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Acesse GrátisQuestões de Português - Gramática
Questão 5 6706485
UNIFUNEC 2022Leia o texto do poeta Manoel de Barros para responder a questão.
Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval: aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó entendia de regências verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquela preposição deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve / que eu não sei a ler. Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro.
(Memórias inventadas: a Infância, 2003. Adaptado.)
“Ai morena, não me escreve / que eu não sei a ler”.
O termo “morena” exerce a mesma função sintática do termo sublinhado em:
Questão 7 3639063
ACAFE Verão Medicina 2021Assinale a alternativa cujo texto está de acordo com as normas da língua escrita padrão.
Questão 9 5235070
CESMAC 1° Dia 2021.1TEXTO
Por que nossa mente “dá branco”?
O problema não está na memória, mas na falta de atenção.
Por segundos, parece que a mente apagou tudo: do que íamos pegar na geladeira à resposta da prova. O problema não está na memória, mas na falta de atenção. “É um mecanismo essencial na ativação das memórias de curto prazo, e operacional, que armazena temporariamente dados necessários para o cérebro comandar ações rápidas, como digitar no celular um número que logo vai ser esquecido”, explica Tarso Adoni, médico do Núcleo de Neurociências do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
Ocorre que o lobo frontal, responsável pela atenção e memórias transitórias, tem capacidade limitada de armazenamento. Só fica ali – com chance de seguir para a memória permanente conforme a relevância e utilidade – o que a atenção selecionou. O que passou batido será apagado em seguida, caso não cheguem novas pistas relacionadas. Isso explica a razão da ideia “esquecida” ser “lembrada”, ao voltarmos onde estávamos antes do branco. Esse tipo de apagão é diferente dos causados pelo álcool, ou pela ansiedade, que afetam memórias consolidadas. Neste caso, o cérebro entende o nervosismo como ameaça e se concentra em combatê-lo. Se os “brancos” afetarem a qualidade de vida, melhor procurar um médico.
(Cida de Oliveira. Por que nossa mente ‘dá Branco’? Galileu. São Paulo. Globo, n.272, mar. 2014).
Analisando particularidades gramaticais e lexicais em uso no Texto, merece destacar:
Questão 4 5948913
PUC-MG 2021A importância do ato de ler
Paulo Freire
Rara tem sido a vez, ao longo de tantos anos de prática pedagógica, por isso política, em que me tenho permitido a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrar encontros ou congressos. Aceitei fazê-la agora, da maneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir aqui para falar um pouco da importância do ato de ler.
Me parece indispensável, ao procurar falar de tal importância, dizer algo do momento mesmo em que me preparava para aqui estar hoje; dizer algo do processo em que me inseri enquanto ia escrevendo este texto que agora leio, processo que envolvia uma compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. Ao ensaiar escrever sobre a importância do ato de ler, eu me senti levado - e até gostosamente - a "reler" momentos fundamentais de minha prática, guardados na memória, desde as experiências mais remotas de minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crítica da importância do ato de ler se veio em mim constituindo.
Ao ir escrevendo este texto, ia "tomando distância” dos diferentes momentos em que o ato de ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeiro, a “leitura” do mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da “palavramundo”.
A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de “ler” o mundo particular em que me movia - e até onde não sou traído pela memória -, me é absolutamente significativa. Neste esforço a que me vou entregando, re-crio, e revivo, no texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra. Me vejo então na casa mediana em que nasci, no Recife, rodeada de árvores, algumas delas como se fossem gente, tal a intimidade entre nós - à sua sombra brincava e em seus galhos mais dóceis à minha altura eu me experimentava em riscos menores que me preparavam para riscos e aventuras maiores.
A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço - o sítio das avencas de minha mãe -, o quintal amplo em que se achava, tudo isso foi o meu primeiro mundo. [...] Os "textos", as "palavras”, as "letras” daquele contexto - em cuja percepção experimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber - se encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão eu ia apreendendo no meu trato com eles nas minhas relações com meus irmãos mais velhos e com meus pais.
Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto se encarnavam no canto dos pássaros - o do sanhaçu, o do olha-pro-caminho-quem-vem, o do bem-te-vi, o do sabiá; na dança das copas das árvores sopradas por fortes ventanias que anunciavam tempestades, trovões, relâmpagos; as águas da chuva brincando de geografia: inventando lagos, ilhas, rios, riachos. Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto se encarnavam também no assobio do vento, nas nuvens do céu, nas suas cores, nos seus movimentos; na cor das folhagens, na forma das folhas, no cheiro das flores - das rosas, dos jasmins -, no corpo das árvores, na casca dos frutos. Na tonalidade diferente de cores de um mesmo fruto em momentos distintos. [...]
Daquele contexto faziam parte igualmente os animais: os gatos da família, a sua maneira manhosa de enroscar-se nas pernas da gente, o seu miado, de súplica ou de raiva; Joli, o velho cachorro negro de meu pai, o seu mau humor toda vez que um dos gatos incautamente se aproximava demasiado do lugar em que se achava comendo [...].
Daquele contexto - o do meu mundo imediato - fazia parte, por outro lado, o universo da linguagem dos mais velhos, expressando as suas crenças, os seus gostos, os seus receios, os seus valores. Tudo isso ligado a contextos mais amplos que o do meu mundo imediato e de cuja existência eu não podia sequer suspeitar. No esforço de re-tomar a infância distante, a que já me referi, buscando a compreensão do meu ato de ler o mundo particular em que me movia, permitam-me repetir, re-crio, re-vivo, no texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra. E algo que me parece importante, no contexto geral de que venho falando, emerge agora insinuando a sua presença no corpo destas reflexões. [...]
Mas, é importante dizer, a “leitura” do meu mundo, que me foi sempre fundamental, não fez de mim um menino antecipado em homem, um racionalista de calças curtas. A curiosidade do menino não iria distorcer-se pelo simples fato de ser exercida, no que fui mais ajudado do que desajudado por meus pais. E foi com eles, precisamente, em certo momento dessa rica experiência de compreensão do meu mundo imediato, sem que tal compreensão tivesse significado malquerenças ao que ele tinha de encantadoramente misterioso, que eu comecei a ser introduzido na leitura da palavra.
A decifração da palavra fluía naturalmente da “leitura” do mundo particular. Não era algo que se estivesse dando superpostamente a ele. Fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo maior dos meus pais. O chão foi o meu quadro-negro; gravetos, o meu giz. Por isso é que, ao chegar à escolinha particular de Eunice Vasconcelos [...] já estava alfabetizado. Eunice continuou e aprofundou o trabalho de meus pais. Com ela, a leitura da palavra, da frase, da sentença, jamais significou uma ruptura com a "leitura" do mundo. Com ela, a leitura da palavra foi a leitura da “palavramundo”.
Atente para o excerto:
Rara tem sido a vez, ao longo de tantos anos de prática pedagógica, por isso política, em que me tenho permitido a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrar encontros ou congressos. Aceitei fazê-la agora, da maneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir aqui para falar um pouco da importância do ato de ler.
Sobre ele, a afirmação CORRETA encontra-se na opção:
Questão 8 6761269
UFRR Etapa 3 2021Em relação à frase “... Macunaíma correu pela praia e pranteou-se.”, é CORRETO afirmar que:
Questão 25 1373247
MULTIVIX 2020Leia o texto a seguir para responder à questão.
YOUTUBE, O PARAÍSO DA PUBLICIDADE INFANTIL
CANAIS QUE SÓ FALTAM VENDER BRINQUEDOS ATRAEM MULTIDÕES DE CRIANÇAS NA PLATAFORMA DE VÍDEOS
Por Daniel Salgado (Adaptado)
(1) Que o YouTube é uma plataforma digital gigantesca, todo mundo sabe. E também que já existem
muitas pessoas que tiram seu provento do dinheiro gerado pelas visualizações e propagandas em seus
canais na rede. Ainda assim, não pude negar minha surpresa ao descobrir que o maior faturamento
entre os youtubers ficou com um garoto de 7 anos de idade, o americano Ryan.
(5) Dono do canal ‘RyanToysReviews’, ele e seus pais embolsaram US$ 22 milhões ao longo do último
ano. O valor, que é exorbitante em qualquer contexto, vem de seus incontáveis vídeos, nos quais o
garoto e seus progenitores aparecem brincando com diversos brinquedos recém-lançados e
comentando suas qualidades e defeitos. Seu canal, que desde 2015 acumula 17 milhões de inscritos
e 26 bilhões (!) de visualizações, posta vídeos quase diariamente. Só na última semana foram sete.
(10) Ignorando fatores como o tempo gasto pelo pequeno para gravar esses vídeos num ritmo de
conteúdo diário, é surpreendente pensar que ele arregimentou a quantia milionária ao, basicamente,
fazer propagandas para que crianças queiram comprar os mais variados brinquedos. E uma rápida
pesquisa no YouTube mostra que seus pais não são os únicos a investir nesse filão.
(14) Não acredita? É só procurar por um termo como “toys” (brinquedos, em inglês) e ver que existem
canais como ‘ToyPudding TV (12 bilhões de visualizações); ‘Super Kids Toys’ (291 milhões); ‘Kids
Diana Show’ (4 bilhões) e ‘CKN Toys’ (8 bilhões).
(17) Os formatos são dos mais variados: alguns utilizam crianças para brincar com os produtos
enviados — às vezes com vídeos patrocinados —, outros apenas mostram os brinquedos para adultos.
Há até a categoria de “unboxing”, dedicada apenas a mostrar a abertura da caixa do brinquedo.
(20) Em comum a todos está a fetichização de uma mercadoria para uma parcela da população
altamente suscetível à publicidade. Ainda que o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec)
seja contrário a propaganda infantil, e haja uma legislação que coíba a prática no Brasil, o grande truque
desses canais é que eles fogem à classificação tradicional de publicidade para crianças.
(24) Não são comerciais pagos pelas empresas de brinquedos nem têm mensagens explícitas
convocando a compra do objeto x ou y. De certa maneira, funcionam quase como os desenhos
animados dos anos 90 que buscavam vender video-games, jogos de cartas e outros tantos produtos.
Que jovem daquela época não assistiu a Pokemon, Digimon ou algum programa similar?
(28) O precedente histórico não muda o fato de que esses canais glorificam e promovem
insistentemente brinquedos para as crianças na plataforma. E isso sem qualquer verniz artístico ou de
entretenimento animado como os cartuns ou gibis.
(31) As crianças, que ficam hipnotizadas pelos vídeos — quem já viu uma assistindo a esses canais
sabe do que estou falando —, saem quase sempre interessadas ou clamando pelos brinquedos
apresentados. O panorama não deve mudar: a legislação de regulação infantil varia muito de país para
país, e o YouTube, com seu alcance global, passa ao largo de controle nesse quesito, ao contrário de
canais de televisão ou revistas.
(36) É de se imaginar que, no ano que vem, os pais de Ryan e de alguns outros astros mirins da rede
tenham ainda mais ganhos para seu pé-de-meia generoso. Não faltará dinheiro para seus brinquedos.
Cabe saber se teremos nós os meios necessários para presentear nossas crianças.
Disponível em: https://epoca.globo.com/youtube-paraiso-da-publicidade-infantil-23289383. Acesso em 25 ago. 2019.
A oração em destaque “o valor, que é exorbitante em qualquer contexto, vem de seus incontáveis vídeos, nos quais o garoto e seus progenitores aparecem brincando com diversos brinquedos recém-lançados e comentando suas qualidades e defeitos.” (l. 6-8), tem a mesma classificação sintática da contida no item.