Questões de Português - Gramática - Pontuação - Ponto de interrogação
Texto I
50 anos do golpe militar brasileiro, uma reflexão.
Ney Iared Reynaldo, doutor em História da América, docente dos cursos de História e Ciências Econômicas/ICHS/CUR/UFMT
Caros leitores, o golpe civil-militar desfechado em 1º de abril de 1964 inaugurou um dos períodos sangrentos e violentos de nossa história. Longos 21 anos para que as instituições políticas brasileiras fossem redemocratizadas, ainda assim tendo que engolir a derrota do movimento pelas diretas e o dissabor da anistia negociada, por um partido de “oposição consentida” responsável pelo fenômeno do terrorismo de Estado contra o qual se mobilizaram diferentes segmentos da sociedade como: intelectuais, artistas, ligas camponesas, o movimento operário, estudantil, a guerrilha urbana e tantos outros atores sociais.
Cabe ressaltar que distante de criar uma dicotomia entre o “bem”, civil, e o “mal”, militar, é sempre bom termo lembrar o período autoritário, como suporte âncora das elites nacionais e de setores das classes médias e populares, é alertar para o fato de que a ruptura da democracia é causada, por vezes, por aqueles que alegam lutar em sua defesa. Não por acaso que setores das Forças Armadas e da sociedade ainda denominam o golpe de 1964 como “revolução”, que teria impedido de alguma forma a tomada do Estado pelo comunismo e o seu alinhamento ao socialismo subversivo.
O golpe ditatorial de 64 foi macabro, sinistro e de longa duração. O transcurso de seus 50 anos exige dessa nova geração um acerto de contas com o passado, para que se estabeleça a verdade, a justiça e a memória dos que foram brutalmente assassinados, perseguidos, exilados e torturados. Em nome dos que tiveram os direitos políticos, civis, sindicais e sociais cassados, também multidões de trabalhadores que sofreram o desemprego, o confisco, o arrocho salarial e os ritmos deprimentes do trabalho.
Tudo a favor da riqueza e do poder que, através dos altos oficiais militares, impuseram a dependência crescente ao grande capital mundial e jogaram o país em um endividamento externo sem precedentes que deu início à sequência da “década perdida”, dos anos 1980. Todavia, precisamos ir além, pois são evidentes as mazelas e heranças da ditadura militar até os dias atuais. O monumental aparato repressivo que se ergue em prol da Copa, completa o pacote de seus negócios e repressão às manifestações populares, com leis de exceção e criminalização aprovadas em diversos níveis legislativos, nos servem de alerta.
Enquanto a Comissão da Verdade instalada pelo Governo Federal vem caminhando para encerrar seus trabalhos, após dois anos de pesquisas e investigações que buscam elucidar alguns aspectos obscuros da ditadura, movimentos sociais e grupos organizados fazem intervenções artísticas em diversas cidades, renomeando praças, ruas, avenidas e pontes com nomes de desaparecidos e mortos pela repressão no lugar daqueles militares, policiais e civis apoiadores do aparato sociopolítico que cerceou a liberdade e a democracia nesse país.
Enfim, a sociedade brasileira necessita romper com as heranças malditas do golpe de 64, que ainda contaminam nossas instituições. Creio ser este o verdadeiro sentido de lembrarmos desta data. Assim, espera-se que esse texto permita ao público olhar para o período de governo autoritário vivido pelo Brasil entre 1964 e 1985, como um exercício de suma importância para a manutenção da democracia que reerguemos após estes 21 anos, à custa de centenas de vidas perdidas, destruídas, de famílias desfeitas e destroçadas.
Fonte: http://www.atribunamt.com.br/2014/04/50-anos-dogolpe-militar-brasileiro-uma-reflexao/ Acesso em: 15 de abril de 2014. Adaptado.
ASSINALE a alternativa em que a mudança da pontuação do título desse texto acarreta alteração do sentido inicial.
Instrução: A questão está relacionada ao texto.
Texto
Carducci saía do atelier. Sandro tentou seguir
adiante, mas o fotógrafo já o chamava.
- É comigo?
- Sim. Não gostaria de conhecer meu
[5] estabelecimento?
Sandro ia dar uma desculpa, mas o gesto do
outro, imperioso e afável, acabou por vencê-lo.
Dentro do estúdio vagava um cheiro de
líquidos perigosos. Sandro conhecia ........ o
[10] método fotográfico, apenas o que entrevia no
indigente estúdio de Paolo Pappalardo, em
Ancona. O que Nadar ocultara, Carducci hoje
mostrava. Abriu a tampa de uma caixa-baú
organizada em compartimentos quadrangulares.
