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Questão 3 601867
UFN Verão 2018FALTA DE EDUCAÇÃO
A violência na escola é apenas uma extensão da violência fora dela – e a violência fora dela é a expressão de um país socialmente injusto, no qual acesso à educação de qualidade é um privilégio, não um direito.
Luiz Ruffato
30 AGO 2017 - 21:53 CEST
A imagem da professora Marcia Friggi com o rosto ensanguentado, após ter sido agredida por um aluno de 15 anos dentro da escola em Indaial, cidade catarinense de 55 mil habitantes, é emblemática da falência não do nosso sistema de ensino, mas da sociedade como um todo. O Brasil está doente, severamente doente, e assistimos apáticos a nossa própria agonia. A inacreditável proposta para resolução do problema, feita pelo pré- candidato à Presidência da República, deputado Jair Bolsonaro, de militarização do ensino e nomeação de um general no Ministério da Educação, é só mais um sintoma do nosso adiantado estado patológico.
O Brasil lidera o ranking mundial de violência escolar. Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), utilizando dados de 2013, 12,5% dos professores disseram ter sido vítima de agressões verbais ou intimidações de alunos pelo menos uma vez por semana – um índice quatro vezes maior que a média dos 34 países pesquisados. Outro estudo, divulgado pelo portal QEdu – ligado à Fundação Lemann – indica que 55% dos diretores de escolas públicas já presenciaram agressões físicas ou verbais de alunos contra funcionários e professores. E entre os próprios estudantes a violência é ainda maior: 76% dos diretores relataram ter havido agressão verbal ou física entre alunos dentro do ambiente escolar.
A questão é que as escolas públicas brasileiras não são lugares apropriados para a aprendizagem. Os alunos, em todas as etapas do ensino, assistem aulas em prédios mal conservados ou depredados, ministradas por professores desestimulados – que, em número insuficiente, recebem salários baixos e contam com poucos recursos didáticos. Somente 4,5% do total das escolas possuem os itens de infraestrutura previstos no Plano Nacional de Educação. Faltam laboratórios de pesquisa, faltam quadras esportivas, faltam bibliotecas, faltam computadores, falta merenda adequada, falta esgotamento sanitário e, acima de tudo, falta interesse dos pais em participar da vida escolar dos filhos. E todos, alunos, funcionários e professores, vivem acossados pela violência urbana, modalidade em que ocupamos o nono lugar no ranking mundial.
O resultado desse descaso pode ser aferido no ranking de qualidade de educação da OCDE, que avalia o conhecimento de alunos na faixa de 15 anos em matemática, leitura e ciências: o Brasil ocupa o vergonhoso 60º lugar, numa lista de 76 países. Se somarmos o número de analfabetos funcionais (27% da população) às pessoas com alfabetização rudimentar (42%), teremos que apenas 31% dos brasileiros, ou seja, um em cada três, possuem domínio da leitura, da escrita e das operações matemáticas. Não por acaso, cerca de 19% do total dos alunos em idade escolar (nos ensinos fundamental e médio) estão matriculados em escolas privadas, em tese, de melhor qualidade.
A derrocada de nosso sistema público de ensino foi iniciada justamente no período da ditadura militar. Os gastos da União com educação, previstos no governo João Goulart em 12% do Produto Interno Bruto (PIB), diminuíram de maneira acentuada sob o governo militar: 7,6% em 1970, 4,31% em 1975 e 5% em 1978 – percentual que hoje se encontra em 5,7%. Esse baixo investimento influenciou diretamente na qualidade do ensino, conforme a professora Renata Machado de Assis, no artigo “A Educação brasileira durante o período militar: a escolarização dos 7 aos 14 anos”. “Os gastos do Estado com a educação foram insuficientes e declinaram, o que interferiu: na estrutura física das escolas, que apresentaram condições precárias de uso; no número de professores leigos, que aumentou entre 1973 e 1983; e nos salários e condições de trabalho dos professores, que sofreram um crescente processo de deterioração”.
O estado de degradação do sistema público de ensino é apenas mais um componente do desprezo que votamos ao patrimônio comum. Os índices de violência dentro do ambiente escolar, verificado nas escolas públicas, não se repetem nas escolas privadas – aliás, quanto mais elitistas, menos afeitas a distúrbios de qualquer natureza. Reduzir o problema a uma questão disciplinar, como arroga o deputado Jair Bolsonaro, é ignorar o abismo que separa ricos e pobres no Brasil, ou melhor, é aprofundá-lo. A violência na escola é apenas uma extensão da violência fora dela – e a violência fora dela é a expressão de um país socialmente injusto, no qual acesso à educação de qualidade é um privilégio, não um direito. No fundo, as nossas lideranças políticas, sejam de que cores forem, não querem transformar o sistema de ensino, porque não querem mudanças na sociedade. É mais fácil manter a população refém da ignorância para se perpetuar no poder.
(Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/08/30/opinion/1504096899_970922.html)
No trecho "O Brasil está doente, severamente doente (...)", encontramos figuras de linguagem identificadas como
Questão 4 127747
UNITAU Medicina Inverno - 1ª Fase 2016Há um quadro de Magritte que representa a capacidade de extrapolar a partir de um contexto: o artista é capaz de ver um ovo e pintar uma ave. Há um poema de Blake que nos fala de “ver o mundo em um grão de areia e todo o céu em uma flor selvagem, em ter o infinito na palma da mão e a eternidade em uma hora”. Também aqui, as capacidades de articulação micro/macro, de combinação análise/síntese são especialmente valorizadas.
Tanto a relação contexto/extrapolação quanto a capacidade de uma visão sintética, de uma cartografia simbólica do real, exigem, no entanto, os cuidados do tempero, ou de um grão de sal. Uma lagartixa imóvel em um muro nos faz lembrar de Blake e Magritte. A imaginação pode nos levar do pequeno réptil ao enorme jacaré, tal como uma miniatura metálica nos faz pensar no automóvel real. Mas temer a lagartixa como se teme um jacaré não é virtude da imaginação; pode ser simples paranoia. Falar em público e viajar de avião, às vezes, são lagartixas disfarçadas de jacarés. MACHADO, N. J. A lagartixa e o jacaré.
Disponível em http://www.nilsonjosemachado.net/mil-e-uma-146-a-lagartixa-e-o-jacare/. Acesso em jun. 2016.
Falar em público e viajar de avião, às vezes, são lagartixas disfarçadas de jacarés.
A afirmação acima, retirada do texto, pode ser categorizada como uma
Questão 7 380122
UFAM PSC 2016/2Leia o trecho a seguir para responder à questão:
Os gatos têm a má fama de serem ariscos, esquivos, indiferentes; de não darem a mínima para o seu dono e de serem altivos até a intolerável arrogância. Em síntese, seriam verdadeiras ilhas. Por que tantos atributos negativos ao membro mais inofensivo da família dos felídeos? Talvez pela independência desses bichos. Por isso, muita gente os despreza e mesmo os detesta. Os gatos não fazem festa nem estardalhaço, não são excessivamente carentes de afeto, podem dormir e sonhar por um século e esquecer o mundo ao redor. Um dia, encontrei um bichaninho perto do edifico em que morava. Levei-o para o apartamento, onde foi um hóspede discreto. Curioso, olhava-me quando eu tomava café, segurando a asa da xícara. Esqueci-me de dizer: chamava-se Leon e era um gato de grande caráter.
(Milton Hatoum, “Elegia a um felino”, no livro Um solitário à espreita, p. 209-210. Texto adaptado.)
Observe os trechos a seguir: “seriam verdadeiras ilhas”, “podem dormir e sonhar por um século” e “olhavame quando eu tomava café, segurando a asa da xícara”. Neles estão expressas, respectivamente, as seguintes figuras de linguagem:
Questão 9 778716
USS 2016/2TEXTO
Zuenir Ventura, um dos mais conceituados jornalistas do país, é autor das obras 1968: o ano que
não terminou e 1968: o que fizemos de nós. Neste, lançado vinte anos depois do primeiro, o autor
faz um contraste da geração de 68 com a de seus filhos e a de seus netos. Conheça um pouco
mais suas ideias nesta entrevista a Luiz Costa Pereira Júnior.
[5] Para você, 68 é um ser, não um ano. Como descreve esse personagem?
A de 68 foi a última geração literária, a que aprendeu lendo, não vendo. Diria que é personagem
autocentrado, com onipotência e um voluntarismo, que não são seus traços mais simpáticos. E
generoso. Talvez a última geração que se entregou a uma causa coletiva, arriscando a pele.
Em que difere seu segundo livro do anterior sobre 68?
[10] Tive o cuidado de falar sobre os filhos e netos de 68 sem olhar saudosista. Não vivo no passado, o
passado vive em mim, como diz o compositor e músico Paulinho da Viola. Muitos têm uma visão
idealizada da época. Que foi tudo maravilhoso e tal. Mas houve coisas tão ruins quanto boas.
É possível generalizar o que toda uma geração pensa?
O antropólogo Gilberto Velho diz algo fantástico. Quando falamos do que é típico de uma geração
[15] estamos falando do que lhe é “emblemático”. A marca de um grupo nem sempre é compartilhada
pelo conjunto, mas é representativa. Havia uma minoria no “espírito de 68”, mas muito ativa, que
vocalizou uma vontade mais ampla. Sempre tomamos o todo de uma geração pela parte.
Em que sentido a atual seria uma geração “oximora”, como diz seu livro?
Oximoro é o encontro de palavras que deveriam se excluir, mas não se anulam, como “gritos
[20] silenciosos”. A geração de hoje é assim. Individualista e festiva. Quer prazer e controle corporal. A
gente fica criticando, que ela só pensa no aqui e agora, mas tudo para ela é instável. Em cinquenta
anos, quando tiverem minha idade, não terão tanta água e ar. É uma geração sem garantia de futuro.
A imprensa perde público, não só para TV e internet. É falta de credibilidade?
Sou crítico à imprensa. Há desrespeito, falta de tempo, invasão de privacidade, compulsão de dar
[25] furo antes de apurar direito e, sobretudo, julgamento precipitado. Julgamos, mas sem a paciência
da Justiça. A imprensa criou mecanismos de autocrítica pois estava perdendo leitores. Uma das
coisas ruins do texto de mídia é o excesso de informação. E excesso é ruído. O desafio não é mais
obter informação, mas interpretá-la.
Quanto o levantamento da informação define o jeitão que um texto assume?
[30] Em desenho industrial há a máxima de que “a forma segue a função”. A categoria de beleza de um
objeto se dá por ele cumprir a função para a qual foi criado. No jornalismo, o principal é a função:
informar. Tudo se subordina a isso. Mas a diferença do jornalismo para uma linguagem só funcional,
burocrática como relatório, é a pretensão estética, o que não é fácil.
Adaptado de Revista Língua Portuguesa, maio de 2008.
Sempre tomamos o todo de uma geração pela parte. (l. 17)
Esta frase remete ao conceito de uma figura de linguagem conhecida como:
Questão 10 310232
UFVJM 2015/2Leia estes textos.
Texto VI
Amor é fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Fonte: CAMÕES, Luís de. Amor é fogo que arde sem se ver. Disponível em: http://www3.universia.com.br/conteudo/literatura/Sonetos_de_luis_de_camoes.pdf. Acesso em 15/06/2015. Adaptado.
Texto VII
1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
3 E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece”.
Fonte: BÍBLIA SAGRADA. 1 Coríntios, 13, versículos 1 a 4. Disponível em: https://www.bibliaonline.com.br/acf/1co/13. Acesso em 15/06/2015. Adaptado.
Com base na leitura desses textos, é correto afirmar que a canção Monte Castelo, de Renato Russo, foi composta por meio da relação entre o poema Camoniano e a Bíblia
Essa relação é denominada como:
Questão 25 85991
UNIFOR Tecnológica 2014/1“O coração é o colibri dourado
Das veigas puras do jardim do céu:
Um — tem o mel da granadilha agreste,
Bebe os perfumes, que a bonina deu;
O outro — voa em mais virentes balças,
Pousa de um riso na rubente flor,
Vive do mel — a que se chama — crenças,
Vive do aroma — que se diz — amor”.
(Castro Alves)
De acordo com o texto acima, assinale a alternativa correta. O primeiro verso do poema contém: