Questões de Português - Gramática - Figuras de Linguagem - Partícula Expletiva
12 Questões
Questão 8 2095325
ESPM 2020/1Textos para a questão.
Os fenômenos da linguagem examinavam-se outrora apenas à luz da gramática e da lógica, e já era muito se a análise reconhecia como palavras expletivas ou de realce os termos sobejantes1 unidos à oração ou nela encravados.
Hoje que a ciência da linguagem investiga os fatos sem deixar-se pear2 por antigos preconceitos, já não podemos levar essas expressões à conta da superfluidades nem ainda atribuir-lhes papel decorativo, o que seria contrassenso, uma vez que rareiam no discurso eloquente e retórico e se usam a cada instante justamente no falar desataviado de todos os dias.
Uma coisa é dirigirmo-nos à coletividade, a pessoas desconhecidas, de condições diversas, e que nos ouvem caladas; outra coisa é tratar com alguém de perto, falar e ouvir, e ajeitar a cada momento a linguagem em atenção a essa pessoa que está diante de nós, para que fique sempre bem impressionada com as nossas palavras.
(Said Ali, Meios de Expressão e Alterações Semânticas, RJ)
1sobejantes: demasiados, excessivos, de sobras.
2pear: prender.
Segundo Celso Cunha, a partícula expletiva ou de realce não possui função sintática, serve para dar destaque ou ênfase e pode ser retirada da frase, sem prejuízo algum para o sentido.
Em todas as passagens abaixo, está presente ssa partícula, exceto em uma. Assinale-a:
Questão 8 2685614
FCM PB 2019/2TEXTO – A mentirosa liberdade
Comecei a escrever um novo livro sobre os mitos e mentiras, que nossa cultura expõe em prateleiras enfeitadas, para que a gente enfie esse material na cabeça e, pior, na alma – como se fosse algodão-doce colorido. Com ele chegam os medos que tudo isso nos inspira: medo de não estar bem enquadrados, medo de não ser valorizados pela turma, medo de não ser suficientemente ricos, magros, musculosos, de não participar da melhor balada, do clube mais chique, de não ter feito a viagem certa nem possuir a tecnologia de ponta no celular. Medo de não ser livres.
Na verdade, estamos presos numa rede de falsas liberdades. Nunca se falou tanto em liberdade, e poucas vezes fomos tão pressionados por exigências absurdas, que constituem o que chamo a síndrome do “ter de”. Fala-se em liberdade de escolha, mas somos conduzidos pela propaganda como gado para o matadouro, e as opções são tantas que não conseguimos escolher com calma. Medicados como somos (a pressão, a gordura, a fadiga, a insônia, o sono, a depressão e a euforia, a solidão e o medo tratados a remédio), cedo recorremos a expedientes, porque nossa libido, quimicamente cerceada, falha, e a alegria, de tanta tensão, nos escapa.
Preenchem-se fendas e falhas, manchas se removem, suspendem-se prazeres como sendo risco e extravagância, e nos ligamos no espelho: alguém por aí é mais eficiente, moderno, valorizado e belo que eu? Alguém mora num condomínio melhor que o meu? Em fileira ao longo das paredes temos de parecer todos iguais nessa dança de enganos. Sobretudo, sempre jovens. Nunca se pôde viver tanto tempo e com tão boa qualidade, mas no atual endeusamento da juventude, como se só jovens merecessem amor, vitórias e sucesso, carregamos mais um ônus pesadíssimo e cruel: temos de enganar o tempo, temos de aparentar 15 anos se temos 30, 40 anos se temos 60, e 50 se temos 80 anos de idade. A deusa juventude traz vantagens, mas eu não a quereria para sempre: talvez nela sejamos mais bonitos, quem sabe mais cheios de planos e possibilidades, mas sabemos discernir as coisas que divisamos, podemos optar com a mínima segurança, conseguimos olhar, analisar e curtir – ou nos falta o que vem depois: maturidade? Parece que do começo ao fim passamos a vida sendo cobrados: O que você vai ser? O que vai estudar? Como? Fracassou em mais um vestibular? Já transou? Nunca transou? Treze anos e ainda não ficou? E ainda não bebeu? Nem experimentou uma maconhazinha sequer? E um Viagra para melhorar ainda mais? Ainda aguenta os chatos dos pais? Saiba que eles o controlam sob o pretexto de que o amam. Sai dessa! Já precisa trabalhar? Que chatice! E depois: Quarenta anos ganhando tão pouco e trabalhando tanto? E não tem aquele carro? Nunca esteve naquele resort?
Talvez a gente possa escapar dessas cobranças sendo mais natural, cumprindo deveres reais, curtindo a vida sem se atordoar. Nadar contra toda essa louca correnteza. Ter opiniões próprias, amadurecer, ajuda. Combater a ânsia por coisas que nem queremos, ignorar ofertas no fundo desinteressantes, como roupas ridículas e viagens sem graça, isso ajuda. Descobrir o que queremos e podemos é um bom aprendizado, mas leva algum tempo: não é preciso escalar o Himalaia social nem ser uma linda mulher nem um homem poderoso. É possível estar contente e ter projetos bem depois dos 40 anos, sem um iate, físico perfeito e grande fortuna. Sem cumprir tantas obrigações fúteis e inúteis, como nos ordenam os mitos e mentiras de uma sociedade insegura, desorientada, em crise. Liberdade não vem de correr atrás de “deveres” impostos de fora, mas de construir a nossa existência, para a qual, com todo esse esforço e desgaste, sobra tão pouco tempo. Não temos de correr angustiados atrás de modelos que nada têm a ver conosco, máscaras, ilusões e melancolia para aguentar a vida, sem liberdade para descobrir o que a gente gostaria mesmo de ter feito.
(LUFT,Lya. A mentirosa liberdade Disponível em: https://www.contioutra.com/a-mentirosa-liberdade-lya-uft/)
Assinale com V a(s) alternativa(s) verdadeira(s) e com F, a(s) falsa(s).
( ) Em “[...]como se fosse algodão-doce colorido” a flexão de número do substantivo destacado se faz mediante a flexão dos dois termos: algodões-doces.
( ) Em “[...] a alegria, de tanta tensão, nos escapa”, a estrutura destacada é uma expressão adverbial de causa.
( ) Em “Nunca se pôde viver tanto tempo[...]”, a forma verbal destacada se apresenta no pretérito perfeito, recebendo acento diferencial facultativo.
( ) Em “[...] mas de construir a nossa existência[...]”, a ausência do termo em destaque altera o sentido do fragmento.
( ) Em “[...] para descobrir o que a gente gostaria mesmo de ter feito”, o termo destacado pode ser substituído pelo demonstrativo aquilo
A sequência correta é:
Questão 36 146109
URCA 1° Dia 2016/2TEXTO 1
Canto X – Nossa Rainha Marcelino Freire
Mãe, eu quero ser Xuxa. Mas minha filha. Eu quero ser Xuxa. A menina não tem nem nove anos,
fica tagarelando com as bonecas. Com as pedras do Morro. Eu quero ser Xuxa. Mas minha filha.
A mãe ia fazer um book, como? Viu no jornal quanto custa. Perguntou ao patrão, no Leblon. Um
absurdo! Ia bater na porta da Rede Globo? Nunca.
A menina parecia uma lombriga. Porque nasceu desmilinguida. Mas vivia dizendo, a quem fosse:
eu quero ser Xuxa. Que coisa! Que doença! Ainda era muito pequena. Eu quero ser Xuxa.
Quem não pode se acode.
A mãe já vivia da ajuda do povo. Mas tinha de levar a menina ao cinema. Toda vez que aparecia um
filme novo. O que Xuxa está pensando? O que Padre Marcelo está pensando? Que tanto disco à venda,
que tanto boneco, que tanta prece! Tenha santa paciência.
O Padre Marcelo a mãe trocou por um pai de santo. Esse, pelo menos, só me pede umas velas. De
quando em quando, uma galinha preta. Que eu aproveito e levo daqui, quando tem reveillon. Despacho de
rico só tem o que é bom. Mas a menina não tem jeito. É uma paixão que não tem descanso.
Eu quero ser Xuxa. Eu quero ser Xuxa. Eu quero ser Xuxa. Um dia eu esfolo essa condenada. Deus
me perdoe. Essa danada da Xuxa. Dou uma surra nela para ela tomar jeito. Fazer isso com filha de pobre.
Que horror!
A mãe mal chegou do trabalho a menina já falou. Que a Xuxa vem esse final de semana. O que ela
vem fazer no morro?, a mãe perguntou. Se a Xuxa que eu conheço aqui é só você, querida. Alisou a
cabeça da maldita, deu um abraço cego e mandou dormir. Maldita, sim. Quem disse que a danada foi pra
cama? Puta que pariu!
A mãe tinha de faltar ao trabalho de novo. Tinha medo que a filha tivesse um troço. Se jogasse
debaixo do carro, sei lá. Fosse pisoteada, que remorso! Eu não. Mãe que é mãe acompanha a filha no dia
mais feliz da sua vida.
Pendurou a menina nas costas e enfrentou o calor. E o empurraempurra.
E também gritou para ver se a Xuxa ouvia: Xuxa, Xuxa, Xuxa. Pelo amor de Deus! Faz essa menina calar a boca. Diz pra ela pensar em outra coisa, sonhar com os pés no chão.
Quando ela vai ser, assim como você, um dia? A Rainha dos Baixinhos nossa Rainha da Bateria, sei não, sei lá.
O morro nessa euforia, todo mundo doido para vêla sambar.
Dado o seguinte código para os valores morfológicos do SE, associe corretamente às proposições a seguir:
1. Parte integrante do verbo.
2. Partícula expletiva.
3. Substantivo.
4. Conjunção integrante.
5. Condicional.
6. Causal.
( ) Nenhum se deixará de ser revisto.
( ) A mãe temia a filha suicidarse.
( ) Não sei se a Xuxa virá.
( ) Se a ama, é melhor levála ao espetáculo.
( ) Se ela vier, traga uma roupa nova.
( ) Todos já se foram?
A sequência CORRETA, é:
Questão 6 112647
FCM PB Medicina 2016/1TEXTO – Um mundo sem Aids. É possível?
O dia 14 de julho deste ano foi um marco em relação à luta mundial contra a aids. A Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV-Aids) anunciou que a meta de tratar 15 milhões de pessoas soropositivas foi alcançada antecipadamente e que novas infecções foram reduzidas em 35% e as mortes em 41%. Levando-se em consideração o cenário global, com a crise econômica na Europa, nos Estados Unidos da América e as complicadas questões geopolíticas na África, o anúncio representa um feito impressionante.
Atualmente, por conta dessa conquista, é possível crer que a meta de acabar com a epidemia de aids até 2020 seja factível. Conhecida como ―meta 90/90/90‖, ou seja, 90% das pessoas com HIV sabendo de sua sorologia, 90% dessas pessoas recebendo tratamento e 90% delas alcançando a carga viral indetectável, ela aponta para a real possibilidade de eliminar o HIV no mundo. Isto ocorre por conta dos estudos que indicam que iniciar logo o tratamento traz benefícios para o paciente, acarretando menos doenças graves e mortes associadas à aids e que, em caso de carga viral indetectável, reduz-se significativamente a possibilidade de transmissão do vírus.
Infelizmente, nem todas as notícias são alvissareiras, tendo em vista que o Brasil se encontra na contramão, em alguns aspectos, das boas novas — a despeito de todo o esforço do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Segundo a Unaids, o Brasil está testemunhando um aumento de novas infecções, que cresceram 11% entre 2005 e 2013, indo de encontro à média global, que apresenta queda.
