Questões de Literatura - Textos Literários - Elementos da narrativa
2.013 Questões
Questão 12 14434112
UFT Manhã 2025/1Leia o fragmento do Capítulo I – Estilo antitético e asmático, retirado do conto “Um cão de lata ao rabo”, de Machado de Assis, para responder a QUESTÃO.
O cão atirou-se com ímpeto. Fisicamente, o cão tem pés, quatro; moralmente, tem asas, duas. Pés: ligeireza na linha reta. Asas: ligeireza na linha ascensional. Duas forças, duas funções. Espádua de anjo no dorso de uma locomotiva.
Um menino atara a lata ao rabo do cão. Que é o rabo? Um prolongamento e um deslumbramento. Esse apêndice, que é carne, é também um clarão. Di-lo a filosofia? Não; di-lo a etimologia. Rabo, rabino: duas ideias e uma só raiz.
A etimologia é a chave do passado, como a filosofia é a chave do futuro.
O cão ia pela rua afora, a dar com a lata nas pedras. A pedra faiscava, a lata retinia, o cão voava. Ia como o raio, como o vento, como a ideia. Era a revolução, que transtorna, o temporal que derruba, o incêndio que devora. O cão devorava. Que devorava o cão? O espaço. O espaço é comida. O céu pôs esse transparente manjar ao alcance dos impetuosos. Quando uns jantam e outros jejuam; quando, em oposição às toalhas da casa nobre, há os andrajos da casa pobre; quando em cima as garrafas choram lacrima-christi, e embaixo os olhos choram lágrimas de sangue, Deus inventou um banquete para a alma. Chamou-lhe espaço. Esse imenso azul, que está entre a criatura e o criador, é o caldeirão dos grandes famintos. Caldeirão azul: antinomia, unidade.
O cão ia. A lata saltava como os guizos do arlequim. De caminho envolveu-se nas pernas de um homem. O homem parou; o cão parou: pararam diante um do outro. Contemplação única! Homo, canis. Um parecia dizer: — Liberta-me! O outro parecia dizer: — Afasta-te! Após alguns instantes, recuaram ambos; o quadrúpede deslaçou-se do bípede. Canis levou a sua lata; homo levou a sua vergonha. Divisão equitativa. A vergonha é a lata ao rabo do caráter.
Então, ao longe, muito longe, troou alguma coisa funesta e misteriosa. Era o vento, era o furacão que sacudia as algemas do infinito e rugia como uma imensa pantera. Após o rugido, o movimento, o ímpeto, a vertigem. O furacão vibrou, uivou, grunhiu. [...] adversário. Um e outro entraram a devorar o espaço, o tempo, a luz. O cão levava a lata, o furacão trazia a poeira. Entre eles, e em redor deles, a natureza ficara extática, atônita.
Súbito grudaram-se. A poeira redemoinhou, a lata retiniu com o fragor das armas de Aquiles. Cão e furacão envolveram-se um no outro; [...]
As horas voavam como folhas num temporal. O duelo prosseguia sem misericórdia nem interrupção. Tinha a continuidade das grandes cóleras. Tinha a persistência das pequenas vaidades. Quando o furacão abria as largas asas, o cão arreganhava os dentes agudos. Arma por arma; afronta por afronta; morte por morte. Um dente vale uma asa. A asa buscava o pulmão, para sufocá-lo; o dente buscava a asa, para destruí-la. Cada uma dessas duas espadas implacáveis trazia a morte na ponta.
De repente, ouviu-se um estouro, um gemido, um grito de triunfo. A poeira subiu, o ar clareou, e o terreno do duelo apareceu aos olhos do homem estupefato. O cão devorara o furacão. O pó vencera o azul. O mínimo derrubara o máximo. Na fronte do vencedor havia uma aurora; na do vencido negrejava uma sombra. Entre ambas jazia, inútil, uma coisa: a lata.
Fonte: ASSIS, Machado de. Contos escolhidos. São Paulo: Martins Claret, 2012, p. 100-102. [fragmento]. [adaptado].
