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Acesse GrátisQuestões de Literatura - Literatura portuguesa
Questão 5 6443286
UNIMES 2020Leia o poema “Deslumbramentos”, de Cesário Verde, publicado pela primeira vez em 1875, para responder a questão.
Milady, é perigoso contemplá-la,
Quando passa aromática e normal,
Com seu tipo tão nobre e tão de sala,
Com seus gestos de neve e de metal.
Sem que nisso a desgoste ou desenfade,
Quantas vezes, seguindo-lhe as passadas,
Eu vejo-a, com real solenidade,
Ir impondo toilettes1 complicadas!…
Ah! Como me estonteia e me fascina…
E é, na graça distinta do seu porte,
Como a Moda supérflua e feminina,
E tão alta e serena como a Morte!…
Eu ontem encontrei-a, quando vinha,
Britânica, e fazendo-me assombrar;
Grande dama fatal, sempre sozinha,
E com firmeza e música no andar!
O seu olhar possui, num jogo ardente,
Um arcanjo e um demônio a iluminá-lo;
Como um florete, fere agudamente,
E afaga como o pelo dum regalo2
Pois bem. Conserve o gelo por esposo,
E mostre, se eu beijar-lhe as brancas mãos,
O modo diplomático e orgulhoso
Que Ana d’Áustria mostrava aos cortesãos.
E enfim prossiga altiva como a Fama,
Sem sorrisos, dramática, cortante;
Que eu procuro fundir na minha chama
Seu ermo coração, como a um brilhante.
Mas cuidado, milady, não se afoite,
Que hão de acabar os bárbaros reais;
E os povos humilhados, pela noite,
Para a vingança aguçam os punhais.
E um dia, ó flor do Luxo, nas estradas,
Sob o cetim do Azul e as andorinhas,
Eu hei de ver errar, alucinadas,
E arrastando farrapos – as rainhas!
(Poemas reunidos, 2010.)
1 toilettes: vestuário em sentido amplo, que inclui, além de roupa, maquiagem, penteado e outros adereços pessoais.
2regalo: agasalho para as mãos, geralmente feito de pele.
Verifica-se o emprego de verbo no modo imperativo em:
Questão 7 5470213
UFMS PASSE - 2ª Etapa 2019-2021Na segunda metade do século XIX, a literatura europeia buscou novas formas de expressão e que refletiram na literatura brasileira. Essa renovação manifestou-se na forma de três movimentos literários: o Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo.
Em síntese, são características do Realismo, EXCETO:
Questão 7 7833697
UNIFAN Medicina 2019/1Leia o trecho de O crime do Padre Amaro de Eça de Queirós, para responder a questão.
“Já tinha anoitecido quando a diligência, com as lanternas acesas, entrou na Ponte ao trote esgalgado dos seus magros cavalos brancos, e veio parar ao pé do chafariz, por baixo da estalagem do Cruz ; o caixeiro do tio Patrício partiu logo a correr para a Praça com o maço dos Diários Populares; o tio Baptista, o patrão, com o cachimbo negro ao canto da boca, desatrelava, praguejando tranquilamente; e um homem que vinha na almofada, ao pé do cocheiro, de chapéu alto e comprido capote eclesiástico, desceu cautelosamente, agarrando-se às guardas de ferro dos assentos, bateu com os pés no chão para os desentorpecer, e olhou em redor.
– Oh, Amaro! gritou o cônego, que se tinha aproximado, oh ladrão!
– Oh, padre-mestre! disse o outro com alegria. E abraçaram-se, enquanto o coadjutor, todo curvado, tinha o barrete na mão.
Daí a pouco as pessoas que estavam nas lojas viram atravessar a Praça, entre a corpulência vagarosa do cônego Dias e a figura esguia do coadjutor, um homem um pouco curvado, com um capote de padre. Soube-se que era o pároco novo; e disse-se logo na botica que era uma boa figura de homem.”
QUEIRÓS, Eça de. O crime do Padre Amaro. São Paulo: Ática, 1995. p. 23-24.
