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Acesse GrátisQuestões de Português - Gramática
Questão 6 44762
UFRN 2° Dia 2010Prólogo
No princípio era o pântano,com valas de agrião e rãs coaxantes. Hoje é o parque do
Anhangabaú, todo ele relvado, com ruas de asfalto, [...] a Eva de ]recheret, a estátua de um
adolescente nu que corre - e mais coisas. Autos voam pela via central, e cruzam-se
pedestres em todas as direções. Lindo parque, civilizadíssimo.
[5] Atravessando-o certa tarde, vi formar-se ali um bolo de gente, rumo ao qual vinha vindo
um polícia apressado.
Fagocitose, pensei. A rua é artéria; os passantes, o sangue. O desordeiro, o bêbado, o
gatuno são os micróbios maléficos, perturbadores do ritmo circulatório. O soldado da polícia
é o glóbulo branco - o fagócito de Metchennikoff. Está de ordinário parado no seu posto,
[10] circunvagando olhares atentos. Mal se congestiona o tráfego pela ação anti-social do
desordeiro, o fagócito move-se, caminha, corre, cai a fundo sobre o mau elemento e arrasta-
o para o xadrez.
Foi assim naquele dia.
[...]
[15] Alguém perturba a paz do jardim, e em redor desse rebelde logo se juntou um grupo
de glóbulos vermelhos, vulgo passantes. E lá se vinha fagócito fardado restabelecer a
harmonia universal.
LOBATO, Monteiro. O físico (Conto de Natal). In:_____. Negrinho. São Paulo: Globo, 2008. p. 63-64
Corresponde a uma forma desenvolvida da oração reduzida “Atravessando-o certa tarde [...]” (linha 5):
Questão 39 1366116
EFOMM 1° Dia 2019Como Dizia Meu Pai
Já se tomou hábito meu, em meio a uma conversa, preceder algum comentário por uma introdução:
— Como dizia meu pai...
Nem sempre me reporto a algo que ele realmente dizia, sendo apenas uma maneira coloquial de dar ênfase a alguma opinião.
De uns tempos para cá, porém, comecei a perceber que a opinião, sem ser de caso pensado, parece de fato corresponder a alguma coisa que Seu Domingos costumava dizer. Isso significará talvez — Deus queira — que insensivelmente vou me tomando com o correr dos anos cada vez mais parecido com ele. Ou, pelo menos, me identificando com a herança espiritual que dele recebi.
Não raro me surpreendo, antes de agir, tentando descobrir como ele agiria em semelhantes circunstâncias, repetindo uma atitude sua, até mesmo esboçando um gesto seu. Ao formular uma ideia, percebo que estou concebendo, para nortear meu pensamento, um princípio que, se não foi enunciado por ele, só pode ter sido inspirado por sua presença dentro de mim.
— No fim tudo dá certo...
Ainda ontem eu tranquilizava um de meus filhos com esta frase, sem reparar que repetia literalmente o que ele costumava dizer, sempre concluindo com olhar travesso:
— Se não deu certo, é porque ainda não chegou no fim.
Gosto de evocar a figura mansa de Seu Domingos, a quem chamávamos paizinho, a subir pausadamente a escada da varanda de nossa casa, todos os dias, ao cair da tarde, egresso do escritório situado no porão. Ou depois do jantar, sentado com minha mãe no sofá de palhinha da varanda, como namorados, trocando notícias do dia. Os filhos guardavam zelosa distância, até que ela ia aos seus afazeres e ele se punha à disposição de cada um, para ouvir nossos problemas e ajudar a resolvê-los. Finda a última audiência, passava a mão no chapéu e na bengala e saía para uma volta, um encontro eventual com algum amigo. Regressava religiosamente uma hora depois, e tendo descido a pé até o centro, subia sempre de bonde. Se acaso ainda estávamos acordados, podíamos contar com o saquinho de balas que o paizinho nunca deixava de trazer.
Costumava se distrair realizando pequenos consertos domésticos: uma boia de descarga, a bucha de uma torneira, um fusível queimado. Dispunha para isso da necessária habilidade e de uma preciosa caixa de ferramentas em que ninguém mais podia tocar. Aprendi com ele como é indispensável, para a boa ordem da casa, ter à mão pelo menos um alicate e uma chave de fenda. Durante algum tempo andou às voltas com o velho relógio de parede que fora de seu pai, hoje me pertence e amanhã será de meu filho: estava atrasando. Depois de remexer durante vários dias em suas entranhas, deu por findo o trabalho, embora ao remontá-lo houvessem sobrado umas pecinhas, que alegou não fazerem falta. O relógio passou a funcionar sem atrasos, e as batidas a soar em horas desencontradas. Como, aliás, acontece até hoje.
Tinha por hábito emitir um pequeno sopro de assovio, que tanto podia ser indício de paz de espírito como do esforço para controlar a perturbação diante de algum aborrecimento.
— As coisas são como são e não como deviam ser. Ou como gostaríamos que fossem.
