Questões de Literatura - Literatura brasileira - Escolas Literárias
1.593 Questões
Questão 8 14553001
UEA - Geral Conhecimentos Gerais 2025Leia o trecho do romance Capitães da areia, de Jorge Amado, para responder à questão.
Pedro Bala e João Grande abalaram pela ladeira da Praça. Barandão abriu no mundo também. Mas o Sem-Pernas ficou encurralado na rua. Jogava picula1 com os guardas. Estes tinham se despreocupado dos outros, pensavam que já era alguma coisa pegar aquele coxo. Sem-Pernas corria de um lado para outro da rua, os guardas avançavam. Ele fez que ia escapulir por outro lado, driblou um dos guardas, saiu pela ladeira. Mas em vez de descer e tomar pela Baixa dos Sapateiros, se dirigiu para a praça do Palácio. Porque Sem-Pernas sabia que se corresse na rua o pegariam com certeza. Eram homens, de pernas maiores que as suas, e além do mais ele era coxo, pouco podia correr. E acima de tudo não queria que o pegassem. Lembrava-se da vez que fora à polícia. Dos sonhos das suas noites más. Não o pegariam e enquanto corre este é o único pensamento que vai com ele. [...] Não o levarão. Vêm em seus calcanhares, mas não o levarão. Pensam que ele vai parar junto ao grande elevador. Mas Sem-Pernas não para. Sobe para o pequeno muro, volve o rosto para os guardas que ainda correm, ri com toda a força do seu ódio, cospe na cara de um que se aproxima estendendo os braços, se atira de costas no espaço como se fosse um trapezista de circo
A praça toda fica em suspenso por um momento. “Se jogou”, diz uma mulher, e desmaia. Sem-Pernas se rebenta na montanha como um trapezista de circo que não tivesse alcançado o outro trapézio. O cachorro late entre as grades do muro.
(Capitães da areia, 2008.)
1picula: brincadeira infantil também conhecida como pega-pega, pegador e manja-pega.
A palavra sublinhada indica uma condição em:
Questão 8 14412197
Albert Einstein 2025Para responder à questão, leia o poema “ Aproximação do terror”, de Murilo Mendes, escrito entre 1943 e 1945, mas publicado originalmente em 1947 no livro Poesia Liberdade.
1
Dos braços do poeta
Pende a ópera do mundo
(Tempo, cirurgião do mundo): —
O abismo bate palmas,
A noite aponta o revólver.
Ouço a multidão, o coro do universo,
O trote das estrelas
Já nos subúrbios da caneta:
As rosas perderam a fala.
Entrega-se a morte a domicílio.
Dos braços…
Pende a ópera do mundo.
2
Tenho que dar de comer ao poema.
Novas perturbações me alimentam:
Nem tudo o que penso agora
Posso dizer por papel e tinta.
O poeta já nasce conscrito,
Atento às fascinantes inclinações do erro,
Já nasce com as cicatrizes da liberdade.
O ouvido soprando sua trompa
Percebe a galope
A marcha do número 666.
Palpo1 a Quimera2.
O tremor
E os jasmins da palavra “jamais”.
3
Dos telhados abstratos
Vejo os limites da pele,
Assisto crescerem os cabelos dos minutos
No instante da eternidade.
Vejo ouvindo, ouço vendo.
Considero as tatuagens dos peixes,
O astro monossecular.
Os rochedos colocam-se máscaras contra
[pássaros asfixiantes.
A grande Babilônia ergue o corpo de dólares.
Ruído surdo, o tempo oco a tombar…
A espiral das gerações cresce.
(Murilo Mendes. Antologia poética, 2014.)
1 palpar: apalpar.
2 Quimera: monstro mitológico com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de serpente.
Em um ensaio sobre o poema de Murilo Mendes, o crítico Murilo Marcondes de Moura assinalou que, “à sua maneira, ‘Aproximação do terror’ também é um poema em que se dis cutem o lugar do poeta e a função da poesia” (In: Alfredo Bosi (org.). Leitura de poesia, 2007.).
A se considerar esse ponto de vista do crítico, o poema assume também uma dimensão
Questão 7 14412183
Albert Einstein 2025Para responder à questão, leia o poema “ Aproximação do terror”, de Murilo Mendes, escrito entre 1943 e 1945, mas publicado originalmente em 1947 no livro Poesia Liberdade.
1
Dos braços do poeta
Pende a ópera do mundo
(Tempo, cirurgião do mundo): —
O abismo bate palmas,
A noite aponta o revólver.
Ouço a multidão, o coro do universo,
O trote das estrelas
Já nos subúrbios da caneta:
As rosas perderam a fala.
Entrega-se a morte a domicílio.
Dos braços…
Pende a ópera do mundo.
2
Tenho que dar de comer ao poema.
Novas perturbações me alimentam:
Nem tudo o que penso agora
Posso dizer por papel e tinta.
O poeta já nasce conscrito,
Atento às fascinantes inclinações do erro,
Já nasce com as cicatrizes da liberdade.
O ouvido soprando sua trompa
Percebe a galope
A marcha do número 666.
Palpo1 a Quimera2.
O tremor
E os jasmins da palavra “jamais”.
3
Dos telhados abstratos
Vejo os limites da pele,
Assisto crescerem os cabelos dos minutos
No instante da eternidade.
Vejo ouvindo, ouço vendo.
Considero as tatuagens dos peixes,
O astro monossecular.
Os rochedos colocam-se máscaras contra
[pássaros asfixiantes.
A grande Babilônia ergue o corpo de dólares.
Ruído surdo, o tempo oco a tombar…
A espiral das gerações cresce.
(Murilo Mendes. Antologia poética, 2014.)
1 palpar: apalpar.
2 Quimera: monstro mitológico com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de serpente.
Considerando a época de produção do poema (Estado Novo), remeteria de modo mais explícito ao contexto de censura o seguinte trecho:
Questão 35 14290193
FUVEST (USP) Conhecimento Gerais 2025/1"Ele vê o gesto do advogado Dr. Otávio Conti, no café, metendo a mão no bolso, tirando uma cédula de cem mil-réis e entregando-a ao Duque: ‘– Vá levantar esta letra. Você me devolve depois.’ Não é bem caridade... Ele não sabe explicar... Há nisso um certo tom de versatilidade... de facilidade... de um tal ou qual afrouxamento do caráter... Ele vê o Andrade tirando, com o gesto do Dr. Otávio Conti, a ‘mesma’ cédula do bolso e entregando-lha... A casa aristocrática acha-se perto. A numeração já está em quase trezentos. Uma pequena aragem que sopra levemente nesta parte alta da rua passa-lhe pelas mãos e esfria-as... O seu corpo suado fica como que um bloco gelado e dá-lhe a sensação de que ele encolhe, se retrai dentro da sua roupa quente e assoleada, que dela se despega como dura carapaça. Ao mesmo tempo o coração, que batia lá no fundo do peito, veio palpitar bem à superfície, quase à flor da pele, meio engasgando-o."
Dyonélio Machado. Os ratos.
Dentre as frases em destaque, a que caracteriza os efeitos fisiológicos em Naziazeno da reação de luta ou fuga pela ativação do sistema nervoso simpático é:
Questão 16 14086783
CESMAC Medicina 1º dia 2025.1O escritor alagoano Graciliano Ramos publicou o romance São Bernardo, em 1934. Em 1936, quando o autor estava preso, veio a público Angústia. Nesse contexto, leia atentamente os trechos transcritos desses dois romances.
Trecho I
“[...] As pessoas que me lerem terão, pois, a bondade de traduzir isto em linguagem literária, se quiserem. Se não quiserem, pouco se perde. Não pretendo bancar escritor. É tarde para mudar de profissão. E o pequeno que ali está chorando necessita quem o encaminhe e lhe ensine as regras de bem viver.
– Então para que escreve?
– Sei lá!
O pior é que já estraguei diversas folhas e ainda não principiei.
– Maria das Dores, outra xícara de café.
Dois capítulos perdidos. Talvez não fosse mau aproveitar os do Gondim, depois de expurgados”.
RAMOS, Graciliano. S. Bernardo. 79. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 13.
Trecho II
“Afinal tudo desaparece. E, inteiramente vazio, fico tempo sem fim ocupado em riscar as palavras e os desenhos. Engrosso as linhas, suprimo as curvas, até que deixo no papel alguns borrões compridos, umas tarjas muito pretas.”
RAMOS, Graciliano. Angústia. 32. ed. Rio, São Paulo: Record, 1986, p. 9.
Acerca da leitura desses fragmentos, assinale a alternativa correta.
Questão 42 14628554
UDESC Verão Manhã 2024/1[01.] "Para o sul e para o norte a grande praia deserta; atrás, baixos morros selvagens e
arenosos, num horizonte morto; e o mar sitiando tudo, acuando tudo, com seu tumulto
e seus estrondos. Mais de uma vez vagabundei sozinho em canoa pelas costas
desertas. Mas montado em canoa temos um domínio: jogamos um jogo com a água e
[05.] o vento, e ganhamos. O homem só na praia, perante as ondas mais altas que ele,
esse é de uma fraqueza patética. Pode desconhecer o mar e seguir caminhando em
silêncio pela areia; se o faz, porém, sabe que está fugindo a um insistente desafio.
Sua linha de movimento, ao longo da praia, com o mar bramindo a seu flanco, é uma
perpendicular constrangedora às grandes linhas de ação da natureza. A espuma das
[10.] ondas que lhe chega aos pés ou deles se aproxima, ora mais, ora menos, acuando-o
de um lado, lembra-lhe que não deve andar em reta, mas se afastando e se
abeirando do mar, para ter, nessas oblíquas, uma ilusão de que não se desloca fora
do eixo da natureza. Só o vento, não soprando do seio da terra nem do centro do
mar, mas empurrando-o pelas costas ou batendo-lhe a cara, pode restaurá-lo no ritmo
[15.] do mundo. Empurrado pelo vento, ele está de bem com a natureza e se deixa levar,
embora com um vago ressentimento. Contrariado pelo vento, ele põe em jogo seu
instinto de luta, e sua marcha mais banal tem um secreto sabor heroico."
Braga, Rubem. 100 crônicas escolhidas; seleção e prefácio Gustavo Henrique Tuma. 1ª. Ed. São Paulo: Globo editora, 2022, pp. 190 e 191
Analise as proposições em relação à obra, 100 crônicas escolhidas, Rubem Braga, à crônica DA PRAIA, ao Texto, e assinale (V) para verdadeira e (F) para falsa.
( ) A leitura da obra, da crônica e do excerto leva o leitor a inferir que o autor retrata o apelo aos sentidos - visuais, olfativos, sonoros, auditivos, que o ambiente marítimo desperta no homem, realçando assim os aspectos sinestésicos, provocados por esse envolvimento.
( ) A leitura da estrutura "A espuma das ondas que lhe chega aos pés ou deles se aproxima, ora mais, ora menos" (linhas 9 e 10) leva o leitor a inferir que há o pressuposto de que o cronista procura mostrar por meio dessa cena - o movimento das espumas - a integração do homem à vida.
( ) No período "mas empurrando-o pelas costas ou batendo-lhe a cara" (linha 14), quanto à colocação pronominal, na primeira oração o pronome oblíquo está proclítico, mas se estivesse enclítico não haveria alteração de sentido nem desvio à norma culta padrão, enquanto na segunda oração somente a ênclise é aceitável, segundo os padrões gramaticais da norma culta.
( ) Há palavras que possuem algumas particularidades léxicas gramaticais, observe os sintagmas "Mais de uma vez vagabundei sozinho em canoa pelas costas desertas" (linhas 3 e 4) e "Mas montado em canoa temos um domínio" (linha 4) os vocábulos destacados são, sequencialmente, advérbio de intensidade e uma palavra denotativa com valor enfático, não transmitindo o sentido de oposição adversativa.
( ) A leitura da crônica leva o leitor a inferir que o cronista faz referência a um espaço tão expressivo, tão distante e ao mesmo tempo tão próximo, por meio de uma alegoria que permeia a sua crônica o mar.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
Pastas
06