Assinale a alternativa CORRETA.
O fragmento do conto “Um cão de lata ao rabo”, de Machado de Assis
Questão 7 14417549
ETEC 2025/1Leia os textos para responder à questão.
https://tinyurl.com/3dxrhkpp Acesso em: 13.09.2024. Original colorido.
A construção de humor no texto se deve, entre outros fatores,
Questão 6 14287878
UFRGS 1º dia 2025Instrução: A questão está relacionada ao texto abaixo.
Aquele – 1926 – foi um ano significativo na
vida de Rodrigo Cambará. “O nosso amigo
voltou a ser o que era” – observou um dia o
velho José Lírio. “E o Sobrado está de novo
[5] como nos velhos tempos”. Tinha razão. Não
havia quem não considerasse um privilégio
entrar no casarão dos Cambarás, privar com
seus moradores, beber os vinhos de sua adega
e provar os quitutes de sua cozinha. Sempre
[10] que um forasteiro de certa importância
chegava a Santa Fé, a primeira pergunta que
se fazia sobre ele era: “Já foi ao Sobrado?”.
Rodrigo andava eufórico, cheio de belos
projetos. Seus artigos apareciam no Correio do
[15] Povo. Lia muitos livros, em geral de maneira
incompleta, mas apesar disso discutia-os com
os amigos, como se tivesse penetrado neles
profundamente. Apanhava no ar as coisas que
outros diziam e depois, com imaginação e
[20] audácia, dava-lhes novas roupagens e usava
as como suas na primeira oportunidade. Roque
Bandeira, que observava o amigo com olho
terno mas lúcido, costumava dizer em segredo
a Stein que Rodrigo possuía a melhor “cultura
[25] de oitiva” de que ele tinha notícia. De resto,
não seria esse um hábito bem brasileiro? O que
havia entre nossos escritores, artistas e
políticos – afirmava – não era propriamente
cultura, mas um tênue verniz de ilustração. O
[30] brasileiro jamais tinha coragem de dizer “não
sei”. Em caso de dúvida, respondia com um
“depende”, que não só o livrava da necessidade
de confessar a própria ignorância como
também lhe dava tempo para achar uma saída.
[35] Foi também naquele ano que Rodrigo se
sentiu tomado de desejo de realizar grandes
coisas. Um dia, da janela da água-furtada do
Sobrado, contemplou as ruas e telhados de
Santa Fé e murmurou para si mesmo: “Preciso
[40] ajudar minha terra e minha gente”. E uma voz
apagada dentro dele ciciou, maliciosa: “E a
mim mesmo”. Mas de que modo? Não se sentia
com disposição de entrar na Intendência, subir
ao gabinete de Zeca Prates e dizer: “Meu
[45] amigo, tenho umas ideias sobre o nosso
município e quero colaborar contigo”. Sua
intenção podia ser mal interpretada. E, de
resto, seria um gesto inútil. Depois de eleito, o
irmão de Terêncio caíra na rotina. Murmurava-
[50] se – e devia ser verdade – que era manobrado
pelo Laco Madruga, como um títere. As
finanças municipais viviam num estado crônico
de insolvência. Por esse lado, portanto, nada
se podia fazer.
[55] Às vezes Rodrigo perguntava-se a si
mesmo se o melhor não seria atirar mais longe
a lança da ambição, fazendo-a passar as
fronteiras do município e do Estado. Concluía
que a maneira mais eficaz de melhorar Santa
[60] Fé era melhorar o Brasil. Pensava então numa
partido. Sentia-se no ar, sem ligações políticas.
Vinham-lhe então impaciências. A
revolução estava perdida. Washington Luís
[65] eleito e reconhecido. O país teria
provavelmente de aguentar mais quatro anos
de estado de sítio, com a imprensa
amordaçada, os presídios cheios de
prisioneiros políticos e o povo acovardado ou
[70] indiferente.
Adaptado de: VERISSIMO, E. O tempo e o vento: o arquipélago II. São Paulo: Globo, 1995.
No bloco superior abaixo, estão indicadas classes gramaticais; no inferior, partículas que retiradas do texto.
Associe corretamente o bloco inferior ao superior.
1. Pronome relativo.
2. Conjunção integrante.
3. Pronome interrogativo.
( ) que (l. 18).
( ) que (l. 22).
( ) que (l. 24).
( ) que (l. 32).
( ) que (l. 42).
( ) que (l. 50).
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
Questão 8 14255025
UNICENTRO Vestibular 2025Leia o texto a seguir e responda à questão abaixo.
— Fui contra a indicação. Desse americano — atalhou o Secretário num tom suave mas infeliz. — Os ratos são nossos, as soluções têm que ser nossas. Por que botar todo mundo a par das nossas mazelas? Das nossas deficiências? Devíamos só mostrar o lado positivo não apenas da sociedade mas da nossa família. De nós mesmos — acrescentou apontando para o pé em cima da almofada. — Por que não apareci ainda, por quê? Porque simplesmente não quero que me vejam indisposto, de pé inchado, mancando. Amanhã calço o sapato para a instalação, de bom grado faço esse sacrifício. O senhor, que é um candidato em potencial, desde cedo precisa ir aprendendo essas coisas, moço. Mostrar só o lado positivo, só o que pode nos enaltecer. Esconder nossos chinelos.
[...]
— Bueno, é do conhecimento de Vossa Excelência que causou espécie o fato de termos escolhido este local. Por que instalar o VII Seminário dos Roedores numa casa de campo, completamente isolada? Essa a primeira indagação geral. A segunda é que gastamos demais para tornar esta mansão habitável, um desperdício quando podíamos dispor de outros locais já prontos. O noticiarista de um vespertino, marquei bem a cara dele, Excelência, esse chegou a ser insolente quando rosnou que tem tanto edifício em disponibilidade, que as implosões até já se multiplicam para corrigir o excesso. E nós gastando milhões para restaurar esta ruína... O Secretário passou o lenço na calva e procurou se sentar mais confortavelmente. Começou um gesto que não se completou.
— Gastando milhões? Bilhões estão consumindo esses demônios, por acaso ele ignora as estatísticas? Estou apostando como é da esquerda, estou apostando. Ou então, amigo dos ratos. Enfim, não tem importância, prossiga por favor.
(TELLES, L. F. Seminários dos ratos. 8.ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p.155-156.)
Com base no conto "Seminário dos ratos", assinale a alternativa correta.
Questão 45 14094177
UNIFOR Demais cursos 2025/1Não posso escrever enquanto estou ansiosa ou espero soluções porque em tais períodos faço tudo para que as horas passem; e escrever é prolongar o tempo, é dividi-lo em partículas de segundos, dando a cada uma delas uma vida insubstituível.”
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1977.
Segundo a leitura do trecho acima de Clarice Lispector, podemos inferir que
Questão 41 14094161
UNIFOR Demais cursos 2025/1Primeiros erros (Chove)
Canção de Capital Inicial
Composição: Kiko Zambianchi
Meu caminho é cada manhã
Não procure saber onde vou
Meu destino não é de ninguém
Eu não deixo os meus passos no chão
Se você não entende, não vê
Se não me vê, não entende
Não procure saber onde estou
Se o meu jeito te surpreende
Se o meu corpo virasse sol
Minha mente virasse sol
Mas só chove e chove
Chove e chove
Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros, oh
O meu corpo viraria sol
Minha mente viraria...
Mas só chove e chove
Chove e chove
[...]
Chove e chove, oh
Chove e chove, oh
Chove e chove
A respeito da letra da música “Primeiros erros”, analise as afirmativas a seguir.
I. Inicialmente, o eu lírico se mostra uma pessoa livre que não deseja firmar compromisso com qualquer pessoa.
II. Há um personagem consciente dos seus erros, mas que não se arrepende em momento algum.
III. Há um personagem que deseja ser compreendido e que quer se reconciliar com o passado, corrigindo os seus erros, mas percebe que, infelizmente, isso não é mais possível.
É correto apenas o que se afirma em
Pastas
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