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Acesse GrátisQuestões de Português - Gramática
Questão 26 605087
UNIFESP 2019Para responder à questão, leia o trecho do livro Casa-grande e senzala, de Gilberto Freyre.
Mas a casa-grande patriarcal não foi apenas fortaleza, capela, escola, oficina, santa casa, harém, convento de moças, hospedaria. Desempenhou outra função importante na economia brasileira: foi também banco. Dentro das suas grossas paredes, debaixo dos tijolos ou mosaicos, no chão, enterrava-se dinheiro, guardavam-se joias, ouro, valores. Às vezes guardavam-se joias nas capelas, enfeitando os santos. Daí Nossas Senhoras sobrecarregadas à baiana de teteias, balangandãs, corações, cavalinhos, cachorrinhos e correntes de ouro. Os ladrões, naqueles tempos piedosos, raramente ousavam entrar nas capelas e roubar os santos. É verdade que um roubou o esplendor e outras joias de São Benedito; mas sob o pretexto, ponderável para a época, de que “negro não devia ter luxo”. Com efeito, chegou a proibir-se, nos tempos coloniais, o uso de “ornatos de algum luxo” pelos negros.
Por segurança e precaução contra os corsários, contra os excessos demagógicos, contra as tendências comunistas dos indígenas e dos africanos, os grandes proprietários, nos seus zelos exagerados de privativismo, enterraram dentro de casa as joias e o ouro do mesmo modo que os mortos queridos. Os dois fortes motivos das casas-grandes acabarem sempre mal-assombradas com cadeiras de balanço se balançando sozinhas sobre tijolos soltos que de manhã ninguém encontra; com barulho de pratos e copos batendo de noite nos aparadores; com almas de senhores de engenho aparecendo aos parentes ou mesmo estranhos pedindo padres- -nossos, ave-marias, gemendo lamentações, indicando lugares com botijas de dinheiro. Às vezes dinheiro dos outros, de que os senhores ilicitamente se haviam apoderado. Dinheiro que compadres, viúvas e até escravos lhes tinham entregue para guardar. Sucedeu muita dessa gente ficar sem os seus valores e acabar na miséria devido à esperteza ou à morte súbita do depositário. Houve senhores sem escrúpulos que, aceitando valores para guardar, fingiram-se depois de estranhos e desentendidos: “Você está maluco? Deu-me lá alguma cousa para guardar?”
Muito dinheiro enterrado sumiu-se misteriosamente. Joaquim Nabuco, criado por sua madrinha na casa-grande de Maçangana, morreu sem saber que destino tomara a ourama para ele reunida pela boa senhora; e provavelmente enterrada em algum desvão de parede. […] Em várias casas-grandes da Bahia, de Olinda, de Pernambuco se têm encontrado, em demolições ou escavações, botijas de dinheiro. Na que foi dos Pires d’Ávila ou Pires de Carvalho, na Bahia, achou- -se, num recanto de parede, “verdadeira fortuna em moedas de ouro”. Noutras casas-grandes só se têm desencavado do chão ossos de escravos, justiçados pelos senhores e mandados enterrar no quintal, ou dentro de casa, à revelia das autoridades. Conta-se que o visconde de Suaçuna, na sua casa-grande de Pombal, mandou enterrar no jardim mais de um negro supliciado por ordem de sua justiça patriarcal. Não é de admirar. Eram senhores, os das casas-grandes, que mandavam matar os próprios filhos. Um desses patriarcas, Pedro Vieira, já avô, por descobrir que o filho mantinha relações com a mucama de sua predileção, mandou matá-lo pelo irmão mais velho.
(In: Silviano Santiago (coord.). Intérpretes do Brasil, 2000.)
Ao se transpor a frase “Às vezes guardavam-se joias nas capelas, enfeitando os santos.” (1° parágrafo) para a voz passiva analítica, o termo sublinhado assume a seguinte forma:
Questão 54 5319609
UFU 2° Dia 2020/2Leia o texto a seguir, que compõe um box da matéria “Cidadania e Protagonismo”, publicada na revista Conhecimento prático: Língua Portuguesa e Literatura (Ano 8, Edição 80)
Línguas Brasileiras
Embora se tenham por um longo período silenciado as vozes dissonantes, existem hoje no Brasil mais de 200 línguas faladas por povos de origem e etnias diversas.
