Questões de Português
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Questão 8 14032441
UEA - Geral 2024Leia o trecho do romance Capitães da areia, de Jorge Amado, para responder à questão abaixo.
Pedro Bala e João Grande abalaram pela ladeira da Praça. Barandão abriu no mundo também. Mas o Sem-Pernas ficou encurralado na rua. Jogava picula1 com os guardas. Estes tinham se despreocupado dos outros, pensavam que já era alguma coisa pegar aquele coxo. Sem-Pernas corria de um lado para outro da rua, os guardas avançavam. Ele fez que ia escapulir por outro lado, driblou um dos guardas, saiu pela ladeira. Mas em vez de descer e tomar pela Baixa dos Sapateiros, se dirigiu para a praça do Palácio. Porque Sem-Pernas sabia que se corresse na rua o pegariam com certeza. Eram homens, de pernas maiores que as suas, e além do mais ele era coxo, pouco podia correr. E acima de tudo não queria que o pegassem. Lembrava-se da vez que fora à polícia. Dos sonhos das suas noites más. Não o pegariam e enquanto corre este é o único pensamento que vai com ele. [...] Não o levarão. Vêm em seus calcanhares, mas não o levarão. Pensam que ele vai parar junto ao grande elevador. Mas Sem-Pernas não para. Sobe para o pequeno muro, volve o rosto para os guardas que ainda correm, ri com toda a força do seu ódio, cospe na cara de um que se aproxima estendendo os braços, se atira de costas no espaço como se fosse um trapezista de circo.
A praça toda fica em suspenso por um momento. “Se jogou”, diz uma mulher, e desmaia. Sem-Pernas se rebenta na montanha como um trapezista de circo que não tivesse alcançado o outro trapézio. O cachorro late entre as grades do muro.
(Capitães da areia, 2008.)
1picula: brincadeira infantil também conhecida como pega-pega, pegador e manja-pega.
A palavra sublinhada indica uma condição em:
Questão 5 14032436
UEA - Geral 2024Leia o texto de Debora Pazetto Ferreira para responder à questão abaixo.
Danto1 introduz o problema da interpretação de obras de arte propondo, como de costume, um experimento mental: imaginar duas obras de arte que sejam sensorialmente indiscerníveis, mas que foram produzidas em épocas e lugares diferentes. Esse experimento tem o objetivo de mostrar que, embora os objetos materiais que as corporificam sejam idênticos, as referidas obras são distintas, uma vez que têm significados diferentes. Danto concorda, portanto, com a tese wölffliniana2 de que nem tudo é possível em qualquer época, ou seja, os significados artísticos são condicionados pelo seu contexto histórico. Desse modo, o problema da interpretação está inserido no cerne da definição de arte
(Revista Kriterion, 2018. Adaptado.)
1Arthur Danto (1924-2013): filósofo e crítico de arte estadunidense.
2Heinrich Wölfflin (1864-1945): filósofo e crítico de arte suíço.
Está na voz passiva a oração:
Questão 4 14031487
UEA - SIS 1º série 2025/2027 2024Leia o texto para responder àquestão.
Claude Monet was a French artist known for painting in the style called Impressionism. Monet was famous during his lifetime, and his paintings remain popular today. They are on display in art museums around the world.
Claude Monet was born on November 14, 1840, in Paris, France. He drew and painted as a young man. In the 1860s he became friends with other artists, including PierreAuguste Renoir. The group of artists became known as the Impressionists because of Monet’s painting called Impression: Sunrise.
Most of Monet’s subjects were from nature. Like other Impressionists, he was fascinated by the way light and shadows change during the day. He often painted the same scene again and again to show all the variations of light and shadow.
In the 1880s Monet settled in Giverny, outside of Paris. There he painted one of his most famous series of paintings, called Water Lilies. Monet died on December 5, 1926, in Giverny.
(https://kids.britannica.com)
Antônio Vieira recorre a um enunciado antitético (ou seja, um enunciado em que duas palavras de sentido contrário se opõem) no seguinte trecho:
Questão 5 14031448
UEA - SIS 1º série 2025/2027 2024Para responder às questão, leia o trecho do “Sermão do Mandato”, de Antônio Vieira, pregado em Lisboa, no Hospital Real, no ano de 1643.
