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Acesse GrátisQuestões de Português - Gramática
Questão 4 6263903
UNESP 2022/1Para responder a questão, leia a crônica “Almas penadas”, de Olavo Bilac, publicada originalmente em 1902.
Outro fantasma?... é verdade: outro fantasma. Já tardava. O Rio de Janeiro não pode passar muito tempo sem o seu lobisomem. Parece que tudo aqui concorre para nos impelir ao amor do sobrenatural [...]. Agora, já se não adormecem as crianças com histórias de fadas e de almas do outro mundo. Mas, ainda há menos de cinquenta anos, este era um povo de beatos [...]. [...] Os tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco dessa primitiva credulidade. Inventar um fantasma é ainda um magnífico recurso para quem quer levar a bom termo qualquer grossa patifaria. As almas simples vão propagando o terror, e, sob a capa e a salvaguarda desse temor, os patifes vão rejubilando.
O novo espectro que nos aparece é o de Catumbi. Começou a surgir vagamente, sem espalhafato, pelo pacato bairro — como um fantasma de grande e louvável modéstia. E tão esbatido1 passava o seu vulto na treva, tão sutilmente deslizava ao longo das casas adormecidas — que as primeiras pessoas que o viram não puderam em consciência dizer se era duende macho ou duende fêmea. [...] O fantasma não falava — naturalmente por saber de longa data que pela boca é que morrem os peixes e os fantasmas... Também, ninguém lhe falava — não por experiência, mas por medo. Porque, enfim, pode um homem ter nascido num século de luzes e de descrenças, e ter mamado o leite do liberalismo nos estafados seios da Revolução Francesa, e não acreditar nem em Deus nem no Diabo — e, apesar disso, sentir a
voz presa na garganta, quando encontra na rua, a desoras2, uma avantesma3 ...
Assim, um profundo mistério cercava a existência do lobisomem de Catumbi — quando começaram de aparecer vestígios assinalados de sua passagem, não já pelas ruas, mas pelo interior das casas. Não vades agora crer que se tenham sumido, por exemplo, as hóstias consagradas da igreja de Catumbi, ou que os empregados do cemitério de S. Francisco de Paula tenham achado alguma sepultura vazia, ou que algum circunspecto pai de família, certa manhã, ao despertar, tenha dado pela falta... da própria alma. Nada disso. Os fenômenos eram outros. Desta casa sumiram-se as arandelas, daquela outra as galinhas, daquela outra as joias... E a polícia, finalmente, adquiriu a convicção de que o lobisomem, para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe, andava acumulando novos pecados sobre os pecados antigos, e dando-se à prática de excessos menos merecedores de exorcismos que de cadeia.
Dizem as folhas4 que a polícia, competentemente munida de bentinhos5 e de revólveres, de amuletos e de sabres, assaltou anteontem o reduto do fantasma. Um jornal, dando conta da diligência, disse que o delegado achou dentro da casa sinistra — um velho pardieiro6 que fica no topo de uma ladeira íngreme — alguns objetos singulares que pareciam instrumentos “pertencentes a gatunos”. E acrescentou: “alguns morcegos esvoaçavam espavoridos, tentando apagar as velas acesas que os sitiantes7 empunhavam”.
Esta nota de morcegos deve ser um chique romântico do noticiarista. No fundo da alma de todo o repórter há sempre um poeta... Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há morcegos. Esses feios quirópteros, esses medonhos ratos alados, companheiros clássicos do terror noturno, já não aparecem pelo bairro civilizado de Catumbi. Os animais, que esvoaçavam espavoridos, eram sem dúvida os frangões roubados aos quintais das casas... Ai dos fantasmas! e mal dos lobisomens! o seu tempo passou.
(Olavo Bilac. Melhores crônicas, 2005.)
2 a desoras: muito tarde.
3 avantesma: alma do outro mundo, fantasma, espectro.
4 folha: periódico diário, jornal.
5 bentinho: objeto de devoção contendo orações escritas.
6 pardieiro: prédio velho ou arruinado.
7 sitiante: policial.
Constitui exemplo de interação do cronista com o leitor o trecho
Questão 5 6325358
CESMAC 1° Dia Medicina 2022TEXTO
Ninguém nasce escritor; e o processo que transforma alguém em um artista da palavra é um enigma. Entretanto, existem evidências de escritores que travaram lutas com as palavras e muitos passam por etapas semelhantes aos redatores leigos ou iniciantes. É preciso, antes de tudo, compreender que todas as pessoas podem chegar a produzir bons textos e que isso não é uma questão de ser beneficiado ou abençoado pelos deuses, que favorecem o nascimento de talentosos. É necessário identificar bloqueios, porventura construídos ao longo de um percurso continuado e persistente.
(Nilson de Souza. Zero Hora. 17/7/1996) Fragmento adaptado.
As considerações divulgadas pela Linguística até agora dão conta de que a modalidade oral da linguagem é aprendida espontaneamente pelas crianças, enquanto a modalidade escrita exige um longo processo de instrução formal. Na verdade, o ensino institucional da escrita exige ou pressupõe:
1) a exposição prática a diferentes tipos e gêneros de textos escritos, como também de diferentes funções interativas.
2) atividades de produção de textos, conforme os recursos da continuidade semântica, estipulados pelas teorias textuais da coesão e da coerência.
3) a correção gramatical e léxica, que corresponde a uma exigência textual, em qualquer situação de interação verbal
4) a apresentação organizada dos recursos formais e de conteúdos que permitam uma argumentação coerente e esclarecedora.
5) a seleção de um vocabulário erudito em qualquer situação da atividade verbal e da interação social.
Estão corretas as alternativas:
Questão 7 3639063
ACAFE Verão Medicina 2021Assinale a alternativa cujo texto está de acordo com as normas da língua escrita padrão.
Questão 10 4448546
Unichristus 2021Teu boletim meteorológico
Me diz aqui e agora
Se chove ou se faz sol.
Para que ir lá fora?
A comida suculenta
Que pões à minha frente
Como-a toda com os olhos.
Aposentei os dentes.
Nos dramalhões que encenas
Há tamanho poder
De vida que eu próprio
Nem me canso em viver.
Guerra, sexo, esporte
E me dás tudo, tudo.
Vou pregar minha porta:
Já não preciso do mundo.
PAES, José Paulo. Prosas seguidas de odes mínimas.
O título de um texto busca antecipar o tema, permitindo uma pré-leitura.
Com base no conteúdo do texto, infere-se que o título mais adequado para ele é:
Questão 10 5097083
UERJ 2021A questão refere-se ao romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.
Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se veem na humilhante contingência de sofrer continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo, além, que, dentro do nosso país, os autores e os escritores, com especialidade os gramáticos, não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma — usando do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani como língua oficial e nacional do povo brasileiro.
O suplicante, deixando de parte os argumentos históricos que militam em favor de sua ideia, pede vênia para lembrar que a língua é a mais alta manifestação da inteligência de um povo, é a sua criação mais viva e original; e, portanto, a emancipação política do país requer como complemento e consequência a sua emancipação idiomática.
PRIMEIRA PARTE
IV - Desastrosas Consequências de um Requerimento
O teor da solicitação de Policarpo Quaresma expressa uma ironia ao deixar implícita uma crítica histórica.
O alvo dessa crítica é:
Questão 22 6088157
ENEM 1° Dia 2021Os linguistas têm notado a expansão do tratamento informal. “Tenho 78 anos e devia ser tratado por senhor, mas meus alunos mais jovens me tratam por você”, diz o professor Ataliba Castilho, aparentemente sem se incomodar com a informalidade, inconcebível em seus tempos de estudante. O você, porém, não reinará sozinho. O tu predomina em Porto Alegre e convive com o você no Rio de Janeiro e em Recife, enquanto você é o tratamento predominante em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Salvador. O tu já era mais próximo e menos formal que você nas quase 500 cartas do acervo on-line de uma instituição universitária, quase todas de poetas, políticos e outras personalidades do final do século XIX e início do XX.
Disponível em hap irevatapesquisa fapesp br Acesso em 21 aér 2015 (adaptado)
No texto, constata-se que os usos de pronomes variaram ao longo do tempo e que atualmente têm empregos diversos pelas regiões do Brasil.
Esse processo revela que