O crime do Padre Amaro, publicado em 1875, é o romance que inaugura o Realismo em Língua Portuguesa. Acerca da referida obra e da corrente literária a que se vincula, analise as assertivas a seguir.
1. A referida obra enfatiza o distanciamento da realidade subjetiva.
2. Utiliza-se, abundantemente, uma linguagem referencial, evidenciando seu caráter metafórico.
3. Tem como uma de suas características principais a utilização do recurso estilístico da musicalidade, visando sensações e ritmos.
4. Evidencia uma síntese entre a percepção dos sentidos supracorpóreos e a reflexão intelectual baseada no platonismo.
5. Valoriza a corporeidade objetiva. 6. Apregoa o cientificismo, por meio da ficção, priorizando objetividade e descritivismo.
7. Valoriza o universo onírico, em contraposição ao racionalismo.
8. O par romântico, Amaro Vieira e Amélia, é idealizado e sofre condenações por parte da sociedade burguesa da época.
9. Tece críticas à corrupção da Igreja Católica da época e, por isso, é considerada uma obra anticlerical, sendo considerada também antiburguesa e de crítica aos costumes provincianos.
10. Aproxima-se de questões sociais, evidenciando a função da literatura conhecida como a ¨literatura de cunho social¨.
A soma dos números das assertivas acima corretas é:
Questão 4 6608025
FACISB 2018Leia o trecho do romance O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós, para responder à questão.
Mas na sua paixão havia às vezes grandes impaciências. Quando tinha estado, durante três horas da noite, recebendo o seu olhar, absorvendo a voluptuosidade que se exalava de todos os seus movimentos, – ficava tão carregado de desejos que necessitava conter-se “para não fazer um disparate ali mesmo na sala, ao pé da mãe”. Mas depois, em casa, só, torcia os braços de desespero: queria-a ali de repente, oferecendo-se ao seu desejo: fazia então combinações – escrever-lhe-ia, arranjariam uma casinha discreta para se amarem, planeariam um passeio a alguma quinta! Mas todos aqueles meios lhe pareciam incompletos e perigosos, ao recordar o olho finório da irmã do cónego, as Gansosos tão mexeriqueiras! E diante daquelas dificuldades que se erguiam como as muralhas sucessivas duma cidadela, voltavam as antigas lamentações: não ser livre! não poder entrar claramente naquela casa, pedi-la à mãe, possuí-la sem pecado, comodamente! Por que o tinham feito padre? Fora “a velha pega” da marquesa de Alegros! Ele não abdicava voluntariamente a virilidade do seu peito! Tinham-no impelido para o sacerdócio como um boi para o curral!
Então, passeando excitado pelo quarto, levava as suas acusações mais longe, contra o Celibato e a Igreja: por que proibia ela aos seus sacerdotes, homens vivendo entre homens, a satisfação mais natural, que até têm os animais? Quem imagina que desde que um velho bispo diz – serás casto – a um homem novo e forte, o seu sangue vai subitamente esfriar-se? e que uma palavra latina – accedo – dita a tremer pelo seminarista assustado, será o bastante para conter para sempre a rebelião formidável do corpo? E quem inventou isto? Um concílio de bispos decrépitos, vindos do fundo dos seus claustros, da paz das suas escolas, mirrados como pergaminhos, inúteis como eunucos! Que sabiam eles da Natureza e das suas tentações? Que viessem ali duas, três horas para o pé da Ameliazinha, e veriam, sob a sua capa de santidade, começar a revoltar-se-lhe o desejo! Tudo se ilude e se evita, menos o amor! E se ele é fatal, por que impediram então que o padre o sinta, o realize com pureza e com dignidade? É melhor talvez que o vá procurar pelas vielas obscenas! – Porque a carne é fraca!
Encolhia então os ombros, escarnecendo toda aquela vaga argumentação interior. “Filosofia e palhada!” Estava doido pela rapariga, – era o positivo. Queria-lhe o amor, queria-lhe os beijos, queria-lhe a alma... E o senhor bispo se não fosse velho faria o mesmo, e o Papa faria o mesmo!
(Obras completas, vol 1, s/d. Adaptado.)
O trecho retrata Amaro, personagem que dá título ao romance de Eça de Queirós. Verifica-se nesse trecho
Questão 6 6608220
FACISB 2018Leia o trecho do romance O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós, para responder à questão.
Mas na sua paixão havia às vezes grandes impaciências. Quando tinha estado, durante três horas da noite, recebendo o seu olhar, absorvendo a voluptuosidade que se exalava de todos os seus movimentos, – ficava tão carregado de desejos que necessitava conter-se “para não fazer um disparate ali mesmo na sala, ao pé da mãe”. Mas depois, em casa, só, torcia os braços de desespero: queria-a ali de repente, oferecendo-se ao seu desejo: fazia então combinações – escrever-lhe-ia, arranjariam uma casinha discreta para se amarem, planeariam um passeio a alguma quinta! Mas todos aqueles meios lhe pareciam incompletos e perigosos, ao recordar o olho finório da irmã do cónego, as Gansosos tão mexeriqueiras! E diante daquelas dificuldades que se erguiam como as muralhas sucessivas duma cidadela, voltavam as antigas lamentações: não ser livre! não poder entrar claramente naquela casa, pedi-la à mãe, possuí-la sem pecado, comodamente! Por que o tinham feito padre? Fora “a velha pega” da marquesa de Alegros! Ele não abdicava voluntariamente a virilidade do seu peito! Tinham-no impelido para o sacerdócio como um boi para o curral!
Então, passeando excitado pelo quarto, levava as suas acusações mais longe, contra o Celibato e a Igreja: por que proibia ela aos seus sacerdotes, homens vivendo entre homens, a satisfação mais natural, que até têm os animais? Quem imagina que desde que um velho bispo diz – serás casto – a um homem novo e forte, o seu sangue vai subitamente esfriar-se? e que uma palavra latina – accedo – dita a tremer pelo seminarista assustado, será o bastante para conter para sempre a rebelião formidável do corpo? E quem inventou isto? Um concílio de bispos decrépitos, vindos do fundo dos seus claustros, da paz das suas escolas, mirrados como pergaminhos, inúteis como eunucos! Que sabiam eles da Natureza e das suas tentações? Que viessem ali duas, três horas para o pé da Ameliazinha, e veriam, sob a sua capa de santidade, começar a revoltar-se-lhe o desejo! Tudo se ilude e se evita, menos o amor! E se ele é fatal, por que impediram então que o padre o sinta, o realize com pureza e com dignidade? É melhor talvez que o vá procurar pelas vielas obscenas! – Porque a carne é fraca!
Encolhia então os ombros, escarnecendo toda aquela vaga argumentação interior. “Filosofia e palhada!” Estava doido pela rapariga, – era o positivo. Queria-lhe o amor, queria-lhe os beijos, queria-lhe a alma... E o senhor bispo se não fosse velho faria o mesmo, e o Papa faria o mesmo!
(Obras completas, vol 1, s/d. Adaptado.)
Nesse trecho, o narrador
Questão 38 163771
ENEM 1ª Aplicação - 1° Dia 2017O homem disse, Está a chover, e depois, Quem é você,,Não sou daqui, Anda à procura de comida, Sim, há quatro dias que não comemos, E como sabe que são quatro dias, E um cálculo, Está sozinha, Estou com o meu marido e uns companheiros, Quantos são, Ao todo, sete, Se estão a pensar em ficar conosco, tirem daí o sentido, já somos muitos, Só estamos de passagem, Donde vêm, Estivemos internados desde que a cegueira começou, Ah, sim, a quarentena, não serviu de nada, Por que diz isso, Deixaram-nos sair, Houve um incêndio e nesse momento percebemos que os soldados que nos vigiavam tinham desaparecido, E saíram, Sim, Os vossos soldados devem ter sido dos últimos a cegar, toda a gente está cega, Toda a gente, a cidade toda, o país,
SARAMAGO, J. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
A cena retrata as experiências das personagens em um país atingido por uma epidemia. No diálogo, a violação de determinadas regras de pontuação