Estes são os poderes do tempo sobre o amor. Mas sobre qual amor? Sobre o amor humano, que é fraco; sobre o amor humano, que é inconstante; sobre o amor humano, que não se governa por razão, senão por apetite; sobre o amor humano, que, ainda quando parece mais fino, é grosseiro e imperfeito. O amor, a quem remediou e pôde curar o tempo, bem poderá ser que fosse doença; mas não é amor. O amor perfeito, e que só merece o nome de amor, vive imortal sobre a esfera da mudança, e não chegam lá as jurisdições do tempo. Nem os anos o diminuem, nem os séculos o enfraquecem, nem as eternidades o cansam. Quis-nos declarar Salomão, diz Santo Agostinho, que o amor que é verdadeiro tem obrigação de ser eterno; porque, se em algum tempo deixou de ser, nunca foi amor. Notável dizer! Em todas as outras coisas o deixar de ser é sinal de que já foram; no amor o deixar de ser é sinal de nunca ter sido. Deixou de ser, pois nunca foi. Deixastes de amar, pois nunca amastes. O amor que não é de todo o tempo, e de todos os tempos, não é amor, nem foi; porque, se chegou a ter fim, nunca teve princípio. É como a eternidade, que se por impossível tivera fim, não teria sido eternidade.
(Antônio Vieira. Essencial, 2011. Adaptado.)
“Nem os anos o diminuem, nem os séculos o enfraquecem, nem as eternidades o cansam.”
Os pronomes sublinhados referem-se a
Questão 42 13478988
ENEM 1º Dia (Azul) 2024Feijoada à minha moda
Amiga Helena Sangirardi
Conforme um dia prometi
Onde, confesso que esqueci
E embora — perdoe — tão tarde
(Melhor do que nunca!) este poeta
Segundo manda a boa ética
Envia-lhe a receita (poética)
De sua feijoada completa.
Em atenção ao adiantado
Da hora em que abrimos o olho
O feijão deve, já catado
Nos esperar, feliz de molho.
Uma vez cozido o feijão
(Umas quatro horas, fogo médio)
Nós, bocejando o nosso tédio
Nos chegaremos ao fogão
[...]
De carne-seca suculenta
Gordos pedaços, não dê toucinho
(Nunca orelhas de bacorinho
Que a tornam em excesso opulenta!)
[...]
Enquanto ao lado, em fogo brando
Desminguindo-se de gozo
Deve também se estar fritando
O torresminho delicioso
Em cuja gordura, de resto
(Melhor gordura nunca houve!)
Deve depois frigir a couve
Picada, em fogo alegre e presto.
[...]
Dever cumprido. Nunca é vã
A palavra de um poeta... — jamais!
Abraça-a, em Brillat-Savarin,
Os seus Vinicius de Moraes.
MORAES, V. In: CÍCERO, A.; QUEIROZ, E. (Org.). Vinicius de Moraes: nova antologia poética. São Paulo: Cia. das Letras, 2005 (fragmento).
Apesar de haver marcas formais de carta e receita, a característica que define esse texto como poema é(o
Questão 39 13478961
ENEM 1º Dia (Azul) 2024Falar errado é uma arte, Arnesto!
No dia 6 de agosto de 1910, Emma Riccini Rubinato pariu um garoto sapeca em Valinhos e deu a ele o nome de João Rubinato. Na escola, João não passou do terceiro ano. Não era a área dele, tinha de escolher outra. Fez o que apareceu. Foi ser garçom, metalúrgico, até virar radialista, comediante, ator de cinema e TV, cantor e compositor. De samba.
Como tinha sobrenome italiano, João resolveu mudar para emplacar seu samba. E como ia mudar o sobrenome, mudou o nome. Virou Adoniran Barbosa. O cara falava errado, voz rouca, pinta de malandro da roça. Virou ícone da música brasileira, o mais paulista de todos, falando errado e irritando Vinicius de Moraes, que ficou de bico fechado depois de ouvir a música que Adoniran fez para a letra Bom dia, tristeza, de autoria do Poetinha. Coisa de arrepiar.
Para toda essa gente que implicava, Adoniran tinha uma resposta neorretrucada: "Gosto de samba e não foi fácil, não, para ser aceito como compositor, porque ninguém queria nada com as minhas letras que falavam 'nóis vai', 'nóis fumo', 'nóis ficemo', 'nóis pode'. Aceitavam que é preciso saber falar errado. Falar errado é uma arte, senão vira deboche".
Ele sabia o que fazia. Por isso dizia que falar errado era uma arte. A sua arte. Escolhida e dedo porque casava com seu tipo. O Samba do Arnesto é um monumento à fala errada, assim como Tiro ao Álvaro. O erudito podia resmungar, mas o povo se identificava.
PEREIRA, E. Disponível em: www.tribunapr.com.br. Acesso em: 8 jul. 2024 (adaptado).
O "falar errado" a que o texto se refere constitui um preconceito em relação ao uso que Adoniran Barbosa fazia da língua em suas composições, pois esse uso
Pastas
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