Questões de Português - Gramática - Morfologia
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Questão 7 10830366
UERR 2024/1O navio negreiro
Castro Alves
(...)
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!...”
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual num sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
Na penúltima estrofe anteriormente apresentada do poema O navio negreiro, de Castro Alves, as formas verbais ‘Vibrai’ e ‘Fazei’
Questão 8 8847250
UFT Manhã 2023/1Leia o texto a seguir para responder a questão.
A biotecnologia e sua influência na vida dos seres humanos
Certos domínios do conhecimento existem há séculos, como a Matemática, a Astronomia, etc.; outros, como a Computação, tem seu desenvolvimento oriundo de épocas mais recentes. A questão, entretanto, é que as grandes descobertas da história são baseadas na junção de duas ou mais dessas grandes áreas. Uma dessas junções criou a área conhecida hoje como Biotecnologia.
Uma das possíveis definições para Biotecnologia é: “qualquer aplicação tecnológica que faça o uso de conhecimentos sobre os processos biológicos e sobre as propriedades dos seres vivos, com o fim de resolver problemas e criar produtos de utilidade”. Em outras palavras, estudos e desenvolvimentos nessa área usam os conhecimentos existentes na biologia, unidos ao aspecto tecnológico, para criar novos produtos e serviços, como plantas transgênicas, clonagem, desenvolvimento de vacinas, criação de órgãos artificiais e implantes, entre inúmeros outros.
Durante a Campus Party Brasil 2013 foi possível saber mais sobre o assunto através de palestras como a de “Biologia Sintética: hackeando organismos vivos”, ministrada pelos Professores Dr. Carlos Hotta e Dr. Mateus Schreiner Garcez Lopes, e na qual foi apresentada uma breve explicação sobre a Biologia Sintética, uma das muitas vertentes da Biotecnologia. Para explicá-la, o palestrante fez uma associação com a programação de computadores. Da fala do palestrante, entendemos que assim como nós, estudantes de Sistemas de Informação, que escrevemos linhas de código para criar programas, na Biologia Sintética “programa-se” organismos vivos por meio da modificação do código genético.
Na palestra foram mostrados também alguns exemplos de pesquisas sobre como a Biologia Sintética pode trazer benefícios aos seres humanos: modificar células de peixe de modo que seja possível fazer fotossíntese e, assim não seria necessário alimentálos, diminuindo os gastos para a piscicultura; modificar as células de um indivíduo já infectado com o vírus HIV, impedindo que a doença se desenvolva; e alterar a genética de fungos para que estes consigam identificar se bebidas alcoólicas estão “adulteradas” (se estão com maior teor alcoólico que o indicado). [...]
Hoje sabemos que temos a capacidade e o costume de manipular informações (fotos, vídeos, textos, etc) graças a ferramentas como celulares, computadores e tablets que hoje estão consolidados e difundidos. Agora, imagine utilizar esse poder de controle ampliado para a criação de produtos e inovações que poderiam beneficiar as nossas vidas em diversos aspectos: iogurtes antidepressivos, novas espécies de animais, bactérias luminescentes, etc. As possibilidades de criação de novas ferramentas que nos beneficiem e façam o uso desses dispositivos só se limitam à nossa imaginação. E é este o patamar previsto para o futuro e que foi mostrado na palestra.
Contudo, é importante lembrar que junto à toda esta capacidade, está uma enorme responsabilidade. Por mais incríveis que possam ser os produtos criados com uma finalidade positiva, existe a possibilidade do desenvolvimento de técnicas nocivas como armas biológicas, por exemplo. Por esse motivo, deve haver transparência nos estudos e respeito das restrições criadas pelos órgãos fiscalizadores. [...]
A Biotecnologia é uma área que já nos trouxe muitos benefícios e agora com o poder que os Sistemas de Informação estão trazendo para a manipulação da informação, um mundo novo surge diante de nós. Provavelmente, a grande questão que precisa ser tratada agora é como fazer com que a ética e a moral sejam estabelecidas e aplicadas, a fim de evitar que esta vertente de pesquisa que pode beneficiar tanto o ser humano, também venha a prejudicá-lo.
Fonte: FERRARI, Átila; PEREIRA, Vivian Mayumi Yamassaki Pereira. 19 de junho de 2013. Disponível em: http://www.each.usp.br/petsi/jornal/?p=546. Acesso em: 31 ago. 2022 (adaptado).
Assinale a alternativa CORRETA quanto à flexão verbal de pessoa nos elementos destacados em: “Da fala do palestrante, entendemos que assim como nós, estudantes de sistemas de informação, que escrevemos linhas de código para criar programas, na Biologia Sintética “programa-se” organismos vivos por meio da modificação do código genético.” (3º parágrafo).
Questão 5 11748992
CFO-BM 2022INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir, para responder à questão.
Um persistente cio
É muito interessante observar o quanto a ditadura da velocidade e do “não tenho tempo a perder” retira do cotidiano das metrópoles uma das mais profundas maneiras de aproveitar, de fato, o tempo: a necessária paciência para a fruição, quase degustação lenta, dos movimentos de busca intensa do prazer originário do universo da leitura. Essa insana tacocracia, vivida sem reflexão, produz uma amarga rejeição à eroticidade inerente aos momentos nos quais é preciso entrar no cio emanado da leitura prazerosa, do mergulho intencional e povoadamente solitário que nos atinge quando nos abandonamos aos sussurros que vêm de dentro.
Há frase mais tola do que a daquele ou daquela que diz “acho que, para passar (ou matar) o tempo, vou ler alguma coisa”? Ler um livro para matar o tempo? Não! Afonso Arinos, importante jurista mineiro, mais conhecido por ser autor da primeira lei contra a discriminação racial, que também era escritor (ingressou na Academia Brasileira de Letras em 1958, mesmo ano em que foi eleito senador), escreveu em A Escalada que “domar o tempo não é matá-lo, é vivê-lo”.
Viver o tempo! Vivificálo, tornálo substantivo e desfrutável. Ora, nada como um bom livro para fazer pulsar a vida no nosso interior, vida essa que, quando absortos na leitura, nos faz esquecer a fluidez temporal e nos permite suspender provisoriamente a mortalidade e a finitude.
Mas o que é um bom livro? A subjetividade da resposta é evidente. No entanto, é possível estabelecer um critério: um bom livro é aquele que emociona você, isto é, aquele que produz sentimentos vitais, que gera perturbações, que comove, abala ou impressiona. Em outras palavras, um bom livro é aquele que, de alguma maneira, afeta você e o impede que passe adiante incólume.
A emoção do bom livro é tão imensa que se torna, lamentavelmente, irrepetível. Álvaro Lins, crítico literário pernambucano que chegou a chefiar a Casa Civil do governo JK, fez uma reflexão que expressa uma parte dessa contraditória agonia: “Ah, a tristeza de saber, no fim da leitura de certos livros, que nunca mais os leremos pela primeira vez, que não se repetirá jamais a sensação da primeira leitura, que não teremos renovada a felicidade de ignorá-los num dia e conhecê-los no dia seguinte”.
Assim – mesmo que quase tudo hoje em dia dificulte a urgência de vivificar com uma boa leitura, especialmente a estafa resultante do desequilíbrio e da correria incessante –, muitos não se deixam humilhar pelos assassinos do tempo; para impedir a vitória da mediocridade espiritual, há os que cantam com Djavan – na belíssima “Faltando um Pedaço” – e sabem que “o cio vence o cansaço”.
CORTELLA, Mário Sérgio. Um persistente cio. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/ eq2609200226.htm. Acesso em: 10 ago. 2021. [Fragmento]
No trecho: “A subjetividade da resposta é evidente.”, o termo em destaque é um verbo
Questão 3 10888355
FCMMG Medicina 2022/1Para responder à questão, leia o texto a seguir.
BUSCA DA PERFEIÇÃO PELOS ATLETAS DE ALTO NÍVEL ME LEMBRA “O MITO DE SÍSIFO”
A excepcional ginasta Simone Biles, ao desistir das competições por equipes e das finais individuais, nas quais era favorita, conseguiu sua grande vitória no esporte.
Ela expôs, com sobriedade, clareza e coragem, suas fraquezas, ao dizer que não suportava mais a pressão para ganhar a medalha de ouro e que já estava assim há vários anos.
Além do sofrimento emocional, Simone falou que a queda no salto, durante as eliminatórias, foi resultante da falta de simetria entre a mente e o corpo. Simone humanizou as Olimpíadas.
A decisão da ginasta abre um importante debate sobre os problemas emocionais dos atletas de alto rendimento.
O fato é também importante para enfatizar a necessidade da presença rotineira de profissionais de psicologia no acompanhamento de atletas.
Os campeões, com prazer e, às vezes, sofrimento mental, buscam a perfeição, que não existe. Quanto mais o atleta treina, mais brilha, mais evolui e mais ele tenta chegar a um limite técnico inalcançável.
Isso me lembra “O Mito de Sísifo”, obra do genial Albert Camus, que conta a absurda tarefa humana, em que uma pessoa tenta carregar uma enorme pedra até o pico de uma montanha, sem conseguir. A pedra volta, e ele tenta, ininterruptamente, o impossível, até a eternidade.
CORRER E SONHAR
Era a véspera da disputa pela medalha de ouro na prova de maratona entre mulheres. Joana era a esperança brasileira. Antes de dormir, lembrou-se de sua infância pobre no interior. Era conhecida como a menina que corria. Na adolescência, Joana foi para a capital, onde começou a treinar. Ganhou várias competições e chegou à Olimpíada de Tóquio.
Joana demorou para dormir. Adormeceu e sonhou que, na hora da largada, seus pés estavam colados ao chão. Não saía do lugar. Foi eliminada. Acordou aliviada e percebeu que era um sonho. Pensou que deveria ser o medo de fracassar. Sentiu-se mais forte e mais resistente. Correu como nunca e ganhou, com facilidade, a medalha de ouro.
Após a comemoração, junto com outros atletas, Joana foi para o quarto, telefonou para os familiares, chorou abraçada à medalha, dormiu e sonhou com o ouro em Paris, em 2024. Depois disso, poderia parar de correr e fazer outras coisas que sonhava. A vida continuava.
TOSTÃO. Folha de São Paulo, 01/08/2021. (Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/colunas/tostao/2021/07/busca-da-perfeicao. Acesso em 01/10/2021.)
Lê-se, na segunda parte do texto, a frase: “Era conhecida como a menina que corria.”
Sobre o emprego do tempo verbal destacado na frase, é CORRETO afirmar que o verbo está no pretérito:
Questão 2 10779520
UFN Verão 2022Leia o texto de Mário Quintana.
Poema Transitório
(...) é preciso partir
é preciso chegar
é preciso partir é preciso chegar...
Ah, como esta vida é
[urgente!
... no entanto
eu gostava mesmo era de partir...
e - até hoje - quando acaso embarco
para alguma parte
acomodo-me no meu lugar
fecho os olhos e sonho:
viajar, viajar
mas para parte nenhuma...
viajar indefinidamente...
como uma nave espacial perdida entre as estrelas.
QUINTANA, Mario. Poema transitório. In: QUINTANA, Mario. Baú de espantos. 5 ed. São Paulo: Globo, 1994. p. 83.
Com relação aos elementos coesivos referentes ao “espaço” no texto acima, assinale a alternativa correta.
Questão 4 9169521
USCS Medicina 2022/2Considere o texto de Carlos Drummond de Andrade para responder à questão.
Saio de um instante de cólera e procuro indagar de mim mesmo e de autores a natureza dessa quebra de ritmo vital. Sua natureza e sua razão de ser. Por mais desatinada que seja, ela parece necessária.
Aristóteles mostra-se favorável à cólera moderada, que se manifeste em momento oportuno. E julga menos má a intemperança na ira do que nos prazeres. Os irascíveis logo se apaziguam, o que é uma espécie de compensação. Já os rancorosos...
Montaigne entende que não devemos castigar o erro no instante em que a cólera nos domina. Que diríamos do juiz que, num momento de irritação, condenasse alguém à morte? Quem tem fome serve-se de carne; quem castiga não deve ter fome nem sede. Esta é uma paixão que se apraz a si mesma, e que se lisonjeia; às vezes, uma explicação judiciosa ainda mais a exacerba. Montaigne, entretanto, preferia manifestar sua cólera a mantê-la recolhida, envenenando-lhe a mente. Exprimindo-se, ela se dissolve; contida, vira-se contra nós. E conclui: “Se a cólera é uma arma, como queria Aristóteles, a verdade é que essa arma não se deixa manejar por nós; é ela que nos maneja”.
O moderno Jacques de Lecretelle enfileira em seu ensaio sobre a cólera razões intelectuais em favor de uma explosão ordenada, aristotélica. Mas em seguida mostra quanto é desmoralizadora do ser a crise de violência verbal ou gestual. Por fim, de certo modo se mostra simpático a esse sentido furioso, que costuma identificar-se com a prova de amor. Não encontro nos livros a condenação formal da paixão a que me entreguei, e que me deixou aniquilado.
(O observador no escritório, 2020. Adaptado.)
“Que diríamos do juiz que, num momento de irritação, condenasse alguém à morte?” (3° parágrafo)
Nesse trecho, a forma verbal sublinhada expressa
Pastas
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