Questões de Português - Gramática - Sintaxe - Verbo Intransitivo
39 Questões
Questão 43 97836
UnB 1° Dia 2012/2Texto para o item.
Iracema
[1] Além, muito além daquela serra, que ainda azula no
horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os
[4] cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que
seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a
[7] baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem
corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira
[10] tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando,
alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as
primeiras águas.
[13] Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da
floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca
do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre
[16] esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na
folhagem os pássaros ameigavam o canto.
Iracema saiu do banho: o aljôfar d’água ainda a roreja,
[19] como à doce mangaba que corou em manhã de chuva.
Enquanto repousa, empluma das penas do guará as
flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no
[22] galho próximo, o canto agreste.
A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto
dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem
[25] pelo nome; outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a
selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da
juçara com que tece a renda, e as tintas de que matiza o algodão.
[28] Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue
a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista
perturba-se.
[31] Diante dela e todo a contemplá-la está um guerreiro
estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta.
Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos
[34] o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos
cobrem-lhe o corpo.
Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha
[37] embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do
desconhecido.
De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da
[40] espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião
de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu
mais d’alma que da ferida.
[43] O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei
eu. Porém, a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba, e correu
para o guerreiro, sentida da mágoa que causara.
[46] A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e
compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a
flecha homicida: deu a haste ao desconhecido, guardando
[49] consigo a ponta farpada.
O guerreiro falou:
— Quebras comigo a flecha da paz?
[52] — Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de
meus irmãos? Donde vieste a estas matas, que nunca viram outro
guerreiro como tu?
[55] — Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das
terras que teus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus.
— Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos
[58] tabajaras, senhores das aldeias, e à cabana de Araquém, pai de
Iracema.
José de Alencar. Iracema. São Paulo: Ed. Ática, 1991, p. 23.
Considerando o trecho acima, da obra Iracema, de José de Alencar, julgue o item.
Em “O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor” (l.40-41), o verbo aprender, empregado como intransitivo, tem o sentido de receber instrução ou educação.
Questão 3 86659
UNIFOR 2ª Fase 2012/1Leia o poema abaixo e assinale a alternativa em que a transitividade do verbo “acabar” é a mesma encontrada no segundo verso do poema de Carlos Drummond de Andrade.
JOSÉ
E agora José?
a festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
E agora, você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta,
e agora, José?
[...]
(ANDRADE, Carlos Drummond de. A palavra mágica: poesia. 5.ed. Rio de Janeiro: Record, 1999, p.99).
Questão 34 11427285
UNITINS Caderno 1 2024/1Texto para a questão.
Mudanças climáticas: população relaciona mais a hábitos individuais do que à política ou às empresas, diz pesquisa do Fórum
Entrevistados reconhecem a emergência ambiental e demonstram preocupação. No entanto, a maioria se sente impotente frente ao problema
A responsabilidade pelas mudanças climáticas é mais do indivíduo do que de instituições públicas e empresas. Essa é a percepção com o maior número de menções feitas pelas pessoas entrevistadas pela pesquisa “Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Econômico: Percepções da População da Região Metropolitana do Rio”, realizada pelo laboratório Conexão do Clima. Depois dos consumidores, as indústrias são mais citadas como causadoras das alterações no clima. O agronegócio foi apontado pouquíssimas vezes.
A percepção majoritária sobre as causas das mudanças climáticas está relacionada ao consumo e a hábitos individuais. “O pior é o homem: induz consumo, ninguém se preocupa, quer comprar um carro melhor, quer conforto, não se preocupa em como se produz as coisas, vai comprando…”, disse um homem com idade entre 35 e 50 anos.
Para uma entrevistada, o problema é a educação. “Falta consciência… a gente compra compulsivamente. Eu adoro comprar em bazar, brechó, não uso copo descartável. E, se eu não consumo o produto, a fábrica não precisa produzir”.
Uma parte significativa do grupo de entrevistados afirmou que adota medidas para reduzir os impactos do consumo no meio ambiente. Foram citadas, majoritariamente, iniciativas relacionadas ao descarte de lixo e à prática do consumo consciente.
Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade, analisou que o tema das mudanças climáticas “preocupa, mas não mobiliza”. Segundo ela, a estratégia de comunicação dos movimentos ambientalistas é falha, porque não consegue apresentar à população maneiras de agir ou de a convidar para a ação. “Há um potencial grande de comunicar que a gente não aproveita. Diversos problemas se relacionam às mudanças climáticas como os aumentos dos preços da energia e dos alimentos, por exemplo”.
Já Fábio Scarano, professor de Ecologia do Instituto de Biologia da UFRJ, avaliou que o fato de não ter acontecido algum fato ambiental semelhante no passado atrapalha a compreensão das pessoas no presente. “Essa fase é estranha, porque não conseguimos enxergar o que vem depois”, explica.
De acordo com a pesquisa, os desastres naturais como enchentes e deslizamento de terra foram os mais lembrados pelas pessoas entrevistadas como fenômenos causados pelas mudanças climáticas. “Ao mesmo tempo em que há a percepção de que a chuva forte e as enchentes são problemas antigos, desde a época de Dom Pedro, a maioria identifica que esses fenômenos estão mais recorrentes”, destacou Tatiana Roque.
As falas das pessoas ouvidas pela pesquisa confluem na avaliação de que a população mais pobre é quem mais sofre com os desastres naturais, uma vez que costuma viver em locais com menos infraestrutura e conta com menos recursos para enfrentar os desafios impostos pelas tragédias.
Disponível em: https://forum.ufrj.br/. Acesso em: 22 jul. 2023. (Adaptado)
Levando-se em consideração os contextos dos trechos a seguir, analise os aspectos gramaticais e sintáticos e as observações feitas sobre as expressões destacadas.
I. Em “Entrevistados reconhecem a emergência ambiental e demonstram preocupação. No entanto, a maioria se sente impotente frente ao problema”, os termos destacados são classificados sintaticamente como objetos diretos.
II. Em “Depois dos consumidores, as indústrias são mais citadas como causadoras das alterações no clima”, o verbo “ser” introduz um predicativo do sujeito.
III. Em “Há um potencial grande de comunicar que a gente não aproveita”, o verbo “haver” estabelece sujeito oculto; e o adjetivo “grande” é classificado sintaticamente como adjunto adnominal.
IV. Em “Essa fase é estranha, porque não conseguimos enxergar o que vem depois”, o pronome destacado exerce a função de adjunto adnominal; o adjetivo, a função de predicativo do objeto; e o verbo é transitivo indireto.
Está correto o que se afirma em
Questão 7 9580106
Unilago 2022/1Leia o texto a seguir e responda à questão.
A vivência e o inconformismo do físico Sérgio Mascarenhas (1928-2021) diante de um distúrbio que elevou sua pressão intracraniana foram o ponto de partida do que pode ser uma revolução na medicina. O professor rompeu um paradigma da neurociência – o de que o crânio é totalmente rígido – e lançou as sementes para a criação de uma tecnologia não invasiva capaz de inferir o volume e a pressão dentro da cabeça.
Antes do sensor, desenvolvido pela startup brain4care, a única forma de acessar esses dados era com um procedimento que fura o crânio. O novo dispositivo consegue flagrar, por meio de ondas específicas, alterações até mais sutis que sinalizam problemas.
“Hoje já visualizamos 20 diferentes aplicações para a tecnologia”, conta Plinio Targa, CEO da Brain4care. Além de desordens neurológicas como hidrocefalia e AVC, o sensor é estudado em contextos como anestesia e doenças cardíacas.
Sinal vital
A tecnologia da brain4care fica de olho no que os cientistas chamam de complacência cerebral, que é influenciada pelo volume e pela pressão dentro do crânio. Alterações ali sugerem desequilíbrios e danos neurológicos. Doenças diversas, como hidrocefalia, AVC e meningite, interferem nesse marcador, que, a exemplo de temperatura e pressão, pode virar um novo sinal vital do corpo.
Ação e reação pelo crânio
Dispositivo já é utilizado por clínicas e hospitais brasileiros. Entenda como funciona:
1. Captação: o sensor é posicionado na cabeça do paciente, onde passa a captar ondas que indicam a pressão intracraniana.
2. Relatório: o resultado fica na nuvem e pode ser acessado em tempo real e remotamente pelos profissionais de saúde.
3. Análise: o device atua como uma ferramenta preditiva e diagnóstica, podendo ser usado tanto em clínicas como UTIs.
4. Conduta: a medição da pressão intracraniana auxilia o médico a tomar decisões imediatas para preservar a saúde cerebral do paciente.
(Adaptado de: SPONCHIATO, Diogo. Sensor mede pressão dentro da cabeça sem furo nem dor. Veja Saúde. Disponível em: https://saude.abril.com.br/medicina/sensor-mede-pressao-dentro-da-cabeca-sem-furo-nem-dor/ Acesso em: 28/08/2021.)
Sobre o primeiro parágrafo do texto, assinale a alternativa correta.
Questão 10 9516586
EMESCAM 2022/2Releia este fragmento do texto:
“você acabou de comprar remédios, e a atendente lhe oferece vitaminas. Três dias depois que visitou uma livraria e adquiriu livros, chega um e-mail da loja alegando que você não tem aparecido. [...] Todos correm atrás de dinheiro.”
Considerando a transitividade verbal e a estrutura dos períodos desse fragmento, o(s) verbo(s)
Questão 8 6732105
UECE 1ª Fase 2022/1TEXTO
A cobertura de gelo da Terra está encolhendo
[135] A camada de gelo que cobre a Terra
diminuiu, em média, 87 mil quilômetros
quadrados (km2) por ano, de 1979 a 2016,
possivelmente em decorrência das mudanças
climáticas. A redução anual foi equivalente à
[140] da área do lago Superior, na fronteira entre o
Canadá e os Estados Unidos. A estimativa
resulta de análises da equipe do físico e
geógrafo Xiaoqing Peng, da Universidade de
Lanzhou, na China. O encolhimento ocorreu
[145] principalmente no Hemisfério Norte. A
cobertura de gelo na região registrou uma
perda anual média de 102 mil km2
. Essa
diminuição foi ligeiramente compensada pelo
aumento de 14 mil km2 por ano na camada
[150] de gelo do Hemisfério Sul no mesmo período
(Earth’s Future, 16 de maio). Essa expansão
se deu principalmente no gelo marinho no
mar de Ross, ao redor da Antártica, devido a
alterações no padrão de vento e correntes
[155] oceânicas. A cobertura de gelo da Terra é
importante porque reflete a luz do Sol,
ajudando a resfriar o planeta.
REVISTA PESQUISA FAPESP - AGOSTO DE 2021 | ANO 22, N. 306. Captado de https://revistapesquisa.fapesp.br/acobertura-de-gelo-da-terra-esta-encolhendo. Acesso em 16 de agosto de 2021. (Texto adaptado.)
Atente para a relação dos termos em destaque, nos trechos a seguir, com a classificação apresentada:
I. “A camada de gelo que cobre a Terra diminuiu, em média, 87 mil quilômetros quadrados (km2) por ano de 1979 a 2016” (linhas 135-137) — VERBO TRANSITIVO INDIRETO
II. “A estimativa resulta de análises da equipe do físico e geógrafo Xiaoqing Peng” (linhas 141-143) — VERBO INTRANSITIVO
III. “Essa diminuição foi ligeiramente compensada pelo aumento de 14 mil km2 por ano na camada de gelo do Hemisfério Sul no mesmo período” (linhas 147-150) — VERBO DE LIGAÇÃO
IV. “A cobertura de gelo da Terra é importante porque reflete a luz do Sol” (linhas 155-156) — VERBO DE LIGAÇÃO
Está correto o que consta nos itens
Pastas
06