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Acesse GrátisQuestões de Literatura - Literatura brasileira
Questão 210 6760847
UECE 2ª Fase 1° Dia 2022Texto
No toque do tempo
Batida do tambor
marcando o tempo
Sentir os acontecimentos
[125] entre a batida e
outra, um meio tempo
preparando um outro tempo.
tempo de deixar no ponto
corpo pro Santo descer
[130] para luz acender amparar
com cuidado a criança,
que vai nascer.
tempo que assenta sentimentos
fazendo a gente sentir que sente.
[135] sentindo a sinergia da barca
lotada que vai e vem
atravessando a baía.
tempo da cigarra prever o tempo
e morrer.
[140] Tempo do artista encontrar
suas suaves cores vivas.
Tempo pro Ser compreender
Suas emoções,
Se alforriar
[145] E cessar.
CRUZ, Ana. No Toque do tempo. In: Com perdão da palavra, p. 69.
Escreva V ou F, conforme seja verdadeiro ou falso o que se diz a seguir sobre o texto.
( ) O poema compara o tempo à batida de um tambor por serem ambos formados deparadas e de um ritmo ora mais rápido oramais lento.
( ) O poema trata o tempo considerando os diferentes significados que ele assume no cotidiano das pessoas.
( ) O poema está estruturado na forma de um soneto e a rigidez de sua estrutura relaciona-se ao conteúdo.
( ) Os versos do poema podem ser classificados como brancos ou soltos, mas conservam a musicalidade.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
Questão 7 6766792
UFRR 3° Etapa 2022O romance Ponciá Vicêncio - EVARISTO, Conceição. Ponciá Vicêncio. 3ªedição. Rio de Janeiro: Pallas, 2017, p.70-72, narra uma parte da estória de vida da protagonista que dá título ao livro. É uma mulher negra, de família pobre, que, após a morte do pai, sai da casa na roça pra procurar outras oportunidades na cidade. O mesmo ocorre com os demais personagens de seu núcleo familiar – o irmão também sai à procura de uma vida melhor na cidade e a mãe, por último, sai em busca dos 2 filhos, porque estava envelhecendo sozinha. O romance cria um mosaico-miniatura de uma diáspora familiar, repetindo o destino de negros africanos escravizados em África e trazidos ao Brasil, famílias separadas. A procura por identidade e pertencimento atinge os personagens de maneira semelhante, embora tenham sonhos diferentes. Percebemos o sofrimento e a angústia que levam Ponciá à insatisfação e desesperança, porque sentia falta dos familiares mais próximos com quem conviveu na roça – mãe e irmão, cada um deles num local diferente, buscando um novo destino.
Com base na descrição acima, pode-se afirmar que:
Questão 122 6926987
UnB 1° Dia 2022Clausewitz: Eu decidi ser agricultor. Eu não quero mais saber do teatro. O senhor acha que tem lugar para o teatro no mundo depois desta Guerra?
Segismundo: Eu nunca fui ao teatro. Ouvi pelo rádio, uma vez, uma história de uma mulher que assina umas promissórias, depois vai embora de casa. Não entendi muito bem. Não tinha a ver com a minha vida.
Clausewitz: É o que eu estava dizendo. O mundo que eu vi... O teatro nunca vai falar do mundo que eu vi. O senhor não imagina o que é uma guerra dentro da sua própria casa. Bosco Brasil. Novas diretrizes em tempos de paz. (com adaptações).
Bosco Brasil. Novas diretrizes em tempos de paz. (com adaptações).
A obra Novas diretrizes em tempos de paz, de Bosco Brasil, da qual foi extraído o fragmento de texto apresentado, foi adaptada em 2009 para o cinema, sob o título Tempos de paz. Um dos fatores pontuais do texto é o uso do nome Segismundo para a personagem, uma referência direta ao príncipe da peça A vida é sonho, de Calderón de la Barca.
A partir dessas informações e do fragmento de texto anterior, julgue o item seguinte, a respeito da produção artística teatral e cinematográfica brasileira, suas influências e sua história.
Para Augusto Boal, as relações entre teatro e política são tão antigas quanto o próprio fazer teatral, de forma que todo teatro é político, mesmo quando não o pretende ser.
Questão 1 7222509
PUC-Campinas Direito 2022Para responder a questão baseie-se no texto abaixo.
Os franceses, no século XIX, se valeram da palavra inglesa spleen para nomear a melancolia, o sentimento depressivo. O cronista Rubem Braga era um mestre na expressão desse sentimento, ao qual, nesta crônica, opôs o da vivacidade, ou, para usar outra expressão inglesa, o de struggle for life:
“Daquela pequena conversa triste no bar, em que dissemos as coisas mais desesperadamente banais, saímos, os dois, com uma espécie de amor raivoso à vida, ciúme e pressa da vida.
Volto para casa. Estou cansado e tenho motivo já não digo para estar triste, mas, vamos dizer, aborrecido. Mas me distraio olhando o passarinho que trouxe da roça. Não é bonito e canta pouco, esse bicudo que ainda não fez a segunda muda. Mas o que é fascinante, nele, o que me prende a ele, é sua vida, sua vitalidade inquieta, ágil, infatigável, seu apetite, seu susto, a reação instantânea com que abre o bico, zangado, quando o ameaço com a mão. Ele está tomando banho e se sacode todo, salta, muda de poleiro, agita as penas – e me vigia de lado, com um olhinho escuro e vivo.
Mudo-lhe a água do bebedouro, jogo-lhe pedrinhas de calcita que ele gosta de trincar. E me sinto bem com essa presença viva que não me compreende, mas que sente em mim um outro bicho, amigo ou inimigo, uma outra vida. Ele não sabe da morte, não a espera nem a teme – e a desmente em cada vibração de seu pequeno ser ávido e inquieto. Meu bicudo é um grande companheiro e irmão, e, na verdade, muito me ajuda.”
(Adaptado de: BRAGA, Rubem. Recado de primavera. Rio de Janeiro: Record, 1984, p. 156)
No desenvolvimento do texto, a presença e as atuações do passarinho transmitem ao cronista, dono desse “meu bicudo”,
Questão 15 7337654
UNIVESP 2022Leia o texto de Gregório Duvivier para responder à questão.
Uma mesma canção do Caetano Veloso poderá ninar seus filhos, orientar seu Carnaval e assombrar você pelo resto da sua existência. Não consigo ouvir a palavra “impávido” sem emendar em Mohammed Ali.
O poeta Manuel Bandeira disse que elegeria “tu pisavas nos astros, distraída” o verso mais bonito da língua portuguesa. Caetano transformou-o no segundo verso mais bonito, ao escrever: “tropeçavas nos astros, desastrada”, forçando toda uma geração de poetas à aposentadoria.
Com Caetano descobri que o antropólogo Claude Lévi-Strauss detestou a baía de Guanabara, e que Hollywood quer dizer Azevedo, que a coisa mais certa de todas as coisas não vale um caminho sob o sol, que os átomos todos dançam e coragem grande é poder dizer sim, que cantar é mais do que lembrar.
Uma coisa bela é uma alegria pra sempre, dizia o poeta inglês John Keats, que também disse, sobre um vaso grego, em tradução de Augusto de Campos: “quando a idade apagar toda a atual grandeza / Tu ficarás, em meio às dores dos demais”. Keats, coitado, nasceu 2.000 anos depois do vaso. Não viu sua musa ser pintada. Estar vivo ao mesmo tempo que Caetano nos dá essa sorte: a de presenciar o espetáculo do nascimento das coisas eternas.
(www.folha.uol.com.br, 12.10.2022. Adaptado.)
No quarto parágrafo, Gregório Duvivier faz uma reflexão sobre obras de arte.
Para ele, uma característica de tais obras seria sua
Questão 27 7591725
FATEC 2022/2Uma noite, há anos, acordei bruscamente e uma estranha pergunta explodiu de minha boca. De que cor eram os olhos de minha mãe? [...]
Sempre ao lado de minha mãe, aprendi a conhecê-la. Decifrava o seu silêncio nas horas de dificuldades, como também sabia reconhecer, em seus gestos, prenúncios de possíveis alegrias. Naquele momento, entretanto, me descobria cheia de culpa, por não recordar de que cor seriam os seus olhos. [...]
Eu me lembrava de algumas histórias da infância de minha mãe. [...] Às vezes, as histórias de minha mãe confundiam-se com as de minha própria infância. Lembro-me de que muitas vezes, quando a mãe cozinhava, da panela subia cheiro algum. Era como se cozinhasse, ali, apenas o nosso desesperado desejo de alimento. As labaredas, sob a água solitária que fervia na panela cheia de fome, pareciam debochar do vazio do nosso estômago, ignorando nossas bocas infantis em que as línguas brincavam a salivar sonho de comida. E era justamente nesses dias de parco ou nenhum alimento que ela mais brincava com as filhas. Nessas ocasiões a brincadeira preferida era aquela em que a mãe era a Senhora, a Rainha. Ela se assentava em seu trono, um pequeno banquinho de madeira. Felizes, colhíamos flores cultivadas em um pequeno pedaço de terra que circundava o nosso barraco.
E foi então que, tomada pelo desespero por não me lembrar de que cor seriam os olhos de minha mãe, naquele momento resolvi deixar tudo e, no dia seguinte, voltar à cidade em que nasci. [...]
E quando, após longos dias de viagem para chegar à minha terra, pude contemplar extasiada os olhos de minha mãe, sabem o que vi?
Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz. Mas eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a face. E só então compreendi. Minha mãe trazia, serenamente em si, águas correntezas. Por isso, prantos e prantos a enfeitar o seu rosto. A cor dos olhos de minha mãe era cor de olhos d’água. [...]
Conceição Evaristo, Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas – Fundação Biblioteca Nacional, 2016.
Para reforçar a metáfora “cor de olhos d’água”, a autora do texto utiliza duas expressões relacionadas às águas: “rios caudalosos” e “águas correntezas”.
Essas locuções, além de exprimirem os sentimentos vivenciados pela mãe da narradora, também representam, respectivamente,