Questões de Literatura - Textos Literários
1.100 Questões
Questão 69 13224486
UFPR 2024Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, apresenta o relato de sua vida na favela, na forma de um diário. Considerando o trecho seguinte e a integridade do livro, assinale a alternativa correta.
3 de fevereiro (1959) Tenho de dizer que não escrevi nos dias que decorreram porque eu fiquei doente. Vou recapitular o que
ocorreu comigo nestes dias (...) A Fernanda veio e perguntou-me se eu sei onde está o cigano. É a mesma coisa que ela
perguntar-me onde é a casa do vento.
Disse que ele é muito bonito e que ela ia lá comprar pimenta só para vê-lo.
Durante os dias que eu estive doente o senhor Manoel não me deixou sem dinheiro.
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014. p. 159.
Questão 17 12067424
UERJ 2024/2CONTO “COPACABANA”
Copacabana, essa sim, eu conhecia de ponta a ponta, mas mesmo morando diante do mar, às vezes me sentia contaminado pelo lado sombrio do bairro. Visto de frente, eu era um adolescente de belas cores, o rosto bronzeado e uns olhos claros de fulminar as garotas que mirava na praia. Já minhas costas eram de pobre, apinhadas de cravos, espinhas, quistos e furúnculos (p. 91)
A descrição física do personagem o mostra como uma representação do bairro de Copacabana, também descrito.
Essa representação se constrói por meio de um recurso conhecido como:
Questão 15 10527034
FUVEST (USP) 2024Em Dois irmãos, de Milton Hatoum, os gêmeos Yaqub e Omar representam duas personalidades antagônicas que se enfrentam ao longo da narrativa.
A rivalidade entre eles tem como resultado:
Questão 14 13169515
ENEM PPL 1º dia 2023Dão Lalalão
Do povoado do Ão, ou dos sítios perto, alguém precisava urgente de querer vir por escutar a novela do rádio. Ouvia-a, aprendia-a, guardava na ideia, e, retornado ao Ão, no dia seguinte, a repetia a outros.
Assim estavam jantando, vinham os do povoado receber a nova parte da novela do rádio. Ouvir já tinham ouvido tudo, de uma vez, fugia da regra: falhara ali no Ão, na véspera, o caminhão de um comprador de galinhas e ovos, seo Abrãozinho Buristém, que carregava um rádio pequeno, de pilhas, armara um fio no arame da cerca... Mas queriam escutar outra vez, por confirmação. — “A estória é estável de boa, mal que acompridada: taca e não rende...” — explicava o Zuz ao Dalberto.
Soropita começou a recontar o capítulo da novela. Sem trabalho, se recordava das palavras, até com clareza — disso se admirava. Contava com prazer de demorar, encher a sala com o poder de outros altos personagens. Tomar a atenção de todos, pudesse contar aquilo noite adiante. Era preciso trazer luz, nem uns enxergavam mais os outros; quando alguém ria, ria de muito longe. O capítulo da novela estava terminando.
ROSA, J. G. Noites do sertão (Corpo de baile). São Paulo: Global, 2021.
Nesse trecho do conto, o gosto dos moradores do povoado por ouvir a novela de rádio recontada por Soropita deve-se ao(à)
Questão 34 12619595
UEA-Específico humanas 2023Leia o trecho inicial do conto “Miss Dollar”, de Machado de
Assis, para responder a questão.
Era conveniente ao romance que o leitor ficasse muito tempo sem saber quem era Miss Dollar. Mas por outro lado, sem
a apresentação de Miss Dollar, seria o autor obrigado a longas
digressões, que encheriam o papel sem adiantar a ação. Não
há hesitação possível: vou apresentar-lhes Miss Dollar.
Se o leitor é rapaz e dado ao gênio melancólico, imagina
que Miss Dollar é uma inglesa pálida e delgada, escassa
de carnes e de sangue, abrindo à flor do rosto dous grandes olhos azuis e sacudindo ao vento umas longas tranças louras. A moça em questão deve ser vaporosa e ideal
como uma criação de Shakespeare; deve ser o contraste
do roastbeef britânico, com que se alimenta a liberdade do
Reino Unido [...] A sua fala deve ser um murmúrio de harpa-
-eólia1; o seu amor um desmaio, a sua vida uma contemplação, a sua morte um suspiro.
A figura é poética, mas não é a da heroína do romance.
