Questões de Português - Gramática
Texto
A ARMADILHA DOS VAPES
No Brasil, 20% dos jovens adultos já
experimentaram. Nos EUA, virou um problema de saúde
pública grave. Entenda em que pé se encontra a febre dos
cigarros eletrônicos – que têm se mostrado tão perigosos
[5] quanto os convencionais.
7 a 19 segundos. É o tempo que a nicotina do cigarro
leva para chegar ao cérebro. Lá dentro, ela ativa o principal
neurotransmissor do prazer. E dá-lhe prazer: comer
chocolate eleva em 55% a liberação de dopamina; fazer sexo,
[10] 100%. A nicotina? 150%. Com o tempo, essas doses
contínuas de prazer acostumam o cérebro, que passa a
precisar de doses maiores para se satisfazer. Instaura-se um
vício. E não é só a descarga de dopamina que importa aí. É
também a velocidade com a qual você obtém o efeito.
[15] Cocaína inalável, por exemplo, sobe os níveis de dopamina
em 400%, mas essa descarga vem só 3 minutos após o
consumo. Já o cigarro, embora não cause tanta disrupção
neuronal, tem efeito praticamente instantâneo. Isso torna a
nicotina no mínimo tão viciante quanto cocaína, heroína ou
[20] metanfetaminas. Com uma perversidade adicional: ela não
altera nosso estado consciente, então o usuário pode passar
o dia inteiro mimando os neurônios.
(Disponível em: https://super.abril.com.br).
Em “Com uma perversidade adicional: ela não altera nosso estado consciente, então o usuário pode passar o dia inteiro mimando os neurônios” (linhas 20-22), o termo destacado estabelece, entre as orações, uma relação de
Leia a crônica “José de Nanuque”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder à questão.
Como se não bastasse o excesso de população deste mundo, os homens estão detectando a existência de outros mundos habitados, no espaço sideral, e suspiram, emocionados: “Não estamos sós”. E quem disse que estamos sós, se andamos tão acotovelados pelas avenidas da Terra? Pois, como se tudo isso não fosse suficiente, correm às matas de Nanuque e de lá retiram à força José Pedro dos Santos, último promeneur solitaire1 de que havia notícia, o homem que vivia com uma fogueira acesa, espantando onça e, sobretudo, gente.
— Venha, rapaz! Queremos que participe das maravilhas da civilização!
— Vocês me arranjam casa pra morar?
— Bem, isso atualmente está difícil, José.
— Emprego?
— Só se você for concursado, e houver vaga.
— E comida?
— Depois nós conversamos. Venha depressa, estão nos chamando de outras galáxias!
José recalcitra: estava tão bem ali! Não paga aluguel, não preenche o formulário do imposto de renda, não faz fila para nada, não tem horário nem patrão, come carne variada, segunda-feira paca, terça peixe, quarta aves, quinta raízes e tubérculos, sexta frutas, sábado...
— Mais uma razão para vir. Está desfrutando privilégios, e todos são iguais perante a lei!
Outra razão forte: os fazendeiros de Nanuque reclamavam contra esse homem estranho, embrenhado no mato, fazendo Deus sabe lá o quê. Em vão José alega que os ajuda, espantando onça com seu facho noturno. As onças não devem ser espantadas, sustentam a beleza selvagem da região. Esse homem não trabalha na lavoura, como os outros; não produz, não rende, e, embora não pese a ninguém, pesa globalmente no espírito de todos, com seu mistério. O fato de não produzir não é o mais grave; tolera-se cá fora, à luz do dia, honradamente: mas no interior da mata? Que ideia faz esse sujeito do contrato social? Nenhuma. Está se ninando para o contrato social. Não é possível. Tragam José para perto de nós, ele tem de aprender ou reaprender a vida apertada que levamos.
José tem medo. Os homens, as cidades, os códigos, até os prazeres intervalares dos civilizados lhe dão medo. O motor de sua volta ao estado natural foi menos o amor à natureza do que o pânico. Em cada homem vê um perigo, em cada situação uma ameaça, em cada palavra uma condenação. Com as árvores e os bichos ele se entende. Nu e experimentado, conhece e domina o ambiente em que vive sem maiores riscos. Na cidade não praticara ação criminosa, e foi isso precisamente que o fez embrenhar-se na mata. Inocente, faltavam-lhe as provas negativas de sua inocência; se cometesse qualquer malfeito, poderia mentir e salvar-se, mas, estando puro e desarmado diante do sistema, como mentir, senão confessando a falta imaginária, e, portanto, condenando-se? A solução era virar bicho. Virou, com êxito.
Agora trazem José para a capital, incorporam-no ao estranho maquinismo, ao estatuto sombrio, inexplicável; ele é condenado a viver como os outros, no grau inferior. José está salvo ou perdido? O certo é que nunca mais brilhará, na mata de Nanuque, aquele foguinho solitário.
Todos são iguais perante a lei.
Não estamos sós.
(Carlos Drummond de Andrade. Caminhos de João Brandão, 2016.)
1promeneur solitaire: caminhante solitário.
Em “— Mais uma razão para vir. Está desfrutando privilégios, e todos são iguais perante a lei!” (10º parágrafo), a palavra sublinhada expressa ideia de
Em "Muitos advérbios de modo são enganosos: o que diz fiel, mente; o que diz honesta, mente; o que diz gentil, mente; e assim quase infinitamente..." o sufixo mente, usado para indicar modo, sofre uma mudança de significado, o do verbo mentir, deixando a frase mais rica de significação.
Assinale a alternativa em que todas as palavras com sufixo MENTE indicam modo.
Assinale a alternativa cujo texto está de acordo com as normas da língua escrita padrão.
A modernidade é produtora de contradições que não passam despercebidas aos artistas: por meio de suas obras, expressam a insatisfação quanto ao desenvolvimento e ao progresso; surpreendidos pela emergência de conflitos, põem em xeque o ideal iluminista, trazendo um olhar crítico para interpretar a sociedade.
Considerando esse contexto, julgue o item a seguir.
Arnaldo Antunes, em sua música O real resiste, utiliza-se reiteradamente do advérbio de negação não, mas para afirmar o seu contrário (sim), expressando indignação diante da manipulação da realidade.
A insistência em nomear o real como algo perigoso e assustador confere à canção tom tenso, evocando o mundo primário da violência e evidenciando os contextos virtuais que existem de forma natural no mundo real.
Transforme as locuções adjetivas destacadas em adjetivos, optando por uma das sugestões entre parênteses.
I Não se impressione, são apenas chuvas de verão. (verânicas, estivais, pluviais)
II Faça a catalogação dos livros por faixa de idade, pois isso facilita a consulta. (etária, vital, hereditária)
III Desculpe, mas seu comportamento foi de criança. (senil, pueril, inadequado)
IV Diferentemente de ontem, as águas do rio estão turvas. (hidroviais, rivais, fluviais)
V Foram lindos encontros de irmãos motivados pela mesma fé. (irmanados, fraternos, magistrais)
A resposta correta, de cima para baixo, é: