Questões de Português - Gramática
Por que Mocinha não dormiu na noite anterior? A ideia de uma viagem, no corpo endurecido o coração se desenferrujava todo seco e descompassado, como se ela tivesse engolido uma pílula grande sem água. Em certos momentos nem podia respirar. Passou a noite falando, às vezes alto. A excitação do passeio prometido e a mudança de vida, de repente aclaravam-lhe algumas ideias. Lembrou-se de coisas que dias antes juraria nunca terem existido, a começar pelo filho atropelado, morto debaixo de um bonde no Maranhão – se ele tivesse vivido no tráfego do Rio de Janeiro, aí mesmo é que morria atropelado. Lembrou-se dos cabelos do filho, das roupas dele. Lembrou-se da xícara que Maria Rosa quebrara e de como ela gritara com Maria Rosa. Se soubesse que a filha morreria de parto, é claro que não precisaria gritar. E lembrou-se do marido. Só lembrava do marido em mangas de camisa. Mas, não era possível, estava certa de que ele ia à repartição com o uniforme de contínuo, ia a festas de paletó, sem falar que não poderia ter ido ao enterro do filho e da filha em mangas de camisa. A procura do paletó do marido ainda mais cansou a velha que se virava com leveza na cama. De repente descobriu que a cama era dura.
https://www.revistaprosaversoearte.com/o-grande-passeioclarice-lispector/
Em apenas uma destas palavras, a acentuação se justifica por ser a vogal i a sílaba tônica do hiato. Qual?
Leia o texto abaixo e responda à questão proposta:
TEXTO: Infecção pelo vírus H1N1 e gestação (Adaptado).
Em abril de 2009, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recebeu informes de infecções de um novo vírus da influenza A (H1N1) no México e nos Estados Unidos. Rapidamente, o vírus se propagou para diversos países da Europa, Américas e Extremo Oriente. Em 6 de maio daquele ano, o Ministério da Saúde do Brasil (MS) recebeu testes para confirmação diagnóstica de influenza A (H1N1), o que permitiu que, em 7 de maio, fossem confirmados os primeiros casos dentre as amostras de suspeitos.
A pandemia de 2009 causada pelo vírus influenza A H1N1 foi identificada como uma manifestação difundida de infecção respiratória febril no mundo inteiro. No dia 16 de julho de 2009, foi declarada no Brasil a transmissão sustentada pelo vírus influenza A H1N1, fazendo com que o MS elaborasse protocolos a fim de adequar as medidas estabelecidas no Plano Brasileiro de Preparação para uma Pandemia de Influenza a cada novo cenário em que o país se encontrava. Com a chegada do inverno no hemisfério sul, verificou-se o aumento do número de casos de infecção por esse novo vírus, e a circulação concomitante com os demais vírus de influenza.
Esse fenômeno favoreceu a recombinação genética do novo vírus, levando ao surgimento de novas ondas epidêmicas e incremento de sua virulência. Esses fatores levaram ao aumento da demanda por serviços de saúde ambulatoriais e hospitalares, principalmente por indivíduos com condições de risco para complicações, dentre eles as gestantes, e óbito pela doença.
Na última epidemia da doença, a estratégia de enfrentamento dessa Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) foi baseada em medidas de contenção – identificação precoce, tratamento e isolamento de casos e seguimento de seus contatos próximos. No cenário atual, essa estratégia perde importância e efetividade – fenômeno esperado na transmissão de agentes infecciosos, particularmente com as características dos vírus influenza –, requerendo medidas mais integradas de monitoramento da situação epidemiológica e de priorização da assistência aos casos graves ou com potencial de complicação.
A literatura atual, a partir da última pandemia e de surtos anteriores de H1N1, tem demonstrado que as gestantes no segundo e terceiro trimestres de gravidez são quatro vezes mais suscetíveis a hospitalizações do que a população geral, e têm uma taxa significativamente maior de mortalidade.
[...] Mulheres grávidas em qualquer idade gestacional devem ser orientadas a receber a vacina contra o vírus influenza A H1N1, sendo esta a forma mais eficaz para evitar formas severas de gripe e suas consequências à mãe e ao feto. Até o momento, nenhum estudo demonstrou a ocorrência de complicações maternas ou fetais decorrentes da vacinação.
FONTE: Figueiró-Filho EA, Oliveira MLG, Coelho LR, Souza BA. FEMINA, fev 2011, vol 39, nº 2, pp 169-175. Disponível em http://files.bvs.br/upload/S/0100-7254/2011/v39n3/a2501.pdf. Acesso em 02 maio 2016.
Assinale a opção em que as palavras destacadas são acentuadas pelo mesmo motivo.