Suponhamos que o leitor não é dado a estes devaneios
e melancolias; nesse caso imagina uma Miss Dollar totalmente diferente da outra. Desta vez será uma robusta americana, vertendo sangue pelas faces, formas arredondadas,
olhos vivos e ardentes, mulher feita, refeita e perfeita. [...]
Já não será do mesmo sentir o leitor que tiver passado a
segunda mocidade e vir diante de si uma velhice sem recurso. Para esse, a Miss Dollar verdadeiramente digna de ser
contada em algumas páginas, seria uma boa inglesa de cinquenta anos, dotada com algumas mil libras esterlinas, e que,
aportando ao Brasil em procura de assunto para escrever um
romance, realizasse um romance verdadeiro, casando com o
leitor aludido. [...]
Mais esperto, que os outros, acode um leitor dizendo que
a heroína do romance não é nem foi inglesa, mas brasileira
dos quatro costados, e que o nome de Miss Dollar quer dizer
simplesmente que a rapariga é rica.
A descoberta seria excelente, se fosse exata; infelizmente nem esta nem as outras são exatas. A Miss Dollar do
romance não é a menina romântica, nem a mulher robusta,
nem a velha literata, nem a brasileira rica. Falha desta vez a
proverbial perspicácia dos leitores; Miss Dollar é uma cadelinha galga2
(Todos os contos, 2019. Adaptado.)
1 harpa-eólia: instrumento musical antigo em que o som é produzido pela
fricção do vento em cordas tensionadas.
2 galgo: raça canina cujos indivíduos têm patas e pescoço alongados.
No primeiro parágrafo, o narrador comenta possibilidades sobre a composição da narrativa que ele próprio está escrevendo. Em outras palavras, a narrativa debruça-se sobre aspectos da própria narrativa.
A tal procedimento dá-se o nome de
Questão 33 12619057
UEA-Específico humanas 2023Leia o trecho inicial do conto “Miss Dollar”, de Machado de
Assis, para responder a questão.
Era conveniente ao romance que o leitor ficasse muito tempo sem saber quem era Miss Dollar. Mas por outro lado, sem
a apresentação de Miss Dollar, seria o autor obrigado a longas
digressões, que encheriam o papel sem adiantar a ação. Não
há hesitação possível: vou apresentar-lhes Miss Dollar.
Se o leitor é rapaz e dado ao gênio melancólico, imagina
que Miss Dollar é uma inglesa pálida e delgada, escassa
de carnes e de sangue, abrindo à flor do rosto dous grandes olhos azuis e sacudindo ao vento umas longas tranças louras. A moça em questão deve ser vaporosa e ideal
como uma criação de Shakespeare; deve ser o contraste
do roastbeef britânico, com que se alimenta a liberdade do
Reino Unido [...] A sua fala deve ser um murmúrio de harpa-
-eólia1; o seu amor um desmaio, a sua vida uma contemplação, a sua morte um suspiro.
A figura é poética, mas não é a da heroína do romance.
Suponhamos que o leitor não é dado a estes devaneios
e melancolias; nesse caso imagina uma Miss Dollar totalmente diferente da outra. Desta vez será uma robusta americana, vertendo sangue pelas faces, formas arredondadas,
olhos vivos e ardentes, mulher feita, refeita e perfeita. [...]
Já não será do mesmo sentir o leitor que tiver passado a
segunda mocidade e vir diante de si uma velhice sem recurso. Para esse, a Miss Dollar verdadeiramente digna de ser
contada em algumas páginas, seria uma boa inglesa de cinquenta anos, dotada com algumas mil libras esterlinas, e que,
aportando ao Brasil em procura de assunto para escrever um
romance, realizasse um romance verdadeiro, casando com o
leitor aludido. [...]
Mais esperto, que os outros, acode um leitor dizendo que
a heroína do romance não é nem foi inglesa, mas brasileira
dos quatro costados, e que o nome de Miss Dollar quer dizer
simplesmente que a rapariga é rica.
A descoberta seria excelente, se fosse exata; infelizmente nem esta nem as outras são exatas. A Miss Dollar do
romance não é a menina romântica, nem a mulher robusta,
nem a velha literata, nem a brasileira rica. Falha desta vez a
proverbial perspicácia dos leitores; Miss Dollar é uma cadelinha galga2
(Todos os contos, 2019. Adaptado.)
1 harpa-eólia: instrumento musical antigo em que o som é produzido pela
fricção do vento em cordas tensionadas.
2 galgo: raça canina cujos indivíduos têm patas e pescoço alongados.
Um procedimento típico em Machado de Assis utilizado no conto é:
Pastas
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