São línguas indígenas, de imigração, de sinais, crioulas e afro-brasileiras, que somadas às múltiplas variedades do português brasileiro, constituem um amplo patrimônio cultural e sociolinguístico que não pode nem deve ser desprezado.
O decreto Lei nº 7.387, de 9 de dezembro de 2010, instituiu o Inventário Nacional de Diversidade Linguística (INDL) como “instrumento de identificação, de documentação, de reconhecimento e de valorização das línguas portadoras de referência à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”.
A partir da instituição desse instrumento, foi possível não apenas estabelecer políticas públicas de fortalecimento e de promoção da diversidade linguística do país, mas também criar mecanismos para reconhecimento das línguas minoritárias brasileiras, reforçando a orientação da Declaração Universal do Direitos Linguísticos.
Sob essa perspectiva, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), como uma língua minoritária, ganha legitimidade e garante o direito de educação bilíngue e igualitária para seus usuários.
FREITAS, Abrahão Costa de. Cidadania e protagonismo. Conhecimento prático: Língua Portuguesa e Literatura. Ano 8, Edição 80. São Paulo: Editora Escala, 2020, p. 29.
A locução verbal na voz passiva (“se tenham... silenciado”), negritada no primeiro parágrafo, tem como efeito indeterminar o agente da ação, de modo que não se pode saber indubitavelmente por quem “as vozes dissonantes” foram silenciadas.
O uso desse recurso linguístico da indeterminação, no texto considerado, é uma estratégia de modalização, por meio da qual o autor
Questão 24 891045
UFRGS 2° Dia 2019Instrução: A questão está relacionada ao texto abaixo.
Recebi consulta de um amigo que tenta
deslindar segredos da língua para
estrangeiros que querem aprender português.
Seu problema: “se digo em uma sala de aula:
[5] ‘Pessoal, leiam o livro X’, como explicar a
concordância? Certamente, não se diz
‘Pessoal, leia o livro X’".
Pela pergunta, vê-se que não se trata de
fornecer regras para corrigir eventuais
[10] problemas de padrão. Trata-se de entender
um dado que ocorre regularmente, mas que
parece oferecer alguma dificuldade de análise.
Em primeiro lugar, é óbvio que se trata de
um pedido (ou de uma ordem) mais ou
[15] menos informal. Caso contrário, não se usaria
a expressão “pessoal”, mas talvez “Senhores”
ou “Senhores alunos”.
Em segundo lugar, não se trata da tal
concordância ideológica, nem de silepse
[20] (hipóteses previstas pela gramática para
explicar concordâncias mais ou menos
excepcionais, que se devem menos a fatores
sintáticos e mais aos semânticos; exemplos
correntes do tipo “A gente fomos” e “o
[25] pessoal gostaram” se explicam por esse
critério). Como se pode saber que não se
trata de concordância ideológica ou de
silepse? A resposta é que, nesses casos, o
verbo se liga ao sujeito em estrutura sem
[30] vocativo, diferentemente do que acontece
aqui. E em casos como “Pedro, venha cá”,
“venha” não se liga a “Pedro”, mesmo que
pareça que sim, porque Pedro não é o sujeito.
Para tentar formular uma hipótese mais
[35] clara para o problema apresentado, talvez se
deva admitir que o sujeito de um verbo pode
estar apagado e, mesmo assim, produzir
concordância. O ideal é que se mostre que o
fenômeno não ocorre só com ordens ou
[40] pedidos, e nem só quando há vocativo.
Vamos por partes: a) é normal, em
português, haver orações sem sujeito
expresso e, mesmo assim, haver flexão
verbal. Exemplos correntes são frases como
[45] “chegaram e saíram em seguida”, que todos
conhecemos das gramáticas; b) sempre que
há um vocativo, em princípio, o sujeito pode
não aparecer na frase. É o que ocorre em
“meninos, saiam daqui”; mas o sujeito pode
[50] aparecer, pois não seria estranha a sequência
“meninos, vocês se comportem”; c) se forem
aceitas as hipóteses a) e b) (diria que são
fatos), não seria estranho que a frase
“Pessoal, leiam o livro X” pudesse ser tratada
[55] como se sua estrutura fosse “Pessoal, vocês
leiam o livro x”. Se a palavra “vocês” não
estivesse apagada, a concordância se
explicaria normalmente; d) assim, o problema
real não é a concordância entre “pessoal” e
[60] “leiam”, mas a passagem de “pessoal” a
“vocês”, que não aparece na superfície da
frase.
Este caso é apenas um, dentre tantos
outros, que nos obrigariam a considerar na
[65] análise elementos que parecem não estar na
frase, mas que atuam como se lá estivessem.
Adaptado de: POSSENTI, Sírio. Malcomportadas línguas. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. p. 85-86.
Assinale a alternativa que apresenta uma oração na voz passiva.
Questão 19 215664
UNESP 2018/1Numa antiga anedota que circulava na hoje falecida República Democrática Alemã, um operário alemão consegue um emprego na Sibéria; sabendo que toda correspondência será lida pelos censores, ele combina com os amigos: “Vamos combinar um código: se uma carta estiver escrita em tinta azul, o que ela diz é verdade; se estiver escrita em tinta vermelha, tudo é mentira.” Um mês depois, os amigos recebem uma carta escrita em tinta azul: “Tudo aqui é maravilhoso: as lojas vivem cheias, a comida é abundante, os apartamentos são grandes e bem aquecidos, os cinemas exibem filmes do Ocidente, há muitas garotas, sempre prontas para um programa – o único senão é que não se consegue encontrar tinta vermelha.” Neste caso, a estrutura é mais refinada do que indicam as aparências: apesar de não ter como usar o código combinado para indicar que tudo o que está dito é mentira, mesmo assim ele consegue passar a mensagem. Como? Pela introdução da referência ao código, como um de seus elementos, na própria mensagem codificada.
(Bem-vindo ao deserto do real!, 2003.)
“Um mês depois, os amigos recebem uma carta escrita em tinta azul [...].”
Assinale a alternativa que expressa, na voz passiva, o conteúdo dessa oração.
Questão 14 242349
UNICENTRO 2018Passando a frase: “Ela havia feito muitos doces de leite para a festa” para a voz passiva, obtém-se:
Questão 15 242822
UEFS Caderno 1 2018/1Nós criamos uma civilização global em que os elementos mais cruciais – o transporte, as comunicações e todas as outras indústrias, a agricultura, a medicina, a educação, o entretenimento, a proteção ao meio ambiente e até a importante instituição democrática do voto – dependem profundamente da ciência e da tecnologia. Também criamos uma ordem em que quase ninguém compreende a ciência e a tecnologia. É uma receita para o desastre.
A candle in the dark é o título de um livro corajoso, baseado em grande parte na Bíblia, escrito por Thomas Ady e publicado em Londres em 1656, que ataca a caça às bruxas, então na ordem do dia, tachando-a de fraude “para enganar o povo”. Qualquer doença ou tempestade, qualquer coisa fora do comum, era atribuída à bruxaria. As bruxas devem existir, escreveu Ady, citando a argumentação dos “negociantes de bruxas”, “do contrário como é que essas coisas existem ou vêm a acontecer?”. Durante grande parte de nossa história tínhamos tanto medo do mundo exterior, com seus perigos imprevisíveis, que aceitávamos de bom grado qualquer coisa que prometesse suavizar ou atenuar o terror por meio de explicações. A ciência é uma tentativa, em grande parte bem- -sucedida, de compreender o mundo, de controlar as coisas, de ter domínio sobre nós mesmos, de seguir um rumo seguro. A microbiologia e a meteorologia explicam hoje o que, há alguns séculos, era considerado causa suficiente para queimar mulheres na fogueira.
(O mundo assombrado pelos demônios, 2006. Adaptado.)
A microbiologia e a meteorologia explicam hoje o que, há alguns séculos, era considerado causa suficiente para queimar mulheres na fogueira.” (2° parágrafo)
Na voz passiva, o trecho transcrito assume a seguinte reda- ção: