Questões de Português - Gramática - - Vogais e consoantes
6 Questões
Questão 59 5941597
FGV-RJ 2021/1Texto para a pergunta.
PAI CONTRA MÃE
A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a
outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a
certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também
a máscara de folha de flandres*. A máscara fazia perder o vício da embriaguez
[5] aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um
para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de
beber perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do
senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados
extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas
[10] a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez
o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas
não cuidemos de máscaras.
O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira
grossa, com a haste grossa também à direita ou à esquerda, até ao alto da
[15] cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos
castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava
um reincidente, e com pouco era pegado.
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem
todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada,
[20] e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas
repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono
não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação,
porque dinheiro também dói.
Machado de Assis, Relíquias de casa velha.
* "folha de flandres": fina chapa de ferro laminado, coberta com uma camada de estanho.
No poema, além da reiteração da rima na estrofe 5, destacam-se os efeitos sonoros da assonância e da aliteração, respectivamente, nos versos:
Questão 10 3322380
IFMA Subsequente 2018A partir da afirmação que segue, marque a opção que corresponde ao referido conceito:
“São fonemas em cuja produção o ar não encontra obstáculos ao passar pela boca”
(PASCHOALIN; SPADOTO, 2014, p.383)
Questão 48 9540656
UNIFOR Demais Cursos 2023/2Amor e Samba
Poesia Acústica #8
[...]
Meu afeto me esmagou
E eu senti que nem doeu
Um disparo me acertou
E eu nem sei o que me deu
Acordei primeiro pra te ver dormir
Fiz barulho pra te acordar
Tava com saudade de te ver
Te ouvir cantar, é
Poesia Acústica #8–Amor e Samba - Kayuá, Bob do Contra, Cesar Mc, Elana Dara, Cynthia Luz.
A letra da canção reforça sua mensagem utilizando a
Questão 4 9391393
UFRGS 1° Dia 2023Instrução: A questão está relacionada ao texto.
Texto
Carducci saía do atelier. Sandro tentou seguir
adiante, mas o fotógrafo já o chamava.
- É comigo?
- Sim. Não gostaria de conhecer meu
[5] estabelecimento?
Sandro ia dar uma desculpa, mas o gesto do
outro, imperioso e afável, acabou por vencê-lo.
Dentro do estúdio vagava um cheiro de
líquidos perigosos. Sandro conhecia ........ o
[10] método fotográfico, apenas o que entrevia no
indigente estúdio de Paolo Pappalardo, em
Ancona. O que Nadar ocultara, Carducci hoje
mostrava. Abriu a tampa de uma caixa-baú
organizada em compartimentos quadrangulares.
[15] Ali estavam, acomodados, vidros transparentes
de diversos tamanhos, com rótulos em francês.
Continham pós e soluções. Também ........ funis,
tubos milimetrados, pequenos cálices em
formato de sino e uma balança. No verso da
[20] tampa, um carimbo oval, em pirogravura:
Charles Chevalier – Paris.
- É meu material – disse Carducci. – Essa
caixa já vem pronta, da França, pelo porto de
Montevidéu. Acompanha uma câmara portátil e
[25] um pequeno manual para os amadores. Claro
que os pós e os líquidos acabam, mas ali – e
mostrava uma sucessão de garrafas numa
prateleira – está a reposição que eu mesmo
providencio. Agora vou lhe explicar como isso
[30] funciona. E colocou um vaso com flores de tule
sobre a sua mesinha de trabalho. Fotografou-o,
revelou a chapa e copiou-a.
- Que tal? Não parece um quadro? Em preto
e branco, mas um quadro.
[35] - Bonito.
- Quer que lhe tire uma foto?
- Não sou bom modelo. Foi um desastre, a
última vez que me tiraram.
A cara decepcionada de Carducci, entretanto,
[40] fez com que concordasse. E posou, inquieto.
Já com a foto na mão, teve uma sensação de
alívio. Guardou-a.
- Está ótima. Quanto lhe devo?
- Esqueça. Venha para conversar. Afinal,
[45] temos o mesmo trabalho, embora cada qual a
seu modo. – Carducci tossiu de modo
preocupante. – Desculpe: como o senhor vê, a
idade não traz só experiência. Que me diz? Não
devemos criar inimizades. Somos patrícios. A
[50] cidade é tão pequena. Ademais, esse boato que
corre a seu respeito é uma infâmia. Inventarem
uma coisa dessas...
Sandro tornou-se sensível ........ generosidade.
- Virei qualquer dia desses. Aguarde.
Adaptado de: ASSIS BRASIL, L. A. O pintor de retratos. Porto Alegre: L&PM, 2002.
Assinale a alternativa que contém apenas palavras com dígrafos consonantais.
Questão 5 6310247
UVA 2020/1Temos um exemplo de ditongo crescente oral, hiato e digrafo, exatamente nessa ordem, à alternativa:
Questão 29 93141
USF Geral 2014/2[1] Mia Couto: “O português do Brasil vai dominar”
[2]O romancista moçambicano afirma que o poder que o país tem de exportar cultura está contagiando
[3]todos os países de língua portuguesa
[4]A língua portuguesa está se transformando, muito por causa do papel das nações emergentes
[5]lusófonas da África. Nesta entrevista exclusiva a ÉPOCA, concedida em São Paulo, o escritor
[6]moçambicano Mia Couto, de 59 anos, diz que, apesar da renovação de linguagem que a África
[7]apresenta hoje, o Brasil reúne condições para se tornar a nação dominante do ponto de vista cultural
[8]e linguístico. Em relação aos países africanos, Couto diz que é preciso distinguir entre independência
[9]e descolonização – e que a África ainda não enfrentou o segundo termo. Para ele, o Brasil serviu
[10]como modelo para a formação da identidade nacional das nascentes nações lusófonas da África,
[11]mas pelo lado da mistificação, o que se esgotou rapidamente. Ele afirma que o Brasil virou as costas
[12]para a África.
