Questões de Literatura - Literatura brasileira - Escolas Literárias
985 Questões
Questão 4 14020534
UFAM PSC 3º etapa 2024Responda à questão abaixo com base na crônica “Luto da Família Silva”, de Rubem Braga:
A assistência foi chamada. Veio tinindo. Um homem estava deitado na calçada. Uma poça de sangue. A Assistência voltou vazia. O homem estava morto. O cadáver foi removido para o necrotério. Na seção dos “Fatos Diversos” do Diário de Pernambuco, leio o nome do sujeito: João da Silva. Morava na Rua da Alegria. Morreu de hemoptise.
João da Silva – Neste momento em que seu corpo vai baixar à vala comum, nós, seus amigos e seus irmãos, vimos lhe prestar esta homenagem. Nós somos os joões da silva. Nós somos os populares joões da silva. Moramos em várias casas e em várias cidades. Moramos principalmente na rua. Nós pertencemos, como você, à família Silva. Não é uma família ilustre; nós não temos avós na história. Muitos de nós usamos outros nomes, para disfarce. No fundo, somos os Silva. Quando o Brasil foi colonizado, nós éramos os degredados. Depois fomos os índios. Depois fomos os negros. Depois fomos imigrantes, mestiços. Somos os Silva. Algumas pessoas importantes usaram e usam nosso nome. É por engano. Os Silva somos nós. Não temos a mínima importância. Trabalhamos, andamos pelas ruas e morremos. Saímos da vala comum da vida para o mesmo local da morte. Às vezes, por modéstia, não usamos nosso nome de família. Usamos o sobrenome “de Tal”. A família Silva e a família “de Tal” são a mesma família. E, para falar a verdade, uma família que não pode ser considerada boa família. Até as mulheres que não são de família pertencem à família Silva.
João da Silva – Nunca nenhum de nós esquecerá seu nome. Você não possuía sangue azul. O sangue que saía de sua boca era vermelho – vermelhinho da silva. Sangue de nossa família. Nossa família, João, vai mal em política. Sempre por baixo. Nossa família, entretanto, é que trabalha para os homens importantes. A família Crespi, a família Matarazzo, a família Guinle, a família Rocha Miranda, a família Pereira Carneiro, todas essas famílias assim são sustentadas pela nossa família. Nós auxiliamos várias famílias importantes na América do Norte, na Inglaterra, na França, no Japão. A gente de nossa família trabalha nas plantações de mate, nos pastos, nas fazendas, nas usinas, nas praias, nas fábricas, nas minas, nos balcões, no mato, nas cozinhas, em todo lugar onde se trabalha. Nossa família quebra pedra, faz telhas de barro, laça os bois, levanta os prédios, conduz os bondes, enrola o tapete do circo, enche os porões dos navios, conta o dinheiro dos Bancos, faz os jornais, serve no Exército e na Marinha. Nossa família é feito Maria Polaca: faz tudo.
Apesar disso, João da Silva, nós temos de enterrar você é mesmo na vala comum. Na vala comum da miséria. Na vala comum da glória, João da Silva. Porque nossa família um dia há de subir na política...
O cronista Rubem Braga termina seu texto com o uso de reticências: “Porque nossa família um dia há de subir na política...”
Esse sinal de pontuação se justifica em virtude de:
Questão 53 12644238
UNIFOR Demais Cursos 2024/2Seiscentos e Sessenta e Seis
A vida é uns deveres que nós trouxemos para
fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas…
Quando se vê, já é 6.ª feira…
Quando se vê, passaram 60 anos…
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
Ese me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
seguia sempre, sempre em frente …
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e
inútil das horas.
Mário Quintana
Acerca da poética de Quintana, é coerente afirmar que
Questão 52 12580090
UECE 2ª Fase 1º Dia 2024/2Texto
A rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
[80] Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
[85] Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
[90] Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
Vinicius de Moraes. Nova antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
A adjetivação nos versos “A rosa hereditária”/ “A rosa radioativa”/ “Estúpida e inválida” (linhas 88-90) busca convencer o leitor de que esta rosa é algo que
I. será eternizado por sua capacidade destrutiva.
II. apresenta positividade por suas características químicas.
III. demonstra o poder destrutivo da bomba atômica.
Estão corretas as complementações contidas em
Questão 50 12580012
UECE 2ª Fase 1º Dia 2024/2Texto
A rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
[80] Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
[85] Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
[90] Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
Vinicius de Moraes. Nova antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
A figura de linguagem predominante no poema é denominada
Questão 55 12370646
UECE 2ª Fase 1º Dia 2023/1Texto
Caso pluvioso
A chuva me irritava. Até que um dia
descobri que maria é que chovia.
A chuva era maria. E cada pingo
de maria ensopava o meu domingo.
[5] E meus ossos molhando, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.
Eu era todo barro, sem verdura…
Maria, chuvosíssima criatura!
Ela chovia em mim, em cada gesto,
[10] pensamento, desejo, sono, e o resto.
Era chuva fininha e chuva grossa,
matinal e noturna, ativa…Nossa!
Não me chovas, Maria, mais que o justo
chuvisco de um momento, apenas susto.
[15] Não me inundes de teu líquido plasma,
não sejas tão aquático fantasma!
Eu lhe dizia em vão – pois que Maria
quanto mais eu rogava, mais chovia.
Chuvadeira maria, chuvadonha,
[20] chuvinhenta, chuvil, pluvimedonha!
Eu lhe gritava: Pára! e ela chovendo,
Poças d'água gelada ia tecendo.
E choveu tanto maria em minha casa
que a correnteza forte criou asa
[25] e um rio se formou, ou mar, não sei,
sei apenas que nele me afundei.
Os seres mais estranhos se juntando
na mesma aquosa pasta iam clamando
contra essa chuva estúpida e mortal
[30] catarata (jamais houve outra igual).
Anti-petendam cânticos se ouviram.
Que nada! As cordas d'água mais deliram,
e maria, torneira desatada,
mais se dilata em sua chuvarada.
[35] Os navios soçobram. Continentes
já submergem com todos os viventes,
e maria chovendo. Eis que a essa altura,
delida e fluida a humana enfibratura,
e a terra não sofrendo tal chuvência,
[40] comoveu-se a Divina Providência,
e Deus, piedoso e enérgico, bradou:
Não chove mais, maria! – e ela parou.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 231-234. Excerto.
O número de versos presente em cada estrofe do poema pode ser classificado como
Questão 12 9751194
UFT manhã 2023/2Leia o fragmento da peça teatral A pena e a lei, de Ariano Suassuna, para responder a QUESTÃO.
PRIMEIRO ATO
O primeiro Ato de A pena e a lei denomina-se “A inconveniência de ter coragem”. Deve ser encenado como se se tratasse de uma representação de mamulengos, com os atores caracterizados como bonecos de teatro nordestino, com gestos mecanizados e rápidos. [...]
Com a introdução terminando, os personagens arreiam dentro do mamulengo, como se fossem bonecos, e Cheiroso anuncia o espetáculo.
CHEIROSO
Atenção, respeitável público, vai começar o espetáculo!
CHEIROSA
Vai começar o espetáculo!
CHEIROSO
Vai começar o maior espetáculo teatral do País!
CHEIROSA
Vai começar o maior espetáculo músico-teatral do universo!
CHEIROSO
O presente presépio de hilariante teatral denomina-se A pena e a lei porque nele se verão funcionando algumas leis e castigos que se inventaram para disciplinar os homens. E, como era de esperar, tudo isso tem de começar por algumas transgressões da lei, pois quando se traçam normas e sanções, aparece logo alguém para transgredi-las e desafiálas!
Fonte: SUASSUNA, Ariano. A pena e a lei. Rio de Janeiro: Editora Agir, 2005, p. 09-12. [Fragmento]
Sobre o fragmento, assinale a alternativa CORRETA. O título, o tipo de encenação e a caracterização dos personagens, respectivamente, indicam:
Pastas
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