Questões de Literatura - Textos Literários - Elementos da narrativa - Tempo
Leia as duas citações a seguir, extraídas do início e do final de O Ateneu:
“Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam. Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos dias que correram como melhores.
Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de esperanças, a atualidade é uma (...)”.
“Aqui suspendo a crônica das saudades. Saudades verdadeiramente? Puras recordações, saudades talvez, se ponderarmos que o tempo é a ocasião passageira dos fatos, mas sobretudo — o funeral para sempre das horas.”
(POMPEIA, Raul. O Atheneu (Chronica de saudades). Rio de Janeiro: Tipografia de Gazeta de Notícias, p 3-4 e 368, 1888.)
Com base nessas duas citações, é possível afirmar que, ao fim da narrativa de Sérgio sobre sua vida no colégio, o narrador
Insubmissas lágrimas de mulheres, da escritora Conceição Evaristo, é um livro que apresenta questões relativas à vida de uma parte da população feminina brasileira.
Sobre essa obra, assinale a alternativa CORRETA:
Os excertos abaixo, relativos aos momentos iniciais da narrativa, foram retirados de Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo. Considere-os, no contexto do enredo da obra.
I.
Filho de ex-escravo, crescera na fazenda levando a mesma vida dos pais. Era pajem do sinhô-moço. Tinha a obrigação de brincar com ele. Era o cavalo onde o mocinho galopava sonhando conhecer todas as terras do pai. Tinham a mesma idade. Um dia o coronelzinho exigiu que ele abrisse a boca, pois queria mijar dentro. O pajem abriu. A urina do outro caía escorrendo quente por sua goela e pelo canto de sua boca. Sinhô-moço ria, ria. Ele chorava e não sabia o que mais lhe salgava a boca, se o gosto da urina ou se o sabor de suas lágrimas.
II.
Um dia o coronelzinho, que já sabia ler, ficou curioso para ver se negro aprendia os sinais, as letras de branco e começou a ensinar o pai de Ponciá. O menino respondeu logo ao ensinamento do distraído mestre. Em pouco tempo reconhecia todas as letras. Quando Sinhô-moço se certificou de que o negro aprendia, parou a brincadeira. Negro aprendia sim! Mas o que o negro ia fazer com o saber do branco?
III.
Quando mais nova, sonhara até um outro nome para si. Não gostava daquele que lhe deram. Menina, tinha o hábito de ir à beira do rio e lá, se mirando nas águas, gritava o próprio nome: Ponciá Vicêncio! Ponciá Vicêncio! Sentia-se como se estivesse chamando outra pessoa. Não ouvia o seu nome responder dentro de si. Inventava outros. Panda, Molenga, Quieti, nenhum lhe pertencia também. Ela, inominada, tremendo de medo, temia a brincadeira, mas insistia. A cabeça rodava no vazio, ela vazia se sentia sem nome. Sentia-se ninguém.
Sobre os excertos, considere as seguintes afirmações.
I - No fragmento I, identificam-se as relações de opressão e de poder entre os senhores e os povos escravizados.
II - No fragmento II, percebe-se a prática racista e discriminatória que, na época, subtraía dos povos negros o acesso à leitura e à escrita.
III- No fragmento III, reconhece-se a postura questionadora e sonhadora da protagonista no que tange à busca pela identidade.
Quais estão corretas?
A uma saudade
Em o horror desta muda soledade,
Onde voando os ares a porfia,
Apenas solta a luz a aurora fria,
Quando a prende da noite a escuridade.
[5] Ah cruel apreensão de uma saudade!
De uma falsa esperança fantasia,
Que faz que de um momento passe a um dia,
E que de um dia passe à eternidade!
São da dor os espaços sem medida,
[10] E a medida das horas tão pequena,
Que não sei como a dor é tão crescida.
Mas é troca cruel, que o fado ordena,
Porque a pena me cresça para a vida,
Quando a vida me falta para a pena.
Gregório de Matos Guerra. Poemas selecionados.
A partir do poema A uma saudade, de Gregório de Matos, julgue o item a seguir.
É possível encontrar na obra de Gregório de Matos, do século XVII, críticas à degradação moral e econômica da Bahia.
A uma saudade
Em o horror desta muda soledade,
Onde voando os ares a porfia,
Apenas solta a luz a aurora fria,
Quando a prende da noite a escuridade.
[5] Ah cruel apreensão de uma saudade!
De uma falsa esperança fantasia,
Que faz que de um momento passe a um dia,
E que de um dia passe à eternidade!
São da dor os espaços sem medida,
[10] E a medida das horas tão pequena,
Que não sei como a dor é tão crescida.
Mas é troca cruel, que o fado ordena,
Porque a pena me cresça para a vida,
Quando a vida me falta para a pena.
Gregório de Matos Guerra. Poemas selecionados.
A partir do poema A uma saudade, de Gregório de Matos, julgue o item a seguir.
Embora conhecido pela alcunha de Boca do Inferno, Gregório de Matos, em sua poesia religiosa, utilizou-se de recursos da própria Bíblia para se dedicar ao sentimento religioso.
Cálice
Como beber dessa bebida amarga?
Tragar a dor, engolir a labuta?
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta.
Chico Buarque e Gilberto Gil
Cálice (versão)
Há preconceito com o nordestino
Há preconceito com o homem negro
Há preconceito com o analfabeto
Mas não há preconceito se um dos três for rico, pai
A ditadura segue meu amigo Milton
A repressão segue meu amigo Chico
Me chamam Criolo e o meu berço é o rap
Mas não existe fronteira pra minha poesia, pai.
Criolo
Com relação à canção Cálice, de Chico Buarque e Gilberto Gil, e à versão dessa canção feita pelo rapper Criolo, julgue o item.
No verso “Mesmo calada a boca, resta o peito”, da letra composta por Chico Buarque e Gilberto Gil, as palavras “boca” e “peito” remetem, respectivamente, à expressão, que está reprimida, e ao sentimento, que persiste mesmo no silêncio.
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