Questões de Português - Gramática - Figuras de Linguagem - Analogia
115 Questões
Questão 8 9538636
UEG 2022/1Leia o texto a seguir para responder a questão
Para além da compaixão
[1]Tendemos a acreditar que a compaixão, por si mesma, pode tornar as pessoas mais humanizadas.
Contudo, esse sentimento moral não é confiável por si só. Como os outros animais, o ser humano
geralmente sente compaixão por quem ele conhece, e não por quem ele não conhece. Hoje sabemos que
até criaturas aparentemente simples como os camundongos reagem com desconforto quando veem outros
[5]camundongos, com os quais tenham vivido antes, sofrendo. Porém, o sofrimento de camundongos
desconhecidos não consegue produzir um contágio afetivo que precede a compaixão. Portanto, é provável
que a tendência de dividir o mundo entre os conhecidos e os desconhecidos seja algo profundamente
enraizado em nossa herança evolutiva.
Também podemos recusar a compaixão por outros motivos inaceitáveis; por exemplo, podemos
[10]culpar injustamente a pessoa que está sofrendo por seu infortúnio. Muitas pessoas acreditam que os pobres
atraem a pobreza sobre si por meio da preguiça e da falta de esforço. Consequentemente, embora estejam
muitas vezes enganadas com relação a isso, elas não sentem compaixão pelos pobres.
Esses déficits de compaixão podem se conectar à dinâmica perniciosa do nojo e da vergonha.
Quando determinado subgrupo social é identificado como vergonhoso e nojento, seus membros parecem
[15]inferiores aos membros dominantes, além de muito diferentes deles: primitivos, fedorentos, contaminados e
contaminantes. Torna-se fácil, portanto, excluí-los da compaixão, e fica difícil enxergar o mundo de seu
ponto de vista. Pessoas que sentem muita piedade de outras pessoas de seu grupo (social, racial, religioso
etc.) são capazes de tratar pessoas de grupos diferentes como animais ou objetos.
Em suma, cultivar a compaixão não é por si só suficiente para superar as forças da discriminação,
[20]opressão e subordinação social. A própria compaixão pode se tornar uma aliada do nojo e da vergonha,
fortalecendo a solidariedade entre as elites e distanciando-as ainda mais dos subalternizados. Daí a
necessidade de se cultivar a educação dos sentimentos morais, ampliando os horizontes da compaixão
para além dos limites do grupo conhecido. A capacidade de se colocar no lugar do outro, por mais diferente
que ele seja, é algo que deve ser aprendido.
NUSSBAUM, Martha C. Sem fins lucrativos: por que as democracias precisam das humanidades. São Paulo: Martins Fontes, 2015.
p.38-39. (Adaptado).
O trecho que faz referência ao comportamento dos camundongos utiliza um argumento baseado em
Questão 72 12392500
UECE 2ª Fase - 1º Dia 2021/1Texto
Padrão de beleza: mutante, mas sempre ao nosso redor
Fomos ensinadas a agradar e a nos
preocupar com a opinião alheia, a nos
[160] comportar de determinada maneira, a nos
vestir com roupas específicas, ter um tipo
de cabelo e por aí vai.
Quando não seguimos a cartilha,
algumas pessoas se sentem no direito de
[165] fazer comentários ou brincadeiras sobre
nossas características físicas sem ninguém
ter pedido uma opinião. Ao longo dos anos,
isso vai se internalizando em nós. Passamos
a ver como problema algo que nem era
[170] uma questão, dando poder a palavras
destrutivas.
Bom, nós sabemos que mesmo
racionalizando tudo isso, muitas vezes nos
pegamos inseguras por não apresentarmos
[175] um conjunto de traços que satisfaçam essas
expectativas.
Por muito tempo, fomos ensinadas a
agir dessa maneira. Quando não somos
magras o suficiente ou temos estrias, nos
[180] culpamos e seguimos em busca de melhorar
a todo custo. Entender essa dinâmica é o
primeiro passo para construir uma mudança
real e significativa em nossas vidas.
Se antes os grandes culpados eram
[185] os ensaios fotográficos e as campanhas
publicitárias estampados nas revistas
femininas, hoje somos bombardeadas por
centenas de imagens. Facebook, Instagram
e Pinterest estão aí para mostrar padrões
[190] de beleza corporal a todo o momento. Ou
seja, o padrão de beleza imposto pela
mídia agora também é encontrado nas
redes sociais. Uma das maiores
problemáticas desse ambiente é que,
[195] mesmo dando preferência para seguir
pessoas conhecidas, ainda há uma tentativa
constante, por parte de todas nós, de
mostrarmos uma existência maravilhosa.
São fotos e mais fotos de pessoas
[200] malhando loucamente, sem estrias ou sinais
de celulite. E pensamos: por que não eu?
Esse momento pode ser o mais perigoso
porque gera muitas frustrações.
