
Faça seu login
Acesse GrátisQuestões de Português - Gramática
Questão 4 8457822
Albert Einstein 2023Para responder a questão, leia um trecho do prefácio “Um gênero tipicamente brasileiro”, do escritor Humberto Werneck, publicado na antologia Boa companhia: crônicas.
Fernando Sabino e Rubem Braga, por longos anos obrigados a desovar crônicas diárias, não se limitavam, nas horas de aperto, a requentar seus requintados escritos — chegaram a permutar, na moita, velhos recortes, na suposição de que os textos, de tão antigos, já se houvessem apagado da memória do leitor de jornal, recuperando assim a virgindade tipográfica. O troca-troca, contado por Fernando Sabino na crônica “O estranho ofício de escrever”, merece ser aqui reproduzido:
Éramos três condenados à crônica diária: Rubem no Diário de Notícias, Paulo no Diário Carioca e eu no O Jornal. Não raro um caso ou uma ideia, surgidos na mesa do bar, servia de tema para mais de um de nós. Às vezes para os três. Quando caiu um edifício no bairro Peixoto, por exemplo, três crônicas foram por coincidência publicadas no dia seguinte, intituladas respectivamente: “Mas não cai?”, “Vai cair” e “Caiu”.
Até que um dia, numa hora de aperto, Rubem perdeu a cerimônia:
— Será que você teria aí uma crônica pequenininha para me emprestar?
Procurei nos meus guardados e encontrei uma que talvez servisse: sobre um menino que me pediu um cruzeiro para tomar uma sopa, foi seguido por mim até uma miserável casa de pasto da Lapa: a sopa existia mesmo, e por aquele preço. Chamava-se “O preço da sopa”. Rubem deu uma melhorada na história, trocou “casa de pasto” por “restaurante”, elevou o preço para cinco cruzeiros, pôs o título mais simples de “A sopa”.
Tempos mais tarde chegou a minha vez — nada como se valer de um amigo nas horas difíceis:
— Uma crônica usada, de que você não precisa mais, qualquer uma serve.
— Vou ver o que posso fazer — prometeu ele.
Acabou me dando de volta a da sopa.
— Logo esta? — protestei.
— As outras estão muito gastas.
Sou pobre mas não sou soberbo. Ajeitei a crônica como pude, toquei-lhe uns remendos, atualizei o preço para dez cruzeiros e liquidei de vez com ela, sob o título: “Esta sopa vai acabar”.
Eternamente deleitável ou imediatamente deletável — depende menos do tema do que das artes do autor —, a crônica pode não ser um “gênero de primeira necessidade, a não ser talvez para os escritores que a praticam”, como sustentava Luís Martins — um dos recordistas brasileiros nesse ramo de escreveção. Um subgênero, há quem desdenhe. “Literatura em mangas de camisa”, diz-se em Portugal. Mas, para o crítico Wilson Martins, trata-se de uma “espécie literária” que de jornalístico “só tem o fato todo circunstancial de aparecer em periódicos.”
(Humberto Werneck (org.). Boa companhia: crônicas, 2005. Adaptado.)
Está empregado em sentido figurado o termo sublinhado em:
Questão 9 6710985
UNIFIMES 2022Leia o texto de Jaime Pinsky para responder a questão.
Um presente do Nilo
Heródoto, historiador grego que viveu no século V, tem uma célebre frase em que afirma ser o Egito uma dádiva, um presente do Nilo. A frase atravessou séculos e é repetida acriticamente por todos os manuais de história que falam do Egito. Fica, para muitos, a impressão que Heródoto efetivamente quis passar, ou seja, que mais importante do que a ação do homem, é o dom da natureza. Etnocêntricos e pretensiosos, os gregos tinham um despeito enorme do Egito, sabidamente já uma grande civilização, quando eles mesmos ainda viviam em aldeias isoladas. Considerando-se superiores, não podiam aceitar esse fato a não ser atribuindo-o a razões sobrenaturais ou, simplesmente, a razões geográficas.
Que os gregos subestimassem os egípcios é, pois, compreensível. O que não é aceitável, contudo, é a repetição do mesmo preconceito, livro após livro. Na verdade, não há um milagre egípcio, ele tem bases muito concretas. O rio, em si, oferece condições potenciais, que foram aproveitadas pela força de trabalho dos camponeses egípcios — os felás —, organizados por um poder central, no período faraônico. Trabalho e organização foram, pois, os ingredientes principais da civilização egípcia. O rio, em si, como pode ser visto em ilustrações, ao mesmo tempo que fertilizava, inundava. A cheia atingia de modo violento as regiões mais ribeirinhas e parcamente as mais distantes. Era necessário organizar a distribuição da água de forma mais ampla, para se poderem evitar alagados ou pântanos em algumas áreas e terrenos secos em outras. A solução foi o trabalho coletivo e solidário, intenso e organizado.
(As primeiras civilizações, 1994. Adaptado.)
Na última oração do texto, a palavra “solidário” deve ser entendida como:
Questão 11 5674782
EAM 2021Texto
Que elemento criado pelo chargista confere humor ao texto?
Questão 27 1368151
PUC-RS Verão 2020INSTRUÇÃO: Responder à questão com base no texto
TEXTO
A verdade cruel e inútil
J. J. CAMARGO
Edmond Ryan era um velho, antigo plantador de
milho aposentado, viúvo e solitário [...]. Com um tumor
agressivo de pleura, descoberto em fase avançada,
estava certamente vivendo seus últimos poucos
[5] meses. Fomos vê-lo num final de tarde e ele parecia
mais animado com a ideia de ir para casa no dia
seguinte. Quando o oncologista lhe entregou a receita,
ele quis saber a utilidade de cada medicamento.
Informado de que eram analgésicos, médios e fortes,
[10] ele argumentou:
– Acho que não precisava tanto, doutor. Eu me
considero uma rocha para dor!
E então o oncologista encerrou a discussão:
– O senhor não subestime a dor da invasão das
[15] costelas que é o que o senhor vai descobrir quando
este tumor chegar lá!
A bochecha do seu Edmond ainda tremia quando
saímos do quarto. Desconfortável, questionei o pro-
fessor dizendo que o Edmond provavelmente não iria
[20] dormir naquela noite, mas ele foi lacônico:
– Fazê-lo dormir é a função do benzodiazepínico,
não minha!
Na manhã seguinte, nevava lá fora, e antes de
entrar no bloco cirúrgico, fui me despedir daquele
[25] velhinho de cara fofa, que se anunciara uma rocha,
antes de descobrir que as palavras desprovidas de
afeto podem ser uma britadeira cruel. Tentei confortá-
-lo, mas o olho estava vazio. Quis então saber se havia
alguma coisa que eu pudesse fazer para ajudá-lo. Ele
[30] tomou minhas duas mãos e se despediu:
– Volte para o Brasil e seja feliz. Este lugar aqui é
muito frio para você.
Adaptado de: https://bit.ly/2IJqKD5. Acesso em 19 abr. 2019.
Considere as seguintes palavras retiradas do texto.
1. receita (linha 07)
2. rocha (linhas 12 e 25)
3. discussão (linha 13)
4. britadeira (linha 27)
5. vazio (linha 28)
6. frio (linha 32)
As palavras _________ têm sentido figurado no texto.
Questão 3 2661391
UNIMONTES 3° Etapa 2019INSTRUÇÃO: Leia o texto que segue para responder às questões propostas.
AS TRÊS EXPERIÊNCIAS
Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para
escrever, e nasci para criar meus filhos. O “amar os outros” é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com
o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo
urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida. Amar os outros é a única salvação individual que
[5] conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.
E nasci para escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo. Eu tive desde a infância várias vocações que
me chamavam ardentemente. Uma das vocações era escrever. E não sei por que foi esta que eu segui. Talvez
porque para as outras vocações eu precisaria de um longo aprendizado, enquanto que, para escrever, o aprendizado
é a própria vida se vivendo em nós e ao redor de nós. É que não sei estudar. E, para escrever, o único estudo é
[10] mesmo escrever. Adestrei-me desde os sete anos de idade para que um dia eu tivesse a língua em meu poder. E no
entanto cada vez que vou escrever, é como se fosse a primeira vez. Cada livro meu é uma estreia penosa e feliz.
Essa capacidade de me renovar toda à medida que o tempo passa é o que eu chamo de viver e escrever.
Quanto a meus filhos, o nascimento deles não foi casual. Eu quis ser mãe. Meus dois filhos foram gerados
voluntariamente. Os dois meninos estão aqui, ao meu lado. Eu me orgulho deles, eu me renovo neles, eu
[15] acompanho seus sofrimentos e angústias, eu lhes dou o que é possível dar. Se eu não fosse mãe, seria sozinha no
mundo. Mas tenho uma descendência e para eles no futuro eu preparo meu nome dia a dia. Sei que um dia abrirão
as asas para o voo necessário, e eu ficarei sozinha. É fatal, porque a gente não cria os filhos para a gente, nós os
criamos para eles mesmos. Quando eu ficar sozinha estarei cumprindo o destino de todas as mulheres [...].
Fonte: LISPECTOR, Clarice. Crônicas para jovens. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2010. Adaptado.
Em qual dos enunciados a seguir há um uso figurativo no discurso da autora?
Questão 15 5470547
UFMS PASSE - 2ª Etapa 2019-2021O poema a seguir refere-se a questão.
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Cecília Meireles. Obra Poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1987.
A poesia de Cecília Meireles é baseada num discurso de musicalidade suave e sutil, cujo contato com a realidade é o ponto de partida para uma experiência de transcendência.
Considere os versos a seguir
“Um dia sei que estarei mudo
– mais nada.”
Os versos em destaque estão associados a um: