Questões de Literatura - Literatura portuguesa
495 Questões
Questão 7 12619535
UEA - SIS 1ª Etapa 2024/2026Para responder à questão abaixo, leia o trecho do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio Vieira, pregado na Igreja da Misericórdia de Lisboa, no ano de 1655.
Assim como Cristo, Senhor nosso, disse a Dimas1 : “Hoje serás comigo no Paraíso”, assim disse a Zaqueu2 : “Hoje entrou a salvação nesta tua casa”. Mas o que muito se deve notar, é que a Dimas prometeu-lhe o Senhor a salvação logo, e a Zaqueu não logo, senão muito depois. E por que, se ambos eram ladrões, e ambos convertidos? Porque Dimas era ladrão pobre, e não tinha com que restituir o que roubara; Zaqueu era ladrão rico, e tinha muito com que restituir, diz o evangelista. E ainda que ele o não dissera, o estado de um e outro ladrão o declarava assaz. Por quê? Porque Dimas era ladrão condenado e se ele fora rico, claro está que não havia de chegar à forca; porém Zaqueu era ladrão tolerado, e a sua mesma riqueza era a imunidade que tinha para roubar sem castigo, e ainda sem culpa. E como Dimas era ladrão pobre, e não tinha com que restituir, também não tinha impedimento a sua salvação, e por isso Cristo lha concedeu no mesmo momento. Pelo contrário: Zaqueu como era ladrão rico, e tinha muito com que restituir, não lhe podia Cristo segurar a salvação antes que restituísse, e por isso lhe dilatou a promessa. A mesma narração do Evangelho é a melhor prova desta diferença.
(Antônio Vieira. Essencial, 2011. Adaptado.)
1 Dimas, conhecido como “o bom ladrão”, foi um dos ladrões crucificados ao lado de Jesus Cristo.
2 Zaqueu era um coletor de impostos corrupto. Os coletores de impostos eram odiados pelos seus compatriotas judeus, que os viam como traidores trabalhando para o Império Romano.
Por razões estilísticas, Antônio Vieira recorre a várias inversões (ou seja, a alterações da ordem direta da frase). Em ordem direta, o trecho “a Dimas prometeu [...] o Senhor a salvação” assume a seguinte redação:
Questão 5 12619516
UEA - SIS 1ª Etapa 2024/2026Para responder à questão abaixo, leia o trecho do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio Vieira, pregado na Igreja da Misericórdia de Lisboa, no ano de 1655.
Assim como Cristo, Senhor nosso, disse a Dimas1 : “Hoje serás comigo no Paraíso”, assim disse a Zaqueu2 : “Hoje entrou a salvação nesta tua casa”. Mas o que muito se deve notar, é que a Dimas prometeu-lhe o Senhor a salvação logo, e a Zaqueu não logo, senão muito depois. E por que, se ambos eram ladrões, e ambos convertidos? Porque Dimas era ladrão pobre, e não tinha com que restituir o que roubara; Zaqueu era ladrão rico, e tinha muito com que restituir, diz o evangelista. E ainda que ele o não dissera, o estado de um e outro ladrão o declarava assaz. Por quê? Porque Dimas era ladrão condenado e se ele fora rico, claro está que não havia de chegar à forca; porém Zaqueu era ladrão tolerado, e a sua mesma riqueza era a imunidade que tinha para roubar sem castigo, e ainda sem culpa. E como Dimas era ladrão pobre, e não tinha com que restituir, também não tinha impedimento a sua salvação, e por isso Cristo lha concedeu no mesmo momento. Pelo contrário: Zaqueu como era ladrão rico, e tinha muito com que restituir, não lhe podia Cristo segurar a salvação antes que restituísse, e por isso lhe dilatou a promessa. A mesma narração do Evangelho é a melhor prova desta diferença.
(Antônio Vieira. Essencial, 2011. Adaptado.)
1 Dimas, conhecido como “o bom ladrão”, foi um dos ladrões crucificados ao lado de Jesus Cristo.
2 Zaqueu era um coletor de impostos corrupto. Os coletores de impostos eram odiados pelos seus compatriotas judeus, que os viam como traidores trabalhando para o Império Romano.
Em “ainda que ele o não dissera, o estado de um e outro ladrão o declarava assaz”, a locução sublinhada pode ser substituída, sem qualquer prejuízo para o sentido da frase, por:
Questão 3 9155260
FAMERP 2023Leia o soneto de Leonor de Almeida Portugal Lorena e Lencastre, também conhecida como Marquesa de Alorna, para responder à questão.
Feliz esse mortal que se contenta
Com a herdade1
dos seus antepassados,
Que livre de tumulto e de cuidados
Só do pão que semeia se alimenta.
Dentre os filhos amados afugenta
A discórdia cruel; vê dos seus gados,
Sempre gordos, alegres, bem tratados,
Numeroso rebanho que apascenta.
O trono mais ditoso é comparável
Ao brando estado deste que não sente
De um espectro de ouro o peso formidável?
O que vive na Corte mais contente
Provou nunca um prazer tão agradável
Como o deste Pastor pobre, inocente?
(Sonetos, 2007.)
1herdade: propriedade rural de dimensões consideráveis; fazenda.
Uma característica da estética árcade presente no soneto é
Questão 9 9169826
USCS Medicina 2022/2Leia o poema “Ao entardecer” de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa, para responder à questão.
Ao entardecer, debruçado pela janela,
E sabendo de soslaio que há campos em frente,
Leio até me arderem os olhos
O livro de Cesário Verde.
Que pena que tenho dele! Ele era um camponês
Que andava preso em liberdade pela cidade.
Mas o modo como olhava para as casas,
E o modo como reparava nas ruas,
E a maneira como dava pelas coisas,
É o de quem olha para árvores,
E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai
[andando
E anda a reparar nas flores que há pelos campos...
Por isso ele tinha aquela grande tristeza
Que ele nunca disse bem que tinha,
Mas andava na cidade como quem anda no campo
E triste como esmagar flores em livros
E pôr plantas em jarros...
(www.dominiopublico.gov.br)
O eu lírico recorre a um paradoxo no verso:
Questão 7 7355058
UNITAU Inverno Medicina 2022“É certo que eu, num dos meus passeios desabridos, quando o céu afuzilava relâmpagos, fui caminho de Sintra, e vi na balaustrada de uma varanda, com os olhos postos no ocidente tempestuoso, uma mulher, que se me afigurou a pomba da boa nova ao quadragésimo dia do dilúvio”.
BRANCO, Camilo Castelo, Coração, cabeça e estômago. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1960, p. 455.
Dentre as alternativas abaixo, qual recurso literário podemos identificar no excerto acima?
Assinale a resposta CORRETA.
Questão 8 6696359
UNIFAE 2022Leia o trecho da cantiga medieval galego-portuguesa, em que o eu lírico pede a Deus que lhe permita ver a mulher amada ou então que lhe dê a morte.
A dona que eu amo e tenho por senhor
amostrade-mi-a, Deus, se vos en prazer for,
senom dade-mi a morte.
A que tenho eu por lume destes olhos meus
e por que choram sempre, amostrade-mi-a, Deus,
senom dade-mi a morte.
(Bernal de Bonaval. https://cantigas.fcsh.unl.pt. Adaptado.)
Por suas características, essa obra poética é típica do movimento literário conhecido como
Pastas
06