Está tudo bem você querer perder
[205] uns quilinhos ou seguir um estilo mais
saudável, desde que seja uma escolha sua
e com acompanhamento médico. E esse é o
X da questão. Muitas vezes, queremos
alcançar níveis surreais de magreza ou
[210] definição que não têm nada a ver com a
gente.
Começamos a perseguir uma vida
que vemos em nosso feed, mas cujos
bastidores não conhecemos. Gastamos
[215] nosso salário em procedimentos estéticos,
dietas e para quê? Muitas vezes, apenas
para chegar a alguma meta difícil de ser
alcançada e que não combina com o nosso
estilo de vida e valores pessoais. [...]
[220] Se o seu ritmo é acordar mais cedo,
correr, voltar para a casa, comer uma
tapioca e se arrumar para o trabalho,
ótimo. Se você não é fã de uma rotina
regrada, gosta da sua alimentação do jeito
[225] que ela é, tudo certo também. E se um dia
você acordar e quiser mudar tudo, não tem
nenhum problema!
Sabemos que estamos falando de
um assunto delicado. No entanto,
[230] insistimos: escolha cuidar de você, da sua
saúde mental e da sua qualidade de vida
em primeiro lugar. E vamos nos apoiar
nesta caminhada, dando um passo por vez,
cada uma no seu ritmo. Vamos juntas, no
[235] agora ou no futuro, dizer: amo meu corpo
do jeitinho que ele é.
Texto adaptado. Disponível em https://www.pantys.com.br/blogs/pantys/padrao-debeleza-mutante-mas-sempre-ao-nosso-redor Acesso em 28 de maio de 2021.
Assinale a opção que indica o antecedente do pronome isso em “Ao longo dos anos, isso vai se internalizando em nós”. (linhas 167-168)
Questão 17 6635844
UFAM 1° Etapa 2021Considere o seguinte texto relacionado ao método de trabalho do historiador:
“À semelhança do cientista no laboratório, o historiador se faz perguntas, as quais consegue ou não responder a partir dos documentos que encontra. E muitas vezes, em função mesmo dos documentos que encontra, precisa refazer suas perguntas, o que incide sobre aquilo que descobre.”
FERREIRA, Marieta de Moraes e OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de. Dicionário de ensino de história. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2009, p. 107.
Em relação ao texto, vê-se que destaca o dinamismo do trabalho do historiador, que se distingue de outras formas de conhecimento do passado pela utilização:
Questão 35 6146319
UEA-Específico Exatas 2020Leia o poema de Álvares de Azevedo para responder à questão.
Adeus, meus sonhos!
Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto...
E minh’alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus?!... morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!
(Lira dos vinte anos, 2011.)
“E minh’alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.” (2ª estrofe)
A palavra sublinhada divide o trecho em duas partes e
Questão 28 6146037
UEA-Específico Exatas 2020Leia o primeiro capítulo do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder à questão.
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da Lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
— Continue, disse eu acordando.
— Já acabei, murmurou ele.
— São muito bonitos.
Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando- -me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você”. — “Vou para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo.” — “Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.”
Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.
(Dom Casmurro, 2008.)
Neste primeiro capítulo de Dom Casmurro, há comentários e explicações sobre o título do livro.
O procedimento, semelhante ao encontrado em alguns dos principais textos de Machado de Assis, no qual a construção da narrativa é um aspecto da própria narrativa, é um exemplo de
Questão 33 6195278
UEA-Específico Humanas 2019Leia o texto de Jonathan Culler para responder à questão.
Era uma vez um tempo em que literatura significava sobretudo poesia. O romance era um recém-chegado, próximo demais da biografia ou da crônica para ser genuinamente literário, uma forma popular que não poderia aspirar às altas vocações da poesia lírica e épica. Mas no século XX o romance eclipsou a poesia, tanto como o que os escritores escrevem quanto como o que os leitores leem e, desde os anos 60, a narrativa passou a dominar também a educação literária. As pessoas ainda estudam poesia — muitas vezes isso é exigido — mas os romances e os contos tornaram-se o núcleo do currículo.
Isso não é apenas um resultado das preferências de um público leitor de massa, que alegremente escolhe histórias mas raramente lê poemas. As teorias literária e cultural têm afirmado cada vez mais a centralidade cultural da narrativa. As histórias, diz o argumento, são a principal maneira pela qual entendemos as coisas, quer ao pensar em nossas vidas como uma progressão que conduz a algum lugar, quer ao dizer a nós mesmos o que está acontecendo no mundo. A explicação científica busca o sentido das coisas colocando-as sob leis — sempre que a e b prevalecerem, ocorrerá c — mas a vida geralmente não é assim. Ela segue não uma lógica científica de causa e efeito mas a lógica da história, em que entender significa conceber como uma coisa leva a outra, como algo poderia ter sucedido: como Maggie acabou vendendo software em Cingapura, como o pai de Jorge veio a lhe dar um carro.
(Teoria literária: uma introdução, 1999.)
Está empregado em sentido figurado o termo sublinhado em:
Pastas
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