder à questão, leia alguns trechos do “Prefácio Interessantíssimo” de Pauliceia Desvairada, de Mário de Andrade, obra considerada marco do Modernismo brasileiro e publicada originalmente em julho de 1922.
Leitor:
Está fundado o Desvairismo.
*
Este prefácio, apesar de interessante, inútil.
*
Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem pensar tudo
o que meu inconsciente me grita. Penso depois: não só para
corrigir, como para justificar o que escrevi. Daí a razão deste
Prefácio Interessantíssimo.
*
E desculpe-me por estar tão atrasado dos movimentos
artísticos atuais. Sou passadista, confesso. Ninguém pode se
libertar duma só vez das teorias-avós que bebeu; e o autor
deste livro seria hipócrita se pretendesse representar orienta-
ção moderna que ainda não compreende bem.
*
Não sou futurista (de Marinetti). Disse e repito-o.
Tenho pontos de contato com o futurismo. Oswald de Andra-
de, chamando-me de futurista, errou. A culpa é minha. Sabia
da existência do artigo e deixei que saísse. Tal foi o escânda-
lo, que desejei a morte do mundo. Era vaidoso. Quis sair da
obscuridade. Hoje tenho orgulho. Não me pesaria reentrar na
obscuridade. Pensei que se discutiram minhas ideias (que
nem são minhas): discutiram minhas intenções.
*
Um pouco de teoria?
Acredito que o lirismo, nascido no subconsciente, acriso-
lado num pensamento claro ou confuso, cria frases que são
versos inteiros, sem prejuízo de medir tantas sílabas, com
acentuação determinada.
(Mário de Andrade. Poesias completas, 2013.)
Mário de Andrade recorre à metalinguagem no seguinte trecho:
Questão 25 8493701
UNESP 2023/2Observe a reprodução da tela Morro de Favela, de Tarsila do Amaral.
A tela, produzida em 1924, traz elementos coincidentes com as propostas do Manifesto Pau-Brasil, como
Questão 11 8847412
UFT Manhã 2023Leia o fragmento de texto para responder a QUESTÃO.
As precárias condições higiênicas e sanitárias do Rio de Janeiro, nos idos de 1918, facilitam a expansão da pandemia. Fecham-se as escolas, numa tentativa de deter a praga. Depois, é o comércio que cerra as portas. Os remédios conhecidos são de pouco ou nenhum efeito. Alguns vendedores inescrupulosos oferecem elixires exóticos como a cura milagrosa. As pessoas não saem de casa temendo a contaminação, porém nada parece diminuir a virulência que invade a cidade e, por extensão, o país. [...] O pânico toma conta da população e fala-se do perigo iminente de um surto de cólera-morbo.
Fonte: SOARES, Jô. O homem que matou Getúlio Vargas: biografia de um anarquista. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 171- 172. (fragmento).
Em relação ao espaço ficcional do fragmento do romance de Jô Soares, assinale a alternativa CORRETA: