Questões de Português - Gramática - Figuras de Linguagem - Neologismo
31 Questões
Questão 10 10782610
Anhembi Morumbi Medicina 2022Leia o poema de Adélia Prado para responder à questão.
Anímico
Nasceu no meu jardim um pé de mato
que dá flor amarela.
Toda manhã vou lá pra escutar a zoeira
da insetaria na festa.
Tem zoado de todo jeito:
tem do grosso, do fino, de aprendiz e de mestre.
É pata, é asa, é boca, é bico.
é grão de poeira e pólen na fogueira do sol.
Parece que a arvorinha conversa.
(Adélia Prado. Bagagem, 2012.)
Dois trechos do poema que contêm neologismos são:
Questão 14 6304820
PUC-GO 2018/1TEXTO
O poente da bandeira
Aurorava. O sol dava as cinco. As sombras, neblinubladas, iam espertando na ensonação geral. No topo das árvores, frutificavam os pássaros. Toda madrugada confirma: nada, neste mundo, acontece num súbito. A claridade já muito espontava, como lagarta luzinhenta roendo o miolo da escuridão. As criaturas se vão recortando sob o fundo da inexistência. Neste tempo uterino o mundo é interino. O céu se vai azulando, permeolhável. Abril: sim, deve ser demasiado abril. Agora, que a aurora já entrou neste escrito, entremos nós no assunto.
Nesta manhã tão recente, uma criança vem caminhando. Quem é este menino que faz do mundo outro menino? Deixemos seu nome, esqueçamos seu lugar. Dele se engrandece apenas a avó: que o miúdo tem intimidades com o mundo de lá. De quando em quando, a criança lhe estende a faca e pede:
— Me corte, avó!
Para sonhar o menino tinha que sangrar. A avó lhe cedia o jeito, habituada à lâmina como outras mães se acostumam ao pente. O sangue espontava e o mundo presenciava o futuro, tivesse a barriga prenhe do tempo encostada em seu ouvido. Ditos da velha, quem se fia?
Confirmado é que o menino segue por aquela manhã. Seus pés escolhem as pedras, nem precisam dos olhos para se guiarem. O miúdo passa no municipal edifício, o único da vila. Seu rosto se ergue para olhar a bandeira. O pano dança dentro do céu, como luz que se enruga. Um velho coqueiro sem copa serve de mastro. As cores do pano estão tão rasgadas que nada nele arco-irisca. Os olhos do miúdo pirilampejam de encontro à luz: é quando o golpe lhe tombou. Deflagra-se-lhe a cabeça, extracraniana. A voz autoritarista do soldado lhe desce:
— Você não viu a bandeira?
Tombado no carreiro, sobre as pedras que antes evitava, o menino olha as cimeiras paragens. Um coqueiro lhe traz lembranças litorais. Onde há uma palmeira sempre deve ser inventado um mar, eternas ondas morrendo. Agora, rebatido no repentino solo, o menino estranha ver tanto céu. A pergunta lhe vem pastosa: porquê o chão, tão debaixo dele? Outro golpe, a bota espessa lhe levando o rosto ao encosto da terra. Fica assim, pisado, sem outra visão que a da areia vermelha. Seu pensamento se desarruma. Palmeira, palma do mar, onde o azul espeta suas raízes. Pergunta-se, com as devidas vénias: e se içassem não a bandeira mas a terra?
Ceda-se o turno ao mundo. A voz lhe chega, baixada como um chicote:
— Você, miúdo, não aprendeu respeitos com a bandeira?
Sente o sangue escorrendo, a bota do soldado ainda lhe dói uma última vez. Como pode saber ele os procedimentos exigidos pelo vigilante? Mas o soldado é totalmente militar: está só cumprindo ignorâncias, jurista de chumbo incapaz de distinguir um fora-da-lei de um da lei-de-fora. E o menino vai vislumbrando um outro caminho, tão sem pedrinhas que os pés nem tinham que escolher. Um caminho que dispensava toda bandeira. À medida que o soldado desfere mais violência, a bandeira parece perder as cores, a paisagem em redor esfria e a luz tomba de joelhos. É, então.
Sucede coisa que nem nunca nem jamais: a bandeira, em inesperado impulso, se ergue em ave, nuamente atravessando nuvens. Fluvial, o pano migra para outros céus. No momento, se vê o quanto as bandeiras roubam aos azuis celestiais.
Mas o espanto apenas se estreou, aquilo era apenas o presságio. Porque, no sequente instante, a palmeira se despenha das suas alturas fulminando o soldado, em clarão de rasgar o mundo em dois. Sobem confusas poeiras, mas depois a palmeira se esclarece, tombada em assombro, junto aos corpos.
A árvore estava já morta, ainda houve o dito. Poucos criam. A crença estava com a avó, sua outra versão: o tronco se desmanchara, líquido, devido à morte daquela criança. Vingança contra as injustiças praticadas contra a vida. De se acreditar estavam apenas aquelas duas mortes, uma contra a outra. A palmeira sumiu mas para sempre ficara a sua ausência. Quem passe por aquele lugar escuta ainda o murmúrio das suas folhagens. A palmeira que não está conforta a sombra de um menino, sombra que persiste no sol de qualquer hora.