[15] Ali estavam, acomodados, vidros transparentes
de diversos tamanhos, com rótulos em francês.
Continham pós e soluções. Também ........ funis,
tubos milimetrados, pequenos cálices em
formato de sino e uma balança. No verso da
[20] tampa, um carimbo oval, em pirogravura:
Charles Chevalier – Paris.
- É meu material – disse Carducci. – Essa
caixa já vem pronta, da França, pelo porto de
Montevidéu. Acompanha uma câmara portátil e
[25] um pequeno manual para os amadores. Claro
que os pós e os líquidos acabam, mas ali – e
mostrava uma sucessão de garrafas numa
prateleira – está a reposição que eu mesmo
providencio. Agora vou lhe explicar como isso
[30] funciona. E colocou um vaso com flores de tule
sobre a sua mesinha de trabalho. Fotografou-o,
revelou a chapa e copiou-a.
- Que tal? Não parece um quadro? Em preto
e branco, mas um quadro.
[35] - Bonito.
- Quer que lhe tire uma foto?
- Não sou bom modelo. Foi um desastre, a
última vez que me tiraram.
A cara decepcionada de Carducci, entretanto,
[40] fez com que concordasse. E posou, inquieto.
Já com a foto na mão, teve uma sensação de
alívio. Guardou-a.
- Está ótima. Quanto lhe devo?
- Esqueça. Venha para conversar. Afinal,
[45] temos o mesmo trabalho, embora cada qual a
seu modo. – Carducci tossiu de modo
preocupante. – Desculpe: como o senhor vê, a
idade não traz só experiência. Que me diz? Não
devemos criar inimizades. Somos patrícios. A
[50] cidade é tão pequena. Ademais, esse boato que
corre a seu respeito é uma infâmia. Inventarem
uma coisa dessas...
Sandro tornou-se sensível ........ generosidade.
- Virei qualquer dia desses. Aguarde.
Adaptado de: ASSIS BRASIL, L. A. O pintor de retratos. Porto Alegre: L&PM, 2002.
Considere as seguintes afirmações sobre o texto.
I - Os travessões (l. 33 a 44) servem para marcar diálogos, estabelecendo a delimitação temporal entre o presente das falas dos personagens e o passado em que o narrador relata os acontecimentos.
II - As interrogações no texto são utilizadas para o narrador criar um espaço de dúvidas entre os personagens, com o propósito de expressar um conflito relacionado à existência de competição profissional entre eles.
III- O uso de itálico (l. 21) serve para o narrador destacar o nome carimbado na tampa de um vidro e, com isso, indicar a origem do produto utilizado pelo personagem Carducci.
Quais estão corretas?
Instrução: A questão referem-se ao texto abaixo.
Entre a desordem carnavalesca, que
permite e estimula o excesso, e a ordem, que
requer a continência e a disciplina pela
obediência estrita às leis, como é que nós,
[5] brasileiros, ficamos? Qual a nossa relação e a
nossa atitude para com e diante de uma lei
universal que teoricamente deve valer para
todos? Como procedemos diante da norma
geral, se fomos criados numa casa onde, desde
[10] a mais tenra idade, aprendemos que há
sempre um modo de satisfazer nossas
vontades e desejos, mesmo que isso vá de
encontro às normas do bom-senso e da
coletividade em geral?
[15] Num livro que escrevi – Carnavais,
malandros e heróis –, lancei a tese de que o
dilema brasileiro residia numa trágica oscilação
entre um esqueleto nacional feito de leis
universais cujo sujeito era o indivíduo e
[20] situações onde cada qual se salvava e se
despachava como podia, utilizando para isso o
seu sistema de relações pessoais. Haveria,
assim, nessa colocação, um verdadeiro
combate entre as leis que devem valer para
[25] todos e as relações que evidentemente só
podem funcionar para quem as tem. O
resultado é um sistema social dividido e até
mesmo equilibrado entre duas unidades sociais
básicas: o indivíduo (o sujeito das leis
[30] universais que modernizam a sociedade) e a
pessoa (o sujeito das relações pessoais, que
conduz ao polo tradicional do sistema). Entre
os dois, o coração dos brasileiros balança. E no
meio dos dois, a malandragem, o “jeitinho” e o
[35] famoso e antipático “sabe com quem está
falando?” seriam modos de enfrentar essas
contradições e paradoxos de modo tipicamente
brasileiro. Ou seja: fazendo uma mediação
também pessoal entre a lei, a situação onde ela
[40] deveria aplicar-se e as pessoas nela
implicadas, de tal sorte que nada se modifique,
apenas ficando a lei um pouco desmoralizada,
mas, como ela é insensível e não é gente como
nós, todo mundo fica, como se diz, numa boa,
[45] e a vida retorna ao seu normal...
De fato, como é que reagimos diante de um
“proibido estacionar”, “proibido fumar”, ou
diante de uma fila quilométrica? Como é que
se faz diante de um requerimento que está
[50] sempre errado? Ou diante de um prazo que já
se esgotou e conduz a uma multa automática
que não foi divulgada de modo apropriado pela
autoridade pública? Ou de uma taxação injusta
e abusiva?
Adaptado de: DA MATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil?. Rio de Janeiro: Rocco, 1984. p. 97-99.
Considere as seguintes afirmações sobre o texto.
I - As interrogações no último parágrafo servem para o autor problematizar o tema com o leitor.
II - Os parênteses no segundo parágrafo servem para o autor explicar termos para o leitor.
III- As aspas no terceiro parágrafo servem para o autor introduzir passagens citadas de outros contextos.
Quais estão corretas?
TEXTO:
“Se te perguntarem quem era essa que às areias
e aos gelos quis ensinar a primavera…”: é assim que
Cecília Meireles inicia um de seus poemas. Ensinar
primavera às areias e aos gelos é coisa difícil. Gelos
[5] e areias nada sabem sobre primaveras... Pois eu
desejaria saber ensinar a solidariedade a quem nada
sabe sobre ela. O mundo seria melhor. Mas como
ensiná-la?
Seria possível ensinar a beleza de uma sonata
[10] de Mozart a um surdo? Como, se ele não ouve? E
poderei ensinar a beleza das telas de Monet a um
cego? De que pedagogia irei me valer para comunicar
cores e formas a quem não vê? Há coisas que não
podem ser ensinadas. Há coisas que estão além das
[15] palavras. Os cientistas, os filósofos e os professores
são aqueles que se dedicam a ensinar as coisas que
podem ser ensinadas. Coisas que são ensinadas são
aquelas que podem ser ditas. Sobre a solidariedade
muitas coisas podem ser ditas. Por exemplo, eu acho
[20] possível desenvolver uma psicologia da solidariedade.
Acho também possível desenvolver uma sociologia
da solidariedade. E, filosoficamente, uma ética da
solidariedade… Mas os saberes científicos e filosóficos
da solidariedade não ensinam a solidariedade, da
[25] mesma forma como a crítica da música e da pintura
não ensina às pessoas a beleza da música e da
pintura. A solidariedade, como a beleza, é inefável –
está além das palavras.
Palavras que ensinam são gaiolas para pássaros
[30] engaioláveis. Os saberes, todos eles, são pássaros
engaiolados. Mas a solidariedade é um pássaro que
não pode ser engaiolado. Ela não pode ser dita. A
solidariedade pertence a uma classe de pássaros que
só existem em voo. Engaiolados, esses pássaros
[35] morrem. [...]
O que pode ser ensinado são as coisas que
moram no mundo de fora: astronomia, física, química,
gramática, anatomia, números, letras, palavras.
Mas há coisas que não estão do lado de fora.
[40] Coisas que moram dentro do corpo. Estão enterradas
na carne, como se fossem sementes à espera…
Já disse que solidariedade é um sentimento. É
esse o sentimento que nos torna mais humanos. É
um sentimento estranho, que perturba nossos próprios
[45] sentimentos. [...] A solidariedade é uma forma visível
do amor. Pela magia do sentimento de solidariedade,
meu corpo passa a ser morada de outro. É assim que
acontece a bondade.
Mas fica pendente a pergunta inicial: como
[50] ensinar primavera a gelos e areias? Para isso as
palavras do conhecimento são inúteis. Seria necessário
fazer nascer ipês no meio dos gelos e das areias! E eu
só conheço uma palavra que tem esse poder: a palavra
dos poetas. Ensinar solidariedade?
[55] Que se façam ouvir as palavras dos poetas nas
igrejas, nas escolas, nas empresas, nas casas, na
televisão, nos bares, nas reuniões políticas, e,
principalmente, na solidão… [...]
ALVES, Rubem. É assim que acontece a bondade. Disponível em: emocionante-texto-de-rubem-alves/. Acesso em: 4 nov. 2018.
No que se refere aos sinais de pontuação usados no texto, é correto afirmar:
TEXTO
Considerando a pontuação das falas nos quadrinhos, assinale a alternativa INCORRETA:
Sobre o emprego dos sinais de pontuação, NÃO é correto afirmar:
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