No limite da irresponsabilidade
Ao ler na capa chamada sobre a
gripe 4, até os menos paranoicos
devem ter achado que chances de
contrair doença são enormes
[1] A REPORTAGEM e principalmente a chamada de capa sobre
a gripe A (H1IN1) no domingo passado constituem um dos
mais graves erros jornalísticos cometidos por este jornal desde
que assumi o cargo, em abril de 2008.
[5] O título da chamada, na parte superior da página, dizia: "Gripe
suína deve atingir ao menos 35 milhões no país em 2 meses".
A afirmação é taxativa e o número, impressionante.
Nas vésperas, os hospitais estavam sobrecarregados, com
esperas de oito horas para atendimento.
[10] Mesmo os menos paranoicos devem ter achado que suas
chances de contrair a enfermidade são enormes. Quem
estivesse febril e com tosse ao abrir o jornal pode ter
procurado assistência médica.
O texto da chamada dizia que um modelo matemático do
[15] Ministério da Saúde "estima que de 35 milhões a 67 milhões
de brasileiros podem [em vez de devem, como no título] ser
afetados pela gripe suína em oito semanas (...). O número de
hospitalizações iria de 205 mil a 4,4 milhões".
É quase impossível ler isso e não se alarmar. Está mais do que
[20] implícito que o modelo matemático citado decorre de estudos
feitos a partir dos casos já constatados de gripe A (HINI) no
Brasil.
Mas não. Quem foi à página C5 (e não C4 para onde
erradamente a chamada remetia) descobriu que o tal modelo
[25] matemático, publicado em abril de 2006, foi baseado em
dados de pandemias anteriores e visavam formular cenários
para a gripe aviária (H5N1).
Ah, o texto dizia que "por ser um esquema genérico e não um
estudo específico para o atual vírus, são necessários alguns
[30] cuidados ao extrapolá-lo para o presente surto".
Ora, se era preciso cautela, por que o jornal foi tão
imprudente? Ou, como pergunta o leitor Martim Silveira: "já
que não tem base em nada nas circunstâncias atuais, qual a
relevância de publicar algo que evidentemente só pode causar
[35] pânico numa população que já está abarrotando os postos de
saúde por causa da gripe, quando os casos mal passam do
milhar?"
Muitos leitores se manifestaram ao ombudsman. José Rubens
Ehas classificou a chamada de "leviana e Wresponsável". José
[40] Roberto Teixeira Leite disse que "se o objetivo do jornal era
espalhar pânico, conseguiu o intento". Para José Clauver de
Aguiar Júnior, "trata-se claramente de sensacionalismo”.
O pior é que a Redação não admite o erro. Em resposta à
carta do Ministério da Saúde, que tentava restabelecer os
[45] fatos, respondeu com firulas formalistas como se o missivista
e os leitores não soubessem ver o óbvio. Em resposta ao
ombudsman, disse que considera a chamada e a reportagem
"adequadas" e que "informar a genealogia do estudo na
chamada teria sido interessante, mas não era absolutamente
[50] essencial”.
Fonte: Carlos Eduardo Lins da Silva é o ombudsman da Folha desde 24 de abril de 2008. (http://www1 .folha.uol. com.br/fsp/ombudsma/0m2607200901 .htm)
Marque V (verdadeiro) ou F (Falso).
( ) A palavra “título” (l. 5) leva acento porque é uma proparoxítona
( ) A palavra “suína” (l. 6) leva acento porque o ‘i’ é tônico, formando hiato com a vogal anterior.
( ) A palavra “Está” (l. 19) leva acento porque é uma paroxítona terminada em ‘a’
( ) A palavra “Saúde” (l. 15) leva acento porque o ‘u’ é tônico, formando hiato com a vogal anterior.
( ) A palavra “irresponsável” (l. 39) leva acento porque é uma proparoxítona terminada em ‘l’.
A sequência correta é
Leia o texto a seguir:
O tungstênio é, sob condições padrão, um metal de cor branco cinza. Ele é encontrado na natureza combinado a outros elementos. Foi identificado como um novo elemento em 1781, e isolado pela primeira vez como metal em 1783. O tungstênio é o único metal da terceira série de transição que se sabe ocorrer em biomoléculas, usadas por algumas espécies de bactérias. É o elemento mais pesado utilizado por seres vivos. Porém, o tungstênio interfere com os metabolismos do molibdênio e do cobre e é algo tóxico para a vida animal.
Tirado e adaptado do site da Wikipédia, verbete “Tungstênio”. Acesso em 02/06/2020.
Sobre o texto, foram feitas as afirmativas a seguir:
I. A palavra “tóxico” apresenta um dífono.
II. “Bactérias”, “molibdênio” e “espécies” são vocábulos acentuados segundo a mesma regra.
III. A separação silábica de “tungstênio” é “tungs-tê-ni-o” e a de “biomoléculas” é “bi-o-mo-lé-cu-las”.
IV. Em “sob condições padrão”, a palavra “padrão” deveria concordar em número com o substantivo “condições”.
Assinale a alternativa CORRETA:
Assinale a opção que apresenta a palavra cuja acentuação destoa das demais segundo as regras da norma culta:
Leia o texto a seguir e responda à questão.
Viver em cima do muro é prejudicial à saúde
Élida Ramirez
Ocre. Sempre me incomodou essa cor. Sabe aquele marrom amarelado? O tal burro fugido? Exato isso! Quando vejo alguém com roupa ocre, tenho maior aflição. Certa feita, entrei em um consultório médico to-di-nho ocre. Paredes, chão, quadros. Tive uma gastura horrorosa. A sensação é que o ocre existe no dilema de não ser amarelo nem marrom. Invejando o viço das outras colorações definidas e nada fazendo para mudar sua tonalidade. Isso explica meu desconforto. O ocre, para mim, ultrapassa o sentido de cor. Ele dá o tom da existência do viver em cima do muro. E conviver com gente assim é um transtorno.
É fato que a tal “modernidade líquida”, definida por Bauman, favorece o comportamento. Pensemos. Segundo o sociólogo, a globalização trouxe o encurtamento das distâncias, borrando fronteiras. E, ao reconfigurar esses limites geográficos, mudou a concepção de si do sujeito bem como sua relação com as instituições. Muito rapidamente houve um esfacelamento de estruturas rígidas como a família e o estado. Essa mudança do sólido para líquido detonou o processo de individualização generalizado no mundo ocidental reforçando o conceito de que “Nada é para durar” (Bauman). Então, desse jeito dá para ser mutante pleno nesse viver em cima do muro. Nem amarelo ou marrom. Ocre. Por isso, discursos ocos de pessoas com personalidades fluidas ganham espaço. E vão tomando a forma do ambiente, assim como a água. Uma fusão quase nebulosa que embaça o comprometimento.
Nota-se ainda certo padrão do viver em cima do muro. Como uma receitinha básica. Vejam só: Misture meias palavras em um discurso politicamente correto. Inclua, com ar de respeito, a posição contrária. Cozinhe em banho-maria. Deixe descansar, para sempre, se puder. Se necessário, volte ao fogo brando. Não mexa mais. Sirva morno. Viu? Simples de fazer. Difícil é digerir.
É porque, na prática, a legião de ocres causa a maior complicação. Quem vive do meio de campo, sem decidir sua cor publicamente, não tem o inconveniente de arcar com as escolhas. Quase nunca se tornará um desafeto. Fará pouco e, muitas vezes, será visto com um sujeito comedido. Quem não escolhe tem mais liberdade para mudar de ideia. Não fica preso ao dito anteriormente. Exatamente porque não disse nada. Não se comprometeu com nada. Apenas proferiu ideias genéricas e inconclusivas estando liberado para transitar por todos os lados, segundo sua necessidade. Ao estar em tudo não estando em nada, seja para evitar responsabilidades, não se expor à crítica ou fugir de polêmicas, o em cima do muro se esconde, sobrecarrega e expõe aqueles que bancam opiniões.
Portanto, conviver com quem não toma posição, de forma crônica, atrasa a vida. Ao se esquivar de escolher, o indivíduo condena o outro a fazê-lo em seu lugar. Reconheço que, às vezes, a gente leva tempo para se decidir por algo. Todos temos medos que nos impedem de agir. Mas ouso dizer: nunca tomar partido nas situações é covardia. Parece, inclusive, que o viver em cima do muro é mais confortável que a situação do mau-caráter. É que o sacana, ao menos, se define. Embora atue na surdina, sua ação reflete um posicionamento. Já o indefinido, não. Ele vive na toada do alheio. E, curiosamente, também avacalha o próprio percurso por delegar ao outro a sua existência.
Recorro outra vez a Bauman para esclarecer: “Escapar da incerteza é um ingrediente fundamental presumido, de todas e quaisquer imagens compósitas da felicidade genuína, adequada e total, sempre parece residir em algum lugar à frente”. Por isso, atenção! Viver em cima do muro é prejudicial à sua própria saúde. Facilita a queda e impede novos caminhos. Um deles, o da alegria de poder ser. Talvez seja isso a que Bauman se refere quando trata da fuga da incerteza para alcançar a felicidade genuína. E, pensando bem, desconheço imagem de alegria predominantemente ocre.
Texto adaptado e disponível em: https://www.revistabula.com/16514-viver-em-cima-do-muro-e-prejudicial-a-saude/. Acesso em 14 de ago. 2018.
Assinale a alternativa em que a acentuação gráfica das palavras está corretamente justificada.