(COUTO, Mia. O poente da bandeira. In: ______. Estórias abensonhadas. 5. reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. p. 53-56.)
Os trechos do Texto 3 (a) “frutificavam os pássaros”, (b) “arco-irisca” e (c) “Sucede coisa que nem nunca nem jamais” representam, respectivamente, exemplos de (assinale a resposta correta):
Questão 5 5287554
UFVJM 2018.1Leia atentamente o texto
Texto
Leia estas passagens do texto
■ “Não use o Twitter como chat”.
■ “Nunca tuíte mais de 15 vezes ao dia”.
■ “Não retuíte exatamente tudo, mesmo que achar interessante”
■ “Compartilhe fatos de sua vida pessoal e também os links sobre outros assuntos que considerar interessantes”
Considerando as palavras sublinhadas, ASSINALE a alternativa que indica os processos de inserção dessas palavras na Língua Portuguesa, respectivamente:
Questão 14 209232
UNICAMP 2018O brasileiro João Guimarães Rosa e o irlandês James Joyce são autores reverenciados pela inventividade de sua linguagem literária, em que abundam neologismos. Muitas vezes, por essa razão, Guimarães Rosa e Joyce são citados como exemplos de autores "praticamente intraduzíveis". Mesmo sem ter lido os autores, é possível identificar alguns dos seus neologismos, pois são baseados em processos de formação de palavras comuns ao português e ao inglês.
Entre os recursos comuns aos neologismos de Guimarães Rosa e de James Joyce, estão:
I. Onomatopeia (formação de uma palavra a partir de uma reprodução aproximada de um som natural, utilizando-se os recursos da língua); e
II. Derivação (formação de novas palavras pelo acréscimo de prefixos ou sufixos a palavras já existentes na língua).
Os neologismos que aparecem nas opções abaixo foram extraídos de obras de Guimarães Rosa (GR) e James Joyce (JJ). Assinale a opção em que os processos (I) e (II) estão presentes:
Questão 4 1132432
Unichristus 2016/2Leia a charge para responder à questão.
Para obter o humor na charge acima, o autor utilizou-se de um processo denominado
Questão 9 111345
UFPR 2016Outras razões para a pauta negativa
Venício A. Lima
O sempre interessante Boletim UFMG, que traz, a cada semana, notícias do dia a dia da Universidade Federal de Minas Gerais, informa, na edição de 4 de maio, o trabalho desenvolvido por grupo de pesquisa do Departamento de Ciência da Computação (DCC) em torno da “análise de sentimento”, que relaciona o sucesso das notícias com sua polaridade, negativa ou positiva.
Utilizando programas de computador desenvolvidos pelo DCC-UFMG, foram identificadas, coletadas e analisadas 69.907 manchetes veiculadas em quatro sites noticiosos internacionais ao longo de oito meses de 2014: The New York Times, BBC, Reuters e Daily Mail. E as notícias foram agrupadas em cinco grandes categorias: negócios e dinheiro, saúde, ciência e tecnologia, esportes e mundo. As conclusões da pesquisa são preciosas.
Cerca de 70% das notícias diárias estão relacionadas a fatos que geram “sentimentos negativos” – tais como catástrofes, acidentes, doenças, crimes e crises. Os textos das manchetes foram relacionados aos sentimentos que elas despertam, numa escala de menos 5 (muito negativo) a mais 5 (muito positivo). Descobriu-se que o sucesso de uma notícia, vale dizer, o número de vezes em que é “clicada” pelo eventual leitor está fortemente vinculado a esses “sentimentos” e que os dois extremos – negativo e positivo – são os mais “clicados”. As manchetes negativas, todavia, são aquelas que atraem maior interesse dos leitores.
Embora realizado com base em manchetes publicadas em sites internacionais – não brasileiros –, os resultados do trabalho dos pesquisadores do DCC-UFMG nos ajudam a compreender a predominância do “jornalismo do vale de lágrimas” na grande mídia brasileira.
Para além da partidarização seletiva das notícias, parece haver também uma importante estratégia de sobrevivência empresarial influindo na escolha da pauta negativa. Os principais telejornais exibidos na televisão brasileira, por exemplo, estão se transformando em incansáveis noticiários diários de crises, crimes, catástrofes, acidentes e doenças de todos os tipos. Carrega-se, sem dó nem piedade, nas notícias que geram sentimentos negativos. Mais do que isso: os âncoras dos telejornais, além das notícias negativas, se encarregam de editorializar, fazer comentários, invariavelmente críticos e pessimistas, reforçando, para além da notícia, exatamente seus aspectos e consequências funestos.
Existe, sim, o risco do esgotamento. Cansado de tanta notícia ruim e sentindo-se impotente para influir no curso dos eventos, pode ser que o leitor/telespectador afinal desista de se expor a esse tipo de jornalismo que o empurra cotidianamente rumo a um inexorável “vale de lágrimas” mediavalesco.
Adaptado de . Acesso em 19 mai. 2015.
Ao criar o termo mediavalesco que finaliza o texto, o autor associa a media/mídia ao termo medievalesco, ou seja, relativo à Idade Média. Sua intenção, com isso, é ressaltar um aspecto dos meios de comunicação que poderia ser resumido pelo termo:
Pastas
06