[13]
[14]ÉPOCA – O uso do português em várias nações gerou diferenças de vocabulário e uso. O
[15]português está se transformando a ponto de se desfigurar?
[16]Mia Couto – O português é uma língua viva, não ________ ela seja especialmente diferente.
[17]Mas ela viveu essa coisa que se chama Brasil. Vive a África que está se apropriando dela com cinco
[18]países africanos que o fazem de modo diverso. É evidente que é preciso um cuidado para que a
[19]língua continue com uma identidade e um fundamento. As diferenças do português em vários países
[20]não são sentidas como um problema, salvo um grupo de intelectuais conservadores do Brasil e
[21]de Portugal que tem um certo gosto de se apropriar da pureza da língua. De resto, existe nos países
[22]lusófonos até um gosto de visitar essas diferenças. O que está acontecendo de forma inelutável é
[23]que a variante brasileira será dominante. O português do Brasil vai dominar.
[24]
[25]ÉPOCA – ________?
[26]Couto – Por causa do tamanho do Brasil e da capacidade que o país tem de exportar a si
[27]próprio, por via da novela de televisão. Há coisas que estamos pegando de vocês, brasileiros, que
[28]vocês nem notam. É o caso da expressão “todo mundo”. É uma expressão típica brasileira. Nos
[29]outros países dizemos “toda gente”. Mas hoje “todo mundo” é comum em Moçambique. Outra
[30]palavra é cambalacho... Deve ser uma expressão africana.
[31]
[32]ÉPOCA – “Cambalacho” é um termo do lunfardo, da gíria portenha, que incorporamos... É como
[33]“bacana’, do lunfardo argentino. Há uma troca. Eu lamento que não saibamos mais sobre as formas
[34]de falar da África. O Brasil exporta, mas não sabe absorver o que vem de fora.
[35]Couto – O Brasil quis fazer uma batalha dentro da própria língua para se tornar independente
[36]de Portugal. Houve a afirmação de uma identidade própria que se expressa na língua. O Brasil sofre
[37]do peso de seu próprio tamanho. Sofreu um processo autocêntrico, que agora está sendo repensado
[38]e está mais propenso a escutar aquilo que vem de Moçambique, Angola e Timor Leste. Ele tem
[39]muita coisa da África, mas é antigo. Agora o país importa o vocabulário do Brasil. Nós, africanos,
[40]temos que ser mais ativos e mais criativos nessa troca com o Brasil.
[41]
[42]ÉPOCA – Na palestra que o senhor fará no Brasil, o senhor chama atenção para o perigo de o
[43]pensamento se fechar em si mesmo. Como mantê-lo aberto?
[44]Couto – As fronteiras são vitais, todo organismo cria seus próprios limites. As fronteiras na
[45]natureza são feitas para intercambiar. Mas na civilização as fronteiras são feitas para fechar, para
[46]enclausurar. A grande aprendizagem nossa é nos manter em uma fronteira que crie pontes. O
[47]grande problema hoje é que as fronteiras criadas entre culturas, civilizações e povos nascem para
[48]fechar. As fronteiras são construídas a partir do medo do outro, do desconhecido. O outro é
[49]apresentado como uma ameaça, aquele que tem uma outra política, uma outra religião.
[50]
[51]ÉPOCA – O medo é também um problema político? Erguer fronteiras – políticas, culturais,
[52]linguísticas e espirituais – é uma necessidade humana?
[53]Couto – É uma necessidade humana, mas não da maneira como fazemos. Tivemos outras
[54]maneiras. Há culturas de hoje que são abertas, feitas para o convívio, para a partilha. Na África,
[55]muitas dessas fronteiras são vivas. As fronteiras se fecham às vezes. O fato de serem países em
[56]que o Estado homogêneo e todo-poderoso não existe torna as fronteiras ávidas de deixarem de ser
[57]fronteiras. É uma condição diferente da dos países europeus, árabes, asiáticos e nos Estados
[58]Unidos. O medo hoje é bem distribuído, numa narrativa que contaminou tudo.
[59]
[60]ÉPOCA – ________ a Europa está caminhando na direção da exclusão do imigrante e de sua
[61]transformação em mão de obra?
[62]Couto – Isso acontece como uma maneira de ocultar os problemas internos que essas
[63]sociedades têm. É uma forma de escamotear os conflitos internos desses universos. Existem razões
[64]que tendem a culpar o outro, sempre o estranho. É como as famílias que recomendam às crianças
[65]que não falem com estranhos. Quando, na realidade, as grandes violências são cometidas dentro da
[66]casa. Essa versão começa a ser inculcada desde a infância.
Disponível em: <http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2014/04/bmia-coutob-o-portugues-do-brasil-vai-dominar.html>. Acesso
em: 20 abr. 2014, às 13h48min (fins pedagógicos).
Considere as afirmativas a seguir sobre a estrutura fonética de algumas palavras do texto.
I. Na palavra distinguir (l. 08), o trema sobre a letra u foi retirado no último Acordo Ortográfico. Esse sinal era usado até então para marcar a leitura obrigatória dessa letra.
II. A leitura da forma verbal fecham (l. 55), de acordo com a ortoépia da norma culta da língua, deve ser feita com a vogal e aberta, como /é/.
III. Nas palavras existe (l. 56), deixarem (l. 56) e exclusão (l. 60), a letra x representa fonemas diferentes.
IV. Na pronúncia popular de absorver (l. 34), comumente os falantes inserem um fonema para desfazer o encontro consonantal bs, fato que cria uma sílaba a mais na palavra.
Quais estão corretas?
Pastas
06