Este pronunciamento se fazia ouvir em geral quando diante de uma fatalidade a que não se poderia fugir. Queria dizer que devemos nos conformar com o fato de nossa vontade não poder prevalecer sobre a vontade de Deus - embora jamais fosse assim eloquente em suas conclusões. Estas quase sempre eram, mesmo, eivadas de certo ceticismo preventivo ante as esperanças vãs:
— O que não tem solução, solucionado está.
E tudo que acontece é bom — talvez não chegasse ao cúmulo do otimismo de afirmar isso, como seu filho Gerson, mas não vacilava em sustentar que toda mudança é para melhor: se mudou, é porque não estava dando certo. E se quiser que mude, não podendo fazer nada para isso, espere, que mudará por si.
[...]
Tudo isso que de uns tempos para cá me vem ocorrendo, às vezes inconscientemente, como legado de meu pai, teve seu coroamento há poucos dias, quando eu ia caminhando distraído pela praia. Revirava na cabeça, não sei a que propósito, uma frase ouvida desde a infância e que fazia parte de sua filosofia: não se deve aumentar a aflição dos aflitos. Esta máxima me conduziu a outra, enunciada por Carlos Drummond de Andrade no filme que fiz sobre ele, a qual certamente Seu Domingos perfilharia: não devemos exigir das pessoas mais do que elas podem dar. De repente fui fulminado por uma verdade tão absoluta que tive de parar, completamente zonzo, fechando os olhos para entender melhor. No entanto era uma verdade evangélica, de clareza cintilante como um raio de sol, cheguei a fazer uma vênia de gratidão a Seu Domingos por me havê-la enviado:
— Só há um meio de resolver qualquer problema nosso: é resolver primeiro o do outro.
Com o tempo, a cidade foi tomando conhecimento do seu bom senso, da experiência adquirida ao longo de uma vida sem maiores ambições: Seu Domingos, além de representante de umas firmas inglesas, era procurador de partes — solene designação para uma atividade que hoje talvez fosse referida como a de um despachante. A princípio os amigos, conhecidos, e depois até desconhecidos passaram a procurá-lo para ouvir um conselho ou receber dele uma orientação. Era de se ver a romaria no seu escritório todas as manhãs: um funcionário que dera desfalque, uma mulher abandonada pelo marido, um pai agoniado com problemas do filho — era gente assim que vinha buscar com ele alívio para a sua dúvida, o seu medo, a sua aflição. O próprio Governador, que não o conhecia pessoalmente, certa vez o consultou através de um secretário, sobre questão administrativa que o atormentava. Não se falando nos filhos: mesmo depois de ter saído de casa, mais de uma vez tomei trem ou avião e fui colher uma palavra sua que hoje tanta falta me faz.
Resta apenas evocá-la, como faço agora, para me servir de consolo nas horas más. No momento, ele próprio está aqui a meu lado, com o seu sorriso bom.
SABINO, Fernando. A volta por cima. In: Obra Reunida v. III. Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 1996. (Texto adaptado)
Com base no texto, responda à questão que se segue.
Assinale a opção em que a oração reduzida sublinhada apresenta uma circunstância diferente das demais.
Questão 8 1597156
Unit-AL Demais Cursos 2019/2TEXTO:
Bobeou, passou
Eis algo que não se estoca nem se renova: o tempo
A tecnologia avança e facilita a vida das pessoas.
As distâncias se reduzem e tudo fica mais rápido. São
evoluções que deveriam fazer com que todos tivessem
mais tempo disponíveis para aquilo que tanto desejam.
[5] Porém, o que se observa no mundo corporativo é uma
generalizada falta de tempo. É uma síndrome que
ataca a todos, sem distinção. [...]
A crise diária preenche, absorve e consome boa
parte do tempo que temos disponível. Mas tudo isso
[10] é apenas efeito de uma causa maior. É preciso ir a
fundo para compreender o verdadeiro motivo da falta
de tempo. O tempo total disponível é igual para todos.
[...]
[...] Não aproveitá-lo de modo produtivo significa
perdê-lo para sempre. É como um avião que decola
[15] com um assento vazio, ou um quarto de hotel que
não foi ocupado.
O que diferencia as pessoas que otimizam o
seu tempo disponível é a forma como administram
esse precioso recurso. A maneira como geralmente
[20] nos expressamos é enganosa: “ganhar” ou “perder”
tempo não faz sentido. Quem não tem controle sobre
seu tempo não tem controle sobre si mesmo.
O uso de nosso crédito diário é uma combinação
entre clareza e ação. Clareza representa decidir
[25] a direção que se deve seguir, significa ter foco e
não se dispersar. Antes de definir o que ou como
fazer, é preciso ter nítido para onde se deseja ir,
pois mais importante que a velocidade é a direção.
Definir os objetivos pessoais representa preparar
[30] o futuro. É algo que deve ser tratado a cada dia,
com base na visão que desejamos construir. O
que planejamos no passado vivemos no presente.
Quem não preparar seu futuro será atropelado pela
crise diária. Tal envolvimento é motivado pela falta
[35] de objetivos pessoais. [...] E isso não é tudo. Sem
ação efetiva, o futuro será apenas uma miragem. É
preciso disposição e motivação para mudar atitudes e
hábitos. Eternas transições fazem com que as coisas
se acomodem.
[40] Sempre existiram e continuarão existindo
motivos que poderão limitar nossas ações. São
dificuldades palpáveis que se transformam em
desculpas verdadeiras e escondem as reais razões
pelas quais abandonamos os desafios. De nada
[45] adianta conceber o futuro sem determinação para
atingi-lo. Não dá para 45 perder peso sem seguir
uma dieta balanceada e sem fazer exercícios físicos
regulares. É preciso transformar-se, desaprender e,
então, reaprender.
[50] É preciso mudar o jeito de ver e pensar,
desenvolvendo um novo modelo mental. Cabe a cada
um escrever sua própria “memória do futuro”. Mais
importante que aprender a administrar o relógio é
saber utilizar a bússola.
BUGELLI, Sílvio. Bobeou, passou. Exame, São Paulo, ano 34, n. 17, p. 210, s.d.
A oração reduzida que, no contexto em que se encontra, está exercendo função subjetiva é a
Questão 17 1647123
Unit-SE Medicina 1° Dia 2019/1TEXTO:
Poema da necessidade
É preciso casar João,
é preciso suportar Antônio,
é preciso odiar Melquíades
é preciso substituir nós todos.
[5] É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.
[10] É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.
[15] É preciso viver com os homens
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar O FIM DO MUNDO.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poema da necessidade. Disponível em: https://www.culturagenial.com/poemas-de-carlosdrummond-de-andrade/. Acesso em: 9 nov. 2018.
O único verso, dentre os citados, que contém uma oração reduzida cujo infinitivo forma um tipo de predicado que difere dos demais é
Questão 4 6005685
Unilago 2019/2Leia o texto a seguir e responda a questão.
Com medicamentos em falta, hospitais insalubres e o avanço de doenças contagiosas, a Venezuela possui um mercado ativo de pacientes brasileiros em busca de tratamento particular em medicina estética. O fechamento da fronteira com o Brasil pelo presidente Nicolás Maduro atrapalhou os planos de dezenas de pacientes que tentavam voltar por terra a Roraima. O principal destino no país caribenho é Puerto Ordaz, a cerca de 600 quilômetros da fronteira com Pacaraima, em Roraima.
Quatro clínicas privadas comandadas por médicos venezuelanos, cubanos e brasileiros atraem a clientela com preços que chegam a 10% do cobrado no Brasil. A Sociedade Brasileira de Medicina Estética não tem dados sobre a procura. Não raro, brasileiras morrem por realizar cirurgias plásticas em clínicas clandestinas no Brasil.
Alguns brasileiros vão por conta própria à Venezuela, enquanto outros contratam cuidadores para obter facilidades nos trâmites e intermediar o contato com os médicos. Os cuidadores acompanham a viagem e as cirurgias. Perfis nas redes sociais fazem propaganda dos médicos e oferecem os serviços, buscados, principalmente, por moradores de Roraima, Pará e Amazonas.
Com a fronteira fechada, duas mulheres se arriscaram voltando a pé ao Brasil por trilhas abertas por contrabandistas na vegetação de savana. O trajeto mais rápido dura entre uma e duas horas para quem possui bom condicionamento físico, mas é um esforço extenuante para pessoas que passaram por cirurgias. As duas precisaram ser socorridas ao chegar no lado brasileiro – uma delas foi carregada numa maca.
Entre as 70 pessoas que estavam no vice-consulado brasileiro na cidade fronteiriça de Santa Elena do Uairén há duas semanas, quatro mulheres eram recém-operadas – uma passara por operação nos seios, no glúteo e no abdômen de uma só vez, como forma de otimizar a viagem. Não havia morfina para as dores. O grupo atravessou a fronteira após acordo com o regime bolivariano.
O pagamento na Venezuela é arriscado, porque os médicos recebem em dólar ou real, já que o bolívar é desvalorizado. Uma das opções é transferir o dinheiro em reais a uma conta bancária de um intermediador que tenha dupla nacionalidade e contas em bancos brasileiros e venezuelanos. Essa pessoa, que retém parte do valor como pagamento, entrega o cartão de um banco venezuelano para as brasileiras. Os médicos tratam com informalidade as pacientes e fazem ofertas durante as consultas.
(Adaptado de: FRAZÃO, F. Brasileiras correm risco por plásticas na Venezuela. O Estado de S. Paulo. São Paulo, 5 mar. 2019. Internacional, A7.)
Sobre os termos sublinhados no texto, assinale a alternativa correta.
Questão 9 6234405
UNIPAR Demais cursos 2019De acordo com a classificação das orações substantivas, relacione as colunas:
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo: