Questões de Literatura - Textos Literários - Elementos da narrativa - Espaço
781 Questões
Questão 7 14031456
UEA - SIS 1º série 2025/2027 2024Para responder à questão, leia o trecho do romance Úrsula, cuja primeira edição data de 1859, da escritora maranhense Maria Firmina dos Reis.
Meteram-me a mim e a mais trezentos companheiros de infortúnio e de cativeiro no estreito e infecto porão de um navio. Trinta dias de cruéis tormentos, e de falta absoluta de tudo quanto é mais necessário à vida passamos nessa sepultura até que abordamos às praias brasileiras. Para caber a mercadoria humana no porão, fomos amarrados em pé e para que não houvesse receio de revolta, acorrentados como os animais ferozes das nossas matas, que se levam para recreio dos potentados da Europa. Davam-nos a água imunda, podre e dada com mesquinhez, a comida má e ainda mais porca: vimos morrer ao nosso lado muitos companheiros à falta de ar, de alimento e de água. É horrível lembrar que criaturas humanas tratem a seus semelhantes assim e que não lhes doa a consciência de levá-los à sepultura asfixiados e famintos!
(Úrsula, 2018.)
Está empregada em sentido figurado a seguinte palavra sublinhada no texto:
Questão 15 13935445
UFAM PSC 1º etapa 2024Leia o fragmento abaixo, que pertence ao poema O Uraguai, de Basílio da Gama; em seguida, responda ao que é pedido na questão abaixo.
Entram enfim na mais remota e interna
Parte de antigo bosque, escuro e negro,
Onde ao pé de uma lapa cavernosa
Cobre uma rouca fonte, que murmura,
Curva latada de jasmins e rosas.
Este lugar delicioso e triste,
Cansada de viver, tinha escolhido
Para morrer a mísera Lindoia.
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva e nas mimosas flores,
Tinha a face na mão, e a mão no tronco
De um fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto,
Descobrem que se enrola no seu corpo
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge
Pescoço, e braços, e lhe lambe o seio.
Fogem de a ver assim sobressaltados
E param cheios de temor ao longe;
E nem se atrevem a chamá-la, e temem
Que desperte assustada, e irrite o monstro,
E fuja, e apresse, no fugir, a morte.
Porém o destro Caitutu, que treme
Do perigo da irmã, sem mais demora
Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes
Soltar o tiro, e vacilou três vezes
Entre a ira e o temor. Enfim sacode
O arco, e faz voar a aguda seta,
Que toca o peito de Lindoia e fere
A serpente na testa, e a boca e os dentes
Deixou cravados no vizinho tronco.
(Gama, Basílio da. O Uraguai. Manaus: Valer, 2010.)
Sobre a passagem acima e o seu autor, é CORRETO afirmar que
Questão 3 13064542
UESB 1º dia 2024O texto seguinte servirá de base para responder a questão.
Texto
"Quando retirei a faca da mala de roupas, embrulhada em um pedaço de tecido antigo e encardido, com nódoas escuras e um nó no meio, tinha pouco mais de sete anos. Minha irmã, Belonísia, que estava comigo, era mais nova um ano. Pouco antes daquele evento estávamos no terreiro da casa antiga, brincando com bonecas feitas de espigas de milho colhidas na semana anterior. Aproveitávamos as palhas que já amarelavam para vestir feito roupas nos sabugos. Falávamos que as bonecas eram nossas filhas, filhas de Bibiana e Belonísia. Ao percebermos nossa avó se afastar da casa pela lateral do terreiro, nos olhamos em sinal de que o terreno estava livre, para em seguida dizer que era hora de descobrir o que Donana escondia na mala de couro, em meio às roupas surradas com cheiro de gordura rançosa. Donana notava que crescíamos e, curiosas, invadíamos seu quarto para perguntar sobre as conversas que escutávamos e sobre as coisas que nada sabíamos, como os objetos no interior de sua mala. A todo instante éramos repreendidas por nosso pai ou nossa mãe. Minha vó, em particular, só precisava nos olhar com firmeza para sentirmos a pele arrepiar e arder, como se tivéssemos nos aproximado de uma fogueira."
(VIEIRA, Itamar Júnior. Torto arado. Capítulo 1- Fio de Corte fragmento)
"... Donana escondia na mala de couro..."
A preposição sublinhada tem valor semântico, nesse contexto, de:
Questão 15 10527034
FUVEST (USP) 2024Em Dois irmãos, de Milton Hatoum, os gêmeos Yaqub e Omar representam duas personalidades antagônicas que se enfrentam ao longo da narrativa.
A rivalidade entre eles tem como resultado:
Questão 55 11340136
São Leopoldo (Mandic) medicina 2023Leia o excerto para responder à questão.
O Bom-Crioulo
Com efeito, Bom-Crioulo não era somente um homem robusto, uma dessas organizações privilegiadas que trazem no corpo a sobranceira resistência do bronze e que esmagam com o peso dos músculos. […] A chibata não lhe fazia mossa; tinha costas de ferro para resistir como um hércules ao pulso do guardião Agostinho. Já nem se lembrava do número das vezes que apanhara de chibata…
[…]
Entretanto, já iam cinquenta chibatadas! Ninguém lhe ouvira um gemido, nem percebera uma contorção, um gesto qualquer de dor. Viam-se unicamente naquele costão negro as marcas do junco, umas sobre as outras, entrecruzando-se como uma grande teia de aranha, roxas e latejantes, cortando a pele em todos os sentidos.
[…]
Marinheiros e oficiais, num silêncio concentrado, alongavam o olhar, cheios de interesse, a cada golpe.
— Cento e cinquenta!
Só então houve quem visse um ponto vermelho, uma gota rubra deslizar no espinhaço negro do marinheiro e logo este ponto vermelho se transformar numa fita de sangue.
CAMINHA, A. O Bom-Crioulo. São Paulo: Martin Claret, 2006.
O excerto, da obra de Adolfo Caminha, incorpora algumas características da prosa naturalista.
Pode-se reconhecer
Questão 15 10319640
ENEM 1º Dia (Amarela) 2023Passado muito tempo, resolvi tentar falar, porque estava sozinha me embrenhando na mesma vereda que Donana costumava entrar. Ainda recordo da palavra que escolhi: arado. Me deleitava vendo meu pai conduzindo o arado velho da fazenda carregado pelo boi, rasgando a terra para depois lançar grãos de arroz em torrões marrons e vermelhos revolvidos. Gostava do som redondo, fácil e ruidoso que tinha ao ser enunciado. “Vou trabalhar no arado.” “Vou arar a terra.” “Seria bom ter um arado novo, esse arado tá troncho e velho.” O som que deixou minha boca era uma aberração, uma desordem, como se no lugar do pedaço perdido da língua tivesse um ovo quente. Era um arado torto, deformado, que penetrava a terra de tal forma a deixá-la infértil, destruída, dilacerada.
VIEIRA JR.,. Torto arado. São Paulo: Todavia, 2019.
Com a perda de parte da língua na infância, a narradora tenta voltar a falar.
Essa tentativa revela uma experiência que
Pastas
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