Todo o empenho do Programa de Aids, representado hoje pela politica de ―testar e tratar‖ e a disponibilização dos comprimidos com duas e três substâncias, conhecidos como ―3 em 1‖ e ―2 em 1‖, que facilitam a adesão ao tratamento, esbarra na falha crônica das campanhas de prevenção concentradas apenas no 1º de dezembro e no carnaval, e na censura que barra materiais dirigidos aos grupos mais vulneráveis diante da epidemia. Além disso, estamos diante do aumento de casos entre jovens na faixa etária de 15 a 24 anos, dado que por si comprova que as políticas de combate à aids estão falhando na comunicação com esse segmento. Para completar o quadro de preocupação, assistimos à inexplicável demora na implantação da profilaxia pré-exposição para as populações com maior vulnerabilidade ao HIV, a despeito de vários estudos apontarem para esse importante método de prevenção.
Além de todas as dificuldades em nível nacional, encontramos, em nível local, ou seja, nos estados e municípios, enormes dificuldades relacionadas à negligência dos poderes executivos que escolhem, deliberadamente, não considerar o combate à epidemia da aids uma prioridade. Desta forma, milhares de vidas são ceifadas por falta de leitos, de médicos capacitados, emergências que não funcionam e absoluta ausência das campanhas de prevenção em âmbito local. Cerca de 12 mil mortes por ano causadas pela aids parecem não sensibilizar os corações daqueles que deveriam prover os sistemas de assistência a pessoas soropositivas de condições dignas de atendimento.
Esperar uma resposta que nos faça concretizar o sonho do fim da epidemia da aids no mundo dependerá basicamente do empenho e comprometimento de todos os países, principalmente os mais ricos. Cabe aos principais líderes do mundo abraçar a meta 90/90/90 para que possamos viver num mundo livre do HIV. Em nosso país, somente um conjunto de ações coordenadas e um pacto entre diversas instâncias poderá provocar uma resposta vitoriosa, com a diminuição das mortes e das novas infecções, principalmente entre os grupos mais vulneráveis. Essa luta dependerá da conscientização de todos os atores sociais e da defesa intransigente dos direitos humanos, do respeito às diferenças e do incremento das políticas públicas voltadas para a assistência às pessoas vivendo com HIV/aids, além de permanentes campanhas de prevenção. Caso contrário, corremos o risco de testemunharmos um recrudescimento da epidemia.
(GOUVE, George. Um mundo sem Aids. É possível?.Radis.Nª156, Setembro/2015)
―Infelizmente, nem todas as notícias são alvissareiras, tendo em vista que o Brasil se encontra na contramão, em alguns aspectos, das boas novas — a despeito de todo o esforço do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Segundo a Unaids, o Brasil está testemunhando um aumento de novas infecções, que cresceram 11% entre 2005 e 2013, indo de encontro à média global, que apresenta queda.\\'\\'
Sobre os termos em destaque, assinale com V a(s) afirmativa(s) verdadeira(s) e com F, a(s) falsa(s).
(__) O termo Infelizmente refere-se à estrutura oracional ―[...] nem todas as notícias são alvissareiras‖, não havendo possibilidade de ser deslocado para uma outra posição na estrutura em que está inserida.
(__) A locução a despeito de traduz o sentido de oposição.
(__) A estrutura \\'\\'Segundo a Unaids [...]\\'\\' equivale semanticamente à Consoante a Unaids.
(__) A antecipação do adjetivo na expressão \\'\\'novas infecções\\'\\' não lhe modifica o sentido, sendo uma recurso utilizado para realçá-lo.
(__) A expressão de encontro a pode ser substituída por ao encontro de sem alterar o sentido do texto.
A sequência correta é:
Questão 9 99184
FCM PB Medicina 2014/1TEXTO – Saúde e paz: a busca por um discurso mobilizador
Ao se contemplar o panorama histórico do enfrentamento às violências na sociedade brasileira não é difícil constatar que um dos nós críticos continua a ser a ausência de um discurso capaz de aglutinar vontades políticas e mobilizar compromissos e esforços individuais, coletivos e institucionais. As propostas estritamente focadas em atuação policial, arcabouço legal e/ou aparato prisional ainda hoje predominam no senso comum, tendo por premissa a demonização do perpetrador de violência — com especial veemência se o mesmo for pobre, preto ou da periferia. Essa perspectiva fundamenta um discurso no qual não existe qualquer espaço para a ação cidadã, o diálogo social ou a participação coletiva.
A primeira proposição é que tal discurso deve enunciar o que se almeja, não se limitando apenas a negar o indesejado. Em outras palavras, deve focalizar a paz (o que se quer), ao invés da violência (o que não se quer). A rejeição ou negação do indesejado, por mais intensa que seja, é incapaz de gerar o desejado. A ausência de violência não implica surgimento da paz. Quem quer a paz? Quem não quer a paz? Se fizermos essas perguntas a muitas pessoas, constataremos que todas afirmarão desejar a paz. Contraditoriamente, se todos dizem querer a paz, por que ela é tão difícil de ser alcançada?
As respostas são muitas. É possível perguntar se há sinceridade entre os que afirmam querer a paz e seus múltiplos entendimentos. Uma situação ditatorial pode ser considerada mais pacífica do que um ambiente democrático, no qual as divergências são visíveis? Além disso, geralmente a violência só é reconhecida em suas expressões físicas ou criminosas — portanto, se não houver agressões corporais ou crimes, considerar-se-á que a paz já tenha sido alcançada, mesmo que persistam situações como miséria, fome ou racismo.
Outro motivo que pode ser apontado é que há certa acomodação dos que desejam a paz. Além disso, há, ainda, a crença de que o ser humano é inerentemente violento. Se acreditamos nisso, como é possível nos engajarmos, sinceramente, na construção da paz? Temos, assim, algumas assertivas que podem ocupar a centralidade do discurso: a violência não é inerente à espécie humana; consequentemente, ela pode ser prevenida e superada. A violência tanto quanto a paz são comportamentos aprendidos e valores socialmente construídos e possuidores de uma dimensão ética e moral. Cooperação, diálogo, solidariedade, diversidade, generosidade e empatia favorecem a construção de uma cultura de paz. E isso tem a ver com saúde.
O discurso da paz deve ser centrado na “promoção de uma cultura de paz”, da mesma forma que a Saúde Pública prioriza a “promoção da saúde”. Entendemos que a adoção de um discurso de promoção da cultura de paz não significa o abandono das ações de prevenção da violência. Trata-se de reconhecer o lugar epistemológico de cada um — a cultura de paz tem o papel da utopia que inspira, mobiliza e norteia, é o propósito final de uma multiplicidade de esforços; a prevenção da violência é uma das estratégias que contribuirão para a sua concretização.
Profissionais e gestores de saúde, acadêmicos e autoridades governamentais vêm reconhecendo crescentemente que as violências precisam ser enfrentadas como um problema de Saúde Pública. Esse setor tem desempenhado papel cada vez mais ativo na definição de políticas públicas e programas direcionados a diversas modalidades de violência — tentando ultrapassar as tradicionais tarefas de assistência às vítimas e elaboração de análises epidemiológicas para adentrar, finalmente, nos campos da prevenção da violência e da educação em saúde focada na promoção da paz.
Isso não significa que uma questão tão complexa e multicausal como as violências possa ser responsabilidade ou domínio exclusivo do setor Saúde, mas sim que compete a este desempenhar um papel de articulação dos demais setores envolvidos com a problemática — tanto governamentais, quanto da sociedade civil organizada e da iniciativa privada — em uma atuação integrada e sinérgica.
É nesse momento histórico, de transição de papéis e formas de atuação, que se torna premente a necessidade de um novo discurso — intersetorial, transdisciplinar, em contínuo processo de elaboração e revisão — capaz de aglutinar novos e tradicionais atores sociais e mobilizar vontades políticas e compromissos coletivos em favor de um dos pré-requisitos mais importantes da saúde: a paz.
(MILANI, Feizi Masrour. Saúde: a busca por um discurso mobilizador. Radis. Nº128. maio de 2013)
Leia as proposições seguintes e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.
(__) Em “O discurso da paz deve ser centrado na ‘promoção de uma cultura de paz’ da mesma forma que a Saúde Pública prioriza a ‘promoção da saúde’”, as aspas nas estruturas em destaque foram utilizadas para assinalar o valor especial que tais estruturas adquirem no texto.
(__) No trecho “Isso não significa que uma questão tão complexa e multicausal como as violências possa ser responsabilidade [...]”, a expressão em destaque se encontra no plural para indicar o alto índice de violência na sociedade brasileira.
(__) No fragmento “É nesse momento histórico, de transição de papeis e formas de atuação que se torna [...]”, os elementos em destaque constituem uma expressão de realce.
(__) Em “[...] – intersetorial, transdisciplinar, em contínuo processo de elaboração e revisão – ,os travessões põem em evidência as características “de um novo discurso”.
A sequência correta é
Questão 80 2894030
AFA 2010Leia o Texto para responder a questão.
Texto
Desconforto com a Escravidão
Nas últimas horas de viagem a cavalo, Darwin
relata que “o caminho ficou cada vez mais difícil,
porque atravessa uma terra selvagem e pantanosa”.
(...)
[05] Darwin fica profundamente impressionado com
a fecundidade da região e imagina a quantidade de
alimentos que poderá produzir num futuro distante.
A selva o fascina e as nuvens de vapor d’água que
sobem das matas o deixam extasiado, mas daí
[10] também irá emergir uma imagem do terror.
Na fazenda, junto ao rio Macaé, Darwin relata
um desencontro, que não detalha, e que, por pouco,
não dividiu pelo menos 30 famílias de escravos,
levando filhos e mulheres para a venda no mercado
[15] carioca, depois de uma convivência de anos. Diz que
interesses estritamente financeiros, e não
humanistas, evitaram essa cruel separação. Ele
suspeita que o proprietário da fazenda nem sequer
possa ter se dado conta da brutalidade de seu ato
[20] “infame”.
O grupo cruzava um rio, provavelmente, o rio
Macaé, conduzido por um negro, quando outra cena
relacionada à escravidão chocou Darwin
profundamente. O negro tinha alguma dificuldade de
[25] comunicação, o que fez com que Darwin tentasse
comunicar-se com ele por mímica e outros sinais.
Num desses movimentos, conta ele, suas mãos
passaram próximo ao rosto do homem, levando-o a
acreditar que Darwin estava enraivecido por alguma
[30] razão e iria golpeá-lo. O negro abaixou
imediatamente as mãos, semicerrou os olhos e
dirigiu-lhe um olhar temeroso. Darwin relata o
profundo sentimento de surpresa, desconforto e
vergonha que se apoderara dele e que jamais iria
[35] esquecer.
(...)
O retorno ao Rio marca uma nova fase de
êxtase com a Natureza e coleta de espécimes
animais e vegetais. Nesse período, Darwin ficara
[40] hospedado em uma casa à beira-mar (cottage) em
Botafogo. Sobre essas semanas diz que é
“impossível sonhar com algo mais delicioso que essa
estada de algumas semanas num país tão
impressionante”. “Na Inglaterra”, continua Darwin,
[45] “os interessados em história natural têm vantagem
no sentido de que sempre descobrem alguma coisa
que lhes chama a atenção, mas nesses climas tão
férteis, repletos de seres animados, para fazer uma
caracterização, descobertas novas são feitas a cada
[50] instante e são tão numerosas que só se pode
avançar com dificuldade”.
(...)
Em 5 de julho, Darwin deixa definitivamente o
Rio de Janeiro e o Brasil rumo à Patagônia e à
[55] passagem que o levará a Galápagos e às
observações que o conduzirão ao evolucionismo.
Ainda que a um enorme custo pessoal e ao receio
desesperado de, literalmente, implodir os valores de
sua época, como se constata nas cartas angustiadas
[60] que trocou com sua prima e futura esposa, Emma
Wedgwood. No final de 2008, o tetraneto de Darwin,
Randal Keynes, conheceu a rota percorrida pelo
naturalista.
CAPAZZOLI, Ulisses. Scientfic American Brasil. Fev. 2009, nº 81, ano 7. Edição Especial – Pág.92-93 (Adaptado)
Dentre as análises abaixo, assinale a INCORRETA.
Pastas
06